quarta-feira, setembro 19, 2012

A TAP depois da TAP

Chegada do "C-47A" Dakota, com as cores primitiva da TAP, ao Museu do Ar, Sintra.

Quanto dá por ela? Um euro :(
Avisámos vezes sem conta que isto iria suceder...

Avianca Taca desiste de concorrer à privatização da TAP
Jornal de Negócios 18 Setembro 2012 | 17:21

A Avianca Taca garantiu, em declarações à Bloomberg, que não irá avançar com uma proposta para concorrer à privatização da TAP.

O Negócios havia apurado que dos nove grupos que tinham recebido a informação sobre a TAP, apenas três avançaram com oferta não vinculativa para participar na privatização da companhia.

O Grupo IAG [Iberia+British Airways] confirmou que analisou "com mais detalhe" e desistiu de concorrer à privatização da TAP.

Uma vez que nem os chineses, nem os árabes, nem os colombianos, nem os angolanos onde os houvesse com know how técnico, podem tomar a maioria do capital da TAP, por imposição da legislação comunitária aplicável, resta uma única hipótese, desde sempre aqui apontada como provável: a Lufthansa.

Só que se eu fosse a Lufthansa exigiria aos nossos governantes e à corja que o rodeia (1) a declaração prévia e oficial de falência da TAP, ou um radical spin-off da companhia antes de chegar ao caderno de encargos (que ainda não existe!)

Fernando Pinto, CEO da TAP, já deveria ter sido demitido e submetido a inquérito, nomeadamente por uma dessas alegres comissões parlamentares que ultimamente se formam para tudo e para nada, mas de onde invariavelmente nada sai de útil. Talvez agora, depois do 15-S, houvesse mais produtividade nas inquirições.


ÚLTIMA HORA

Pilotos preocupados com desistências na privatização da TAP
Por Raquel Almeida Correia, Públicos (edição impressa)

Sindicato diz que o Governo deve responsabilizar a administração da empresa.
Colombiana Avianca e grupo IAG fora da corrida

Os mais recentes desenvolvimentos na privatização da TAP estão a deixar os pilotos preocupados. Para estes trabalhadores, que reclamam ter direito a uma participação no capital da transportadora aérea, as desistências do grupo IAG e da colombiana Avianca Taca mostram que a companhia nacional “tem mais problemas do que aqueles que são dados a conhecer aos portugueses”. Restam três investidores na corrida à compra da TAP, que o Governo quer fechar este ano.

[...]

Ontem foi a vez da colombiana Avianca Taca declarar oficialmente o recuo. A empresa, detida pelo milionário Germán Efromovich, afirmou que “não está interessada e não vai participar, directamente ou através de qualquer uma das suas subsidiárias, no processo de privatização”. O Diário Económico noticiou que Efromovich se mantém na corrida, mas através da holding que controla, o Synergy Group. Será, por isso, um dos três investidores que passarão à próxima fase - a da apresentação das propostas finais.

[…]

Para os pilotos, a venda do grupo não pode acabar “na oferta da empresa a um qualquer operador internacional, tendo em consideração a situação paupérrima a que a administração actual conduziu a TAP e que tornou a privatização uma incontornabilidade e não uma opção do Governo”.

E mais :(

IAG, Lufthansa out of Race for Portuguese Airline TAP
The Wall Street Journal, 17 set 2012

LISBON--International Consolidated Airlines Group SA (ICAGY, IAG.MC, IAG.LN) and Deutsche Lufthansa AG (DLAKY, LHA.XE) didn't put in bids for Portugal's TAP SGPS SA, highlighting the challenges the Portuguese government faces in trying to sell the airline amid difficult conditions in the sector.


COMENTÁRIO DESTACADO

Caros.

Antes da “ordem do dia”, e na linha do publicado pelo António Maria, foi sintomática o estado de graça do Coelho de plástico na boca de “personalidades” como o Ângelo Correia (qual Paulinha prostituta) ontem em boloçal entrevista ao Mário Crespo. É assim que se faz politica na Tugulândia com a Paulinha prostituta a abrir as pernas até mais não, mais parecendo uma autêntica “porta escancarada” ao parceiro de culigação Paulo Portas. Desta forma, tenta a Paulinha salvar “algumas castanhas do brazeiro”, amigando-se escandalosamente ao Portas.

Depois dessa entrevista, onde o braço direito do Coelho de plástico foi sovado (e indirectamente o Coelho de plástico),..., enfim, restam poucos amigos ao Coelho de plástico. Dado o evoluir das circunstâncias, torna-se óbvio que este já foi em muito ultrapassado pelas circunstâncias, revelando a quem quiser, que os desafios a que está sujeito ultrapassam em muito as suas competências.

A auto-estrada para o Paulo Rangel está aberta, quem sabe (e isso é quase uma certeza) se “personalidades” como a Paulinha já fizeram a agulha em direcção ao sucessor. Cavaco bem que dispensava este sarilho todo, com a maioria do C de Estado em desfavor do Coelho de plástico.

Portas no decorrer do tempo, e alegando “justa causa” recolhe junto do seu partido e do PSD cada vez mais apoiantes. Tomar em atenção Aguiar (em) Branco pois também não faltará muito tempo para constatar que do lado do Coelho de plástico pouco ou nada já tem a ganhar, sendo mais avisado fazer o que todos os outros já estão a fazer: Refugiarem-se junto do núcleo duro do PSD (Cavaco e F. Leite) e deixarem o Coelho seguir a sua vidinha. Paz à sua alma politicamente, mas é um facto que a (experiência) da vida não o preparou, sendo rotulado pelo Medina Carreira como um “politico sem profissão conhecida”.


TAP

Irra, irra, irra, se há coisa que a blogosfera sempre tem dito, escrito e manifestado foi exactamente no sentido de chamar a atenção para o estado de degradação da situação da TAP.

Tudo começou por alturas de uma “nova” realidade chamada “Low Cost”, que posteriormente evoluiu para uma escandalosa politica em que a TAP alinhou em favor da construção de um NAL, fosse ele na Ota ou na Ota em Alcochete, ou numa Ota em qualquer parte desde que determinados interesses (que não os seus - da TAP) fossem acautelados. Simplesmente um NAL é em qualquer parte uma “faraónica” obra do regime, e que apesar do SIM de vários grupos de pressão o risco é considerável.

Agora, chegou-se ao que já se sabia, o “Rei vai Nú”, a TAP está completamente falida, o BES lá lhe vai adiantando uns trocos para o “pitroil”, pois caso contrário terá muito mais a perder caso a TAP seja obrigada a marca uma assembleia de accionistas.

A noticia desta situação tem sido gerida pelas Agências de Comunicação da mesma forma que no filme Toy Stories da Pixar em que o Buzz diz “Não é voar, é cair com estilo”.

Depois é aquela fantástica noticia que se anexa, da Herminia Saraiva (muito amiga do Gaúcho) que “bota cá para fora” pormenores da Avianca, escrevendo de forma  ESCANDALOSA de que para a Avianca o negócio possível não é um negócio de forma clara e transparente, mas sim por intermédias entidades conhecidas (e desconhecidas). Será verdade! Será verdade que o estado português teoricamente suposto como pessoa de bem, alinha em processos com aquele que a Avianca propõe ao estado português?

Nós já sabiamos que para a Raynair operar em Lisboa apenas era preciso que o patrão da Rya desse por baixo da mesa um maço de notas ao Guilhermino & amigos. E é por estas e outras que empresas como a Lufthansa colocam fortes reservas a entrar em processos como este - o da concessão / privatização da TAP.

Agora, parece que os pilotos acordaram, e de um dia para o outro deram-se de conta de que estão a voar numa companhia (a sua) falida, da qual se propõe ser accionistas. Coisa fantástica,..., mal por mal, bem que podiam começar a comprar acções do BCP, que embora esteja igualmente a voar baixinho ainda está a uns dedos do chão.

Da parte da ANA as perspectivas são qualquer coisa como 1,2 mM€. Da parte da TAP o passivo é muito superior. Como um dia se fez contas, o saldo entre as duas será possivelmente negativo.

A questão do NAL como irá ficar? Vai-se eventualmente construir um NAL para as Low Cost, considerando que a companhia de bandeira está claramente numa situação de pré-falência, sendo necessário um autêntico milagre que se chama Lufthansa ou empresa do seu grupo que resgate a TAP e o estado português?

Como diz o António e muito bem, a quem se deverá pedir responsabilidades? O Gaúcho e seus muchachos com salários principescos mais prémios de gestão pelo facto de terem “atingido” excelentes resultados de gestão. A Parpublica e o Blog do Tribunal de Contas também não deverão ser chamados à pedra?

No entanto, acreditar no Pai Natal é sempre possível, e “fabular” tem sido a prática que levou a TAP a um cenário impensável e idêntico aos Estaleiros de Viana do Castelo (os restantes patrulhões já foram cancelados).

A

Rui

PS. Curiosamente 3 ou 4 paquetes com tripulações portuguesas (Princess Diane) estão arrestados em portos franceses. Parece que o banco Montepio não tem dinheiro para pagar o combustível, e as tripulações também não recebem à 3 meses.


NOTAS
  1. BES (que facilitou o roubo do ouro judeu durante a II Guerra Mundial, através dos piratas suíços, coisa que obviamente os alemães não esquecem), tríade cor-de-rosa de Macau (que prometeu ao senhor Ho a Alta de Lisboa com os terrenos do Aeroporto da Portela incluídos), e máfia da Ota em Alcochete (a que fundos de investimento laranja e cor-de-rosa estão fortemente ligados).

Última atualização: 19 set 2012 9:53

terça-feira, setembro 18, 2012

Novo Governo

TOYZE — "Este não é o Ano do Coelho". Para O António Maria.

