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quarta-feira, dezembro 30, 2015

Banksterismo



E no entanto os buracos negros existem


Fase I - assalto aos contribuintes através de programas de resgate e recapitalização bancária (Bail-out)

Fase II - assalto aos clientes bancários através da chamada resolução bancária, de que faz parte a famigerada recapitalização interna (Bail-in).

Ao ler esta frase lembrei-me do almoço no Ritz entre os ‘nossos’ banqueiros e António Costa...

“Too big to fail” is based on an overtly criminal premise called systemic blackmail: “Give us everything we demand, or we’ll blow up the financial system.” It is extortion in perpetuity: financial slavery.
[...]

Embora as coisas sejam mais complexas do que este artigo quer fazer-nos crer, vale a pena lê-lo de fio a pavio. Por exemplo, a definição de bail-in é mesmo certeira:

The term “bail-in” describes a scenario in which a bank confiscates private property to indemnify itself for losses it has suffered. A bail-in is a totally lawless theft of assets, as there is no principle of law (of any kind) that could authorize such a seizure of private property. And in fact, there are many principles of law that demonstrate the lawlessness at work here. As with much of the financial crime jargon, “bail-in” is simply another gibberish euphemism like “quantitative easing” or “derivatives.”
The Catastrophic Threat of Bail-Ins - Jeff Nielson

ÚLTIMA HORA

ERC abre processo a notícia da TVI sobre o Banif Jornal de Negócios, 30 Dezembro 2015, 14:15 
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) recebeu "três participações" relativas a uma notícia da TVI sobre o banco Banif e abriu um processo sobre o assunto, disse hoje fonte oficial à Lusa. 
Questionada pela agência noticiosa, a mesma fonte da ERC disse que "recebeu, até ao momento, três participações relativas à transmissão de uma notícia sobre banco Banif nos serviços de programas TVI e TVI24". 
Nesse sentido, a entidade presidida por Carlos Magno "já procedeu à abertura do processo correspondente, encontrando-se em curso as habituais diligências levadas a cabo pelos serviços" do regulador, concluiu.

A notícia da TVI, salvo melhor opinião, não foi uma notícia mas uma operação cuidadosamente preparada para provocar a corrida aos depósitos do Banif. Cerca de 900 milhões de euros voaram em menos de uma semana! Esta era, como se sabe, a condição suficiente para o Banco de Portugal desencadear a resolução do banco... antes de 1 de janeiros de 2016. Os lesados que se mexam! Resta saber porque motivo foi a TVI e não outro órgão de comunicação social a colocar esta bomba no sistema financeiro, e no Orçamento de Estado, com gravíssimos prejuízos para os contribuintes. Será que havia uma espécie de necessidade absoluta de garantir o sucesso da operação, i.e. a resolução do Banif, que não poderia em caso algum ser atrasada por perguntas inconvenientes ao meta-mensageiro? No time for questions...
Esta é apenas uma hipótese analítica. Cumpre ao Governo, ao Parlamento, aos reguladores e às polícias investigar. Cumprirá eventualmente aos tribunais julgar.

Grandes bancos escapam a perdas directas com dívida do Novo Banco que passa para o BES — Jornal de Negócios, 30 Dezembro 2015, 17:29 
A perda imposta a investidores institucionais com a retirada de dívida do Novo Banco para o BES "mau" não afecta, directamente, os grandes bancos portugueses. Segundo confirmou o Negócios, os grandes bancos não detêm as obrigações visadas pela decisão do Banco de Portugal. 
Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português, Banco BPI, Santander Totta (que agora é o dono do Banif) e ainda a Caixa Económica Montepio Geral negam ter qualquer exposição às cinco emissões que, de forma a favorecer os rácios de solidez do Novo Banco, deixaram esta instituição e foram reencaminhadas para o BES "mau".

Vá lá a soltar essas línguas depressa e sem linguagem cifrada!

Cavaco Silva dá luz verde a todas as medidas urgentes, incluindo o Banif — Jornal de 30 Dezembro 2015, 16:14 
O Presidente da República promulgou o Orçamento Rectificativo mais os quatro diplomas que prolongam as medidas de austeridade em 2016. Com esta luz verde, Cavaco Silva sinaliza não ter dúvidas de constitucionalidade sobre os diplomas aprovados pela Assembleia da República, e deixa tudo pronto para a sua entrada em vigor dentro dos prazos. 
Em causa está, desde logo, o Orçamento Rectificativo de 2015, aprovado na semana passada com os votos do PS e a abstenção do PSD, e que veio acomodar uma injecção de 2,255 mil milhões de euros no Banif, assegurados directamente pelos cofres públicos.

