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quarta-feira, abril 29, 2015

O caos chegou a Baltimore, onde a indignação se juntou à pobreza

Estava escrito na BD e em Hollywood. A Europa que se cuide!
A cidade norte-americana de Baltimore acordou esta terça-feira em estado de sítio, com as ruas patrulhadas por milhares de polícias e membros da Guarda Nacional, e debaixo de um recolher obrigatório que vai limitar os movimentos dos seus mais de 600.000 habitantes durante uma semana.

O caos chegou a Baltimore, onde a indignação se juntou à pobreza - PÚBLICO

Le salaire minimum s'avère impuissant face à un niveau de pauvreté record en Allemagne

25% da população europeia em risco de pobreza. Na Alemanha nunca houve tantos pobres.

Sem introdução de um Rendimento Básico de Cidadania, a pobreza e a divisão social tenderão a agravar-se. Olhem para Baltimore!

« La pauvreté en Allemagne n’a jamais été aussi élevée et la fragmentation régionale n’a jamais été aussi sévère qu’aujourd’hui », s’inquiète Ulrich Schneider. Au vu du dernier rapport sur la pauvreté, le gouvernement allemand certifie que l’écart entre les riches et les pauvres diminue, une affirmation qui pour Ulrich Schneider est « tout simplement fausse ».

En effet, l’Allemagne s’approche de la moyenne européenne en terme de pauvreté. Les statistiques européennes révèlent que près d’un quart de la population de l’UE était menacée de pauvreté ou d’exclusion sociale en 2013.

Le salaire minimum s'avère impuissant face à un niveau de pauvreté record en Allemagne | EurActiv.fr

domingo, junho 01, 2014

Risco de pobreza na Europa

Portugal, acima da média europeia na curva da pobreza

É nisto que António José Seguro tem que se concentrar, mas para levar a água ao seu moinho terá mesmo que apresentar a sua REFORMA INSTITUCIONAL de 4 pontos ao país e lançar uma discussão nacional, desafiando todas as forças partidárias a pronunciar-se sobre a mesma.

Quanto às galinhas da comunicação social, Seguro não deve preocupar-se, pois estas aves penadas são como os girassóis: viram-se invariavelmente em direção à luz!

domingo, abril 13, 2014

Os rendeiros da fome

Propaganda do Banco Alimentar Contra a Fome

Risco de pobreza: o limiar em Portugal diminuiu para 421 euros
A taxa de risco de pobreza antes e após as transferências sociais em Portugal tem vindo a diminuir desde 2001, embora de forma não linear. Observatório das Desigualdades, 2010
O alarmismo sobre a pobreza e a fome em Portugal serve sobretudo os interesses da corja devorista que não sabe fazer nada sem o dinheiro dos contribuintes. As mais de 5000 IPSS deste país cresceram como cogumelos nos anos da crise e, no entanto, o risco de pobreza no nosso país anda pela média europeia —ligeiramente abaixo dessa média antes das transferências sociais, e ligeiramente acima depois das transferências. Mas o mais surpreendente é que não há praticamente variação destas estatísticas entre 2001 e 2010, por muito que os populistas do PS, do PCP e do Bloco gritem. Ou muito me engano, ou os números não só não pioraram, como melhoraram em 2012 e 2013 — nomeadamente pelo efeito induzido da emigração. A quem serve, pois, o alarido sobre a fome? A resposta é simples: a quem mais beneficia do dinheiro público distribuído para mitigar as carências sociais do país, e que não são certamente os beneficiários do Rendimento Social de Inserção; e ainda aos partidos políticos que compram votos vendendo ilusões sobre improváveis lotarias futuras.

Eurostat, 2011

Em 2012 escrevemos:
...as transferências correntes, subsídios e transferências de capital para as instituições sem fins lucrativos (IPSS) que o Orçamento de Estado para 2013 prevê é da ordem dos dois mil milhões de euros. Se somarmos a este valor as verbas previstas para o RSI (303.900.000€) teremos um resultado de despesa orçamental de natureza social na ordem dos 2.303.900.000€ — ou seja, mais do que a totalidade das transferências do orçamento de 2013 para o poder local!

