quinta-feira, janeiro 22, 2015

Draghi anuncia diarreia monetária


Um poema radical de José Afonso que não deixa de falar verdade

O desespero da medida é proporcional ao tamanho do buraco negro! 


Draghi anuncia a criação mensal de 60 mil milhões de euros para ensopar o buraco negro do endividamento europeu. Esta diarreia não chegará à economia, mas apenas aos bancos, aos governos e aos fundos de investimentos insolventes, bem como à burocracia inútil da União.

O Dragão da Goldman Sachs diz que os bancos terão um incentivo para financiar a economia... bla, bla, bla, bla....

Zero Hedge:
  • DRAGHI ANNOUNCES EXPANDED ASSET PURCHASES 
  • DRAGHI SAYS ECB WILL BUY EU60BLN/MONTH, not the €50BN "leaked" yesterday
  • DRAGHI SAYS ECB WILL START AGENCY DEBT PURCHASES IN MARCH 
  • DRAGHI SAYS ECB ASSET BUYING TO CONTINUE UNTIL SEPT. 2016: so 16 months at €60 billion = €1.08 trillion 
  • DRAGHI SAYS PURCHASES WILL BE CONDUCTED BASED ON CAPITAL KEY
  • DRAGHI SAYS AGENCY DEBT WILL BE SUBJECT TO LOSS SHARING 
  • DRAGHI SAYS ECB WILL HOLD 8% OF ADDITIONAL ASSET PURCHASES 
  • DRAGHI SAYS AGENCY DEBT WILL BE 12% OF ADDITIONAL PURCHASES
  • DRAGHI SAYS 20% OF PURCHASES TO BE SUBJECT TO RISK SHARING 
  • DRAGHI SAYS ECB REMOVES 10BP SPREAD ON TLTRO FOR FUTURE

quarta-feira, janeiro 21, 2015

O próximo presidente

Marcelo, Guterres ou Vitorino, Rio, ou uma singularidade inesperada?


As sondagens, que valem o que valem, apontam claramente Marcelo Rebelo de Sousa como virtual candidato do PSD e do CDS/PP às próximas eleições presidenciais. E destacam António Guterres e António Vitorino como potenciais candidatos capazes de congregar o eleitorado de esquerda, extrema-esquerda e centro-esquerda.

O problema desta primeira sondagem e estudo eleitoral é que Marcelo perde, quer contra Guterres, quer contra Vitorino. Ou seja, não é melhor candidato que Santana, na medida em que perde, salvo se o concorrente apoiado pelas esquerdas for uma enteléquia sem espessura, nem verbo, como Sampaio da Nóvoa, ou Carvalho da Silva.

Postas as coisas nestes termos, o mais provável mesmo é que Santana Lopes anuncie a sua candidatura na qualidade de lebre, com a missão de roer a corda a Marcelo. Se o fizer, Marcelo verá as sondagens a seu favor cairem aos trambolhões, sem que Santana Lopes consiga, por sua vez, mais do que um mísero resultado, de nove ou dez por cento. Seja como for, num cenário destes, a percentagem de Marcelo recuará para menos de 40%, sendo então improvável que se candidate.

A candidatura de Pedro Santana Lopes —que ganhará mais força se ocorrer lá para abril ou maio, aumentando com a gestão do tempo a pressão sobre a indecisão de Marcelo— ajudará certamente António Guterres a decidir-se, pelo sim, ou pelo não. Se for sim, ganhará as eleições, se for não, o candidato do PS será António Vitorino, que poderá, ou não, ganhar as presidenciais. Tudo dependerá de quem tiver ganho as Legislativas, que terão lugar este ano, e com que percentagem, e ainda de quem for indigitado por Cavaco Silva para formar o próximo governo.

O futuro primeiro ministro poderá ser uma personalidade do PS, ou uma personalidade do PSD, ou até um independente apoiado por ambos os partidos, caso nenhum deles assegure uma maioria estável no parlamento. Em nenhum dos casos é de supor que Rui Rio preencha as condições para o cargo. Mas, por outro lado, parece razoável supor que este barão do norte do PSD possa in extremis candidatar-se às presidenciais, uma vez cumprida a tarefa que Santana Lopes se propôs levar a cabo, isto é, desfazer o sonho secreto, mas mal disfarçado, de Marcelo Rebelo de Sousa.

Claro que tanto António Costa, como Rui Rio, tencionam compensar com sinecura apropriada o esforço do atual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O namoro tórrido entre António Costa e Rui Rio provam que, sob os auspícios de Cavaco Silva, existe uma pressão enorme para reconstruir o desfeito Bloco Central de interesses, e que tal reconstrução exige uma reconciliação político-partidária ao centro, que não sofra da esquizofrenia patenteada pela atual coligação entre Paulo Portas e o PSD.

A combinação entre Costa, Cavaco e Rio é evidente. Só não percebo o que andam os paspalhos da restante esquerda a fazer. O seu silêncio é, no mínimo, igualmente oportunista e situacionista!

As coisas poderão, apesar de todo o calculismo taticista, descarrilar.

Basta, para tal, que a diarreia monetarista do BCE não tenha os efeitos esperados; basta, para tal, que as vitórias do Siryza, na Grécia, e do Podemos, em Espanha, façam aumentar exponencialmente as tensões entre o norte e o sul da União Europeia; basta, para tal, que a extrema direita, o terrorismo e a repressão continuem a galgar patamares, como tem vindo a suceder em França e na Bélgica; basta, para tal, que as guerras civis na Ucrânia e na Síria alastrem em extensão e intensidade; basta, para tal, que no nosso país o desespero social e o desemprego voltem a agravar-se, apesar dos sinais tímidos de estabilização da crise.

O sofrimento e a ansiedade que atingem mais de um milhão de portugueses não vão dissipar-se de um dia para o outro.

Boa parte dos eleitores vê com enorme desconfiança o situacionismo partidário vigente e as suas teias de interesses egoístas. A simples ideia de reconstituição do Bloco Central e em geral das pandilhas que DERAM CABO DISTO TUDO levará muitos de nós a esperar por um sinal diferente, e a desejar contribuir para o fim efetivo das más práticas que arruinaram o país, económica, social e moralmente.

O fartar vilanagem começou no tempo de António Guterres, se bem nos lembramos. O mesmo António Guterres que, quando viu como crescia o buraco negro da corrupção à sua volta, tomou a decisão de se despedir do governo, do partido e do país. O seu regresso parece, pois, improvável.

António Vitorino, por sua vez, também já se escaldou um par de vezes, e não creio que queira queimar-se de vez na presidência de um país cada vez mais dilacerado entre rendeiros falidos e devoristas desempregados que insistem em rapar o tacho vazio do Orçamento. O país precisa de caras lavadas, para acreditar.

Mas se Guterres e Vitorino acabarem por frustar, como provavelmente farão, as expectativas dos aparelhos partidários da esquerda, então Rui Rio candidatar-se-à podendo ganhar as eleições. O casamento de interesses com António Costa seria então consumado.

Mas volto à pergunta: quem quer uma reedição requentada do Bloco Central? Quem poderá desejar a reedição, em versão pelintra, de um bloco de interesses unidos apenas pelo desejo de partilhar o saque orçamental?

É neste ponto que uma singularidade política inesperada poderá ocorrer. Já pensaram nisso?

A fragmentação partidária está em curso, e a deserção eleitoral dos portugueses está longe de ter terminado. Enquanto não aparecerem vozes não contaminadas anunciando um tempo e um modo novos de fazer política e servir o país, permanecerá e crescerá um grande vazio nas urnas eleitorais à espera de ser preenchido.

POST SCRIPTUM — um leitor atento confidenciou-me que a aludida singularidade poderia chamar-se Artur Santos Silva. É um bom palpite. Mas há outros ;)

Atualização: 22 jan 2015, 14:02 WET

Vem aí uma nova economia

Políticos e bancos centrais esgotaram soluções. É tempo de mudar!