Na Feira da Ladra...

Cavaco (Costa?) e banqueiros dizem: vocês (BE e PCP) aprovam umas medidas populistas que valem amendoins no Orçamento de Estado, estamos de acordo, e Nós depositamos um fardo de mais TRÊS MIL MILHÕES no mesmo Orçamento, para salvar o sistema financeiro do país. Capiche? Parece que sim.

BE acusa governo português de se subordinar às "urgências europeias" no Novo Banco Económico, 30 dezembro 2015, 15:44 Lusa 
O Bloco de Esquerda acusou hoje o governo português de se subordinar às “urgências europeias” quanto às opções para o Novo Banco, e considerou “chocante” que o governador do Banco de Portugal “mantenha influência” neste caso.
Em nota enviada à comunicação social, o Bloco de Esquerda destacou um comunicado de 21 de dezembro da Comissão Europeia a "enaltecer o governo português por uma intenção nunca anunciada em Portugal: o relançamento, já em janeiro, da venda do Novo Banco".
No mesmo sentido, sublinhou o BE, o Banco de Portugal "situa expressamente o anúncio das medidas de recapitalização do Novo Banco no relançamento do processo de venda".
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda considerou que a atuação das instituições europeias sobre o sistema bancário português “determina uma agenda perigosa para os interesses do país e dos contribuintes”. 
Depois do Banif, “agora as pressões da Comissão Europeia e do BCE, através do Banco de Portugal, estão a resultar em decisões tomadas como se fossem opções únicas ou factos consumados”, referiu o BE.

Estou farto de repetir, mas repito mais uma vez: a razão pela qual o Bloco e o PCP podem ir à vontade para o governo é que o Governo de Portugal já não manda em nada do que é essencial.

Atualizado: 30/12/2015, 20:17 WET

quinta-feira, abril 02, 2015

Islândia a caminho de revolução financeira

In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money Photo: Getty Images

E se os bancos comerciais fossem proibidos de criar dinheiro?


Os casos negros do BPP, BPN e BES, e as zonas quase negras do BCP, Montepio e Caixa Geral de Depósitos, avisam-nos que a confiança nos bancos morreu, e que é preciso mudar o sistema financeiro num ponto essencial: proibir os bancos comerciais de criarem dinheiro, nomeadamente sob a forma de crédito e sob a forma de securitização de créditos e confeção de produtos financeiros complexos cujo único resultado, no final das corridas especulativas, são bolhas que rebentam, deixando pelo caminho estados insolventes, empresas na ruína, famílias no desespero e convulsões sociais na rua.

Mas então quem estaria autorizado a criar dinheiro, metálico, eletrónico, criptológico e sob a forma de crédito? Apenas os bancos centrais. No caso da UE, apenas o BCE. Os bancos comerciais e de investimento passariam a poder emprestar apenas o dinheiro criado pelos bancos centrais, e estariam proibidos de criar crédito que não resultasse diretamente das suas efetivas reservas monetárias. Por exemplo, a pirataria financeira dos LBO (Leverage Buyout), a que alguns ex-banqueiros indígenas se dedicam no nosso país, acabariam de um dia para o outro. Capiche?

Não tenhamos ilusões: o dinheiro não pode estar nas mãos de banksters!

Iceland looks at ending boom and bust with radical money plan

Icelandic government suggests removing the power of commercial banks to create money and handing it to the central bank

By AFP/ Telegraph 8:18PM BST 31 Mar 2015

[...] In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money, which occurs as soon as a commercial bank offers a line of credit.

The central bank can only try to influence the money supply with its monetary policy tools.

Under the so-called Sovereign Money proposal, the country's central bank would become the only creator of money.

Monetary Reform
A Better Monetary System For Iceland

A Report By Frosti Sigurjonsson
Commissioned by the Prime Minister of Iceland
—in documentcloud


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quarta-feira, setembro 03, 2014

Fundos especulativos regressam ao mercado imobiliário espanhol (e português)

Monumento em Lisboa em homenagem aos Judeus mortos no massacre de 1506

O regresso de herdeiros dos sefarditas expulsos de Portugal e Espanha coincide curiosamente com fortes apostas em ambos os países de bancos e fundos de investimento de origem judia.


A oferta de nacionalidade aos sefarditas satura os consulados espanhóis em Israel El País, 10/2/2014.

Aprovada nacionalidade portuguesa para descendentes de judeus sefarditasi online, 12/4/2013.