Passos Coelho perdeu a confiança de todos os portugueses... e da Troika!

Nunca em Portugal, e em tão pouco tempo, houve tal unanimidade contra o desempenho de um primeiro ministro, e contra a gaguez mental e insensibilidade social de um ministro das finanças.

Paulo Portas, certamente por ter começado a sentir o tapete a fugir-lhe uma vez mais debaixo dos pés, tentou uma manobra desesperada: descolar da coligação, mas mantendo-se dentro dela, em nome da estabilidade. Feio, muito feio! Ninguém gostou. O partido e os que ainda votam nesta criatura imprevisível e escorregadia já deram o suficiente para uma ambição pessoal claramente sem futuro.

Todos esperamos agora do CDS a mesma revolta que começou a alastrar no PSD e que não parará até que uma nova geração de dirigentes e militantes, mais jovens e honestos, conscientes das pesadas responsabilidades partidárias na insolvência do país, tomem internamente o poder, em nome da responsabilidade, da racionalidade, da cooperação e da decência política.

Prolongar esta coligação desfeita, nas circunstâncias que todos conhecemos, é impossível. A subida dos seguros, dos juros e das rentabilidades associados à dívida soberana portuguesa será mais do que eloquente ao longo do que resta desta semana e mais ainda da próxima. Portugal não resiste à deterioração rápida do pesadíssimo serviço da sua dívida.

Por outro lado, tanto o FMI como o BCE deram claros sinais de que este governo deixou de servir.

A bola já não está do lado de Wolfgang Schaeuble, mas de Draghi, Lagarde e Barroso, sobretudo depois do euro ter resistido a uma monetização apressada das dívidas dos PIIGS, pelo menos antes que semelhante caminho inflacionista fosse trilhado pelo dólar até ao fim — o que acaba de ser confirmado pelo anúncio do Quantitative Easing 3 (QE3) de Obama/Bernanke. Ou seja, antes de o BCE se ver forçado a engolir boa parte da dívida especulativa residente na zona euro, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi e Goldman Sachs) terão que começar a tomar o xarope que fabricaram, usando para tal a cada vez mais desvalorizada nota verde.

A desvalorização contínua do dólar tornará assim mais fácil à Europa cumprir as obrigações financeiras formais para com os grandes especuladores americanos que apostaram no fim do euro.

Na Europa, pelo contrário, a janela de oportunidade criada pelo QE3 tem que ser aproveitada para permitir compatibilizar a regularização das dívidas soberanas, com programas de crescimento dirigidos a partir de Bruxelas, sem quaisquer cerimónias; e também para reforçar a dimensão federal da União Europeia, nomeadamente no plano da supervisão bancária, e de uma radical convergência das políticas fiscais e orçamentais.

Seria pois vital não perdermos tempo na formação de um novo governo, para o qual não fazem falta, nem eleições, nem congressos. Bastaria que as comissões nacionais e executivas de ambos os partidos aprovassem o novo primeiro ministro e o novo vice-primeiro ministro do próximo governo, antes de estes serem indicados ao presidente da república.

A generosidade desta mudança é naturalmente exigível aos líderes partidários Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.


POST SCRIPTUM

Estado arrisca indemnização de quase 170 milhões por cancelar TGV — Jornal de Negócios.

O governo precisa urgentemente de dinheiro para alguns buracos há muito escondidos e que se revelaram mais claramente durante a última avaliação da Troika:
  • o buraco especulativo das empresas públicas Metro de Lisboa e Metro do Porto, os quais correm o risco de ultrapassar os 2,5 mil milhões de euros (ler artigo de Helena Garrido) soma-se às dívidas assumidas (porventura subestimadas ) destas empresas públicas, que são de 4 mil milhões, para o Metro de Lisboa, e mais de 2,5 mil milhões, para o Metro do Porto;
  • o buraco total da TAP, o qual, entre dívidas assumidas, dívidas esperadas e compromissos (ex: a compra em leasing de 12 aviões Airbus A350), supera, nas nossas estimativas grosseiras, os 6 mil milhões de euros;
  • o buraco da CP-Refer supera os 6 mil milhões de euros.
Por outro lado, o valor das empresas a privatizar não pára de cair, tornando-se um negócio especulativo cada vez mais apetitoso para os piratas indígenas — como ficou aliás demonstrado na venda criminosa do Pavilhão Atlântico a um genro do presidente da república, com a cobertua financeira no omnipresente banqueiro do regime: o grupo BES. Em vez dos 120 milhões de euros estimáveis, a coisa ficou numa pechincha de 10 milhões!

Consequência desta evolução previsível da crise de insolvência do país, é o pouco ou nenhum apetite internacional pela TAP, pela ANA, e em geral por ativos carregados de dívidas monumentais e de responsabilidades sociais sem fim à vista. Como sempre avisámos, sem o saneamento e até a reestruturação e partição antecipada das empresas públicas a privatizar, o resultado seria pífio, ou mesmo desastroso.

Como se isto não bastasse para explicar o desespero que levou a coligação a tentar assaltar milhões de portugueses com uma aplicação inconstitucional, ilegítima, ilegal e criminosa da TSU, temos ainda o preço a pagar por decisões estratégicas que foram revertidas sem qualquer debate público, ou parlamentar prévios. Refiro-me à suspensão do dito "TGV" e à substituição dos contratos já assinados pela quimera de uma linha ferroviária de "altas prestações". Dizia o governo, através do alucinado secretário de estado das obras públicas, transportes e comunicações, Sérgio Silva Monteiro, que a massa de Bruxelaa iria para a tal quimera. Não foi!

A suspensão do dito "TGV", confirmada pela suspensão do financiamento comunitário (que a imprensa em geral tem iludido nas suas notícias) custará aos contribuintes portugueses: 800 milhões de euros (o pacote comunitário previsto que, como sempre dissemos, seria intransferível) + 170 milhões de indemnizações ao grupo Elos por suspensão intempestiva e injustificada de contrato + os custos processuais que conduziram à suspensão do projeto, por pressão da máfia da Ota em Alcochete (a que Passos Coelho cedeu como bom ex-futuro empregado do BES) + os custos jurídicos da batalha judicial contra as empresas com quem o Estado contratou a realização da linha ferroviária entre o Poceirão e Caia e que agora reclamam a justa indemnização + a não criação de milhares de empregos permanentes em Portugal a que esta ligação ferroviária entre as duas capitais da península daria lugar + mais o prejuízo económico de atrasar a inadiável ligação de Portugal às redes europeias de transporte ferroviário em bitola europeia, para mercadorias e passageiros (incluindo os comboios de Alta Velocidade).

Tudo somado, estamos a falar num murro no estômago da economia portuguesa que pode superar até 2020 muitos milhares de milhões de euros. Só por isto este governo merece ser imediatamente despedido, e os seus ministros, a começar pelo Jota PM, interrogados em comissão de inquérito parlamentar e, se for o caso, em sede judicial própria, pois creio firmemente que este desenlace ruinoso para o país foi, uma vez mais, resultado da pressão criminosa da máfia da Ota em Alcochete junto do poder capitaneado por um político de plástico.

É por estas e por outras que este governo deixou de servir, e é preferível que as decisões estratégicas que beneficiam Portugal passem a ser tomadas em Bruxelas, sem contar com os corruptos que tomaram de assalto o país. Da corja financeira e partidária que se apropriou da democracia só podemos esperar um estado falhado.

Para escapar a este destino miserável e humilhante só temos uma saída: exigir uma Nova Constituinte e exigir a reforma radical do sistema legislativo e partidário que temos.


Última atualização: 18 set 2012 13:06

segunda-feira, setembro 17, 2012

Depois de Gaspar

A remodelação de Vítor Gaspar seria uma prova de inteligência da coligação

Despedido com justa causa?

PSD vai reunir órgãos dirigentes para responder a Portas

Os sociais-democratas convocaram os órgãos de comunicação social ao meio da tarde deste domingo. A comunicação coube a Jorge Moreira da Silva, primeiro vice-presidente do PSD. A declaração foi curta e fria.

“Como sabem o CDS apresentou hoje as conclusões em relação as medidas do Governo para a consolidação orçamental. O conteúdo destas declarações do líder do CDS-PP não são indiferentes para a coligação e, porventura, para o próprio Governo”, afirmou.

Por isso, anunciou que a comissão permanente do PSD reúne já nesta segunda-feira e a comissão política, “com a presença do presidente do partido”, Pedro Passos Coelho, na quarta-feira. Vão, acrescentou Moreira da Silva, “analisar de modo muito detalhado” as conclusões do CDS.

Público, 16 set 2012

Constâncio: “O que importa é que haja um Governo e uma maioria que executem” o programa

“Como noutros países acontece, o que importa é que haja um Governo e uma maioria parlamentar que executem os programas e as medidas, e o ajustamento continue a ser feito”, afirmou Vítor Constâncio aos jornalistas, em Nicósia, Chipre, à margem do Ecofin (conselho de ministros das Finanças) informal, quando questionado sobre as eventuais consequências da ausência de um consenso político em Portugal.

Jornal de Negócios, 15 set 2012

A coligação está a um passo de cair, e a dois de sofrer a primeira remodelação governamental.

Conjugando a afirmação de Vítor Constâncio sobre a presente crise da coligação, com o discurso sobre o Estado da União, de Durão Barroso, e a decisão do Tribunal Constitucional Alemão sobre a mutualização parcial das dívidas soberanas da União, pode adivinhar-se a fraca utilidade de Vítor Gaspar à frente da pasta das finanças em Portugal. Seria uma estupidez não aproveitar esta crise para substitui-lo. Ou será que a própria crise gerada pelos desajeitados discursos de Passos Coelho e de Gaspar já anunciavam um desfecho bem mais provável do que parece?