Políticos e bancos centrais estão ambos falidos e sem soluções. Já só conseguem agravar os problemas. A diarreia monetária e a guerra cambial têm uma consequência óbvia e determinante: destruir o valor do dinheiro, destruir os juros do capital e destruir o valor dos ativos não especulativos. Estas são as consequências negativas, cujo agravamento acabou por colocar um ponto final à longa era de crescimento inflacionista dos últimos 100 anos—1896-1996 (FISCHER, D H, 1996).

A destruição da economia virtual especulativa, até agora protegida pelos bancos centrais, é, por outro lado, uma consequência positiva do colapso financeiro, económico, social e cultural em curso.

O fim do modelo de capitalismo especulativo-e-pseudo-keynesiano tem um efeito sobre a riqueza disponível: esta, ou se aninha no mercado obrigacionista, por mais algum tempo, com rendimentos relativamente protegidos, mas declinantes, ou arrisca as suas apostas em alternativas que começam a renascer das cinzas de uma economia que, depois de tocar no fundo, inicia uma nova metamorfose.

Os rebentos brotam, uma vez mais, do tecido imenso das nano, micro e pequenas empresas. As oportunidades multiplicam-se, ainda que não sejam óbvias as oportunidades e as apostas que irão modelar a economia mundial dos próximos 80 ou 120 anos.

O artigo “Macro Digest: Endgame for central bankers”, de Steen Jakobsen, Chief Economist & CIO do Saxo Bank, ontem publicado pelo TradingFloor, é certeiro e dá que pensar...

Saxo Bank Warns "This Is The Endgame For Central Banks"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 01/20/2015 22:15 -0500

Quotes:

Major central banks claim to be independent, but they are totally under the control of politicians. Many developed countries have tried to anchor an independent central bank to offset pressure from politicians and that’s all well and good in principle until the economy spins out of control – at zero-bound growth and rates central banks and politicians becomes one in a survival mode where rules are broken and bent to fit an agenda of buying more time.

Just looks to the Eurozone crisis over the past eight years – if not in the letter of law, then in spirit, every single criterion of the EU treaty has been violated by the need to “keep the show on the road”. No, the conclusion has to be that there are no independent central banks anywhere! There are some who pretend to be, but not a single one operates in true independence.

[...]

The US dollar is putting pressure not only on US itself but also the world. A journalist asked me last week: Who benefits from a stronger US dollar?  I still owe him an answer because very few benefit. In fact the world has two growth engines: The US and emerging markets. Both are pretty much US dollar economies. Debt (US dollar funding) in EM has exploded to an extent that many including the World Bank now call a for risk of “Perfect Storm in EM”. Both US and EM became credit junkies over the QE-to-infinity era in the US. The law of unintended consequences.

[...]

Another unintended consequence was that energy was the trigger for the crisis in 2008 as rising energy prices took five trillion US dollars out of the economy – which became the catalyst for the Eurozone crisis and US banking bailout. Now eight year later the drop in energy has broad spillover effects as the wealth is transferred from sovereign wealth funds in resource countries to consumers.

That’s good for Main Street and bad for Wall Street as the “bid” in the assets disappear as these sovereign buyers needs to draw down on their wealth instead of buying overseas assets.

[...]

The world should be concerned when volatility is too low, it’s a sign of the market not allocating money correctly. The one lesson everyone needs to learn is that for a market based economy to function you need to allocate capital to the highest marginal real return of capital. Not to the most politically connected.

When history of 2015 is written I have no doubt that the Paris terror act and SNB's removal of the floor will stand out – both happened less than two weeks into 2015, although that is random, what is not random is that market volatility has been rising directly and indirectly through a misallocation of capital directed by the central bank system.

Many central banks will envy the SNB for its move last week, as it at least tries to regain some control of its future, but the conclusion remains: central banks have as a group lost credibility and when the ECB starts QE this week the beginning of the end for central banks is completed. They are running out of time – that’s the real real bottom line: the SNB ran out of time, the ECB will runout of time this week, and the Fed, Bank of Japan and the Bank of England ran out of time in 2014.

What comes now is a new reality – the SNB move was a true paradigm shift – we can no longer look at central banks, the markets and extend-and-pretend in the same light as we did last Wednesday (the day before the SNB pounced).

terça-feira, janeiro 20, 2015

CDS, barragens e verdades inconfessáveis de um poder corrupto

Os consumidores vão ser forçados a pagar custos injustificados através de taxas fixas nas faturas elétricas


A premissa que justificava o Plano Nacional de Barragens já caiu, pois o consumo de eletricidade regrediu para valores próximos do ano de 2005.

Com a introdução de medidas de eficiência energética, o consumo de energia elétrica vai diminuir ainda mais. O próprio mercado, com a inovação tecnológica, vai encarregar-se de introduzir medidas de eficiência energética através do uso de lâmpadas LED, de novos dispositivos elétricos que progressivamente estão a substituir os antigos, como sejam máquinas de lavar roupa, loiça, etc., mais eficientes, ou novos frigoríficos que consomem 50% menos do que os aparelhos antigos.

Relativamente à eficiência energética o Governo nada tem feito, salvo aplicar alguma legislação sobre classificação energética dos edifícios. O documento do CDS, aliás, nada destaca sobre eficiência energética.

A interligação das redes elétricas europeias (por que este Governo se tem batido e bem) faz com que a produção de eletricidade renovável por fontes intermitentes, solar e eólica, seja absorvida pela rede, sem necessidade de barragens de suporte aos parques eólicos.

A Comissão Europeia, através do estudo Arcadia, concluiu que as novas barragens irão degradar a qualidade da água e que por esta razão deixarão de poder ser consideradas reservas estratégicas de água.

Considerando só a energia hídrica (proveniente do rio), as novas barragens irão funcionar apenas um mês por ano (fonte INAG) — 1672GWh/ano equivale 3% do consumo em 2010.

Qualquer que seja a forma de obter energia, utilizando carvão, gás, energia hídrica, eólica e outras, existe sempre uma relação entre a verba investida e a receita obtida.

As Novas Barragens, em início de construção ou por construir, vão custar milhares de milhões de euros aos contribuintes. Destinam-se essencialmente a servir a rentabilidade privada dos parques eólicos, sem o retorno correspondente ao elevado investimento que exigem, e à elevada destruição que causam. Vão, isso sim, OBRIGAR A UM AUMENTO DO PREÇO DA ELECTRICIDADE PARA PAGAR O INVESTIMENTO PREVISTO.

No documento do Governo sobre o Plano Nacional de Barragens está escrito que as Novas Barragens vão ser construídas devido às Eólicas.


ERROS MAIS GRAVES NO TEXTO DO CDS

1.  CDS: "A barragem do Tua não é a primeira a construir dentro, ou próxima, da zona classificada como Património da Humanidade, tendo sido precedida pelas barragens de Crestuma, Carrapatelo, Bagaúste, Valeira, Pocinho, Bemposta, Picote e Miranda, que fazem parte da identidade do Alto Douro Vinhateiro e que permitem a navegabilidade do Douro, com o consequente aumento de visitas turísticas que hoje se verifica."

CRÍTICA: As Barragens que o texto do CDS menciona são de fio de água. A Barragem do Tua (à cota 170 m) vai ser uma Albufeira. Os casos são completamente distintos. O impacte ambiental de uma Albufeira será muito maior.


2.  CDS: "A área de vinha (atributo nuclear da classificação da UNESCO) do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial não é afetada pela barragem do Tua."

CRÍTICA: É impossível prever o que vai ocorrer com uma Albufeira como a Barragem do Tua. Vai depender de vários factores (direcção dos ventos etc). Ninguém pode ter a certeza absoluta das suas consequências.