A especulação financeira desembarcou de novo em Espanha e Portugal. Objetivo: comprar a baixo custo o mercado imobiliário urbano destroçado de ambos os países. Milhares, ou dezenas de milhar, de prédios e empréstmos imobiliários atulhados nos balanços dos bancos, caixas e associações mutualistas de ambos os países, estão disponíveis a preços de saldo, mas apenas para quem tenha ainda bolsos fundos e recheados — o que não é o caso dos setores financeiros de Espanha e Portugal.

A ideia é simples: transformar as próximas gerações de proprietários (1) de casa própria -espanholas e portuguesas- em gerações de inquilinos, ou seja, em rendas perpétuas... Capiche?!

O momento escolhido foi precisamente aquele em que os investidores indígenas e sobretudo os bancos, municípios e particulares se encontram totalmente exangues e incapazes de reagir à perda de rendimentos, acrescida de uma imparável pressão fiscal.
Your Wall Street Slumlord Arrives in Europe – Goldman [Sachs]and Other Financial Firms Launch “Buy to Rent” in Spain
Liberty Blitzkrieg | Michael Krieger | Posted Friday Aug 29, 2014 at 3:21 pm

Now that the financial oligarchs have had their way with the U.S. property market, to the point that average citizens can’t even afford to own a home (Zillow recently showed that 1 in 3 homes are unaffordable), it appears they have turned their sights overseas. What better market for bailed-out bankers to feast on than Spain, with its 50%+ youth unemployment rate and a continued depressed real estate market.

[...]

In January, the New York–based private-equity firm Apollo Global Management LLC [CEO: Leon Black] bought the real estate unit of Banco Santander SA, Spain’s biggest bank by assets, for 664 million euros. In March, the Madrid-based REIT Hispania Activos Inmobiliarios SA raised 500 million euros from investors, including George Soros’s Quantum Strategic Partners LP and John Paulson’s Paulson & Co. In June, Texas-based private-equity firm Lone Star Funds [CEO: John Grayken] and JPMorgan Chase & Co. bought a 4.4 billion euro portfolio of Spanish and Portuguese commercial property loans from Commerzbank AG of Frankfurt.

[...]

Auten says a lot of investors are looking at Spain, a country of 46 million, as if it’s a carbon copy of the U.S. market, where investors such as Blackstone [CEO: Stephen A. Schwarzman] and Waypoint have scooped up hundreds of millions of dollars’ worth of homes and rented them out.
Pergunto-me se terá havido alguma pressão dos lóbis judaicos sobre os governos de Portugal e Espanha. Ou se é apenas uma coincidência, logo numa altura em que Israel dá provas indesmentíveis de ter sido capturada e manipulada por uma elite brutal, cuja ações ilegais e criminosas ameaçam reacender o anti-semitismo por toda a Europa, e até no Brasil. Não nos esqueçamos nunca que a religião é apenas o manto que recobre disputas territoriais mais profundas.

Talvez um dia, quem sabe, a velha Ibéria que massacrou e expulsou tantos judeus, volte a ser o seu lar protetor. Para já, parece que ambos os governos precisam da sua proverbial riqueza e habilidade financeira. Mas transformar os donos das casas portuguesas em inquilinos empobrecidos de fundos abutres, parte deles de origem judia, não será seguramente a melhor ideia!

NOTAS
  1. Convém realçar, a este propósito, que Portugal é um país de proprietários urbanos e rústicos, ao contrário, por exemplo, da Alemanha e, em geral, dos países europeus devastados pelas Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Este facto, que a nossa indigente esquerda nunca entendeu, é uma informação a ter em conta nesta ofensiva sobre a Península Ibérica dos abutres financeiros oriundos dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.

    Escrevíamos em 16/4/2014:

    Em Portugal há, sensivelmente:

    10,6 milhões de portugueses
    11,7 milhões de prédios rústicos
    305 mil explorações agrícolas (36.681,45 Km2; 40% da superfície agrícola útil)
    7,9 milhões de prédios urbanos
    4,4 milhões de alojamentos (num total de mais de 5,8 milhões) ocupados pelos seus proprietários.
Atualização: 3/9/2014, 08:51 WET

sexta-feira, junho 27, 2014

BES convoca Conselho de Estado


Sistema partidário sem banca: o fim de um regime e o começo de outro


Tudo começou a rolar muito depressa no dia 22 de maio último, quando a Reuters divulgou que o Luxemburgo começara a investigar irregularidades graves do Grupo Espírito Santo (GES) numa das suas empresas no Luxemburgo, detetadas numa auditoria da KPMG realizada a pedido do Banco de Portugal e divulgada no dia 20 de maio passado.