Espero que Jorge Moreira da Silva seja, neste transe, a luz que tem faltado a Pedro Passos Coelho.

Miguel Relvas (1) e Marco António deveriam ser substituídos sem apelo nem agravo, a par da ignara Cristas e do incompetente Pedro Mota Soares. Os independentes, salvo o aluno reverente do poderoso ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, deveriam manter-se, caso PPC pretenda salvar a capacidade de implementar as medidas mais positivas da Troika, e acolher com outra coragem as possibilidades entreabertas pela cedência parcial da Alemanha a uma maior partilha dos buracos financeiros, sobretudo depois de se saber que o Quantitative Easing 3 de Obama-Bernanke já está a desvalorizar o dólar e a fazer subir ainda mais o preço da energia e dos cereais.

Resta assim saber quem poderia substituir Vítor Gaspar (o anjo de Schaeuble caído em desgraça). Eu iria buscar um jovem aos Estados Unidos, mas que não seja aluno embevecido de nenhum Prémio Nobel, e pense pela sua cabeça. Sobretudo alguém que tenha aprendido já alguma coisa com a crise sistémica em curso

Há dois dias antevi desenvolvimentos adversos à coligação, quando escrevi Um joker chamado Portas.

Tomá-los de ânimo leve não é a melhor forma de prevenir um acidente, nem muito menos de preparar a coligação para resistir aos vários desafios que ainda tem pela frente. Enquanto não conseguirmos mudar de regime —para o que precisamos de lançar o debate sobre a necessidade de convocar uma Nova Assembleia Constituinte— esta coligação, com este ou outro PM, é o que temos, e é o mal menor.


NOTAS

Alert© merece seguramente a curiosidade pública
  1.  Alert® é uma empresa pouco transparente (no sítio da empresa não constam nem os sócios, nem relatórios e contas), embora se creia que entre os seus principais protagonistas estejam Miguel Relvas e o omnipresente BES. É verdade? Esclareçam-nos por favor.

    A dita empresa teve um crescimento fulminante durante o consulado de José Sócrates, tendo passado dos zero aos 46,9 milhões de euros entre 2000 e 2010. “Só ao hospital de Famalicão levaram 1,2 Milhões em software, com 55 mil euros mensais de manutenção”. São as tais gorduras que muitos não querem perder...

    Curiosamente, o QREN, que em Portugal se tornou numa das sucursais do poder escondido do PS, não sofreu quaisquer incómodos por parte do novo governo azul-laranja, graças, segundo fontes bem informadas da Blogosfera, à mãozinha atenta de Marco António — o tal que quer ser presidente da falida câmara de Gaia, ao mesmo tempo que coloca toda a sua influência local para colocar Menezes no Porto, apesar de ter já esgotado o número de mandatos como presidente de câmara num país democrático e que quer, um dia, ser decente.

    O polvo é isto mesmo: uma rede de destacados dirigentes e ex-dirigentes partidários com ligações fortes à banca, envolvidos em negócios de origem ilegal ou ilegítima, obtidos sem sombra de dúvida ao abrigo de um intenso, contínuo e descarado tráfico de influências, e onde residem as principais causas da captura criminosa do Estado, do sistema partidário e, em última análise, da ruína escandalosa do país.

    É esta mesma corja que, ao mesmo tempo que prossegue as suas atrocidades predadoras, procura derrubar os ministros mais incómodos do governo chefiado pelo ex e seguramente futuro colaborador do BES, Pedro Passos Coelho. Os ministros visados pelo Polvo são, obviamente, os que têm nas mãos as pastas da Saúde, da Educação e da Economia, Obras Públicas e Transportes.

    Ao que parece (esclareçam-nos!) Miguel Relvas e José Sócrates são sócios em negócios no estrangeiro. A ida de Miguel Relvas ao Brasil não terá, por conseguinte, sido motivada apenas por razões de Estado. Nem a de Paulo Portas. Claro que a verdade destas suposições leva tempo a comprovar.

    Temos, em suma, que ter muito cuidado com as manobras que visam derrubar alguns ministros do governo, mesmo quando as motivações da ira popular são genuínas. É preciso deitar fora a água suja da coligação, mas convém não confundir os ministros úteis com os inúteis e perigosos.

    A rata sábia do DCIAP não sabe nada disto, claro!

domingo, setembro 16, 2012

Outro regime, por favor!


Não será ele, mas não os trava. Porquê?


Que se lixe a Troika, ou que se lixe esta Democracia?

Que se lixe a Troika. Queremos as nossas vidas. Manif 15 de setembro
(2012)

Portugal veio à rua: centenas de milhar de pessoas de todos os partidos, sem partido, crianças, jovens, adultos empobrecidos e ameaçados pelo desemprego, desempregados, doentes e reformados.

A manifestação, que partiu da iniciativa de uma jovem socióloga de 31 anos, Magda Alves, decorreu pacificamente, apesar de dois incidentes poderem ter degenerado numa radicalização súbita e incontrolável dos acontecimentos. Refiro-me à tentativa frustrada de imolação pelo fogo de um jovem de vinte e poucos anos, e aos empurrões junto à escadaria da Assembleia da República.

A manif não foi controlada por nenhum partido político, apesar dos oportunistas do costume terem aproveitado os microfones e as câmaras de televisão, sempre à sua disposição, para tentarem retirar alguns trunfos. Os pobres diabos do Bloco e do PCP não percebem que os portugueses sabem demasiado bem que os votos nos partidos parlamentares têm sido papeis deitados ao lixo. E não percebem que um regime que chegou ao grau de corrupção, oportunismo, populismo e incompetência em que o nosso está, não lhe resta outra alternativa que não seja uma mudança estrutural.

Precisamos de convocar UMA NOVA CONSTITUINTE, precisamos de OUTRA CONSTITUIÇÃO, e queremos UMA DEMOCRACIA INCLUSIVA, TRANSPARENTE e PARTICIPATIVA.

Isto já lá não vai com as eleições do costume, pois estas estão totalmente viciadas por dentro.

Só o ritual e a contagem de votos (com a abstenção sempre a subir) é que ainda exibe a aparência de democracia. Depois de cada festa eleitoral tudo regressa ao mesmo, ou seja, a uma democracia formal capturada pelo Bloco Central da Corrupção (PS-PSD-CDS_PP), de que nem o PCP, nem o Bloco, escapam, com a agravante de se contentarem com as migalhas do poder, que recebem em troca da legitimação diária do regime que promovem apesar da retórica e dos protestos invariavelmente vagos, oportunistas e populistas.

Também não serão manifestações anónimas que levarão Portugal para uma saída do buraco para onde foi empurrado. Estas arruadas são importantes para avaliar o estado da irritação do país, mas se não desaguarem numa mudança democrática do regime, acabarão por redundar em desânimo agravado, ou pior ainda, no seu aproveitamento oportunista e desvio para fins inconfessáveis, não só pelos partidos do costume, mas mesmo por forças que trabalham na sombra, embora com a ajuda das agências de comunicação.

Não tenho dúvidas de que esta manifestação, para lá da sua grande importância enquanto barómetro da irritação popular, está neste preciso momento a ser aproveitada pelas mesmas forças que destruíram o país. As sombras deste regime corrupto quererão neste momento aproveitar o protesto para forçar o desajeitado PM a remodelar o governo, com o único fito de afastar os responsáveis pelas pastas da saúde, da educação, e da economia, energia e transportes.

A despesa do Estado continua incontrolável. O resultado do descontrolo imparável da dívida pública será o inevitável empobrecimento da população e a destruição da classe média. Para inverter esta rampa para o suicídio social, é urgente reformar o Estado, ou seja, é preciso neutralizar imediatamente os milhares de carraças de origem partidária e financeira que sugam o suor e sangue do país, usando para tal o discurso piedoso sobre os direitos constitucionais.

Sem começar por aqui, a balbúrdia e o ruído aumentarão de volume, os oportunistas ganharão mais do que nunca, pois terão mais e mais vítimas moribundas a quem extrair o emprego, a casa, as alianças, o pão, o sono e, finalmente, a vida. Tudo é fonte de rendimento especulativo para quem já capturou a democracia e o país.

Como me recordava um amigo brasileiro este fim-de-semana, “cachorro que come ovelha, só morto se endireita.”


Esta é uma das patas do Polvo que destruiu Portugal


Manif de 15 de setembro na imprensa nacional e internacional

José Gomes Ferreira: Contra a TSU, pela austeridade
SIC-N

Portugal Hit by Protests Against Austerity Measures
The Wall Street Journal

Thousands Protest Austerity Measures in Spain and Portugal
The New York Times

Spain and Portugal see big anti-austerity rallies
BBC News Europe

Thousands Of Protesters Across Europe Demonstrate What Europe's Next Crisis Will Be
Business Insider

sábado, setembro 15, 2012

Que se lixe, vamos acordar!


TOYZE — "Em vésperas da Manif". Para O António Maria


HOJE 15 DE SETEMBRO, MANIF

Que se Lixe a Troika! Queremos as nossas Vidas!

É preciso fazer qualquer coisa de extraordinário. É preciso tomar as ruas e as praças das cidades e os nossos campos. Juntar as vozes, as mãos. Este silêncio mata-nos. O ruído do sistema mediático dominante ecoa no silêncio, reproduz o silêncio, tece redes de mentiras que nos adormecem e aniquilam o desejo. É preciso fazer qualquer coisa contra a submissão e a resignação, contra o afunilamento das ideias, contra a morte da vontade colectiva. É preciso convocar de novo as vozes, os braços e as pernas de todas e todos os que sabem que nas ruas se decide o presente e o futuro. É preciso vencer o medo que habilmente foi disseminado e, de uma vez por todas, perceber que já quase nada temos a perder e que o dia chegará de já tudo termos perdido porque nos calámos e, sós, desistimos.