3.  CDS: "Em particular no que concerne ao potencial impacte da barragem na retenção de areias com consequências na orla costeira, levantado pela Plataforma e pelo GP do PEV, outra das ponderações efetuadas no PNBEPH passou pela seleção de locais a montante de barragens já existentes (no caso de Foz Tua, tem, até à foz, as barragens de Crestuma, Régua e Carrapatelo) para minimizar a retenção de sedimentos. No caso desta barragem do Tua, o impacto na erosão do litoral, é praticamente nulo, ou mesmo inexistente."

CRÍTICA: O ESTUDO ARCADIA DESMENTE LIMINARMENTE ESTE PONTO. Ver Vídeo sobre o estudo ARCADIA encomendado pela Comissão Europeia.





Texto: Rui Rodrigues
Edição e títulos: OAM

Portugal, uma ilha ferroviária

Este governo é responsável pelo isolamento ferroviário do país


La ministra de Fomento, Ana Pastor, destacó ayer en Orense que en el conjunto de la legislatura se invertirán 14.245 millones de euros en la alta velocidad. Asimismo, indicó que, desde su puesta en marcha en España, más de doscientos millones de pasajeros han viajado en alta velocidad.

in Vía Libre

Enquanto os corruptos políticos portugueses continuam a boicotar as ligações ferroviárias de alta velocidade, nomeadamente entre a região de Lisboa, e a região Norte (Porto-Braga-Aveiro), a Espanha e ao resto da Europa, Madrid vai fazendo o seu caminho, de acordo, aliás, com diretivas comunitárias altamente subsidiadas.

O governo Passos Coelho, sob influência de mãos ocultas e mentes sombrias, desperdiçou mais de MIL MILHÕES DE EUROS, entre subsídios perdidos, empréstimos do BEI que foram desviados para subsidiar empresas públicas falidas, indemnizações por contratos anulados pelo dito Tribunal de Contas, e investimentos inúteis em pseudo alternativas ao que foi reiteradamente acordado com Madrid e Bruxelas.

Quando Portugal se vir reduzido a uma ilha ferroviária, com todos os comboios a parar na fronteira com Espanha, para mudança de passageiros e mercadorias, então os nossos indecorosos e corruptos políticos (e as araras mediáticas avençadas do regime) dirão que não sabiam de nada...

O problema é que sabiam, sabiam muito bem, e foram avisados vezes sem conta, nomeadamente por este blogue. Espero que, então, já possamos enviar para Évora os culpados de administração política danosa do bem público. Sócrates terá, enfim, companhia para conversar!

Parece que a Comissão Europeia tem andado ultimamente a ser enganada por estudos encomendados a um dos nossos adiantados mentais. Desta espécie peculiar de estudos, como sabemos, resultam conclusões invariavelmente distorcidas pela vontade do cliente que paga, i.e., o Estado capturado pelos piratas de turno.

Talvez fosse oportuno confrontar os últimos documentos da CE sobre AV com algumas perguntas pertinentes.

EDP insolvente

Uma darling, em desgraça, chamada EDP


EDP vende edifício no Marquês de Pombal a seguradora francesa

O número 46 da Rua Camilo Castelo Branco, em Lisboa, tem novo dono. O Fundo de Pensões da EDP vendeu no final do ano passado o imóvel ao grupo segurador francês SMA, que opera em Portugal através da subsidiária Victoria Seguros.

Entre os termos do acordo está prevista a permanência da EDP no imóvel durante os próximos cinco anos, explicou a consultora imobiliária CBRE, que mediou o negócio. O edifício de 4.830 metros quadrados junta-se a outros quatro vendidos em Junho pela eléctrica portuguesa ao fundo americano Global Asset Capital.

in Jornal de Negócios

Eu não avisei? A EDP, que foi engolida pelo negócio das ventoinhas que lhe impingiu a Goldman Sachs, e que depois os chineses, mal aconselhados, compraram, encontra-se em estado de insolvência. Para cumprir o serviço da sua descomunal dívida (mais de 18 mil milhões de euros), já só tem uma hipótese: vender os aneis. E em breve, os dedos! Com a subida do dólar, e a queda do euro, presume-se que parte da dívida, a que estava denominada em moeda americana, disparou...

O embuste das novas barragens e o preço escandaloso da energia elétrica em Portugal, são o resultado direto desta pessegada, de que o Recluso 44 é também, obviamente, responsável. O dito recluso, o cabotino Mexia, e o compadre Catroga, claro!

O boom turístico

Governantes e autarcas, a mesma casta de oportunistas


"Os dados [...] revelados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] confirmam que 2014 foi o melhor ano de sempre do turismo em Portugal, com crescimentos superiores a 10% face ao ano recorde, quer se considere o número de dormidas, o número de hóspedes ou os proveitos da hotelaria. E confirmam que estamos a crescer mais do triplo de Espanha em termos de dormidas", afirmou Adolfo Mesquita Nunes à agência Lusa, numa declaração escrita.

in Diário de Notícias, 19 jan 2015

O 'boom' turístico, ao contrário da ridícula polémica entretanto estalada em volta dos números do INE, não é mérito, nem do governo, nem dos autarcas, pois ocorreu exatamente o mesmo em Portugal, Espanha e Grécia. 

O mérito da coisa tem antes origem na austeridade geral que atravessa a Europa (menos dinheiro para viajar para longe e menos dinheiro para gastar), na instabilidade política dos destinos atingidos pela Primavera Árabe, incluindo a Turquia, no 'value for money' proporcionado pelas viagens aéreas Low Cost, no custo de vida atrativo dos países atingidos mais duramente pela crise (Portugal, Espanha, Grécia,...) e, finalmente, no aumento muito acentuado das migrações no interior da Europa. 

Os mais de 800 mil portugueses que emigraram desde 2008, somados ao resto da diáspora portuguesa, fizeram obviamente uma grande diferença no trânsito de passageiros pelos aeroportos de Lisboa e Porto. Escusam, pois, os imprestáveis políticos que temos de tentar sacar votos à custa do mérito alheio, e sobretudo, à custa das dificuldades de centenas de milhar de compatriotas que fazem pela vida fora de um país há demasiado tempo dominado por corruptos, incompetentes e indigentes de toda a espécie!

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Guerra e Gás (2)

O mapa geoestratégico do gás move-se rapidamente na Eurásia
(clicar para ampliar o mapa)

Syriza agradece a Obama e Putin!


A Guerra do Gás está ao rubro! A Rússia anunciou anteontem que desviará os gasodutos de abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia!

O Syriza abriu ontem, seguramente, duas garrafas de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

E agora? Quem irá pagar as despesas da Ucrânia?

A castanha rebentou ou vai rebentar em breve na boca da Alemanha. É o preço da gula e de não respeitar os interesses dos vizinhos: Rússia e Turquia, por um lado, o sul da União Europeia, por outro.

A Tratado de Tordesilhas 2.0 é a única alternativa a uma Terceira Guerra Mundial.

EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.

Russia recently abandoned plans to build the South Stream gas pipeline via the Black Sea to Bulgaria, and blamed Sofia for having obstructed the project.

Uma das consequências da mudança de paradigma energético em curso é esta: dentro de poucos anos teremos os preços do petróleo indexados ao preço do gás natural, e não o inverso, como sempre sucedeu desde que o petróleo era a energia dominante. O barril do petróleo poderá muito bem estabilizar nos 40-60 dólares, ou até menos!

A produção de petróleo estagnou há muito, sendo que parte do aumento da produção registada se deve a outros produtos que não o crude (por exemplo, o GTL, e alguns refinados, etc.), bem como à incorporação de petróleo pesado e caro ao cômputo geral da produção. Se o preço do barril estabilizar abaixo dos 60 dólares, o mais provável é que muito do petróleo vendido no mercado de futuros jamais venha a ser produzido!

O tempo do gás natural e da eficiência chegaram. Tudo irá mudar, desde logo no mercados financeiros, onde a especulação generalizada das últimas décadas chegou ao fim.


