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segunda-feira, junho 01, 2015

A querela dos 600 milhões

Foto © Miguel Manso, Público

As privatizações dão receita uma vez. Só a diminuição estrutural da despesa garante o reequilíbrio das contas públicas. Dói, mas é assim...


PSD admite cortar nas pensões mais altas
Cortar pensões sim, mas nunca as mais baixas ou as médias. Na direcção do PSD, procuram-se soluções para um buraco de 600 milhões de euros na Segurança Social e, até agora, a hipótese mais forte em cima da mesa é a de cortar as pensões mais altas. SOL

Bastará alguma poda criteriosa nas pensões acima dos 2000 euros (começando por avaliar justamente as carreiras contributivas, milhares das quais são incompletas e deram injustificadamente direito a pensões completas) para arrecadar anualmente os 600 milhões de que fala a ministra.

Basta analisar o mapa das pensões publicado pelo governo para chegarmos a esta conclusão. Faça Você mesmo os cortes!

Clique na img para ampliar

Que opina António Costa sobre a necessidade de um ajustamento socialmente justificado num sistema de pensões escandalosamente distorcido pela partidocracia e demais devorists e rendeiros do país falido que hoje temos?

Por fim, cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Basta reparar no que, sobre esta mesma matéria, ocorre em países como a... Suíça!

Swiss pension schemes ‘bankrupt in 10 years’Financial Times

Swiss pension schemes will be bankrupt within 10 years unless Switzerland’s government wins public support for a radical overhaul of the retirement system, experts have warned.

The pressure on Switzerland’s occupational pension system, which accounts for SFr800bn ($840bn) of assets, has intensified this year due to recently imposed charges on cash accounts and shrinking government bond yields.

terça-feira, fevereiro 17, 2015

A reforma oportunista do estado


Um ministro (Nuno Crato) não pode ser mais um oportunista.

Redução de funcionários e trabalhadores na FP é fogo de vista.

Que no entanto queimou os afetados!


Despedir não é reformar. Reformar é redesenhar de alto a baixo o sistema de ensino e aprendizagem, estabelecendo uma simbiose amigável e produtiva entre a iniciativa e autonomia dos cidadãos, novas tecnologias, redes sociais, voluntariado, envolvimento empresarial e uma nova classe de mestres (WiFi Tutors).

Mas para realizar, de facto, esta reforma, é necessário começar por implodir o Edifício da 5 de Outubro, e enviar a burocracia toda de férias durante um ano.

O estado tornou-se um empecilho devido à inércia dos seus recursos humanos e dirigentes, das dinastias burocráticas e sobretudo da corja partidária e dos sobrinhos da nomenclatura que infetam o sistema.

A areia que a esquerda ideologicamente falida lança para cima dos seus devotos apenas contribui para tornar a metamorfose mais dolorosa e atrasar o país no jogo das competências e na economia da atenção positiva que caracterizam os tempos pós-contemprâneos em que vivemos (1) .

Estado perdeu quase 10% dos funcionários em 3 anos
Jornal de Negócios. 16 Fevereiro 2015, 18:53 por Catarina Almeida Pereira

As administrações públicas perderam 9,8% do pessoal entre Dezembro de 2011 e o final do ano passado, com uma redução de 71 mil funcionários. Os dados oficiais revelados esta segunda-feira, 16 de Fevereiro, pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), mostram que os docentes e os assistentes operacionais foram as carreiras que mais contribuíram, em termos absolutos, para esta diminuição.

Ao longo do último ano, porém, a quebra foi menos acentuada do que em anos anteriores, o que sugere que o ritmo de redução de funcionários poderá estar a abrandar. No final de 2014 havia menos 18,5 mil funcionários do que em período homólogo, numa redução de 2,7%. Em anos anteriores, a quebra anual tinha sido mais alta, aproximando-se dos 4%.

Ler o resto da notícia

NOTA
  1. A expressão pós-contemporâneo foi por mim inventada (creio) para designar uma era em que o tempo analógico dos átomos e moléculas é cavalgado por um tempo digital tornado possível através do domínio e uso dos campos eletromagnéticos, onde além da matéria, existe o espaço imaterial que segura o universo.

quarta-feira, abril 23, 2014

PIIGS sem emenda :(

No Reino Unido, como cá, o fascismo fiscal instala-se.