— do Manifesto "Queremos as nossas vidas"

Estamos todos a ficar confusos. Ninguém parece saber o que fazer, e no entanto o mundo desaba sobre as nossas cabeças. A Troika não é o problema, mas sim o que nos trouxe até ela. Precisamos de saber quando, como e porquê Portugal chegou uma vez mais à insolvência, e só ainda não declarou bancarrota porque pedimos socorro aos credores externos.

O mundo está num grande sarilho. A América está num grande sarilho. A Europa está num grande sarilho. Portugal está num grande sarilho, e eu já não estou lá muito bem :(

Tenho que descobrir porquê!

Bolha chinesa

Sany, um gigante chinês em dificuldades...

Ciclo de crescimento empinado da China, no fim?

China's Sany seeks covenant waiver on $510 million debt: Basis Point

“Unpaid bills owed to companies in China’s coal, steel and heavy machinery sectors jumped by a fifth in the six months to June as growth in the world’s second-largest economy slowed, reducing manufacturing, and demand for a range of commodities.”

Reuters, 14 set 2012

Sany, a maior empresa chinesa de máquinas pesadas, está em dificuldades. Se faltava um prova decisiva sobre a interrupção do milagre chinês, aqui está: a acumulação dos atrasos e incumprimentos dos seus clientes levaram o gigante privado chinês a pedir aos seus credores a não execução voluntária de cláusulas contratuais relativas à substituição de créditos vencidos por ativos.

Miner Fortescue's Problems Run Deep

“Other people’s money helped Australia’s Fortescue Metals become the fourth-largest iron-ore miner in the world by output. But with iron-ore prices slumping fast, US$10 billion in debt and borrowing facilities is a worryingly heavy burden.

Last week the price of ore fell below US$90 a ton for the first time since late 2009. At current prices, Fortescue cannot turn a profit, says brokerage CBA.”

The Wall Street Journal, Updated September 3, 2012, 6:45 a.m. ET

Se conjugarmos o aperto da Sany com o pandemónio que vai pelas minas sul-africanas depois do Massacre de Marikana, no qual a polícia assassinou 36 mineiros, ou ainda com as dificuldades de liquidez da quarta maior empresa mineira do mundo, a australiana Fortescue, teremos o quadro geral da recessão mundial, agravada pela monetização das dívidas americana, britânica e da UE, mas causada em primeiro lugar, embora de forma subterrânea, pelo fim inexorável do petróleo barato, e em geral pela pressão de mais de 7 mil milhões de pessoas sobre os recursos naturais —minerais, energéticos e alimentares— disponíveis.


O quadrado desconfortável...

sexta-feira, setembro 14, 2012

PS rebentou com a TAP

TAP falida encomendou 12 aviões destes, por quase 3 mil milhões de euros

Privatizações da ANA e da TAP serão dois rotundos fracassos, por razões óbvias: a primeira promete ser mais uma dádiva ao grupo Mello, e a TAP encontra-se insolvente e cravada de dívidas e compromissos.


O aeroporto da Portela deixou de crescer

Desde o dia 1 de Janeiro até dia 31 de Agosto deste ano (2012) o número de movimentos —que é a variável mais importante na avaliação da capacidade de resposta dum aeroporto— teve um aumento de 0,6%. Ou seja, e ao contrário da propaganda contínua do lóbi do NAL, o Aeroporto de Lisboa não só não cresce, como está tão estagnado como o resto do país. Até ao fim desta década será assim ou pior.

Para já, nem do Montijo precisamos, quando mais de um novo aeroporto em Alcochete, para onde entretanto caminharam duas grandes operações de investimento especulativo fruto de manifesto tráfico de influências. No Canha e em Rio Frio, a SLN e o fundo de investimento especulativo do PS, sediado na Holanda, compraram centenas de hectares de terrenos dias antes de Sócrates anunciar o abandono da opção Ota, ou seja, dias antes de ter trocado a Ota pelo estuário do Tejo.


TAP poderá ter um buraco negro próximo dos 6 MIL MILHÕES DE EUROS 

O endividamento potencial da TAP andará já pelos SEIS MIL MILHÕES DE EUROS (3mM de dívida contraída mas não totalmente revelada + 3mM respeitantes à encomenda de 12 novos aviões Airbus A350, operação esta mediada pelo BES e pelo Crédit Suisse, duas das entidades bancárias —Barclays Capital, Banco Espírito Santo de Investimento, Citi Bank e Crédit Suisse— chamadas a assessorar as vendas da TAP e da ANA.


Frota da TAP e encomendas a satisfazer em 2013-2014


O lóbi do NAL resolveu cercar e bloquear o Aeroporto da Portela, para nos seus terrenos construir a Alta de Lisboa. Só isto e nada mais explica o embuste da Ota, o embuste da Ota em Alcochete, e o impasse nas privatizações da ANA e da TAP—vítima colateral desta conspiração.

O lóbi do NAL conseguiu ainda e em nome da mesma estratégia boicotar sucessivamente a ligação ferroviária em bitola europeia entre o Pinhal Novo-Poceirão e Caia-Badajoz, incluindo os ramais para a Autoeuropa e para os portos de Setúbal e Sines, lançando uma campanha mediática de descrédito contra o ministro Álvaro Santos Pereira.

O resultado é este: o país perdeu 1100 milhões de euros —800 milhões de investimento europeu não transferível, que estavam reservados para a ligação Poceirão-Pinhal Novo até ao Caia, mais os 300 milhões de indemnização reclamados pelo grupo Elos, que venceu o concurso de adjudicação da obra entretanto suspensa, ou anulada. Em vez de recebermos esta preciosa verba e de termos uma importante obra estratégica no terreno (1), com todo o seu potencial de emprego duradouro e de desenvolvimento de um cluster industrial associado à já poderosa indústria ferroviária espanhola, Portugal irá receber um milhão de euros para estudos!

Esta situação mostra bem até que ponto continuamos nas mãos dos gatunos que afundaram o país.

A falência da TAP é em grande medida o resultado inesperado da estratégia de capturar os terrenos da Portela para a especulação imobiliária (Alta de Lisboa), e de construir um novo aeroporto fosse onde fosse —em Alverca, na Ota, em Rio Frio, no Canha ou em Alcochete— como segunda grande oportunidade de especulação imobiliária e obras públicas ao serviço dos rendeiros do regime que são, ao mesmo tempo, os principais financiadores ocultos do sistema partidário que entretanto cresceu como um polvo de criminalidade protegida.

O Aeroporto de Lisboa só tem uma hora de pico, em 24, e ainda assim apenas no mês de agosto. Só nesta hora matinal de verão (entre as 7 e as 8, ou entre as 8 e as 9) se chega ao limite dos 36 movimentos por hora. No resto do ano é o lá vem um! Nunca em Lisboa um avião tem que fazer bicha para aterrar, ou descolar — situação recorrente em todos os aeroportos movimentados do planeta. No entanto o lóbi do novo aeroporto vendeu durante uma década a ideia falsa de que a Portela estava esgotada.

Pior: obrigaram a TAP a engolir por 140 MILHÕES DE EUROS a inviável PGA (do grupo BES) com o único fito de ocupar 14 mil Slots (isto é, portas de descolagem/aterragem), que poderiam ter ido para companhias aéreas rentáveis e úteis ao país, e cujo acesso à Portela foi por esta e outras vias negociais sucessivamente boicotada.

A urbanização da Alta de Lisboa e outras construções nas imediações do aeroporto, assim como a permanência ridícula dos militares em Figo Maduro, ou a não construção do prolongamento da taxiway ou o atraso na modernização e aumento da capacidade de acolhimento e gestão de tráfego da Portela (mangas telescópicas, obras de saneamento, etc.) foram outras tantas estratégias para tentar destruir o excelente aeroporto da Portela.

Só a bancarrota do país e a crise energética aguda instalada e que vai agravar-se nos próximo anos acabariam por inviabilizar o plano do Bloco Central da Corrupção. No entanto, esta corja ainda não desistiu. É preciso expor publicamente as suas intenções e derrotar os seus planos criminosos!


NOTAS
  1. Portugal está a transformar-se numa espécie de Berlengas ferroviária

    Enquanto a Espanha, apesar de todas as dificuldades financeiras, não perde o rumo estratégico da sua economia, considerando vital para o futuro pós-crise a nova rede de bitola europeia e de Alta Velocidade ferroviária que liga as principais cidades do país e o país a França e ao resto da Europa, em Portugal, a que toda a Espanha e o resto da Europa querem ligar-se por ferrovia interoperável, a estratégia governamental está de novo bloqueada, pela simples razão de a liderança política do governo PSD-CDS-PP ter sido uma vez mais capturada pelo Bloco Central da Corrupção (BES, Mello, ex-BPN/SLN, Mota-Engil e piratas do PSD, PS e CDS-PP), a que se somam o oportunismo autárquico do PCP e o atavismo regional do Norte, o qual não percebe que, sem a ligação Lisboa-Madrid todo o projeto sucessivamente aprovado em cimeiras ibéricas de ligação de Portugal à rede transeuropeia de mobilidade ferroviária para mercadorias e passageiros fica comprometida.

    Solo el tren transportó más mercancías el año pasado
    Expansión, Barcelona, 13 set 2012.

    “El único medio de transporte que el año pasado consiguió mover más mercancías fue el ferrocarril. En concreto, desplazó un volumen un 22% superior al de 2010, según datos del Observatorio de la Logística, elaborado por Cimalsa y el Institut Cerdà. A pesar de ese avance, por los raíles solo circula el 2,8% de toda la cadena logística catalana, una cifra que dista mucho del 15% de la UE o del 39% de Suecia.