POST SCRIPTUM

Green light for TAP, amber for hydrocarbon tenders.
ekathimerini, 3/2/2015 (23:08)


Atualização: 6/2/2015, 00:13 WET

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Guerra e Gás

A corrida do gás está ao rubro!

A mudança de paradigma energético é o principal responsável pelas guerras e pelo terrorismo em curso na Europa.


A guerra pelo gás substituiu a guerra do petróleo(clicar para ampliar)

A bolha financeira do petróleo começou a desinchar. Quer dizer, o Pico do Petróleo é hoje um facto adquirido, e a migração para a principal alternativa, que irá dominar o século 21, ou seja o gás natural, está na origem dos principais conflitos geoestratégicos em curso.

A Rússia, que detém as maiores reservas comprovadas de gás natural do mundo (Wikipedia), quer proteger o seu monopólio no fornecimento à Europa, mas cometeu um erro ao desafiar, de forma brutal, a estratégia europeia de segurança energética. A Alemanha, por sua vez, também cometeu um erro, privilegiando a integração apressada da antiga Cortina de Ferro na União Europeia, nomeadamente em detrimento da Turquia, e uma vez mais praticando jogo duplo com a Rússia e com a Eurásia em geral, tendo por esta via provocado desnecessariamente os países do Mediterrâneo, onde predominam as religiões católica, ortodoxa e muçulmana. O trio Merkel, Hollande, Netanyahu, que vimos na linha da frente da manifestação de Paris, contra os ataques terroristas reivindicados pela Al-Qaida do Iémen, é todo um gráfico dos jogos de guerra em volta do Corredor Sul de abastecimento de gás à Europa. Não me admiraria nada que, neste momento, Obama esteja a apoiar discretamente o Syriza, e até o Podemos! (1)

A Grécia e a Itália tem uma carta na manga...
(clicar para ampliar)

Os principais produtores de petróleo começaram a fazer regressar em massa os petrodólares a casa, e a China estancou o ritmo especulativo e perigosamente tóxico do seu crescimento.

O crescimento mundial está a caminhar rapidamente para uma longa era de crescimento zero (0-1%), à medida que as bolhas especulativas e a financiarização da economia vão implodindo, e as dívidas públicas insustentáveis vão forçando os governos a abandonar o endividamento sistémico e a economia virtual.

A falta de liquidez proveniente dos petrodólares vai necessariamente rebentar com muitas empresas e bancos, sobre-endividados, e/ou sobre-expostos, nomeadamente, ao buraco negro dos derivados financeiros, e/ou ao negócio, cada vez menos rentável, das dívidas soberanas.

O fim do petrodólar é a principal origem da falta de liquidez(clicar para ampliar)

Os casos da PT e do BES estão aí. A EDP poderá ser a próxima vítima. Até porque é mais barato produzir energia elétrica com gás natural do que com ventoinhas e paineis solares dependentes do tempo e de bolsas de capital especulativo que estão a encolher, ou dos subsídios públicos indecorosos em países à beira da explosão social.

A proteção que os rendeiros até agora gozaram dos políticos desmiolados, ou corruptos, acabou.

A guerra pelo gás natural substitui as anteriores guerras do petróleo.

A procura excedentária e especulativa do ouro negro vai provavelmente deixar muito crude nas profundidades do pré-sal brasileiro, nas areias betuminosas do Canadá, e nas rochas de xisto por fraturar na América de Obama. Os países exportadores de petróleo, sobretudo os que dependem de petróleo pesado e muito caro (60-80 USD/bbl.), perante a queda da procura e a queda prolongada dos preços, serão forçados a diminuir a exportação de capital oriundo da venda do crude (petrodolares), e nalguns casos até, a importar capital. A seca nos mercados bolsistas não se fará esperar, e a falta global de liquidez, nomeadamente para investimentos produtivos, também não.

O Quantitative Easing, quer no Japão, quer nos Estados Unidos, chegou ao fim, com resultados miseráveis. O ensaio que Mario Dragi promete na União Europeia (2), e que servirá apenas para impedir o colapso das dívidas soberanas de países como a Grécia, Portugal, Espanha, Itália, França, ou Reino Unido, e que jamais chegará à economia, terá provavelmente a mesma má sorte.

A produção de petróleo estagnou, dando lugar a uma bolha financeira (clicar para ampliar)
A especulação terminou, por agora. Logo...(clicar para ampliar)


E no entanto, porque precisamente estamos no início de uma metamorfose energética da economia mundial, que implicará necessariamente mudanças de paradigma na economia (eficiência, eficiência, eficiência), nas tecnologias, nas sociedades, nas democracias e na cultura, as oportunidades começarão também a surgir, apesar do horror das guerras assimétricas em curso e da manipulação mediática permanente.


NOTAS
  1. ÚLTIMA HORA (16/1/2015 10:18): A Guerra do Gás está ao rubro!
    A Rússia anunciou anteontem que desviará o abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia! O Syriza abre hoje uma garrafa de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

    EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

    According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.
  2. ÚLTIMA HORA: Enquanto escrevíamos este post a Suíça (i.e. o SNB) anunciou que desligava a sua moeda do euro. E catapum! Na iminência de uma diarreia de euros destinada a salvar governos e bancos, a libra suíça bate com a porta; coloca a taxa de juro de referência nos -0,75%, e mostra que vai deixar de ser um fiel comprador de euros... depois de a moeda única ter decidido alinhar com os lémures japoneses e americanos... em direção ao precipício. Tempo de comprar francos suíços e ouro (se tiver francos suíços, claro!) 
REFERÊNCIAS
Russia Just Pulled Itself Out Of The Petrodollar
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 01/14/2015 12:45 -0500

Back in November, before most grasped just how serious the collapse in crude was (and would become, as well as its massive implications), we wrote “How The Petrodollar Quietly Died, And Nobody Noticed”, because for the first time in almost two decades, energy-exporting countries would pull their “petrodollars” out of world markets in 2015.

This empirical death of Petrodollar followed years of windfalls for oil exporters such as Russia, Angola, Saudi Arabia and Nigeria. Much of that money found its way into financial markets, helping to boost asset prices and keep the cost of borrowing down, through so-called petrodollar recycling.

We added that in 2014 “the oil producers will effectively import capital amounting to $7.6 billion. By comparison, they exported $60 billion in 2013 and $248 billion in 2012, according to the following graphic based on BNP Paribas calculations.”

“Oil May Drop To $25 On Chinese Demand Plunge, Supply Glut, Ageing Boomers”
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 12/17/2014 11:45 -0400

By Paul Hodges of International eChem via Russell Napier’s ERIC

We have forecast since mid-August that Brent oil prices would fall to “$70/bbl and probably lower”, and the US$ would see a strong rise. As Chart 1 shows, Brent has now reached our target, falling 40%, whilst the US$ has risen 10%. We believe this represents the first stage of the Great Unwinding of policymaker stimulus that has dominated markets since 2009. This Note now takes our oil price forecast forward into H1 2015.

Astonishingly, most commentators remain in a state of denial about the enormity of the price fall underway. Some, failing to understand the powerful forces now unleashed, even believe prices may quickly recover. Our view is that oil prices are likely to continue falling to $50/bbl and probably lower in H1 2015, in the absence of OPEC cutbacks or other supply disruption. Critically, China’s slowdown under President Xi’s New Normal economic policy means its demand growth will be a fraction of that seen in the past.

This will create a demand shock equivalent to the supply shock seen in 1973 during the Arab oil boycott. Then the strength of BabyBoomer demand, at a time of weak supply growth, led to a dramatic increase in inflation. By contrast, today’s ageing Boomers mean that demand is weakening at a time when the world faces an energy supply glut. This will effectively reverse the 1973 position and lead to the arrival of a deflationary mindset.
Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico
O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria
O António Maria. Por José Manuel Castro Lousada

End of Nabucco – end of Southern Gas Corridor?