A dívida pública da Eurolândia não pára de crescer desde 2011 


Euro area and EU28 government deficit at 3.0% and 3.3% of GDP respectively
Government debt at 92.6% and 87.1%
In 2013, the government deficit of both the euro area (EA18) and the EU28 decreased in absolute terms compared with 2012, while the government debt rose in both zones. In the euro area the government deficit to GDP ratio decreased from 3.7% in 2012 to 3.0% in 2013, and in the EU28 from 3.9% to 3.3%. In the euro area the government debt to GDP ratio increased from 90.7% at t he end of 2012 to 92.6% at the end of 2013, and in the EU28 from 85.2% to 87.1%.
Eurostat, 23/03/2014 (pdf)

2011: 87,4%; 2012: 90,7%; 2013: 92,6%. Segundo Reinhart e Rogoff, acima dos 80% a dívida pública torna-se um fator de perturbação estrutural das economias. Por sua vez, e apesar de toda a brutal austeridade, a dívida pública dos PIIGS continua a crescer em % do PIB e nominalmente. Em grande medida, isto acontece porque a austeridade salarial e a seca do crédito à economia, e o desemprego e falta de emprego subsequentes, trouxeram recessão, e a recessão trouxe menos PIB, e portanto menos receitas fiscais, e portanto maiores necessidades de endividamento, e portanto maior peso do serviço da dívida nos orçamentos públicos, e portanto mais défice e mais dívida — aqui, sobretudo, porque nada se fez em matéria de reforma estrutural da burocracia instalada.

O PS teria feito o mesmo ou parecido, porque quem dita a macroeconomia portuguesa são os credores, ou seja, o FMI, Bruxelas e o BCE. Os governos indígenas não passam de teatros de fantoches rodeados de cagarras parlamentares e de um coro de corporações e sindicalistas aflitos. Ainda assim, o que o governo cada vez mais esfrangalhado de Passos Coelho se recusou a fazer, apesar das insistentes recomendações formais da Troika, foi sempre em prejuízo da população, da economia e da classe média. Exemplos: não atacou as rendas excessivas da EDP, não suspendeu o ruinoso plano nacional de barragens, não renegociou a sério dezenas de PPP, não avançou na nova rede ferroviária europeia para mercadorias e passageiros (tendo deixado em Bruxelas e Londres mais de 800 milhões de euros que nos eram destinados a custo zero) e não acabou com a subsidio dependência dos rendeiros e devoristas protegidos do regime. A nomenclatura partidária e suas organizações semi clandestinas (bancos e banksters, Opus Dei, Maçonaria, União das Misericórdias, fundações obscuras, etc.) prevaleceram contra o interesse público.


Eurostat: informação sobre défices na UE em 2013, 23-03-2014.


Resultado: aproximam-se tensões sociais enormes, pois é de prever que a 'democracia' populista, neo-corporativa e cleptocrata instalada volte a preferir atacar pela via da criação e subida de mais impostos, e em cortes diretos e indiretos na massa salarial (1), pensões, reformas e subsídios de desemprego, em vez de travar os rendeiros do regime ou fazer uma reforma estrutural do estado, mantendo e reforçando o essencial, entregando à iniciativa privada e comunitária independente o acessório e o que não sabe fazer sem gerar ineficiência e corrupção.

A crise continua: mais austeridade e sofrimento a caminho.

Explosões sociais e graves crises políticas adivinham-se no horizonte. A extrema direita sobe na Europa.

E as alternativas democráticas à partidocracia liberal e social-democrata instalada, onde estão?


Há gráficos que falam verdade, sem qualquer sofisme. O das vendas da CAT é um deles. Esqueçam a propaganda dos governos e dos bancos!


NOTAS
  1. A deflação, que é uma consequência da queda da procura agregada mundial e o resultado do fim da longa era de crescimento inflacionário —artificialmente estimulado nas últimas décadas (Quantitative Easing, "Whatever It Takes", etc.)— da oferta agregada de bens e serviços (PIB, comércio mundial, etc.), em larga medida estimulado pela disponibilidade de energia fóssil barata (petróleo, gás natural e carvão) prejudica gravemente os devedores, e sobretudo os grandes e muito grandes devedores: bancos, gigantes e carteis sobre alavancados em modelos de capital intensivo, e ainda... governos de todo o mundo!

    Os bancos e os governos precisam de inflação (até inventaram um novo monstro semântico chamado "reinflação") como de pão para a boca, pois é a única forma, para além de uma deriva pelo fascismo fiscal declarado, que conhecem para diminuirem o peso das suas crescentes responsabilidades financeiras, e nomeadamente os gigantescos serviços de dívida que pesam como cutelos sobre estes monstros de ganância e burocracia.