Se o valor apurado for distribuído pelas 280 mil pessoas que supostamente passam fome, o seu rendimento mensal instantâneo seria de 685,68€. Alguém me explica como pode esta gente passar fome?!

Se há zonas de penumbra na sociedade portuguesa são as fundações mendicantes, as fundações que ajudam os seus beneméritos a fugir ao fisco, e a Caridade!

46% das receitas das IPSS provêm de transferências do estado: ou seja, este terceiro sector já vale no nosso país mais de 4.000 milhões de euros, e praticamente não paga impostos, nomeadamente em sede de IMI, IMT, IRS e IVA.

in Qual fome?

Menos de €1,50 é o preço por refeição praticado por muitas empresas que fornecem escolas e IPSS.

No entanto, sabe-se que algumas destas empresas são 'convidadas' a comprar parte da matéria prima das refeições às próprias IPSS que fornecem, matéria prima essa que foi entregue gratuitamente às mesmas IPSS por grandes superfícies comerciais e pelos ditos bancos alimentares contra a fome. Este é um caso óbvio de corrupção descarada. Resta conhecer a extensão do fenómeno.

As operações dos bancos alimentares junto das grandes superfícies traduzem-se em receitas extraordinárias para estas últimas, as quais já fornecem gratuitamente alimentos (cujos prazos de validade se aproximam do termo) às IPSS, ao abrigo de isenções fiscais associadas.

Façamos, por fim, uma conta simples, para contestar de uma vez por todas o alarido sobre a fome em Portugal: admitamos que existem neste momento 330 mil beneficiários do RSI (em 2012, segundo números oficiais, eram 329.274), e que cada um toma três refeições por dia, fornecidas pelas mesmas empresas comerciais que hoje praticam preços na ordem dos €1,50 por refeição.

O custo para o contribuinte que subsidia o RSI com impostos saídos do seu bolso seria então este:

330.000 beneficiários do RSI x €1,50 x 3 refeições x 365 dias = €542.025.000,00

Se acrescermos a esta transferência, que deveria ser adjudicada exclusivamente a fornecedores profissionais certificados, o valor do RSI previsto no OE2013 (303.900.000€), teríamos uma despesa pública total com as 330 mil pessoas mais desfavorecidas do país na ordem dos €845.925.000, ou seja, menos de mil milhões de euros.

No entanto, os subsídios e outras transferências do estado previstos para as organizações sem fins lucrativos em 2013 custarão aos contribuintes €2.008.768.424,00. Dirão que não computei as verbas que vão para os lares de idosos e acamados. É verdade, mas lá iremos assim que a informação escondida vier ao de cima.

Só nas faturas da eletricidade pagámos em 2013, para além do custo da energia, em rendas excessivas à EDP, RTP, autarquias e regiões autónomas, três vezes mais —2.500 milhões de euros (1)— do que a verba necessária para acabar com a demagogia sobre a fome e o risco de pobreza em Portugal.


NOTAS
  1.  Como escreveu recentemente no Expresso Luís Mira Amaral:
“Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!”

sexta-feira, julho 23, 2010

O António Maria, série 2

Após 700 artigos publicados entre 2003 e 2010 decidi parar a publicação de textos que em geral me levavam várias horas de leituras prévias e outras tantas de escrita, e por vezes, ainda pesquisa de imagens.

Entretanto alguém sugeriu e eu ponderei a hipótese de o António Maria regressar, ainda que sob outro formato.

A verdade é que não deixei de publicar comentários, embora breves, agora no Facebook. Talvez seja, pois, o momento de regressar ao blogue e torná-lo uma plataforma de discussão de ideias e propostas de soluções. Mas desta vez, participada pelos "bloguistas" que não deixaram de se manter activos na blogosfera e comigo trocam diariamente informações e ideias. Com nomes próprios, pseudónimos ou heterónimos, convido-os a usarem esta plataforma para escreverem— responsavelmente. Enviarei de imediato convites aos novos, que espero sejam suficientes, colaboradores.