Energy Post. June 27, 2013 by Agata Loskot-Strachota and Janek Lasocki

TAP—Trans Adriatic Pipeline

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
Global Research

quarta-feira, janeiro 14, 2015

Sérgio PPP



Fui eu, mas não fui eu!


Sérgio Monteiro assinou "swaps" mas garante que nunca foi responsável pela sua aprovação

Sérgio Monteiro foi um dos responsáveis, na Caixa Geral de Depósitos, por elaborar contratos de gestão do risco financeiro, nomeadamente os ligados ao projecto TGV. Sérgio Monteiro é o secretário de Estado dos Transportes, que tutela empresas públicas que poderiam ter sofrido perdas na sequência da assinatura de tais produtos. Uma dessas empresas é a Parpública, que recebeu de sociedades do Estado "swaps" com perdas potenciais.

Jornal de Negócios, 12 Janeiro 2015, 16:27 por Diogo Cavaleiro


Sérgio Monteiro: Não há qualquer contrato swap especulativo nas PPP

O secretário de Estado, Sérgio Monteiro, garantiu nesta sexta-feira no Parlamento que não há qualquer contrato swap especulativo nas Parcerias Público-Privadas (PPP).

Lusa/ Público, 03/05/2013 - 18:50

Sérgio Monteiro foi um dos operacionais das PPP que estão a arruinar o país. À época, ao serviço da Caixa, subscreveu contratos de proteção especulativa das taxas de juro (swaps) contra o interesse público, pois era já então mais do que evidente que as políticas monetárias expansionistas, nos Estados Unidos, no Japão e na Europa, estavam a destruir as taxas de juro, pelo que nada aconselharia a contratação de taxas de juro fixas.

Pois foi este mesmo senhor que Passos Coelho, afinal, foi buscar para o governo, onde tem desempanhado a função de que está certamente incumbido: travar a renegociação das rendas excessivas do embuste em que se transformou a maioria das 120 PPP existentes (sobretudo as que protegem os interesses especultivos dos rendeiros das autoestradas, das barragens e fornecimento de energia elétrica, dos hospitais PPP, ou do abastecimento público de água e saneamento).

Sérgio Monteiro foi ainda encarregue da missão suicida de proteger os sacos azuis do regime, nomeadamente esse buraco negro que é a Parpúbica, responsável pelo financiamento-sombra das insolventes TAP, Carris, etc. Recorde-se que a extinção destes sacos azuis foi exigida, até agora sem êxito, pela União Europeia e pela Troika. Os portugueses talvez devam saber que todas estas cangochas da nomenclatura indígena têm custos, e pesados! Segundo a UTAO (ler a notícia) o próximo Governo, isto é os portugueses, terão que pagar 62 mil milhões de euros aos credores entre outubro deste ano e outubro de 2019!

Sérgio Monteiro desconfia de análises custo/benefício aos grandes investimentos

Sérgio Monteiro considerou que os benefícios referidos nas análises de custo/benefício feitas aos grandes investimentos "são facilmente manipuláveis".

Lusa/DN, 13 jan 2015

Toda a gente já sabe que os famosos estudos, que serviram de aperitivo a Miguel Cadilhe e Sérgio Monteiro em mais um bate-papo pra inglês ver, são uma pequena indústria do regime, reservada aos economistas, engenheiros, juristas e outros galináceos que não têm outra vida para além de preverem o que o poder quer que eles prevejam.

Não acertam uma? Pois não!

Sérgio Monteiro é o exemplo típico de um 'condottieri' do regime corrupto que arruinou o país. Desenhou PPPs, blindou-as e agora é o secretário de estado que a corja rendeira e devorista colocou no governo de Pedro Passos Coelho-Paulo Portas para segurar a barra e impedir o fim das rendas excessivas, ilegítimas e imorais, que a própria Troika exigiu eliminar. Capiche?

José Sócrates é a ponta de um icebergue que precisa de ser revelado e despachado, inteirinho, para Évora.

terça-feira, janeiro 13, 2015

IRS e sacos de plástico



Jorge Moreira da Silva: “sem a fiscalidade verde não haveria descida do IRS”


Isto parece mais uma guerra entre o PSD e o CDS, do que argumentação séria.

O Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, escreveu no seu Facebook (sublinhados nossos):
“Lidas as notícias, hoje, muitos se apressaram a festejar, e outros a elogiar, a descida do IRS, pelo efeito do novo quociente familiar, com efeitos imediatos na retenção mensal na fonte. Também eu me congratulo. Luto por isto há muito tempo. Com uma diferença: eu não esqueço, nem omito, aquilo que permitiu esta descida. É uma pena que, depois de tantas críticas, nos últimos meses, ao efeito da fiscalidade verde (na taxa de carbono, nos sacos plásticos, no ISV, na TGR e na TRH), se continue a omitir que é a fiscalidade verde e apenas a fiscalidade verde, com o montante de 150 M€, que financia integralmente a descida do IRS. Repito, sem a fiscalidade verde não haveria descida do IRS. Logo, não estamos a falar de descida de impostos, nem de tentações eleitoralistas – disso estamos vacinados. Pelo contrário, trata-se de uma reforma estrutural que configura uma mudança de paradigma (ou ainda acreditam que o nosso problema estrutural está apenas no défice orçamental e na dívida pública e não está na nossa dependência energética do exterior ou na ineficiência na utilização de recursos?) Assim, optámos por uma estratégia, hoje considerada exemplar à escala mundial, de tributar mais o que se polui e degrada, para tributar menos o rendimento das famílias. Sendo que, ao contrário do IRS ou IRC, que comportam uma certa rigidez, na fiscalidade verde os cidadãos e as empresas têm forma de, pela reorientação de práticas e de comportamentos, reduzir a sua carga fiscal. Por exemplo, quando se aplica a taxa dos sacos plásticos, o objetivo não é que os consumidores paguem pelos sacos que hoje utilizam, mas que deixem de utilizar esses sacos plásticos leves; isto é, queremos reduzir o consumo estimado de 466 sacos por habitante por ano, para apenas 50 em 2015 e 35 em 2016. Além disso, a fiscalidade verde, sendo neutral, dado que financia integralmente os incentivos à conservação da natureza, à mobilidade elétrica, à floresta sustentável e à descida do IRS das famílias, tem um efeito positivo, bem estudado no âmbito da Comissão de Reforma brilhantemente liderada pelo Eng Jorge Vasconcelos, na redução da dependência energética do exterior, na proteção ambiental, no crescimento económico e na criação de emprego (com um efeito multiplicador de 0,22). Assim, vale a pena perguntar: será intelectualmente honesto continuarmos a criticar a fiscalidade verde e elogiar a descida do IRS, quando é a primeira, e apenas esta, que financia a segunda?
Onde advoga o senhor ministro que coloquemos o lixo orgânico diário? Um saco por dia para armazenar o lixo doméstico corresponde a 365 sacos/ano (sem contar com os saquinhos mais pequenos que vão dentro do saco principal). Se usarmos apenas 1 saco, de dois em dois dias, e eliminarmos os tais saquinhos (que certamente fizeram parte da contagem engenhosa evocada pelo senhor ministro: “466 sacos por habitante por ano”), chegamos aos 182,5 sacos por família por ano. Como pensa, pois, chegar aos 35 sacos por pessoa por ano?

Admitindo que a dimensão média das famílias portuguesas é de 2,6 indivíduos, e que apenas passaremos a usar 1 saco por família de dois em dois dias, teremos 70 sacos por pessoa por ano. 50, ou 35 sacos/p/ano são cifras manifestamene otimistas, não acha, meu caro ministro?