    La mejora de 2011 se explica, según recordó el secretario de Territori, Damià Calvet, por la llegada del ancho internacional al Puerto de Barcelona –con un avance muy sustancial de expediciones hacia Zaragoza– y por el aumento de operaciones de Ferrocarrils de la Generalitat con potasa y con vehículos.” —

    Adif electrificará el 1 de septiembre otro tramo de línea AVE hacia Francia
    ABC 16-08-2012 / 12:51 h EFE

    La compañía Adif culminará el 1 de septiembre una nueva fase de los trabajos de electrificación de la línea de Alta Velocidad Madrid-Barcelona-frontera francesa con la puesta en tensión de la catenaria en un tramo de 34,8 kilómetros.

    Luz Verde al inicio de las obras en el AVE que incluye el tramo Zamora-Orense
    abc / valladolid Día 06/09/2012 - 12.50h

    El Ministerio de Fomento, a través del Administrador de Infraestructuras Ferroviarias (Adif), ha formalizado los contratos de obra de seis tramos de la Línea de Alta Velocidad Madrid-Galicia. Con este paso administrativo, el Gobierno da luz verde al inicio de los trabajos de construcción de 45 kilómetros de plataforma, lo que supondrá una inversión total de unos 585 millones de euros, según varias resoluciones que publica hoy el Boletín Oficial del Estado (BOE).

Até os marroquinos, apesar de muito corruptos, percebem o valor das linhas ferroviárias em bitola europeia preparada para a Alta Velocidade.

Um Joker chamado Portas

Coligação com CDS-PP fora do governo? Seria muito original!

O PSD de Passos de Coelho já era!

A resposta de Paulo Portas à desorientação política completa de Passos de Coelho é a carta fora do baralho que vem deitar um balde água fria nos planos atabalhoados do gago mental das finanças.

Depois do levantamento geral de rancho contra o plano do senhor Gaspar, a entrevista ao senhor primeiro ministro teve no dia seguinte uma resposta pronta do parceiro de coligação que não pode deixar de ser vista como um grande murro no estômago da governo.

Nós sabemos que os nossos políticos têm estômagos e gargantas elásticas, mas ainda assim, há coisas ingeríveis ou indigestas de mais.

O CDS fora do governo, mas sem romper a coligação? A ameaça é um bluff, mas não deixará de exercer um fortíssimo peso nas negociações internas da coligação que decorrerão desde a Quinta Revisão da Troika até à aprovação do Orçamento de Estado.

Paulo Rangel deveria avançar para a liderança do PSD, e Manuela Ferreira Leite, por sua vez, deveria substituir o empregado do BES e o burro de canudo quanto antes.

Quanto aos indecorosos regionais, Marco António e Menezes, deveriam receber de imediato ordem de marcha para... Freixo de Espada à Cinta, ou melhor ainda, para Caracas!

Precisamos de mudar o regime, de uma nova constituição, de um sistema eleitoral responsável, da reforma interna dos partidos parlamentares pelo sangue novo que neles já correrá neste momento, e precisamos de novos partidos e de agrupamentos cívicos independentes de governança democrática, nas cidades e nos campos — complementares do sistema representativo convencional. Como está, mantendo-se o status quo, a corrida de lémures para o abismo só poderá acelerar o passo :(

quarta-feira, setembro 12, 2012

Um disparate chamado Gaspar

Um ministro que dissimula e fala por enigmas não serve.

Perante a declaração do FMI o gago mental das Finanças só tem um coisa a fazer: demitir-se, ou então demiti-lo!


Abebe Selassie diz que “se houver apenas austeridade”, a economia portuguesa “não vai sobreviver” e revela que a ideia de cortar o salários dos trabalhadores do privado foi do Governo e não uma exigência da troika.

Para o chefe de missão do FMI em Portugal, o aumento da contribuição dos trabalhadores é uma forma “criativa” de resolver o problema do défice e da competitividade. Quanto ao impacto no salário dos trabalhadores do sector privado, Selassie admite que a medida “tem de ser calibrada, para que o impacto sobre os pobres seja tido em conta”.

[...]

Na entrevista ao “Público”, o responsável do FMI alerta também que “se o programa for apenas austeridade, a economia não vai sobreviver”, sendo por isso que foi dado mais um ano a Portugal para o País atingir um défice abaixo dos 3%.

Jornal de Negócios, 12 Setembro 2012 | 20:23

Ministro Gaspar pede aos portugueses seis vezes mais do que precisa cortar para nova meta do défice

O Diário de Notícias fez as contas e escreve hoje que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, só precisa de cortar 850 milhões de euros mas está a pedir seis vezes mais. De acordo com o jornal, o Governo pediu aos portugueses um esforço de redução do défice "na ordem dos 4,9 mil milhões de euros", um valor quase seis vezes superior à redução necessária combinada com a troika para cumprir a meta de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do défice no próximo ano.

Notícias ao Minuto/ Diário Notícias,  Quarta, 12 de Setembro de 2012

Ficámos hoje a saber três coisas importantes:

— o ministro das finanças apresentou medidas drásticas de austeridade destinadas a reduzir o endividamento do país, usando como justificação uma previsão do défice para este ano 1pp abaixo da estimativa mais realista e negativa que escondeu dos portugueses, cenário prontamente denunciado pelo BNP Paribas.
“As previsões do BNP Paribas apontam para que [...] o défice deste ano fique em 6% do PIB, ou seja, um ponto percentual acima da nova meta.

Mas não é só nas metas do défice que o BNP Paribas acredita que o Governo está a ser optimista. “Para 2013 vemos riscos significativos de revisão em baixa da meta para o crescimento”, diz o BNP Paribas.

Mesmo antes das novas medidas de austeridade anunciadas para 2013, o banco francês já antevia uma contracção de 1,3% no PIB português no próximo ano. Agora o BNP vai rever em baixa esta previsões, que serão certamente piores do que as estimativas do Governo.

Jornal de Negócios, 12 Setembro 2012 | 11:18

— o ministro deixou flutuar a ideia de que o recurso à austeridade unilateral, com escandalosa e canina submissão aos bancos e ao Bloco Central da Corrupção, suas PPPs e monopólios rendeiros, teria sido uma exigência da Troika, quando não foi!

— o ministro anunciou a intenção de levar a cabo mais uma expropriação fiscal dos rendimentos do trabalho, da poupança e da propriedade, seis vezes acima das supostas necessidades de financiamento do défice previsível, sem que tenha dado alguma justificação para semelhante exibição de insensibilidade e de verdadeiro terrorismo fiscal.

A explicação dada esta tarde para a punção fiscal seria a de uma medida de precaução. Se é verdade, há que esmiuçar os argumentos. Se a prudência se deve à mentira ministerial sobre a previsão do défice para este ano, e sobre a previsão otimista da recessão em 2013, então o gago mental das Finanças e a parelha de Condes de Abranhos que dirigem este governo devem ser postos na rua. Ou seja, o presidente da república só tem que fazer uma coisa: demitir o governo e chamar o PSD a formar outro governo!

Mas há outra explicação para o terrorismo fiscal em curso:

— é que as privatizações da TAP e da ANA marcam passo, sendo que só a TAP, além de precisar em breve de 500 milhões de euros, tem um buraco escondido na ordem dos TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS, e encomendou 12 aviões Airbus A350 no valor de outros tantos TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS (só aqui temos a totalidade das receitas levianamente previstas das privatizações atabalhoadas em curso), sendo que o grupo BES é um dos seus mais interessados credores;

— é que os Metro de Lisboa e do Porto andaram a jogar na bolsa dos derivados e estão em risco de perder 2,5 MIL MILHÕES DE EUROS;

— é que a privatização pirata da ANA, se tiver lugar, representará uma perda anual de faturação na ordem dos 405 MILHÕES DE EUROS, a que corresponde um lucro na ordem dos 45 MILHÕES DE EUROS (números que deixarão de figurar na coluna das receitas do Estado).

Se se investigar a sério isto, começando por divulgar os contratos e anexos das PPPs, bem como as contas da ANA, talvez venhamos a constatar que as duas enfadonhas horas de comunicação do gago das finanças tentou tão só esconder mais um caso de polícia!

A queda deste governo está em curso, e quanto mais depressa corrermos com o dito, melhor!

Passos Coelho é um Sócrates laranja. É urgente despedir com justíssima causa semelhante criatura, como é urgente esmagar de vez o Bloco Central da Corrupção!


ÚLTIMA HORA

Manuela Ferreira Leite arrasa governo e desafia deputados laranja a chumbar o Orçamento! É imprescindível ver toda a entrevista à TVI (quando estiver disponível).

Manuela Ferreira Leite desafiou os deputados a travarem o Orçamento de Estado para 2013, por discordar das novas medidas de austeridade anunciadas por Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar.

«Em relação ao orçamento, cada um de nós, em consciência, faça aquilo que deve fazer para tentar inverter a orientação política que tem estado a ser seguida... Estou à espera de ver como vão reagir os deputados. Estou para ver se votam a favor, se votam contra, se aceitam tudo...», afirmou, em entrevista à TVI24.

MFL é uma menina bem comportada do Cavaco (que abomino!), mas creio que daria uma PM à altura do momento, ao contrário dos agentes que a Goldman Sachs colocou em Lisboa, e do produto fabricado pelo Ângelo com dinheiro do BES a que chamam primeiro ministro.

A entrevista de MFL, depois do Grito do Ipiranga dado pelo deputado da JSD, Duarte Marques, é o tiro de partida para o afundamento deste governo. De Passos de Coelho e do burro diplomado Relvas não há mais nada a esperar.