Os tempos são difíceis e as asneiras dos partidos, de bradar aos céus, além de aparentemente incuráveis.

O meu papel vai ser agora mais modesto, quer dizer menos dispendioso! Tenho outros projectos entre mãos, nomeadamente editoriais, e o António Maria enquanto blogue especialmente político precisará dos atentos, apaixonados e pacientes observadores do país que somos. Só assim daremos resposta ao desafio do bispo auxiliar de Lisboa que ontem fez um inesperado e corajoso desafio aos portugueses em geral, e em particular aos políticos, à gente rica e aos católicos deste país: ou partilham agora, solidariamente, 20% do que vos sobra, com os vossos irmãos em dificuldades, ou alguém partilhará por vós. A Política é hoje uma prioridade de cidadania, disse desassombradamente Carlos Azevedo.

Enquanto os novos ignaros e perfumados messias do PSD se estatelam contra a sua própria avidez e escandalosa ignorância, e o resto da Política fenece na mixórdia das suas pequenas e corrompidas ambições, o país caminha inexoravelmente para um longo ciclo de miséria, material e sobretudo moral. Ouço dizer que o país está já literalmente a saque dos que sabem onde e como roubar.

Cavaco Silva, lá para Setembro, perceberá que não tem condições para continuar. Foi tão responsável como os demais políticos da sua geração pela actual bancarrota de Portugal. A pseudo nacionalização do BPN foi um roubo de propriedade pública sem precedentes! E o jogo de sombras com o BPP, um financiamento público ilegal a uma sociedade de especulação financeira descarada. Escusa o actual presidente da república de se contorcer em risos forçados que lhe saem sempre mal. O seu lugar, como os dos demais responsáveis pela crise actual, é o caixote do lixo da História de Portugal.

Eu aposto há muito na implosão do actual sistema partidário. Está corrompido, é composto na sua maioria de gente sem neurónios e espiritualmente vazia, em suma precisa de levar uma grande volta. Pois então que se cindam ao meio PSD e PS. Que fiquem onde estão as micro-minorias oportunistas do nosso parlamento. E que no voto em branco da maioria de nós nasça a tempo uma rede de poderes dispersos na forma, mas coerente nos ideais. A democracia portuguesa ou é refundada ou morre noutra ditadura.

Queremos um Portugal transparente, solidário, exigente, trabalhador e com imaginação.

Por menos do que isto não chegaremos a parte alguma.

Por menos do que isto deitaremos o país a perder nos bolsos e nas alcovas sórdidas do populismo partidocrático dominante — isto é, dos responsáveis pela bancarrota de Portugal!


OAM 701 — Série II, 23 Julho 2010 15:48

domingo, março 22, 2009

Africa minha



Grupo de estudantes de música esperam pela chegada do Papa ao aeroporto de Luanda. Foto: João Silva para o New York Times (pormenor).

A mensagem africana do Papa alemão

NEW YORK, 11 March 2009 (UN Population Division/DESA) – World population is projected to reach 7 billion early in 2012, up from the current 6.8 billion, and surpass 9 billion people by 2050, reveals the 2008 Revision of the official United Nations population estimates and projections, released today.

(...) The urgency of realizing the projected reductions of fertility is brought into focus by considering that, if fertility were to remain constant at the levels estimated for 2005-2010, the population of the less developed regions would increase to 9.8 billion in 2050 instead of the 7.9 billion projected by assuming that fertility declines. That is, without further reductions of fertility, the world population could increase by nearly twice as much as currently expected. (PDF)

O Ocidente branco, dominante, cristão e burguês está a transformar-se num asilo de gente idosa, inactiva e angustiada, ancorado em tecnologias à beira do colapso energético (1), e dirigido por uma elite frívola, corrupta e mimada por décadas de bem-estar.