Em Bruxelas, por exemplo, os sacos do lixo são normalizados e destinados exclusiamente a este fim. Não se pode colocar lixo à porta de casa em sacos de supermercado, ou em qualquer outro tipo de recipiente, sob pena de coimas pesadas. Esta medida, e a recolha separada dos quatro tipos de lixo, parametrizada para os diferentes tipos de bairros da cidade—orgânico, às segundas, quartas e sextas, os plásticos e lixo do jardim, às terças, e os vidros e metais às quintas, por exemplo, permitem racionalizar o problema, evitando, nomeadamente, que os lixos sistematicamente se misturem como ocorre em Portugal. Será que as nossas empresas privadas de resíduos se importam? E se não se importam, porque será? Será que deitam tudo no mesmo sítio? Não estou a vê-las a perderem dinheiro com a separação do lixo orgânico, do não orgânico, que enche diariamente os contentores verdes? Alguém supervisiona, senhor ministro? Gostaríamos todos de saber, antes de pagar mais uma taxa cega e de alinhar numa operação típica de green washing!

Na Bélgica, ou pelo menos em Bruxelas, existem sacos tecnicamente estudados para a separação do lixo, com as características materiais e dimensões apropriadas ao ciclo completo da triagem e reciclagem, e assim, o cidadão tende naturalmente a prestar uma atenção redobrada a este tema, quer pela via da consciencialização, quer pelo preço transparente da coisa, quer pelas penalizações previstas em caso de infração. Acresce que a gestão dos resíduos e a higiene urbana, crescentemente apoiada e potenciada pelas redes sociais, compete ao governo da cidade-região de Bruxelas, e não aos gabinetes ministeriais longínquos que, entre nós, continuam a pontificar no que não devem, e a nada ou pouco fazer nas áreas estratégicas que deveriam ser o seu território de ação política democraticamente delegada.

Assim, meu caro ministro, em vez de aplicar mais taxas e mais impostos, desta vez aos sacos de plástico, já pensou libertar os produtores familiares e as PMEs da obrigação de vender a energia solar e/ou eólica de produção própria aos oligopolistas da energia?

Já pensou, como fez a Espanha, em rasgar os contratos leoninos e anti-democráticos (até cláusulas secretas têm!!!) negociados por baixo da mesa entre o estado e a corja rendeira da EDP e quejandos?

Já pensou em parar o descalabro das novas barragens negociadas entre o cabotino Mexia e o suspeito Sócrates?

Já pensou em defender no Conselho de Ministros a prioridade à ferrovia de bitola europeia, em vez de deixar crescer a fatura do transporte rodoviário de média e longa distância?

Já pensou num plano público, discutido democraticamente, de diminuição drástica da intensidade energética da nossa desgraçada e exangue economia, começando pelos gastos desmiolados de eletricidade em edifícios públicos?

Já pensou em limitar o uso de viaturas oficiais, nomeadamente as de topo de gama, pelos funcionários e agentes do estado, pelos governantes e pelos administradores das empresas públicas?

Resumir o balanço da sua política a uma guerra entre sacos de plástico e o mérito da descida do IRS para as famílias com rendimentos inferiores a 800 euros/mês é manifestamente pouco :(

O virtualmente imperceptível alívio fiscal, que beneficia sobretudo as famílias com rendimentos miseráveis, representa uma diminuição de receitas de IRS (e não um custo orçamental, como reza a crónica cínica do governo) na ordem dos 150 milhões de euros, a qual será suportada por todos, pois até as famílias mais pobres vão ao supermercado e usam sacos de plástico para transporte de produtos de mercearia, e para o lixo.

Bastava acabar com a Taxa do Audiovisual, que alimenta a imprestável RTP, para que todos poupássemos 140 milhões de euros por ano, e mais! Só este governo já enterrou mais de MIL MILHÕES DE EUROS na inútil RTP!

Bastava rever os orçamentos e os gastos injustificados da presidência da república, do parlamento e do governo, para pouparmos muito, muito mais do que os 150 milhões de euros que o ministro do PSD saca por um lado, para o ministro do CDS 'gastar' por outro!

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Classes médias de todo o mundo, uni-vos!



Keiser Report en español: El despilfarro de la riqueza de Hong Kong (E704)

Karl Marx talvez tenha razão


As classes médias são hoje o proletariado teórico que serviu a Karl Marx para imaginar a Revolução Socialista como uma Revolução Permanente. Vem aí um novo ciclo revolucionário. Falta tão só desenhar a sua teoria e remover os oportunistas do caminho.

As classes médias, e em geral as profissões cognitivas, devem reorganizar-se social e culturalmente, deixando para trás a delegação de poderes políticos e a representatividade democrática nos corruptos partidos políticos atuais, no indigente sistema mediático dominante, e nas capturadas, decadentes e nada representativas instituições de representação política, social e corporativa saídas da Revolução Francesa.

As instituições democráticas, com particular relevância para os partidos políticos, associações de classe e mesmo as ditas ONGs, estão na sua grande maioria irremediavelmente corrompidas e tomadas por um único interesse e objetivo: manter as suas próprias vantagens de casta, embrulhando-as obviamente nas bandeiras dos interesses coletivos que, na realidade, analisadas as suas ações em profundidade, há muito deixaram de defender.

Entretanto, na China, o governo resolveu atacar a sério a corrupção (ou pelo menos, a corrupção que o precedeu): 65 mil detidos, e o objetivo de recuperar 300 mil milhões de dólares de dinheiro público capturado pelos tríades da corrupção.

Estão mesmo a perseguir piratas chineses em todo o mundo.

A pressão política sobre os governos, português, espanhol, americano, australiano, etc., para que facilitem os procedimentos judiciais para recuperar o dinheiro negro chinês espalhado pelo planeta está em marcha e terá consequências.

Eu, se fosse Pedro Passos Coelho, analisava com atenção o que se passa na EDP e pedia relatórios precisos sobre os investimentos 'privados' chineses em Portugal.

Os príncipes do dinheiro

Japão, 2005

Capitalismo de estado, ou banksterismo? Haverá uma terceira via?


E se todos expandirem o crédito ao mesmo tempo? E se o problema for económico, tecnológico e social, antes de ser financeiro e orçamental?

Seja como for, este vídeo é uma peça analítica fundamental para compreender uma parte crucial da crise sistémica do capitalismo global em mais uma das suas dolorosas metamorfoses.

O ponto de vista de Richard Werner — autor da expressão quantitative easing e do “Quantity Theory of Credit”, é a da defesa da expansão do crédito através de políticas monetárias controladas pelos cidadãos, ou seja pelos governos eleitos, em detrimento, portanto, do poder exagerado e perverso dos príncipes do dinheiro e das suas organizações sombrias.



Princes of the Yen, publicado no YouTube a 04/11/2014

“Princes of the Yen” reveals how Japanese society was transformed to suit the agenda and desire of powerful interest groups, and how citizens were kept entirely in the dark about this.

Based on a book by Professor Richard Werner, a visiting researcher at the Bank of Japan during the 90s crash, during which the stock market dropped by 80% and house prices by up to 84%. The film uncovers the real cause of this extraordinary period in recent Japanese history.

Making extensive use of archival footage and TV appearances of Richard Werner from the time, the viewer is guided to a new understanding of what makes the world tick. And discovers that what happened in Japan almost 25 years ago is again repeating itself in Europe. To understand how, why and by whom, watch this film.

“Princes of the Yen” is an unprecedented challenge to today’s dominant ideological belief system, and the control levers that underpin it. Piece by piece, reality is deconstructed to reveal the world as it is, not as those in power would like us to believe that it is.

“Because only power that is hidden is power that endures.”

domingo, janeiro 11, 2015

Quem matou Charlie Hebdo?

Chérif e Said Kouachi, comando terrorista ao serviço de quem?

NATO e François Hollande devem-nos explicações sobre o que realmente ocorreu!


O modus operandi do terrorismo —que inclui um vasto cardápio de soluções, como a sabotagem de infraestruturas críticas, o assassínio de personalidades, as matanças públicas e a crueldade exibicionista mais macabra (de que as decapitações transmitidas via Internet são a modalidade tecnológica mais recente)— é um modo de ação bélica antigo e que, normalmente, substitui os modos convencionais da guerra, seja como preâmbulo e/ou substituto pontual da mesma, seja como uma das práticas clássicas da guerrilha.