    No entanto, inflação e reinflação, associados à destruição das taxas de juro (coisa que a 'esquerda' imbecil adora promover) significa uma coisa simples: expropriação da poupança sob a doce ilusão do facilitismo financeiro.

    Em suma, a chuva dourada que conduziu ao endividamento global, público e privado, das economias e das pessoas, ao longo dos últimos vinte anos (foi em 1994 que surgiram os famosos CDS—credit default swaps), e depois ao colapso do sistema financeiro mundial, que se mantém na Unidade de Cuidados Intensivos conhecida por Quantitative Easing e Whatever It Takes, perdeu a pica. Por mais papel de Monopólio e zeros que acrescentem à massa monetária, as economais não arrancam porque não podem arrancar), e o buraco negro dos derivados financeiros OTC e do endividamento bancário e soberano continuam a ampliar-se, tal como o seu potencial destrutivo.

    Esta é, aliás, a única explicação para a última e desesperada recomendação do FMI: roubem diretamente nos salários o que não podem roubar através do teatro da inflação! Nos rendimentos de capitalas taxas já são negativas...

segunda-feira, março 24, 2014

Quem é António José Seguro?

Parem os cortes de dois milhões previstos para depois das eleições europeias, clama Seguro


E que solução propõe o secretário-geral do PS? Reduzir o estado obeso a uma dimensão justa e comportável? Diminuir as rendas excessivas da Mota-Engil, EDP e quejandos? Parar o assalto fiscal ao trabalho e à economia? Punir os bancos e os corruptos? Não, nada disto. Quem é António José Seguro? Ninguém!

As palavras deste Tozé Ninguém
O secretário-geral do PS, António José Seguro,
disse este sábado que o Governo tem uma "agenda escondida de cortes" na
ordem dos "dois mil milhões de euros", acreditando que esta será
aplicada após as eleições europeias.
"Nós queremos parar com os cortes, que
já deviam ter parado há muito tempo, e iniciar a recuperação dos
salários e das pensões portugueses. Ao invés, o Governo não pára de
cortar e tem uma agenda escondida de cortes de cerca de dois mil milhões
de euros que se prepara para aplicar após as eleições europeias", disse
o secretário-geral do PS.

Seguro: “Governo tem uma agenda de cortes escondida de dois mil milhões de euros” - Política - Jornal de Negócios

sábado, fevereiro 01, 2014

Helena Matos. "Os jovens podem chegar à reforma numa pobreza que já não devia existir" | iOnline

Uma opinião informada e ponderada sobre o grave problema das pensões. 
— Jornal i: Os sindicatos argumentam que o défice de 4 mil milhões foi criado pelo Estado e também que o Estado devia pagar uma contribuição à CGA como as empresas pagam à Segurança Social. Estes dois argumentos podem ajudar a solucionar o buraco da CGA?

— Helena Matos: O sistema da CGA seria sempre deficitário. Nenhum sistema tem a sua sustentabilidade assegurada quando garante aos seus beneficiários um valor de substituição de pensões, que chegou a ser de 100%, calculado sobre o vencimento do último ano. Partindo do princípio de que eu tinha ganho 800 euros na minha vida profissional e que, no último ano, passei a ganhar mil, e se depois vou para casa com mil euros, e quando tudo indica que a minha expectativa de vida é de 20 anos, durante esses 20 anos, aquilo que vou receber nunca poderia ter sido coberto pelo que descontei ou pelo que o Estado não descontou por mim.

— Jornal i: E sobre o valor que os sindicatos dizem estar em falta?
— Helena Matos:Só há uma maneira de resolver esse valor, que é lançando um imposto. Tem de se perguntar às pessoas - inclusive aos trabalhadores do sector privado - se estão dispostas a pagar mais um imposto para que se mantenham taxas de substituição muito elevadas.
Texto integral:
Helena Matos. "Os jovens podem chegar à reforma numa pobreza que já não devia existir" | iOnline

segunda-feira, outubro 14, 2013

Governo de palhaços

Beatriz de Jesus, Viúva, três filhos - dois sobrevivos -, 22 sobrinhos-netos.
Foto © Augusto Baptista

Afinal, matar as viúvas era uma brincadeira

Governo de pulhas passa a governo de palhaços, cortesia do menino Paulo Portas!

Corte nas pensões de sobrevivência oscila entre 12% e 35%
Medida só afecta quem receber um total de pensões acima de 2000 euros. Mais de 96% dos beneficiários de pensões de sobrevivência não serão abrangidos (1).

