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segunda-feira, novembro 21, 2016

Efeito Trump: dólar e obrigações soberanas em alta

Capa do Economist de novembro 2016 (alterada para tons de cinzento)


Remuneração dos Treasuries dispara 59%


Dólar dispara face ao euro, e rentabilidade das obrigações soberanas americanas disparam 59% desde o verão passado! Se ocorresse algo parecido aos títulos de dívida portuguesa a 10 anos, os atuais yields de 3,6% subiriam até aos 5,724%. O próximo trimestre poderá fazer murchar a rosa de verão que alimenta a euforia dos distraídos.
Trump Is Making Bond Markets Nervous
...investors may demand higher yields to buy Treasuries. Bond prices fall as yields rise. The benchmark 10-year Treasury bond yielded 2.2 percent on Nov. 15, up from a record low of 1.3 percent this summer. Economists and strategists hadn’t been expecting a yield that high until 2018, according to a recent survey.
Bloomberg, 15 nov 2016


segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Portugal: a dívida mais cara da zona euro

Clique para ampliar. Gráfico interativo: aqui.


É tempo de falar verdade, em vez de tergiversar


Juros da dívida portuguesa descem em dia de debate do OE Jornal de Negócios. Rui Barroso | 22 Fevereiro 2016, 10:32 
A taxa exigida pelos investidores passou abaixo de 3,4%, com uma descida de quatro pontos base em relação a sexta-feira. A "yield" é de 3,398%. O dia também está a ser de descidas ligeiras nas taxas italianas e espanholas. Nas obrigações italianas a dez anos, a "yield" desde 3,1 pontos base para 1,533%. Já nos títulos espanhóis, a taxa desce de 1,705% para 1,698%. 
A queda das taxas portuguesas ocorre no dia em que o Parlamento começa a discutir o Orçamento do Estado e depois das obrigações nacionais terem passado por alguma pressão do mercado. A 11 de Fevereiro, a "yield" a dez anos ultrapassou durante a sessão a fasquia de 4,5%, com alguns bancos de investimento a mostrarem preocupação sobre a decisão da DBRS sobre o "rating" de Portugal. A agência canadiana é a única das consideradas pelo BCE que avalia a dívida nacional acima de "lixo", condição para que as obrigações portuguesas sejam incluídas nas compras do banco central.

O título do Jornal de Negócios é enganador. Os 'yields' da dívida pública portuguesa (3,398%) a 10 anos superam em mais de 10x a média dos títulos triplo AAA da zona euro (0,332% em 18/2/2016), e quase 4x mais elevados que a média de todos os títulos da zona euro (0,958%). Como sublinhou o FMI, a dívida portuguesa é a mais cara da zona euro.

O Dinheiro Vivo cita um estudo de economistas do FMI – “Fiscal costs of contingent liabilities” – que afirmam que Portugal foi a quinta economia, entre 80 países, com os piores passivos contingentes do séc. XXI.

E falta ainda incluir nas contas do FMI as responsabilidades públicas contratuais de 120 PPP: 35% do PIB!

O FMI refere que os contribuintes pagaram 24,5% do PIB – cerca de 43 mil milhões de euros – a bancos (11% do PIB) ou empresas públicas (12,1%). O valor acabou por ir parar à dívida portuguesa, que é hoje a mais cara da zona euro.

As esquerdas lembram-se sempre dos bancos, para cujo buraco tanto contribuíram ao exigirem-lhes o financiamento do regabofe populista partidário, mas esquecem-se invariavelmente do regabofe das empresas públicas, falidas em consequência da mesma lógica que conduziu ao fim da banca portuguesa.

Euro area yield curveEuropean Central Bank/ Eurosystem
The euro area yield curve shows separately AAA-rated euro area central government bonds and all euro area central government bonds (including AAA-rated). It is updated every TARGET business day at noon (12:00 CET). No data or other information are provided regarding any day on which the relevant trading venue from which the euro area yield curve data are sourced is not open for business.
A yield curve is a representation of the relationship between market remuneration rates and the remaining time to maturity of debt securities. A yield curve can also be described as the term structure of interest rates. The ECB publishes several yield curves, as shown below.

POST SCRIPTUM — Vítor Bento deu uma importante entrevista à Antena 1 sobre o Novo Banco e sobre a situação financeira do país. Duas conclusões: ou se nacionaliza o Novo Banco, ou a banca portuguesa desaparecerá a breve trecho. Curiosamente, esta entrevista ocorreu um dia depois do último programa Política Sueca ;) 

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Bond, Portuguese bonds


source: tradingeconomics.com

Portugal Government Bond 10Y — Forecast 2016-2020 

The Portugal Government Bond 10Y is expected to trade at 2.58 percent by the end of this quarter, according to Trading Economics global macro models and analysts expectations. Looking forward, we estimate it to trade at 2.91 in 12 months time.
Trading Economics.

Subidas dos juros implícitos da dívida pública portuguesa podem revelar-se menos preocupantes do que os valores empinados desta semana sugerem. 