Em qualquer caso, estas ações militares, sobretudo quando são meticulosas, como o ataque fulminante à redação da revista satírica Charlie Hebdo foi, não se confundem com crimes de homicídio comum, nem são casos de polícia, como o lunático ex-ministro da administração interna e ex-ministro da defesa de dois governos do PS, Nuno Severiano Teixeira, quis irresponsavelmente fazer crer à opinião pública portuguesa.

Não, o que ocorreu em França nos dias 7, 8 e 9 de janeiro de 2015 não foi uma ação extrema de três fanáticos muçulmanos, mas sim uma operação especial bem coordenada, a qual dificilmente teria na agenda dos protagonistas o seu próprio sacrifício. Se a morte em combate dos três operacionais estivesse inscrita no plano inicial, não haveria plano de fuga, nem o assalto à mercearia judaica com retenção de reféns teria envolvido a exigência de uma via de fuga para os irmãos Kouachi, e muito menos a poupança das vidas da maioria dos judeus retidos como reféns na mercearia kosher em Port de Vincennes, Paris.

O facto de todos os envolvidos nos ataques serem pessoas bem conhecidas das polícias, e portanto dos serviços secretos franceses e de vários outros países, num país que assumidamente treinou e/ou armou e/ou financiou cidadãos franceses para combaterem na Síria contra o regime de Bashar al-Assad, deixa toda esta história envolta em suspeitas gravíssimas sobre quem poderá ter estado na origem da tragédia ocorrida em Paris — a qual visou obviamente atemorizar toda a França num ano eleitoral dominado pela crise económica e financeira, pelo desemprego em massa e pela desorientação completa do Partido Socialista Françês e de François Hollande face à enormidade dos desafios que encontraram pela frente desde que assumiram o poder.

Para já, o efeito imediato não foi o de copiar o modelo de suspensão da democracia e das liberdades escolhido desastrosamente pelos Estados Unidos. Esperemos, porém, pelos próximos capítulos do que parece ser uma radicalização da estratégia dos falcões americanos e israelitas de desestabilização da Europa e de confronto provocatório com a Rússia.

USA Today would also report (emphasis added):
The brothers were born in Paris of Algerian descent. Cherif was sentenced to three years in prison on terrorism charges in May 2008. Both brothers returned from Syria this summer.
The implications of yet another case of Western-radicalized terrorists, first exported to fight NATO’s proxy war in Syria, then imported and well-known to Western intelligence agencies, being able to carry out a highly organized, well-executed attack, is that the attack itself was sanctioned and engineered by Western intelligence agencies themselves,. This mirrors almost verbatim the type of operations NATO intelligence carried out during the Cold War with similar networks of radicalized militants used both as foreign mercenaries and domestic provocateurs. Toward the end of the Cold War, one of these militant groups was literally Al Qaeda – a proxy mercenary front armed, funded, and employed by the West to this very day.
Additionally, in all likelihood, the brothers who took part in the attack in Paris may have been fighting in Syria with weapons provided to them by the French government itself.  France 24 would report last year in an article titled, “France delivered arms to Syrian rebels, Hollande confirms,” that:
President Francois Hollande said on Thursday that France had delivered weapons to rebels battling the Syrian regime of Bashar al-Assad “a few months ago.”
Deflecting blame for the current attack on “radical Islam” is but a canard obscuring the truth that these terrorists were created intentionally by the West, to fight the West’s enemies abroad, and to intimidate and terrorize their populations at home.

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Je suis CHARLIE

Wolinski

O CHARLIE HEBDO sai no próximo dia 14 de janeiro


É a resposta a quem decapitou mas não conseguiu cortar a língua da liberdade de expressão na Europa.

A barbárie perpetrada em Paris, que recentemente reconheceu o estado palestiniano, como muitos outros países já o fizeram, contando até com o apoio do parlamento europeu, tem que ser esclarecida.

Esta ação militar —esta operação especial— foi claramente realizada por profissionais, e corresponde aos manuais da chamada guerra assimétrica.

Que país ou organização ordenou tal operação? Quem pagou? A quem serve objetivamente esta carnificina?

Ainda é cedo para responder a estas perguntas, mas é preciso responder e agir em conformidade, sob pena de o descrédito nas instituições políticas europeias alastrar como uma verdadeira armadilha fatal às liberdades e democracias que tanto prezamos.

François Hollande está a um passo de entregar a França à direita nacionalista de Jean-Marie e Marine Le Pen. Tem pouco tempo para explicar ao mundo quem realizou a carnificina e o que esteve por trás desta provocação sangrenta.

Ilustração de Joep Bertrams

Os artistas e as pessoas de bem e democráticas, que prezam a liberdade antes de tudo o resto, em todo o mundo, estão contigo, CHARLIE!

Foi V. que pediu crescimento?

O crescimento está mesmo ao virar da esquina!



Quando um político lhe prometer crescimento, ria-se!


Há gráficos que explicam tudo, de forma simples e sem margem para dúvidas. O das vendas da Caterpillar é um deles, e o que compara a recompra de ações próprias (um desporto nacional também aqui na Lusitânia) com despesa de capital, também.

Portanto, quando a corja devorista e rendeira e os corruptos partidos que temos, que são todos os que se sentam na Assembleia da República (exceto os "Verdes" e o Bloco de Migalhas, que são tão insignificantes que foram excluídos deste festim), entoarem o cante do crescimento, já sabem: querem aumentar impostos, deixar correr o maremoto do desemprego e querem sobretudo safar a nomenclatura, de preferência à mesa da Travessa, comendo perdizes, asas de raia e fumando Habanos, pois claro!

Este regime acabou. Mas falta ainda preparar-lhe o funeral e enterrá-lo.

Outro contrato social e outra democracia, por favor!

Coke To Fire 1800, Caterpillar Laying Off 200
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 01/08/2015 11:40 -0500

Stocks are up nearly 2% today alone, with the S&P back to green for 2015. Among the reasons for today's rally: lower overhead courtesy of KO and CAT, which announced that between the two of them, they would fire some 2,000 workers, which is great news for stocks if not for actual employees as there will be even more dry powder for another record quarter of stock buybacks. 

terça-feira, janeiro 06, 2015

O último atum

Japão: o leilão do atum, uma das mais apreciadas e caras iguarias da dieta japonesa

Os atuns agradecem! Há sempre quem lucre com as grandes crises...


While Japan's population is toiling under what by now is insurmountable import price inflation, leading to soaring prices for anything that isn't produced domestically and has to be purchased with rapidly depreciating Yen, the reality is that - thanks to the biggest collapse in real wages in the 21st century - the deflationary mindest is now more embedded than ever. Case in point: the first tuna auction at Tokyo’s Tsukiji Market. It was here that earlier today the highest price for a bluefin tuna fell below ¥5 million for the first time in eight years, coming in at ¥4.51 million for a 180-kilogram tuna caught off Oma, Aomori Prefecture — in Zero Hedge.

Os preços baixaram, sim, mas porque o consumo caiu, ou seja, porque a depressão atinge profundamente os rendimentos do trabalho e dos próprios negócios na outrora segunda economia mundial. 

Lá como cá. 

Ou antes, se queremos saber o que se vai passar nos EUA e na Europa é só olhar para o que o Japão tem vindo a fazer há mais de duas décadas. Criar dívida como se vivesse num sonho acaba sempre em pesadelo. 

A verdade é que a procura agregada global está muito acima da oferta agregada global em condições de preço aceitáveis. Logo, durante mais de duas décadas, financiou-se artificialmente, i.e. com dinheiro falso, a produção, as infraestruturas e o consumo. 

O carroussel da inflação de que o sistema capitalista especulativo se alimenta lá foi andando até que estourou. E estourou mesmo! 