Uma das causas desta deriva suicida, ou talvez mesmo a principal causa desta impotência política dos governos ocidentais face ao fim anunciado daquele que foi o modelo de desenvolvimento dominante dos últimos 200 anos, é a incapacidade de proceder a uma auto-análise das limitações, sobretudo culturais. O modo como as boas consciências da Europa e dos Estados Unidos interpretam a corrupção, a fome ou o flagelo da SIDA em África é disso exemplo. A iliteracia cultural impede-as de ler as entrelinhas dos discursos do principal líder religioso do Ocidente. Bento XI disse até hoje, que me lembre, três coisas demasiado importantes para que as tomemos levianamente, como fazem os demagogos de esquerda e os oportunistas corruptos do centro e da direita:
  1. que a superioridade da religião cristã reside na fusão da sua matriz oriental com a racionalidade dialéctica inventada pelos gregos, e que portanto o Islão deveria compreender de uma vez para sempre as vantagens do diálogo platónico, sob pena de se auto-condenar a uma espécie de indigência civilizacional sem saída;
  2. que não haverá preservativos suficientes para impedir o crescimento explosivo da população africana, apesar dos efeitos redutores que o "sexo seguro" possa ter no controlo da epidemia da SIDA; por outro lado, se houver menos pobreza, menos corrupção e uma cultura sexual mais responsável, quer a demografia, quer as doenças sexualmente transmitidas poderão ser apropriadamente mitigadas;
  3. que as riquezas naturais de África não devem ser expropriadas, como são, para satisfazer o consumismo insaciável, a especulação capitalista, a corrupção, e os modelos energéticos condenados; a parte de leão dos lucros das indústrias extractivas e das agro-indústrias alimentares e energéticas que operam em África deve ser aplicada ao desenvolvimento justo de um continente que hoje tem a mais alta taxa de crescimento demográfico do planeta.
Claro que o Papa, como qualquer líder religioso ou político, fala por metáforas, mesmo quando diz coisas mediaticamente polémicas. No caso das grandes religiões, a linguagem obedece ao inevitável peso da tradição, mas também a uma sapiência acumulada ao longo de muitos séculos, de que não é fácil nem sequer aconselhável prescindir em nome de modas intelectuais passageiras. As religiões produzem uma prosódia própria, que não sendo menos fundamentada que a linguagem dos poderes políticos (o Vaticano conhece objectivamente África como ninguém), jamais deixa de imprimir no discurso mediático conjuntural a marca da crença, ou seja, o código genético cultural, o objectivo final e a estratégia que garantiram ao longo dos tempos a sua própria sobrevivência e oportunidade civilizacional.

Ora este papa tem a noção clara de que há uma missão a cumprir, da qual pode em boa parte depender a "salvação" do Ocidente. De certo modo, podemos estabelecer um paralelo entre o teólogo alemão que ocupa o topo da hierarquia da igreja católica e os papas que lidaram com o longo colapso do Império Romano e o avanço das tribos bárbaras, dos árabes e dos turcos sobre a Europa. Os países e os impérios fazem-se e desfazem-se à medida dos interesses territoriais, mas também de causas imperceptíveis, e seguindo uma espécie de fatalismo tectónico contra o qual é por vezes inútil lutar. João Paulo II partiu pedra na Europa durante várias décadas, com objectivo de levar a Europa a retomar o diálogo com a Rússia. Bento XVI parece sobretudo empenhado em fazer perceber aos europeus e americanos que a placa tectónica transatlântica está ameaçada e precisa de restabelecer-se, começando por religar as pontas de uma vasta tradição intercultural e linguística, em nome das bases negociais que hão-de, se houver juízo, determinar os novos equilíbrios geoestratégicos que se anunciam.

Há milénios que o Médio Oriente, zona de contacto e passagem entre a Europa, a África e o Extremo-Oriente, é o pomo da discórdia euroasiática. E há mais de um século que o é terrivelmente, sobretudo por causa das suas imensas jazidas de petróleo e gás natural.