Another of history’s many lessons is that governments under pressure become thieves. And today’s governments are under a lot of pressure. (2)

Sob a pressão do endividamento irresponsável de décadas (lembram-se das palavras de Jorge Sampaio dobre a 'obsessão do défice') os governos, sejam de que cor forem, são tentados a assaltar a propriedade alheia, nomeadamente através  do fascismo fiscal.

O episódio caricato em volta da TSU das viúvas, na semana que passou, é a prova evidente disto mesmo. A solução simples, aplicada na Suíça, na Suécia, e em muito outros países democratas é a imposição de um teto para as pensões pagas pelo estado. 1700 euros na Suíça, ou 2500 euros na Suécia são apenas dois exemplos do que há muito deveria ter sido estabelecido em Portugal. Ninguém deverá ter uma pensão de reforma, de invalidez ou de viuvez inferior ao salário mínimo nacional, nem superior a cinco vezes este valor. Simples, não é? Então porque anda este governo a brincar com os portugueses, encenando folhetins de mau gosto?

A tentação de legalizar o roubo dos cidadãos pelo estado é um mau hábito antigo, como o artigo “They’re Coming For Your Savings” (2), que traduzimos parcial e livremente, acrescentando o caso português, ilustra...

Na Antiga Roma, depois da morte de Júlio César, e para financiar as guerras intestinas pela posse do império, a ‘proscrição’ dos cidadãos por crimes contra o estado levava à execução das suas propriedades, que eram depois confiscadas.

Em meados do séc. XVI, Henrique VIII confiscou os mosteiros de província e as suas, por vezes, vastas propriedades, incluindo as terras, as baixelas de prata, ouro e jóias, para depois tudo vender. O que não foi vendido foi posto a render, e o dinheiro obtido com este saque foi rapidamente gasto.

Os governos jacobinos que se seguiram à Revolução Francesa confiscaram vastas propriedades à Igreja Católica, que serviram de garantia para a criação de dinheiro e inflação, caldo propício ao aparecimento de Napoleão.

Durante a Guerra Civil Americana houve confisco de propriedades em larga escala.

O Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas e confiscou os seus bens. E em 1834 o governo saído da guerra civil entre 'liberais' e 'absolutistas' extinguiu as ordens religiosas masculinas em todo o país e colónias, confiscando os seus bens ('à excepção dos vasos sagrados e paramentos'), e vendendo tudo o que conseguiu para assim voltar a encher, por algum tempo, os cofres vazios do reino.

Durante a Grande Depressão americana, em 1933, Roosevelt baniu a posse privada de ouro e forçou todos os cidadãos americanos a entregarem os objetos de ouro ao governo, contra uma compensação de $26.67 por onça. Uma vez o ouro confiscado, o dólar desvalorizou para $35 por onça. Ou seja, o governo roubou 70% da riqueza daqueles que entregaram o seu metal precioso.

Em 1942, depois de entrar na II Guerra Mundial, o governo americano moveu a maioria dos cidadãos japoneses residentes nos Estados Unidos para campos de concentração, expropriando e vendendo todas as suas propriedades. Em 1945 os detidos japoneses foram soltos, deram-lhes $25 dólares e um bilhete de comboio para regressarem às suas terras, mas sem qualquer reembolso das perdas.

Desde que a crise de 2008 começou, vários formas de controlo de capitais e de execução e apropriação de bens privados foram implementadas. Alguns exemplos:

Na Islândia, os investimentos fora do país e a compra de moeda estrangeira, assim como as viagens ao estrangeiro ficaram sujeitas a autorização governamental prévia.

Na Grécia foram confiscados fundos de contas bancárias e de carteiras de investimentos pertencentes a pessoas e entidades suspeitas de evasão fiscal, sem aviso, nem processo judicial.

A Argentina baniu as compras de dólares americanos para contas de poupança pessoal e exigiu aos bancos que fizessem empréstimos apenas em pesos, a taxas consideravelmente abaixo da inflação.

O Fed americano propôs que os fundos do mercado monetário pudessem limitar os levantamentos de dinheiro dos seus clientes em caso de perturbação financeira.

Chipre confiscou 47,5% dos fundos das contas bancárias do país acima dos €100.000.

A Polónia respondeu a um dos picos da sua crise orçamental confiscando os ativos dos fundos privados de pensões sem qualquer compensação.

Em Espanha, 97% dos fundos da segurança social foram comprometidos na compra de dívida pública espanhola.