Em causa estão irregularidades nas contas da Espírito Santo International, que foram detetadas numa auditoria realizada pela KPMG a pedido do Banco de Portugal, informação que foi divulgada na noite de terça-feira no prospeto de aumento de capital do Banco Espírito Santo. A ES International é uma holding de topo na estrutura do império Espírito Santo, que concentra as participações na área financeira (o BES) e na área não financeira (a Rio Forte) — Expresso, 22.05.2014
(Reuters, 27-06-2014) - Luxembourg justice authorities have launched an investigation into three holding companies of Portugal's Espirito Santo banking family, the biggest shareholder in Portugal's largest listed bank which bears their name, a spokesman for the authorities said on Friday.

The three companies - Espirito Santo International SA, Espirito Santo Control SA and Espirito Santo Financial Group SA - are all holding companies in a complicated, cascading ownership structure by the family.

Banco Espirito Santo (BES) warned last month of "material irregularities" at one of the companies, Espirito Santo International.

The spokesman for Luxembourg's justice authorities said the investigation was launched on May 22 over alleged breaches of company law. He declined to give any further details about the investigation.
Recorde-se, porém, que já em 29 de março deste ano o Expresso revelava que a auditoria do Banco de Portugal à ESI detetara insuficiências financeiras na ordem dos 2,5 mil milhões de euros.
Possível extinção da Bespar torna BES "opável"Expresso, 8:43 Sábado, 29 de março de 2014

A auditoria à ESI, com sede em Luxemburgo, revela que esta tem insuficiências financeiras que podem ascender a 2,5 mil milhões de euros. O relatório final da auditoria do Banco de Portugal encomendada à  KPMG será entregue a 1 de abril, apurou o Expresso. As conclusões desta poderão trazer novas exigências ao grupo.

A situação é hoje clara: o grupo financeiro Espírito Santo está numa clara situação de insolvência, e começou a ruir às claras diante de todo o mundo no dia em que Ricardo Salgado tentou sucessivamente e sem sucesso um financiamento de urgência, no valor de 2.500 milhões de euros, junto dos governos português e angolano.

A abébia que o Banco de Portugal lhe dera há cerca de um mês, autorizando um empréstimo do BES, no valor de 100 milhões de euros, ao insolvente Rio Forte, uma das holdings do GES, foi apenas uma tentativa desesperada de impedir que o dique GES desabasse em plena operação de aumento de capital do BES.

O dique, entretanto, cedeu depois de Maria Luís Albuquerque, Pedro Passos Coelho e José Eduardo dos Santos terem recusado atirar dinheiro para um buraco negro que, soube-se hoje por uma nota do BPI citada pela Reuters (ler notícia no Dinheiro Vivo), andará pelos 7.300 milhões de euros.

“...de acordo com fontes da imprensa, a ESI tem entre 2.000 e 2.500 milhões de euros de ‘book value’ negativo e a dívida total do GES está nos 7.300 milhões de euros”.

Para agravar este colapso irremediável soube-se ainda que a PT decidiu, sem consultar 90% dos seus acionistas, ajudar um dos seus sócios comprando 900 milhões de euros de papel comercial ao insolvente Rio Forte. Resultado: as ações do BES fecharam hoje a cair 11,43%, as do ESFG cairam 18,51%, as da Portugal Telecom, 5,64%, e o PSI20 1,65%.

Entretanto Cavaco Silva convocou ontem o Conselho de Estado para o dia 3 de julho. Até lá iremos assistir a uma verdadeira derrocada bolsista da Senhora Dona Branca Espírito Santo e Comercial de Lisboa


Apesar dos motivos oficialmente invocados, parece evidente que quem convocou de facto o Conselho de Estado foi o GES, ou melhor, a implosão acelerada do banqueiro do regime. Ninguém sabe que parte do BES poderá vir a ser engolida pela implosão do grupo. Ninguém sabe, aliás, muitas coisa, nomeadamente sobre os fundos de capitalização do grupo, sobre submarinos, herdades, aeroportos, campanhas eleitorais, e muito mais. Mas sabe-se, isso sim, que o sistema partidário indígena está neste momento em estado de choque, a começar pelo CDS, que tentou in extremis levar Pedro Passos Coelho a usar dinheiro da Troika, via CGD e BCP, para acudir à família Espírito Santo sem lhe exigir, como vem estabelecido nas regras da Troika, a abertura do baú das contas.

Como escrevemos a 20 de junho, o colapso do BES pode arrastar o regime para uma crise sem precedentes!