O renascimento da China, que aprendeu muito com as Guerras do Ópio (1839-42; 1856-60), com as usurpações e ocupações japonesas (1894-95; 1937/45), e com o "socialismo num só país" de Mao Tze-tung (1949-76), leva hoje este gigante demográfico e económico até às portas do Irão. É também para lá que Obama caminha na esperança de sustar o avanço fulgurante da mole asiática sobre as declinantes sociedades ocidentais.

É provável que o Oriente e o Ocidente cheguem a um empate técnico depois do fracasso americano e europeu no Iraque e no Afeganistão. E assim como a Suíça foi durante muitos anos o cofre discreto das finanças mundiais, também agora o Médio Oriente, hegemonizado pelo Irão, poderá tornar-se —a contento de todos menos Israel, que deverá deixar de ser a manobra de diversão permanente da guerra pelo petróleo—, uma espécie de vila franca energética da humanidade. Resta apenas um grande e novo problema por resolver: África.

A Ásia é o maior dos sete continentes, o mais populoso e o que tem a mais alta densidade demográfica, ultrapassando mesmo largamente a da Europa (Ásia: 86,7 hab./Kmq; Europa: 69,7 hab./Kmq). África, por sua vez, tem uma densidade populacional de apenas 29,3 hab./Kmq, mas é o segundo maior continente do modelo a sete, quer em superfície, quer em população, e é aquele cuja demografia apresenta a mais elevada taxa de crescimento mundial. Em 2050 a Ásia terá mais 1 110 milhões de almas do que em 2009, i.e. um total de 5 231 milhões habitantes. Mas a África verá a sua população crescer em pelo menos 988 milhões de pessoas, i.e. para 1 998 milhões. A Europa, por sua vez, terá visto no mesmo período a sua população perder 41 milhões de pessoas!

Há aqui dois problemas óbvios: a China precisa de espaço e de recursos para a sua população, mas nem a Rússia parece disposta a ceder-lhe uma porção significativa do seu imenso território, nem a cidadania africana pode dar-se ao luxo de continuar a deixar fugir os seus recursos naturais, quando sabe que a população do seu continente quase duplicará até meados do século, equivalendo então tal acréscimo demográfico a quase cinco vezes a população actual do Brasil, e mais do que a população europeia e brasileira de hoje juntas!

O potencial de trabalho humano está onde estão as pessoas. No entanto, num modelo de desenvolvimento cujo objectivo é o crescimento contínuo assente em energias fósseis baratas, no uso de tecnologias mecânicas, eléctricas e electrónicas, e na dependência de recursos financeiros muito volumosos e de utilização intensiva, a balança estratégica dos países pende claramente para os principais detentores de recursos naturais, fundos soberanos e reservas de ouro.

Os países com vastos recursos naturais são geralmente também os mesmos que detêm ou vão constituir brevemente fundos soberanos importantes: Abu Dhabi, Noruega, Arábia Saudita, Kwait, Rússia, Canadá, Brasil... Outros, porém, detêm preciosas reservas monetárias em consequência sobretudo das suas exportações. É o caso da China, do Japão e da Coreia do Sul, entre outros. Finalmente, no que toca às reservas de ouro, detidas sobretudo pela União Europeia (12.737,6 ton.) e pelos Estados Unidos (8.133,5 ton.), a tendência é para a apreciação deste metal, que poderá voltar a ser uma referência para as moedas existentes, sobretudo se o dólar americano continuar a desvalorizar sem que em seu lugar apareça uma nova moeda ou cabaz estável de moedas de referência para o comércio internacional.

A China, o Japão e a Índia têm importantíssimas reservas financeiras e de trabalho barato(2) , mas não têm as matérias-primas de que necessitam para alimentar as suas altas taxas de crescimento. Os Estados Unidos têm níveis de consumo incompatíveis com os níveis astronómicos das suas dívidas. A União Europeia, apesar das medidas de mitigação da sua fragilidade energética, nomeadamente face à Rússia e ao Médio Oriente, depende dramaticamente de recursos naturais de que já não dispõe. A África, por fim, tem recursos naturais e financeiros potenciais que bastem, mas está desorganizada, sofrendo ainda os efeitos nefastos do secular colonialismo europeu, de que a corrupção das elites é tão só o caso mais visível.