Em Espanha, leia-se todo o artigo (3), que vale a pena:       

“Antes del robo del rescate de los 100.000 millones de euros que se utilizaría como excusa para crear Sareb, se había puesto en marcha la reestructuración bancaria más desastrosa de Occidente: se ha ocultado, se ha engañado, se han falsificado balances, todo con la ayuda del BdE, se ha mentido sin límite a los ciudadanos y, lo peor, a día de hoy la factura es la mayor del mundo occidental, ¡271.539 millones de euros* o el 26,3% del PIB! Además, se han perdido de momento 45.000 millones de euros, 9.000 en CCM y FAAF y 36.000 reconocidos por FROB, algo que no ha sucedido en ningún otro país. Las pérdidas finales van a superar de largo los 100.000 millones. El mayor expolio a un pueblo en toda la historia de Europa.”
Em Portugal, Vítor Gaspar, no mesmo dia em que se demitiu, despachou uma portaria que força o fundo de reserva da Segurança Social a comprar até cerca de quatro mil milhões de euros de dívida pública portuguesa nos próximos dois anos e meio, até final de 2015. Atendendo a que já dez mil milhões haviam sido previamente aplicados no mesmo produto de risco, conclui-se que 90% do fundo de reserva das pensões públicas foram desviados, sem qualquer debate parlamentar, para sustentar a crise orçamental do regime.

Mais recentemente, o FMI divulgou um estudo interno sobre a gravidade das dívidas públicas japonesa, americana e europeia, as quais subiram em média 37% relativamente a 2007, sugerindo uma supertaxa de 10%, a aplicar uma só vez, a todos os detentores de ativos superiores a 250 mil euros.

A situação não está para brincadeiras. A palhaçada de Paulo Portas, ao deixar escapar um balão de ar quente sobre as pensões de viuvez, para depois fazer um número de magia e de demagogia barata, recuando na medida, mostra até que ponto o governo em funções navega à vista, sem bússola, nem comandante, e sobretudo sem um pingo de inspiração.


NOTAS
  1. Público, Raquel Martins, 13/10/2013 - 20:45 (actualizado às 23:59)
  2. “They’re Coming For Your Savings”
    by John Rubino on October 12, 2013 (Dollar Collapse)
  3. “Sareb: fraude de ley, expolio y caos”, por Roberto Centeno, El Confidencial, 14/10/2013.

Última atualização: 14/10/2013 - 17:59 WET

sábado, outubro 12, 2013

Partidos atrás do prejuízo

Álvaro Beleza tira sangue ao ministro Paulo Macedo. Foto LUSA

Partidocracia: fragmentação ou evolução?

“Amid the government shutdown, 60% of Americans say the Democratic and Republicans parties do such a poor job of representing the American people that a third major party is needed. That is the highest Gallup has measured in the 10-year history of this question. A new low of 26% believe the two major parties adequately represent Americans.” in ZH

A partir de um certo limiar, mais dívida já só produz crescimento negativo :(

É por estas e por outras que também na América as pessoas condenam cada vez mais o rotativismo partidário com dois partidos, e começa a perceber-se a necessidade de um terceiro grande partido.

Se há certezas que possamos retirar dos resultados das últimas eleições, parcialmente alinhadas com a sondagem de algibeira realizada no blogue do Partido Democrata, e contrariando a matilha zarolha das sondagens encomendadas, é que houve uma clara abstenção de protesto, uma subida dos votos brancos e nulos de protesto, e a eleição de inúmeros autarcas sem filiação partidária, independentes ou em rotura com os partidos de origem, um dos quais retirou a segunda cidade do país ao controlo rotativista da partidocracia que conduziu o país à bancarrota.

Também assinalada no inquérito que fizemos entre usuários do Facebook, esteve a subida empinada do PCP. Ao contrário do que esta micro-sondagem permitiu concluir, a queda dos partidos do governo foi bem mais acentuada, e o PS beneficiou de uma clara transferência de votos do PSD e do Bloco.

Por junto, estes resultados colocaram os partidos rotativistas em pânico:

— o PCP, que tendo vindo a rejuvenescer paulatinamente o seu pessoal político, desatou a crescer como não se via há décadas, contrariando os vaticínios mais otimistas (ou pessimistas, depende da perspetiva) sobre este cadáver adiado;

— as perdas dos municípios de Sintra (segundo em população), de Gaia (terceiro em população) e do Porto (quarto em população), respetivamente para o PS, para um candidato sem filiação partidária, e para o PS, acrescido ao facto de em Lisboa o PSD ter perdido quase tudo, pois ficou não só atrás do PS, como do PCP, é um rastilho imparável para a  inexorável fragmentação, ou, na melhor das hipóteses, refundação do PSD;

— O Bloco de Esquerda vai a caminho da extinção (1);

—  Finalmente, o PS, apesar da sua clara vitória, e de ter afastado a corja socratina do caminho, perdeu, como todos os partidos, à exceção do PCP, muitos votos: -272.834 (mais do dobro dos votos obtidos pelo Bloco). Nada garante que a esta tendência de perda não continue, sobretudo se o PS continuar na mesma.