POST SCRIPTUM
13 set 2012 9:51

Classe média — por quem os sinos dobram :(
O problema mais sério de todos é que a classe média não sabe plantar batatas, e mesmo que aprendesse nalgum curso de Novas Oportunidades, não teria quintal, nem quintinha, e muito menos quinta onde deitar a semente :( O drama da classe média terá em breve proporções dantescas, pois sendo na sua maioria composta por profissionais, uma vez no desemprego eterno, cairá na miséria —na miséria, digo bem— em meia dúzia de anos, depois de espoliada de toda a poupança, dos bens que possa ter acumulado ao longo da vida, e das próprias heranças :(

Manuela Ferreira Leite — a alternativa islandesa
Manuela Ferreira Leite poderá ser, se quisermos, a nossa opção islandesa. Ou seja, se a Alemanha desistir do euro, ou a tal for forçada pelos gatunos da Goldman Sachs e Cia, a nossa opção é seguir o caminho da Islândia. Temos muitos aliados estrategicamente disponíveis fora do eixo franco-alemão: a velha Inglaterra, Marrocos, Brasil, Argentina, Venezuela, Angola, Moçambique, China, Timor, e até, quem sabe, uma futura república espanhola composta pela Espanha diminuta, Catalunha e País Basco. Entregar Portugal a um bando de banqueiros sem escrúpulos e com uma agenda de saque e domínio global, é que não. Seria pura traição! Aliás temos que nos ir preparando para identificar os traidores...

José Gomes Ferreira e Tiago Caiado Guerreiro sobre as mais recentes medidas de mais austeridade anunciadas pelo 1º Ministro. Sic Noticias 07.09.2012


UM JOKER CHAMADO PORTAS
14 set 2012 12:52

O PSD de Passos de Coelho já era!

A resposta de Paulo Portas à desorientação política completa de Passos de Coelho é a carta fora do baralho que vem deitar um balde de água fria sobre os planos atabalhoados do gago mental das finanças.

Depois do levantamento geral de rancho contra o plano Gaspar, a entrevista de ontem ao senhor primeiro ministro teve hoje uma resposta pronta do parceiro de coligação que não pode se não ser vista como um grande murro no estômago.

Nós sabemos que os nossos políticos têm barrigas e gargantas elásticas, mas ainda assim, há coisas ingeríveis ou indigestas de mais.

O CDS fora do governo, mas sem romper a coligação?

A ameaça é um bluff, mas não deixará de exercer um fortíssimo peso nas negociações internas da coligação que decorrerão desde a Quinta Revisão da Troika até à aprovação do Orçamento de Estado.

Paulo Rangel deveria avançar para a liderança do PSD, e Manuela Ferreira Leite, por sua vez, deveria substituir o empregado do BES e o burro de canudo quanto antes.

Quanto aos indecorosos regionais, Marco António e Menezes, deveriam receber de imediato ordem de marcha para... Freixo de Espada à Cinta, ou melhor ainda, para Caracas!

Precisamos de mudar o regime, de uma nova constituição, de um sistema eleitoral responsável, da reforma interna dos atuais partidos pelo sangue novo que neles já correrá neste momento, e precisamos de novos partidos e de agrupamentos cívicos independentes de governança democrática, nas cidades e nos campos — complementares do sistema representativo convencional. Como está, mantendo-se o status quo, a corrida de lémures para o abismo só poderá acelerar o passo :(


Última atualização: 14 set 201212:51

terça-feira, setembro 11, 2012

Pagar dívidas :(

Júlio Pomar — Almoço do Trolha (1946-50)

Não há almoços grátis, ou o almoço do trolha

“O comunicado da troika deixa ainda claro que a flexibilização da meta do défice agora acordada – e que concede mais um ano a Portugal para repor o défice abaixo do limite de 3% do PIB – terá de ser internamente compensada, por mais medidas de austeridade e/ou maior capacidade de captação de recursos nos mercados financeiros.”

in Jornal de Negócios, 11 set 2012, 17:30

Troika dá mais tempo para pagarmos as dívidas — ou melhor, aceita uma mudança de calendário nos pontos intermédios que deverão assinalar a redução do défice. Mas exige, naturalmente, mais dinheiro fora do bolso dos contribuintes, pois o serviço da dívida, com mais tempo, fica obviamente mais caro!

Só os imbecis populistas do PS, PCP e Bloco não entendem, ou fingem não entender, esta verdade elementar.

O preço do desemprego, do atavismo e excesso de burocracia, dos bancos que especulam, das corporações que pressionam e do populismo é demasiado alto e acabará por destruir o país se não soubermos ver a tempo as reais causas de mais esta insolvência coletiva, e sobretudo se não tivermos coragem para fazer a inevitável reforma do regime constitucional que há muito deixou de servir.

Poupar nas despesas do Estado não é diminuir a contratação dos prestadores de serviços e dos trabalhadores independentes, que até podem ser essenciais nalguns projetos, mas sim reformar o Estado, redesenhando com urgência as orgânicas dos ministérios —extinguindo direções-gerais, serviços e divisões—, mas também ajustando o mapa autárquico às necessidades reais das populações, e não aos interesses partidários instalados —extinguir municípios, sim senhor; extinguir freguesia urbanas, sim senhor; extinguir freguesias rurais, não senhor!

Nós estamos em guerra contra o endividamento excessivo, e em tempo de guerra, não se limpam armas, faz-se!


ÚLTIMA HORA

Medidas conhecidas até ao momento (Jornal de Negócios)


Última atualização: 11 nov 2012, 22:18

Bolha educativa

O dirigente sindical dos professores defende o emprego de quem o tem.

Nuno Crato continua o trabalho da Maria de Lurdes Rodrigues, e quem vier depois seguirá as mesmas pisadas, só que com maior urgência orçamental

O ministro da educação, interrogado por Judite de Sousa, jornalista, estrela da TVI e professora universitária, não deixou de dizer o que devia, isto é, que a população escolar, tal como a população do país, atingiram o pico.

Ou seja, a partir deste pico é sempre a descer :(

O grande equívoco da discussão sobre o ensino é que ninguém realmente discute a qualidade do ensino em Portugal, mas usa este tema bondoso como cobertura do problema, sério, mas que ninguém (governo, sindicatos, professores, burocratas, e empresários do canudo) quer discutir abertamente, e que é simplesmente o do rebentar de uma bolha educativa.

O crescimento contínuo da população escolar (Pordata) nos últimos 44 anos (1960-2004), induzido pela extensão do ensino básico obrigatório (1960-1987), secundário (1974-2009) e a proliferação e massificação do ensino universitário (1980-2004), público e privado, atingiu o pico em todos os graus de ensino, estagnou brevemente em cada um dos graus de ensino, e depois começou a declinar.

Este boom transformou-se numa bolha a partir do momento em que os orçamentos e o número de professores continuaram a crescer, enquanto a população escolar começava a declinar, ou só já crescia episodicamente no novo segmento das ditas pós-graduações e aquisição de créditos.

O boom induziu a expansão das obras públicas, e induziu muito emprego associado às ditas obras, ao fornecimento de equipamentos e material didático, e à formação/emprego de professores. Não é por acaso que este setor e a saúde pública são os que mais pesam no OE.

Pois bem, a bolha educativa chegou ao fim, e como se isso não bastasse, o Estado, boa parte da empresas e as famílias estão falidas ou à beira da insolvência.

Enquanto não tornarmos esta discussão transparente, chamando os bois pelos nomes, só desviaremos as atenções para questões secundárias, como a aldrabice sindical e corporativa em volta da qualidade do ensino, e só agravaremos uma situação que se degrada dia a dia :(

segunda-feira, setembro 10, 2012

Nação rica, nação pobre

Suposto Navio do Tesouro de Zheng He (1371-1433) ao lado da caravela que levou Vasco da Gama à Índia (1497)

“Nations fail economically because of extractive institutions. These institutions keep poor countries poor and prevent them from embarking on a path to economic growth” — Acemogu, Robinson.

Sessenta e quatro anos antes de Vasco da Gama ter chegado à Índia, o almirante chinês Zheng He terá realizado a última de sete viagens pelos mares da China e pelo Índico, deslocando uma numerosa armada composta por cerca de duzentos e cinquenta barcos, alguns dos quais, os chamados "Navios do Tesouro" (Bǎo Chuán), teriam nove mastros e a dimensão mítica de um campo de futebol.

Zheng He Fez sete viagens, entre 1405 e 1433, por ordem do imperador, mas depois da que decorreu entre 1430 e 1433, as mesmas foram suspensas e a armada foi sendo paulatinamente desmantelada.

Nestas viagens os chineses chegaram a Malaca, Calecute, Lasa, Áden e Mogadishu, entre outros lugares e portos. Há relatos imprecisos e hoje mitificados que afirmam ter Zheng He chegado ao Cabo das Tormentas (posteriormente baptizado Cabo da Boa Esperança), insinuando que, a ter sido assim, os chineses poderiam ter antecipado em setenta anos a descoberta da América realizada por Colombo em 1492. 

A verdade é que enquanto a progressão dos portugueses, de Ceuta, em 1415, até à Índia, em 1497, ao Brasil, em 1500, a Malaca, em 1511, a Ternate, em 1512, ao sul da China, em 1513, às costas da Austrália em 1521, à Nova Guiné, em 1526, e à ilha Tenegashima, no Japão, em 1543, foi documentada e testemunhada em cartas de navegação, livros de bordo, colocação de padrões e construção de fortalezas e portos de abrigo, e por inúmeros acordos e tratados com os povos visitados, a história marítima do Infante Dom Henrique chinês, Zheng He, é um mito nascido já neste século, vinte e nove anos depois da morte de Mao Zedong, e 600 anos depois da primeira das sete viagens de Zhen He. Ao contrário do nacionalismo que marcou a era comunista de Mao e quase toda a história da China, o novo herói, a quem as novas autoridades chinesas atribuem uma importância simbólica crescente, representa a ambição cosmopolita da nova potência emergente. 