Aquilo a que vimos assistindo desde 2006-2008 são os efeitos deste estouro. Não há outra forma de descrever o fenómeno, que ultrapassa em muito a capacidade de gestão de danos por parte dos sistemas políticos instalados. No entanto, como o maremoto social vai continuar a crescer, haverá consequências... 

O melhor que podemos desejar é que esta mudança de ciclo longo (de crescimento inflacionista —acima dos 3-4%— para um ciclo longo de baixa inflação —entre 0 e 1%— dê rapidamente lugar a um NOVO CONTRATO SOCIAL, cuja filosofia e fundamentação teórica está ainda por compilar e sintetizar.

Em Portugal, o colapso do regime é uma excelente oportunidade para lançar UM NOVO CONTRATO DEMOCRÁTICO, o qual passa, evidentemente, por escrever, discutir por todo o país, e votar em sede constituinte UMA NOVA CONSTITUIÇÃO.

Vamos nisso?

Pobre Mário

Mário Soares
Foto ©Ana Nabais/ Sol

Ó Mário, meio milhão chega, não?


Quem diria! Como não há-de defender o Marquês de Maçada... atualmente a fazer jogging numa prisão alentejana.

SOL, 30 dez 2014: Desde 2011, o BES atribuiu à Fundação Mário Soares um apoio financeiro de 570 mil euros. O grupo liderado por Ricardo Salgado é assim o maior financiador da instituição do ex-Presidente da República, avança o Correio da Manhã.

O último financiamento no valor de 300 mil euros foi feito em Março de 2013, cerca de um ano antes da crise no Grupo Espírito Santo.

Ou seja, como o BES recorreu à lei do Mecenato para apoiar a Fundação Mário Soares, afinal fomos nós, os contribuintes saqueados, quem financiou, mais uma vez e mais uma vez por baixo da porta, dando, ainda por cima, os louros ao Tio Ricardo, a famosa fundação do Pai da Pátria.

O património desta fundação compõe-se, supomos, dos livros escritos, lidos e colecionados por Mário Soares, mais as cartas da prisão e as diplomáticas. Mas uma fundação tem que possuir fontes de rendimento próprias. Quais são, neste caso? Apenas a massa sacada anualmente aos contribuintes nacionais e autárquicos pela nomenclatura instalada, sem que os ditos contribuintes tenham uma palavra a dizer sobre o assunto?

É triste ver uma criatura descer tanto em tão pouco tempo. A III República será, pelo andar da carruagem, mais uma anedota da rápida decadência de Portugal à medida que foi perdendo o império, sem abdicar, porém, da mania das grandezas à custa do sistémico empobrecimento indígena.

PS: o último artigo publicado por MS no DN não deixa de ser mais uma prova do lamaçal em que este regime se afoga dia a dia. Então não é que Mário Soares propôs a Cavaco Silva um acordo de cavalheiros (ainda que sob a forma de ameaça grosseira) que não passa da falsa e básica alternativa do Dilema do Prisioneiro? Assim não se safa...


Última atualização: 6 dez 2015, 11:14 WET

segunda-feira, janeiro 05, 2015

O Tribunal Faz de Contas

Deitaram ao lixo mais de 950 milhões de euros, isso sim!


Uma demonstração simples de que o indígena Tribunal de Contas diz apenas as baboseiras que o poder político-partidário de turno lhe encomenda:

DANIEL GROS: "Muitos projectos ferroviários e rodoviários também avançam lentamente, devido à oposição local e não à falta de financiamento. Estas são as verdadeiras barreiras ao investimento em infraestruturas na Europa. As grandes empresas europeias podem facilmente obter financiamento a taxas de juro próximas de zero."
A Europa e a mania dos investimentos mal orientados
Jornal de Negócios, 05 Janeiro 2015, 10:09 por Daniel Gros

O que o TdC deveria fazer, ou seja, julgar e punir os descalabros das derrapagens orçamentais e os contratos leoninos contra o interesse público, não faz. Mas armar-se em gestor de negócios, já faz, caindo no ridículo, claro!

Além do mais, tanto o TdC, como o TC, não são verdadeiros tribunais, dignos de ostentar semelhante timbre, mas sinecuras partidárias ao serviço dos governos corruptos e/ou incompetentes de turno.

Neste caso, o frete tem um endereço claro: a teimosia encomendada de Passos Coelho relativamente ao famoso, mas que nunca foi, TGV, e as manobras do Sérgio das PPP em defesa da salamandra, que ainda mexe, do NAL da Ota em Alcochete, da Cidade Aeroportuária da Margem Sul propalada pelo adiantado mental Mateus, da TTT do sargento-ajudante Costa, em suma, dos pinheiros e das herdades onde a malta do BES e a corja do BPN, Soares e Cavaco incluídos, andaram, e pelos vistos ainda andam, objetivamente metidos!

Entretanto, a suspensão do projeto da ligação Poceirão-Caia já custou aos contribuintes, entre estudos pagos e por pagar, e verbas comunitárias deitadas ao lixo (que a França e a Espanha imediatamente recuperaram, claro!) perto de MIL MILHÕES DE EUROS (1). Quando é que a imprensa portuguesa fará o seu trabalho?

Temos que varrer este lixo, chamado Bloco Central da Corrupção, para bem longe.

Tribunal de Contas diz que alta velocidade não teria "viabilidade financeira"
Jornal de Negócios, 05 Janeiro 2015, 12:12 por Lusa

POST SCRIPTUM



O único motivo porque Portugal tem feito uma triste figura no que respeita às ligações ferroviárias em bitola europeia de Lisboa-Madrid, Lisboa-Porto e Porto-Aveiro-Salamanca, sabotando reiteradamente os compromissos com Espanha e com a União Europeia (Ver Mobility and Transport e TEN-T in EC) tem sido a tentativa do Bloco Central da Corrupção Alargado (PS-PSD_CDS/PP e PCP) de favorecerem o negócio da destruição do Aeroporto da Portela e da construção de um mega-aeroporto (na Ota, ou em Alcochete, tanto faz). Os argumentos pseudo estratégicos (2) com que vendem a patranha ao lóbi militar da importação de submarinos, helicópteros e blindados todo o terreno são conversa de vigaristas que só convence quem quiser ser convencido. O argumento da falta de dinheiro é, especialmente neste caso, uma mentira pegada e escandalosa, pois se há investimento estratégico que conta com avultados fundos da UE é precisamente este!

No entanto, haveria que investigar qual o peso que a perda do concurso para a construção da famigerada —e essa sim, ruinosa e criminosa— TTT Chelas-Barreiro, da Mota-Engil para o consórcio espanhol, ditou a sentença abusiva do TdC sobre a ligação ferroviária Poceirão-Caia.

Detalhe do mapa das ligações ferroviárias prioritárias na UE. TEN-T, Set. 2014


NOTAS

  1. Leia o que escrevíamos em dezembro de... 2012 neste mesmo blogue.
  2. Imaginem que a Bélgica pensava da mesma maneira que as grandes inteligências pardas da Lusitânia...

    Ligações ferroviárias atuais (GoEuro-Planear Viagens) entre a Bélgica e três poderosos países vizinhos

    —Bruxelas-Londres: 11 comboios diretos/dia
    —Bruxelas-Paris: 10 comboios diretos/dia
    —Bruxelas-Colónia: 7 comboios diretos/dia

    Pela lógica dos acagaçados estrategos que temos, a Bélgica já teria sido toda trincadinha pelos papões franceses, alemães e ingleses!

Última atualização: 5/1/2015, 23:38

OAMINDEX


Cubas de cerveja em De Halve Maan (Straffe Hendrik) Brewery. Bruges.

As bolsas estão puidinhas e cheias de buracos. Que digo? De buracões!


Preciso de um especialista em mercados financeiros para montar o OAMINDEX. A sério!

Há uma série de produtos neste planeta onde vale a pena investir, e onde as rentabilidades são mais do que interessantes e estáveis. Não hesite em falar com O António Maria, se estiver preparado e a ideia lhe agradar ;)