A entrevista de Álvaro Beleza ao jornal i é uma novidade, e mostra de forma clara que António José Seguro pediu a alguém para a explorar a vitória das Autárquicas, atacando a extrema fragilidade em que se encontra o PSD neste momento. A ameaça latente de uma fragmentação do PSD depois das eleições europeias é uma excelente oportunidade para o PS ir buscar a maioria orgânica de que precisa para disputar as legislativas de 2015 com força suficiente para pedir e obter uma maioria absoluta, ou, se esta não for alcançada, poder promover uma coligação com o CDS pós Portas e com o PSD pós Coelho, numa espécie de grande coligação sem comunistas, nem o exangue Bloco.

Aos meus amigos socialistas que não desesperaram dou um conselho: arregacem as mangas no interior do PS, promovendo a abertura desta agremiação doente à sociedade em geral, e aos espíritos livres e ansiosos por ajudar o país a sair desta enorme crise, em particular.

Temo que não chegue, e por isso insisto na necessidade de promover uma Plataforma Eleitoral Independente (formalmente e por necessidade legal, um partido) capaz de andar mais depressa na formulação de ideias e na promoção de consensos e bom senso entre os setores ativos da sociedade.

No entanto, e para já, anotar estas declarações de Álvaro Beleza:

AB: "No PS já introduzimos eleições primárias para escolher o líder. O fenómeno dos independentes, que eu prefiro chamar de não filiados, tem a ver com o fechamento dos partidos. É preciso primárias nos partidos, limite de mandatos não só para os presidentes de câmara e reformas do sistema eleitoral. Temos de introduzir em Portugal círculos uninominais com limite de mandatos, um círculo nacional que permita a representatividade dos pequenos partidos e a obrigatoriedade de os membros do governo serem deputados. E é preciso transparência no exercício dos cargos."

AB: "O IRC é um imposto estúpido. Temos de ser competitivos com a Irlanda e Espanha. E para podermos baixar a carga fiscal, temos de ter um Estado mais eficaz, que gaste o que tem para gastar, e aí é essencial a reforma estrutural do Estado."

AB: "...para que é que existe um Ministério da Justiça? Tem de haver separação de poderes. Devia ter um orçamento à parte do orçamento legislativo e do governo - é assim nos EUA. E devia ser gerido pelo Conselho Superior de Magistratura. Têm de ter autonomia total, não é o governo a passar os cheques dos magistrados."

AB:  "...o Orçamento do Estado não pode financiar grupos privados que vivem dele, em grande medida, de forma indirecta. Isso é moralmente inaceitável quando não há meios financeiros para os hospitais públicos. Mas terá de ser gradual para não prejudicar funcionários públicos e não liquidar os grupos e hospitais privados. O PS tem defendido essa separação, e também nesta questão da ADSE não voltámos atrás."

AB: "Não valemos só pelo que somos neste rectângulo e temos de jogar esse peso todo. Tem de haver mais articulação com o mundo da lusofonia, temos de apostar como a Inglaterra faz com a Commonwealth. Portugal tem muitas semelhanças com a Inglaterra. A Alemanha nunca foi nossa aliada, nunca tivemos nada a ver com a Alemanha. A Europa está a ser comandada por uma potência continental fechada que não tem a visão alargada de outros, como Portugal e Inglaterra, que já foram impérios marítimos. Infelizmente, temos uma chanceler alemã que é muito tacanha, muito dona de casa. Dentro da União Europeia, temos de buscar aliados para falar de outra maneira com os alemães. Mas para isso é preciso outro governo, com outra credibilidade."

AB: "Portugal é um país periférico na Europa, mas central no Atlântico. Temos um porto de águas profundas, como o de Sines, que é a cara da Europa. Temos de apostar nas Américas, África, na lusofonia (que é a nossa área natural de influência), e ter aqui uma estratégia de crescimento nas exportações através da indústria. No porto de Sines só falta a ligação à Europa por via ferroviária, que este governo suspendeu, mas é estratégica.

i: Um país sob assistência deve fazer esse investimento?