Há nitidamente uma pressão dos grandes fundos especulativos e dos chamados 'investidores institucionais' sobre a dívida portuguesa, sobretudo depois da 'máquina zero' do Banco de Portugal ter rapado 80% dos dividendos das obrigações seniores que detinham no Novo Banco ao verem transferidos os seus títulos para o banco mau, i.e. para o velho e falido BES.

Ou seja, os yields a dívida pública portuguesa dispararam, sobretudo por causa do modo desastroso como as autoridades portugueses têm gerido contratos e responsabilidades, ora revertendo negócios, ora defraudando as expectativas financeiras de quem apostou no mercado financeiro português.

A isto juntou-se um bom pretexto: a montanha mágica do Orçamento de 2016, que se foi revelando, dia após dia, um perfeito embuste ideológico e macro-económico.

E como pano de fundo, para apimentar a coisa, e derivado anunciado do regresso dos petrodólares a penates, temos no horizonte próximo sinais de uma mega-crise financeira global.


PS: sem bancos 100% indígenas (já que só restam a Caixa, o Montepio e o Crédito Agrícola, sendo os dois primeiros panelas de pressão à deriva), e com os 'grandes' bancos locais (BPN, BES, Banif, BCP, BPI....) em processo de fusão nuclear, ou de alienação a países estrangeiros (Angola, Espanha e China, para já...), onde é que a nomenclatura político-partidária que nos conduziu até aqui pensa que vai obter mais dívida a preços convenientes para manter a geringonça lusitana a funcionar? Da PIMCO ou da Black Rock, podemos esperar sobretudo litígios e algo ainda mais letal: um preço incomportável nas futuras emissões de dívida pública.

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Dívidas soberanas já não pagam juros

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A falência do neo-keynesianismo soma e segue


Government bond yields remain in negative territory. As of December 14, over 50% of European government bonds maturing in less than five years had a negative yield, roughly the same as in the run-up to the launch of ECB QE in March. Two-year government bond yields were generally lower on the year, despite some rebound after aggressively pricing further ECB easing ahead of the December meeting. (The German two-year yield, for example, bottomed out at -0.44% on December 2.) Looking beyond Europe, roughly half of two-year government bonds in the developed world trades at a negative yield. 
Sovereigns have issued debt at record-low—or altogether negative—yields. In April, Switzerland became the first country to issue 10-year government bonds at a negative yield; other governments did the same at shorter maturities. 
“What Does The Future Hold For Negative Rates In Europe? Goldman Answers”
ZeroHedge. Submitted by Tyler Durden on 01/02/2016 20:00 -0500

Os depósitos são um custo para os bancos, o qual, se não fosse contrabalançado com empréstimos a clientes e outras operações de crédito, acabaria por levá-los à falência.

O sobre-endividamento das pessoas, das empresas e dos governos que continuaram a investir (e sobretudo a especular) e a consumir, sem ao mesmo tempo produzirem o contra-valor equivalente ao gasto e às responsabilidades contraídas, acabou por explodir numa crise económico-financeira generalizada, a qual curto-circuitou os binómios procura-oferta (a procura caiu e continua a cair), investimento-lucro (ambos foram sucessivamente caindo) e produção-consumo (a queda de ambos gerou deflação).

Daqui à situação paradoxal em que os bancos centrais e de retalho hoje se encontram —ambos cobram taxas de juro crescentes pelos depósitos à vista, e de curto prazo— foi um passo.

Um passo que, por sua vez, atinge criticamente a poupança, ferindo de modo cada vez mais preocupante os fundos de pensões públicos e privados, em especial se, imprudentemente, estes tentaram iludir a destruição das rendas e dos juros jogando no casino dos derivados especulativos e outros produtos financeiros de risco elevado.

75% da reserva do Fundo de Pensões português já foi aplicado em dívida pública portuguesa.

Uma vez que a rentabilidade (yield) da dívida soberana portuguesa tem vindo a cair, quem nela investiu para obter algum rendimento (nomeadamente fundos de pensões e bancos) será sucessivamente penalizado. No caso dos fundos de pensões e de alguns bancos portugueses esta exposição ao endividamento compulsivo de um estado social que deixou de gerar riqueza e poupança suficientes, e portanto à insolvência potencial de governos e municípios, transformou-se numa serpente que morde a própria cauda. A poupança é engolida pela dívida pública em nome da sustentação de um estado social que devora essa mesma poupança e, pior ainda, que extingue a própria capacidade de a gerar. O fascismo fiscal em curso é a foice que, se não for afastada, acabará por ceifar rente o estado social que as esquerdas diariamente e aos gritos afirmam defender.

A rentabilidade das dívidas soberanas já é negativa no caso de obrigações públicas de curto prazo em países como a Alemanha (-0.44% nas obrigações a dois anos emitidas a 2 dezembro de 2015).

Resumindo: os estímulos neo-keynesianos são cada vez menos eficazes. Nem a deflação passa, nem o crescimento saudável regressa. E assim sendo, a bolha monetária, ou seja, a destruição do dinheiro, prosseguirá em direção ao mais completo desastre se não formos capazes de achar alternativas construtivas. O buraco negro existe, e já começámos a ser sugados para o seu infinito âmago.