Como se deduz das estatísticas demográficas, a África precisa, antes de qualquer prioridade moral ou cultural, de se organizar e de melhorar radicalmente os seus habitats e sistemas produtivos. Mas para aqui chegar terá que contar com uma urgente e gigantesca operação de recursos humanos direccionada para a formação e orientação local das pessoas, das comunidades e das profissões.

Chegados a este ponto, a minha pergunta é esta: como? Como reorganizar as sociedades africanas depois de tanto arbítrio e destruição?

A resposta que tenho é simples: promovendo o diálogo humano, o intercâmbio cultural e o uso intensivo das línguas comuns. E quais são os grandes idiomas unificadores e oficiais de África? Pois bem: o inglês, o francês, o português e o árabe. Não é nem o mandarim, nem o hindu, nem o russo, nem sequer o espanhol, e muito menos o alemão, o holandês, o sueco, o dinamarquês ou o italiano.

Com tanta capacidade cognitiva desperdiçada na Europa, seria de facto uma desgraça se não soubéssemos reorientar parte desse valor expectante para o continente africano, saldando dívidas passadas, mas também ajudando a desactivar a verdadeira bomba-relógio demográfica em que este continente se transformou.

Foi destas coisas que o Papa falou nos Camarões e em Angola. Será que perceberemos o alcance da mensagem, ou continuaremos aquém do que o alemão pontífice quis realmente dizer quando afirmou que os preservativos não são a solução de que África urgentemente precisa?



NOTAS
  1. As Warnings Grow Louder About Global Data Center Power Crisis, Look for Some Companies to Profit

    EnergyTechStocks.com
    Posted: For the Week of March 9-15, 2009

    Apparently they’re like warnings on cigarette packages – clearly visible and pretty much ignored, often until it’s too late.

    The latest warning about the data center power crisis that threatens to disrupt global business as early as 2011 comes from Siemens AG (Symbol SIE), which found in a new survey of major companies that less than half are working toward improving the energy efficiency of their data centers.

    “If we do not start looking closely at our data centers now, 70% of the world’s data centers will have tangible disruptions by 2011 and the systems will experience world-wide brownouts over the course of the next five years,” Siemens warned.


    Shell dumps wind, solar and hydro power in favour of biofuels


    Tuesday 17 March 2009 (Guardian) — Shell will no longer invest in renewable technologies such as wind, solar and hydro power because they are not economic, the Anglo-Dutch oil company said today. It plans to invest more in biofuels which environmental groups blame for driving up food prices and deforestation.

    Executives at its annual strategy presentation said Shell, already the world's largest buyer and blender of crop-based biofuels, would also invest an unspecified amount in developing a new generat­ion of biofuels which do not use food-based crops and are less harmful to the environment.

    The company said it would concentrate on developing other cleaner ways of using fossil fuels, such as carbon capture and sequestration (CCS) technology. It hoped to use CCS to reduce emissions from Shell's controversial and energy-intensive oil sands projects in northern Canada.

    The company said that many alternative technologies did not offer attractive investment opportunities. Linda Cook, Shell's executive director of gas and power, said: "If there aren't investment opportunities which compete with other projects we won't put money into it. We are businessmen and women. If there were renewables [which made money] we would put money into it."

  2. Enquanto a China e a Índia dispõem de trabalho humano abundante e barato, o Japão dispõe de elevadíssimos níveis de produtividade obtidos pela via da automação, do uso intensivo de robots, cada vez mais inteligentes, de processos de trabalho altamente racionalizados e, por fim, de formas sofisticadas de proteccionismo e desvalorização competitiva da sua moeda.


OAM 559 22-03-2009
21:06 (última actualização 23-03-2009 11:33)