AB: “Podia não se fazer tudo, mas fazer devagar. Custa imenso ver o TGV em Espanha; na Europa, só este rectângulo é que não vai ficar dentro da linha de alta velocidade. Foram mais troikistas que a troika. Não tinham de interromper as obras, tinham de fazer mais devagar, podiam alterar o projecto para ser mais barato."

Sim, a estratégia de proteção e projeção política e económica da nossa soberania passa pelo regresso ao Atlântico, pela Lusofonia, pelas relações com a China, com a Índia e com o Japão, e pela força da diáspora portuguesa no mundo. Portugal deve posicionar-se como uma uma plataforma diplomática e como uma zona frana europeia aberta ao mundo, queira a tia Merkel ou não1

Num ponto mais Álvaro Beleza tem razão: "...hoje a geração do Sérgio Sousa Pinto, Pedro Nuno Santos e João Galamba é mais representativa do eleitorado jovem do que o BE. Entramos bem nesse eleitorado."


NOTAS
  1. “Seguro escolheu o lado direito do poder”, diz Semedo (Público, Teresa Camarão 12/10/2013 - 22:22)

    O Bloco, imprestável para o PS, e imprestável para o PCP, na realidade já não existe. A tarefa do PS agora é atrair para a sua órbita os melhores quadros (que são poucos) da balbúrdia que sempre foi o Bloco resultante de uma turma quadrada de revisionistas do estalinismo soviético, do estalinismo chinês e do trotsquismo mandeliano. Francisco Louçã lá se reformará como professor emérito de uma economia que desconheço.

Última atualização: 13 out 2013, 09:04 WET

quinta-feira, novembro 03, 2011

Super-Mario

No Quantitative Easing, thank you!

Vista da futura sede do BCE, Frankfurt © ISOCHROM

A imprensa e a televisão portuguesas passaram toda a conferência do novo senhor BCE à mesa de uma caldeirada! Não viram, não ouviram, não sabem! Que desgraça :(

Mas o super Mário, afinal, frustrou (ainda bem) as expectativas monetaristas de Londres, de Nova Iorque, dos especuladores e piratas que não desistem de deitar a mão à poupança mundial, e ainda das burocracias e nomenclaturas rendeiras da Europa — nomeadamente a portuguesa, do senhor Mexia ao senhor Sampaio!

Confirmam-se, assim, as minhas expectativas, expressas em Junho passado: “Vem aí um novo BCE! — Draghi, o italiano mais germânico que a Alemanha poderia esperar

Mário Draghi é um admirador do Bundesbank — está tudo dito ;)

Toca, pois, a trabalhar, afastando do poleiro imediatamente os principais responsáveis pelo nosso próprio buraco financeiro!

Introductory statement to the press conference
Mario Draghi, President of the ECB,
Vítor Constâncio, Vice-President of the ECB,
Frankfurt am Main, 3 November 2011

[extracto]

“Turning to fiscal policies, all euro area governments need to show their inflexible determination to fully honour their own individual sovereign signature as a key element in ensuring financial stability in the euro area as a whole. The Governing Council takes note of the fiscal commitments expressed in the Euro Summit statement of 26 October 2011 and urges all governments to implement fully and as quickly as possible the measures necessary to achieve fiscal consolidation and sustainable pension systems, as well as to improve governance. The governments of countries under joint EU-IMF adjustment programmes and those of countries that are particularly vulnerable should stand ready to take any additional measures that become necessary.

It is crucial that fiscal consolidation and structural reforms go hand in hand to strengthen confidence, growth prospects and job creation. The Governing Council therefore calls upon all euro area governments to accelerate, urgently, the implementation of substantial and comprehensive structural reforms. This will help the euro area countries to strengthen competitiveness, increase the flexibility of their economies and enhance their longer-term growth potential. In this respect, labour market reforms are essential and should focus on measures to remove rigidities and to enhance wage flexibility, so that wages and working conditions can be tailored to the specific needs of firms. More generally, in these demanding times, moderation is of the essence in terms of both profit margins and wages. These measures should be accompanied by structural reforms that increase competition in product markets, particularly in services – including the liberalisation of closed professions – and, where appropriate, the privatisation of services currently provided by the public sector.”

O BCE não será, para já, o lender of last resort dos filhos pródigos da Europa e dos piratas que a rodeiam. Ou seja, o BCE não irá por enquanto carregar na tecla electrónica mágica que cria dinheiro do nada, para remunerar especuladores à custa da destruição maciça das poupanças de quem poupou: empresas e pessoas. Quem andou distraído, a vadiar ou a estourar heranças, que acorde e comece a trabalhar e poupar!