Ao contrário da tese de Paul Kennedy em The Rise and Fall of the Great Powers: Economic Change and Military Conflict From 1500 to 2000, e do que escreve na edição desta semana do Expresso/Economia, Luís Mah e Enrique Martinez Galán —"Internacionalização não deve negar leis da física"—, os autores de Why Nations Fail — The Origins Of Power, Prosperity, And Poverty, Daron Acemoglu e James A. Robinson, não acreditam que a China pudesse ter descoberto a América, e têm uma opinião menos entusiasta sobre a sustentabilidade do novo milagre chinês. Para estes economistas, a China, enquanto assentar em formas de propriedade e de economia, e em instituições políticas, a que chamam extrativas, será incapaz de transformar o rápido crescimento das últimas duas décadas num processo sustentado e duradouro de desenvolvimento económico, político e cultural. 

Sem acesso à propriedade privada, sem garantias legais e constitucionais claramente negociadas e formalizadas, sem instituições económicas inclusivas, e verificando-se, pelo contrário, a predominância de monopólios e de posições de domínio dependentes da arbitrariedade das oligarquias e poderes instalados, a China, tal como a Rússia e boa parte dos países africanos, parte dos asiáticos e sul americanos, ou do Médio Oriente, não poderão competir a prazo com as democracias desenvolvidas do Ocidente.

A teoria de Why Nations Fail revela algumas fragilidades, como, por exemplo, a de não explicar o que leva algumas sociedades inclusivas a, por vezes, verem degradar os seus equilíbrios dinâmicos, regressando aos patamares improdutivos tipicamente impostos e reproduzidos pelas instituições extrativas

Mas não é por falta da resposta a esta questão que o livro deixa de ser, como é, uma estimulante reflexão histórica e conceptual sobre, por um lado, as origens da riqueza partilhada, competitiva e sustentável, e por outro, sobre os estigmas que continuam a tolher a maioria das nações — incapazes de sair da pobreza, do desenvolvimento desigual, da injustiça social, da opressão e da corrupção.

Porque é que a Península da Coreia, a mesma nação e a mesma gente, que uma guerra brutal, entre 1950 e 1953, dividiu ao meio, são hoje dois países tão diferentes — uma ditadura extrema e economicamente miserável, a norte, e uma potência industrial inclusiva, desenvolvida e com evidentes graus de liberdade, a sul? Ou, como foi possível ao Botswana tornar-se numa pérola de liberdade e desenvolvimento sustentável num continente onde o pós-colonialismo deu em geral lugar a réplicas de desigualdade e prepotência por vezes ainda mais trágicas que os antigos regimes coloniais? Porque é que, pergunto eu enfim, Portugal, apesar dos enormes recursos de que dispõe, e das riquezas sem fim que devorou ao longo dos séculos, não foi capaz de se transformar num pequeno país decente e economicamente sustentável? Que nos falta que não falta à Dinamarca, à Suécia, à Suíça, à Áustria, à Holanda, ao Luxemburgo, ou à República de São Marino?

Depois de ler o livro de Daron Acemoglu e James A. Robinson, ficamos a saber muito claramente porquê!

Revolta na JSD!

Poster do XXXI Congresso do PSD publicado pela secção de V-F- Xira

JSD não tem que aturar a parelha Coelho-Relvas
Mas deve seguir ideias do Álvaro! O Gaspar é cobarde :(

JSD exige medidas de corte na despesa e sugere imposto para empresas com rendas excessivas

Lusa/ Jornal de Negócios, 10 set 2012, 08:00

    "Num comunicado enviado à agência Lusa, a organização de juventude presidida por Duarte Marques reagiu às medidas de austeridade anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apresentando "um conjunto de propostas complementares que imprimam maior equidade na distribuição dos sacrifícios".

    "Exigimos ao Governo e ao nosso primeiro-ministro a tomada de medidas de corte na despesa pública que permitam conferir equidade entre os sacrifícios pedidos aos portugueses e os efectuados no emagrecimento do Estado", afirmam os jovens sociais-democratas, acrescentando que "o primeiro-ministro tem aqui a oportunidade, e a obrigação, de neste momento de especial dificuldade fazer opções claras no papel e funções do Estado".

    A JSD contesta "mais cortes na saúde e na educação" 
[Sim, mas para salvar estes bens públicos é mesmo preciso levar a cabo uma "destruição criativa" no SNS e no sistema educativo, acabando com a inércia corporativa, com a gestão danosa, com o desperdício escandaloso e com a corrupção — OAM]

, mas defende que "é tempo de optar por cortes em sectores como, por exemplo, as Forças Armadas", que totalizem uma poupança equivalente à receita resultante do aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social

[Que tal o modelo suíço, e menos missões NATO? — OAM]

    Em primeiro lugar, a JSD propõe a "renegociação das parcerias público-privadas rodoviárias de forma determinada e irreversível com a possibilidade, no limite, de criação de um imposto extraordinário para as empresas beneficiadas por rendas excessivas nos sectores da energia, imobiliário com arrendamentos de instalações e concessões rodoviárias"

[APOIADO! Há uma regra a adoptar de imediato: nenhuma rendibilidade, nomeadamente extraída por oportunismo especulativo à conta da queda do chamado rating da República pode estar acima dos 6% (atualmente têm rentabilidades gatunas de até 17% !!!) PONTO FINAL a tais lucros excessivos, denunciados em primeira mão pela própria Troika Se refilarem, quem refilar, bancos, empresas e empresários —estilo Florentino Perez —, passam imediatamente para o limbo das empresas mal vistas pelo estado português — OAM]

    A concessão de alguns serviços administrativos, a fusão de todas as empresas públicas de transportes, a extinção e retirada de benefícios fiscais a uma parte das fundações e a eliminação de empresas públicas são outras medidas sugeridas pela JSD, que propõe ainda a construção de um Orçamento do Estado de base zero para 2015.

[APOIADO ! E como coisa que vos convenha, ponham os barões, os licenciados de Abranhos e as baronetas do vosso partido na ordem, e leiam/discutam WHY NATIONS FAIL, de Daron Acemoglu e James A. Robinson — OAM]

REVOLTA ALASTRA À MASSA CINZENTA DO PSD
“Alexandre Relvas arrasa o Governo e pede a Passos Coelho que repense as medidas anunciadas na passada sexta-feira.

Em entrevista à Rádio Renascença, o ex-dirigente do PSD condena o que chama de experimentalismo a mando da “troika”. “É inaceitável sujeitar o país ao experimentalismo social - isto é fazer experiências com a economia nacional - a mando da ‘troika’ o que se traduz num profundo desrespeito pelos portugueses. É também preocupante o impacto destas decisões em termos sociais”, alerta.”

in Negócios, 10 set 2012 09:16


Última atualização: 10 set 2012, 13:50

sexta-feira, setembro 07, 2012

Outro passo, por favor

TOYZE — "Républica" (2012). Para O António Maria
©TOYZE & OAM

Dividir para governar

O senhor dos Passos falou, falou, falou, falou, falou, e falou, para dizer isto:

  • O aumento das contribuições para a Previdência Social a pagar pelos trabalhadores dos setores público e privado passará de 11% para 18%. Ou seja, daqui em diante passaremos a receber 13 e não 14 salários por ano. Um dia virá (digo eu) em que não dará se não para 12 cheques, e com mais descontos :(
  • A diminuição das contribuições patronais para a mesma Previdência Social, passará de 23,75% para 18%, em nome da competitividade, e até da sobrevivência de muitas empresas.
  • E foi tudo!

A primeira coisa a fazer é acabar com o inútil, como se vê, Tribunal Constitucional.

Depois, talvez seja o momento de os portugueses começarem a perguntar para que servem a RTP, centenas de fundações, observatórios e serviços públicos onde ninguém chega antes das 10 da manhã, aliás para fazer coisa nenhuma, e, por fim, de onde vem o dinheiro. De onde vem a porra do dinheiro?

Quando fizerem estas perguntas, e obtiverem algumas respostas, então sim, vão começar a perceber que este regime, além de corrupto, está falido e ameaça conduzir à miséria e ao desânimo 99,9% dos que vivem nesta praia à beira-mar plantada :(

Caso alguém ainda desconheça —seguramente que o inSeguro da tríade cor-de-rosa do PS desconhece— aqui fica um esclarecimento: o Império e a Europa dos subsídios acabaram :(

Mas para caminharmos com passos certos —e não com o testa de ferro que os bancos colocaram à frente do governo (com o nosso voto ingénuo)— para uma saída realista do buraco onde caímos, vai ser preciso arrumar este regime constitucional, criando outro, com outra Constituição, simples, sensata e p'ra valer, onde fique claro que democracia, liberdade, justiça e desenvolvimento só são compagináveis se acabarmos de vez com os monopólios e com os grupos de interesses encostados ao Estado, que vivem de rendas, mal trabalham, e apostam tudo no atraso do país.

Sem instituições transparentes, responsáveis, respeitadas e inclusivas não nos resta outro caminho que a perda total da nossa soberania, precedida de uma ou duas décadas de empobrecimento crescente, balbúrdia política e um crescente atropelo das regras institucionais de uma democracia assente no Direito.

POR UMA NOVA CONSTITUINTE!
POR UMA NOVA CONSTITUIÇÃO!
POR UMA NOVA REPÚBLICA!


Post scriptum

Más notícias :(

É um artigo técnico, mas legível. E a conclusão é esta: a partir dum certo nível de endividamento (que Portugal já atingiu, graças ao Pinóquio, ao demo populismo partidário instalado e aos cleptocratas), mais dívida, ainda que de curto prazo (2-3 anos) é incapaz de fazer crescer a economia. Pior: é incapaz de travar a espiral do serviço da dívida, a menos que alguém, que não o devedor, pague o calote :(

É por estas e outras que o senhor Cavaco é um keynesiano de aldeia!

E é por esta espécie de esgotamento estrutural do nosso modelo de falso crescimento, que apenas temos uma saída, dolorosa:

— austeridade + reforma radical do regime e do Estado; o que só com uma NOVA CONSTITUIÇÃO DEMOCRATA será possível fazer.

Analyze this: The Fed is not printing enough money!

Lighthouse Investment Management, 7 set 2012

“...you can add as much debt as you want, and it still won’t give you any additional GDP.

To repeat: no amount of additional debt seems to be able to get economic growth going again.

That is a dramatic revelation. We might have reached the maximum debt-bearing capability of the economy. If true, no growth is possible unless debt-to-GDP levels fell back to sustainable levels (in order to restart the debt cycle). This could take years.

At this point, the only way to reset the debt cycle is to get rid of debt.

Ray Dalio correctly describes the three options available:

1. Austerity: this would be painful and take quite some time (the Europeans are going down this path)

2. Restructuring: requires write-downs and losses for bond investors (which are not being allowed to happen for fear of systemic risk)

3. Printing money: Inflation. Better yet: hyper-inflation. You have to destroy the value of debt fast enough before debt service costs, due to rising interest rates, drive the government into insolvency.

In the US, (1) and (2) are not happening. That leaves (3).

As shown above, the amounts needed for the Fed to be able to create inflation are much, much higher than what we have seen so far. And it is not guaranteed to work. Destroying the trust in the value of a fiat currency is a dangerous experiment with mostly adverse consequences.”

Última hora!

Privados podem afinal perder até dois salários líquidos, Função Pública perde até três (act3)

Negócios fez as contas e apurou: afinal os trabalhadores vão enfrentar um corte no salário que levam para casa que pode chegar aos 14%, ou seja, o equivalente em termos líquidos ao subsídio de férias e de Natal. Os funcionários públicos ainda ficam pior, podem perder até três. Efeitos que o primeiro-ministro omitiu na sua intervenção. Veja as simulações. A chave é o aumento da contribuição incidir sobre o salário bruto e ser retirado ao líquido

[...]

Salário mensal de 1000 euros brutos
A perda de rendimento líquido ultrapassa o equivalente a um salário líquido logo a partir dos mil euros de salário bruto, o que atinge pessoas que levam para casa, neste momento, cerca de 800 euros. Neste caso passa a receber 730 euros, mantendo-se as actuais taxas de IRS, o que corresponde a um corte de 8,8%.

Salário mensal de 2000 euros brutos já perde mais de um salário e meio
Com este salário já se perde mais do que um subsídio e meio, em termos líquidos. Quem está a receber cerca de 1400 euros (ou seja, ganha cerca de dois mil euros brutos), vai deixar de receber 10% do seu rendimento mensal o que corresponde a perder mais de um salário e meio em termos anuais.

Salário mensal de 3000 euros brutos perde 10,9%
Um salário bruto de três mil euros para um casal com dois titulares e dois dependentes verá o seu rendimento líquido mensal cortado em 10,9% - perda mensal de 210 euros por aumento da taxa social única -, o que corresponde, em termos anuais, a cortar 1,7 subsídios. A perda anual é de 2.940 euros.

A partir dos 7 mil euros brutos, desaparecem dois salários
A redução no rendimento que se leva para casa atinge os 14%, ou seja, o equivalente aos dois subsídios, de férias e de Natal, a partir de salários brutos de sete mil euros ou líquidos da ordem dos 3.900 euros.

in Jornal de negócios, 8 set 2012 | 19:13


Atualização: 9 set 2012 17:13

Triunfo inSeguro

O dilema da Alemanha: 80% do seu mercado é europeu
Foto © dapd

A panela de pressão vai rebentar, só não sei quando :(

It's Time to Ask the People What They Think

The Germany democratic system has suffered as a result of the euro crisis, but it has also made fighting the crisis harder. Now it's time to hold a referendum on European integration. Only then will Berlin have the democratic legitimacy it needs to take effective action.

in Der Spiegel, By Dirk Kurbjuweit

De momento o jogo é este: obrigar o BCE a engolir toda a dívida europeia, para impedir que o buraco negro dos derivados, em que os 5 magníficos, JP Morgan, Citi, Bank of America, Goldman Sachs e HSBC estão metidos até ao pescoço, desate de um momento para outro a sugar o sistema financeiro ocidental, começando pelos próprios citados banksters de Wall Street e da City! As causas que podem desencadear o dominó são várias e de natureza diversa: bancarrota consumada da Grécia, colapso da Espanha, ou da Itália, queda sucessiva de vários bancos europeus, ou caixas de aforro, ou incumprimentos em grandes empresas, por exemplo, dos setores energético, automóvel, ou aeronáutico.
Spain Requests Bailout On September 14

“Yesterday, when Bloomberg leaked every single detail of today’s ECB announcement, which thus means today’s conference was not a surprise at all, yet the market sure would like to make itself believe it was, we noted that everything that was leaked, and today confirmed, came from a Goldman memorandum issued hours before. Simply said everything that happens at the ECB gets its marching orders somewhere within the tentacular empire headquartered at 200 West. Which is why when it comes to the definitive summary of what “happened” today, we go to the firm that pre-ordained today’s events weeks ago. Goldman Sachs.Perhaps the most important part is this: “September 13-14: Spain to make formal request for EFSF support at the Eurogroup meeting.”

in ZeroHedge

Ou seja, a vitória de Draghi, anunciada horas antes da conferência de imprensa do BCE por uma fuga de informação promovida ostensivamente pela Goldman Sachs, e saudada esta tarde em Lisboa pelo pobre inSeguro, é uma vitória de Pirro para as cleptocracias que afundaram a América e a Europa numa espiral de prosperidade virtual.

Na realidade, a Alemanha (ler resposta do Bundesbank a Draghi) foi encurralada pelos banksters de Wall Street capitaneados pela Goldman Sachs —a qual colocou, entretanto, vários dos seus agentes na Europa: Carlos Moedas e António Borges em Lisboa, Monti em Roma, Draghi em Frankfurt, a malta toda que está na Grécia, etc.

O Quantitative Easing já deixou de funcionar nos EUA e no reino pirata de sua majestade Isabel II, pelo que resta uma última válvula de segurança na referida panela de pressão: o BCE, o euro, ou seja, a Alemanha.

Rebentar com o euro, ou pelo menos colocar a moeda única na mesma situação desesperada do USD foi o plano americano que começou a ser montado com a neutralização do sátiro Dominique Strauss-Kahn, passou pela colocação de Draghi no BCE, e Christine Lagarde no FMI (até eu fui comido por parvo!), e culminou no controlo americano, agora descarado, do BCE!

O risível inSeguro, além de bronzeado, e de já se fazer ladear, despudoradamente, do padrinho Santos nas suas aparições televisivas (certamente um sinal de esperança para a tríades!), está todo contente. Não tem nenhum assessor? Ou a criatura é mesmo assim?

Vejo cada vez menos hipóteses de evitar uma catástrofe.

A menos que a Alemanha tenha ainda duas ou três cartas democráticas na manga: o seu tribunal constitucional, a possibilidade de convocar um referendo sobre o futuro da Alemanha na União Europeia (ler este artigo do Spiegel a propósito), ou até deixar o euro aos PIIGS e refundar o marco, o que vem aí são bancos, grandes empresas, governos, corporações e burocracias, todos juntos, a empurrar os calotes para o BCE, sem mudar uma vírgula nos seus comportamentos inaceitáveis.


ATUALIZAÇÃO

BES e BPI disparam mais de 10% e lideram ganhos na Europa

“Entre os bancos que compõem o índice do Stoxx600 para a banca europeia (que sobe 2,44%), o BES ocupa o primeiro lugar entre os que mais valorizam ao avançar mais de 10%. O banco liderado por Ricardo Salgado avança 10,11% para os 0,675 euros por acção. Segue-se o francês Natixis, que valoriza 7,49%, e o terceiro maior banco italiano, o Banca Monte dei Paschi di Siena, que dispara 7,14%.”

in Jornal de Negócios, 7 set 2012

O novo Far West chegou!

A euforia Draghi não durará mais do que umas semanas, ou no máximo dois a três meses, e tem uma explicação: os especuladores que apostaram nas rentabilidades predadoras das dívidas soberanas, nomeadamente como forma de compensar a atração fatal do buraco negro dos derivados ditos complexos (OTC), sabem desde ontem que terão uma janela de oportunidade para empurrar os títulos de dívida pública que compraram e/ou irão comprar, para a conta do Banco Central Europeu, tornando assim oficialmente o BCE co-responsável pelos efeitos catastróficos do sobre endividamento especulativo dos governos, das famílias e sobretudo dos bancos e shadow banks.

Ou seja, a ideia é empurrar de vez a Alemanha para as areias movediças e inflacionistas da criação suicida de uma chuva de euros virtuais sobre a Europa.

No entanto, tal como sucedeu no Japão ao longo dos últimos 20 anos o dinheiro não chegará às pessoas, nem sequer à economia real (i.e. das nano, micro e PMEs).

A inflação da massa monetária virtual servirá apenas para aumentar a riqueza e o poder dos 0,1% de grandes banksters e cleptocratas americanos, ingleses e de mais alguns países europeus, ao mesmo tempo que conduzirá a uma longa depressão das economias, associada à ruína sucessiva dos povos, a quem será, enfim, passada 99,9% da fatura do sobre endividamento, sob a forma de um assalto bancário e fiscal sem precedentes às suas propriedades privadas!

Resta saber até onde este caminho, não sendo a Europa o Japão, nos levará. Provavelmente, a uma incontrolável instabilidade política, social e militar :(

Apesar da euforia os bancos portugueses, ou continuam mortos (BCP) ou a não dar para a bica!


Última atualização: 7 set 2012 11:19