Isto significa, no caso dos Estados sobre endividados, como o português, uma coisa muito simples: avaliar o preço justo do nosso bem estar social, e adequar este bem estar às nossas possibilidades.

Mas para aqui chegarmos será irremediavelmente necessário separarmos democraticamente aquilo que só o Estado pode e deve fazer (bem e administrando os recursos com transparência e racionalidade) de tudo o resto, nomeadamente do que podemos fazer melhor e mais barato recorrendo a empreendedores, a empresas privadas, a cooperativas, fundações e associações não lucrativas, e ainda às redes sociais tecnológicas.

Esta separação vai ser dolorosa, em particular por causa das enormes resistências que todo o tipo de corporações e burocracias instaladas há décadas no conforto da coisa pública garantida irão opor à mudança.

Mas esta mudança necessária e inevitável terá que ser transparente, negociada e vigiada por todos, para que ninguém saia injustamente prejudicado, ou alegremente beneficiado. Precisamos, pois, de mais democracia para não falhar! As redes sociais e aquilo que há anos chamo democracia electrónica pode desempenhar aqui e agora um papel crucial nesta batalha por uma sociedade mais produtiva, justa e solidária.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

O assalto às reformas

É preciso travar os piratas de Estado!

E se quando aqui chegarmos os políticos nos roubarem as poupanças?
European nations begin seizing private pensions
The Adam Smith Institute Blog
The Christian Science Monitor

By Jan Iwanik, Guest blogger / January 2, 2011

People’s retirement savings are a convenient source of revenue for governments that don’t want to reduce spending or make privatizations. As most pension schemes in Europe are organised by the state, European ministers of finance have a facilitated access to the savings accumulated there, and it is only logical that they try to get a hold of this money for their own ends. In recent weeks I have noted five such attempts: Three situations concern private personal savings; two others refer to national funds.

Governos da Hungria, Bulgária, Polónia, Irlanda e França (!!) iniciaram um assalto sem precendentes às pensões de reformas dos seus países, entre outras coisas, para pagar dívidas de curto prazo dos respectivos dos governos e das suas imensas burocracias, salvar bancos falidos, nomeadamente públicos, e financiar os buracos dos próprios fundos de pensões e reformas, muitas destes em graves dificuldades, por terem andado a especular com juros, câmbios e derivativos financeiros, sem qualquer supervisão. É o descalabro anunciado.

Em Portugal os ensaios também já começaram: no tempo de Manuela Ferreira Leite, o fundo de pensões dos CTT emigrou para fossa comum do Estado, na era Sócrates, até ver, o fundo de pensões da empresa privada foi empandeirado para a fossa comum do Estado, e na Caixa Geral de Depósitos, o respectivo fundo de pensões comprou a própria sede da Caixa!

Que vão fazer os nossos burocratas parlamentares a este propósito? Tratar da vidinha deles, como sempre, enquanto as novas leis não chegam, ou tencionam discutir publicamente a destruição em curso do contrato social? Que diz o douto Louçã sobre isto? Que vai fazer ao seu PPR?

Que tal sugerir à funcionária do Prós e Contras um debate público urgente sobre esta matéria?

terça-feira, novembro 30, 2010

Bancarrota - 6

Medidas simples, duras, mas claras e eficazes
Ponham um tecto máximo nas reformas pagas pelo Estado... de 1700 euros, e ponha-se fim à acumulação de pensões e reformas pagas com o dinheiro dos contribuintes. Como a Suíça fará a partir de 2011. Quem quiser mais, poupe e invista em PPRs.




Reformas na Suíça com tecto máximo de 1700 euros
Na Suíça, ao contrário de Portugal, não há reformas de luxo. Para evitar a ruína da Segurança Social, o governo helvético fixou que o máximo que um suíço pode receber de reforma são 1700 euros. E assim, sobra dinheiro para distribuir pelas pensões mais baixas. — 2010-11-10. Ver Causa defendida no Facebook

Banco de Portugal: Sector público tem de aumentar poupança
O Banco de Portugal antecipa uma recessão em 2011, por efeito do Orçamento do Estado. Um ajustamento inescapável, diz, defendendo como “prioridade” o aumento da poupança do sector público. Os investimentos, defende, devem ser canalizados “para finalidades comprovadamente reprodutivas”. E só a credibilidade na execução orçamental reduzirá os custos da mudança. — Jornal de Negócios.