A promiscuidade entre alguns banqueiros indígenas e a partidocracia que capturou o regime foi a base de uma estabilidade democrática ilusória, sustentada por uma desastrosa alocação de recursos financeiros importados, pelo consequente processo de endividamento que nos levou até à pré-bancarrota, e pela corrupção pandémica do regime e do país.

No entanto, depois da implosão do BPN e do BPP, da redução a cêntimos do BCP e Banif, e do grande estouro em curso do BES-GES, a base oculta, mas até agora decisiva, do nosso sistema partidário e do nosso regime pseudo-constitucinal ruíu.

Os principais responsáveis políticos e financeiros da tragédia que se abateu sobre o país tentam ainda e desesperadamente agarrar-se aos destroços do navio Portugal, em nome dos vícios que não conseguem abandonar. Mas o mais provável é que tenham um dia destes que responder em tribunal pelo mal que fizeram.

Neste sentido, Pedro Passos Coelho e António José Seguro—e esperemos que António Guterres, ou até Rui Rio— são a porta estreita que se entreabre entre um passado que não consegue e sobretudo não pode voltar, e um futuro incerto, mas de rigor e esperança que falta e é urgente construir.

Quem nos trouxe até a este buraco merece a mão pesada da Justiça. Se a indígena por corrupta, se não servir, que venham os tribunais europeus recolocar este país nos carris!


PS: vale a pena ouvir o que disse José Gomes Ferreira na SIC sobre a crise no BES.

E ainda o que disse Ana Gomes sobre o BES-GES (Youtube):
Ana Gomes desanca o BES Caso BPN foi um sucesso, BES queria repetir a façanha.

No Conselho Superior da Antena 1 desta manhã, Ana Gomes diz compreender "o esforço de tantos comentadores, sabichões e economistas em tentar isolar e salvar do lamaçal o BES, o maior e um dos mais antigos bancos portugueses, que emprega muita gente e ninguém quer ver falido e nacionalizado, mas a verdade é que o GES está para o BES como a SLN para o BPN".
Segundo a eurodeputada socialista, o "banco foi e é instrumento da atividade criminosa do grupo". "Se o BES é demasiado grande para falir, ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso", sublinha.

"Nem os empregados do BES, nem as Donas Inércias, nem os Cristianos Ronaldos se safam se o Banco de Portugal, a CMVM, a PGR e o Governo continuarem a meter a cabeça na areia, não agindo contra o banqueiro Ricardo Salgado e seus acólitos, continuando a garantir impunidade à grande criminalidade financeira, e não só, à solta no Grupo Espírito Santo", alerta.

Ouvida pelo jornalista Luís Soares, Ana Gomes recorda como começaram a ser investigadas as contas do grupo e afirma que o líder do BES, Ricardo Salgado, dizia não querer financiamento do resgate "para não ter que abrir as contas do grupo à supervisão do Estado, esse Estado na mão de governantes tão atreitos a recorrer ao GES/BES para contratos ruinosos contra o próprio Estado".

Para além de acusar Ricardo Salgado de tentar "paralisar as tentativas de investigação judicial" em vários casos -- como o dos submarinos, Furacão ou Monte Branco --, Ana Gomes argumenta que a mudança das regras da supervisão bancária a nível europeu "obrigou o Banco de Portugal a analisar as contas do GES/BES a contragosto e com muito jeitinho".

A eurodeputada socialista critica a escolha da consultora PMG -- "uma empresa farta de ser condenada e multada nos Estados Unidos, no Reino Unido e noutros países por violação dos deveres de auditoria e outros crimes financeiros" e que "foi contratada pelo BES desde 2004, pelo menos, para lhe fazer auditoria" --, só que "a borrasca era tão grossa que nem a PMG se podia dar ao luxo de a encobrir".

Finalmente, mais estas três peças vídeo sobre o ainda maior banco privado português:
Octávio Teixeira analisa a situação no BES e a execução orçamental — SIC-N, 25/6/2014.
Editor de Economia da TVI explica importância do BES no sistema bancário português exibindo alguns gráficos sugestivos — Público/TVI, 20-06-2014

O fim da era Ricardo Salgado, cujo grupo deveu o seu rápido crescimento pós reprivatização à canalização de uma parte substancial dos fundos comunitários para as suas áreas de negócio, cortesia dos políticos que sempre soube trazer no bolso — Diário Económico, 20-06-2014

Última atualização: 29 jun 2014, 15:44

quarta-feira, novembro 27, 2013

Banco de Portugal?

Público, Foto: Nelson Garrido

A banca é a melhor aliada da dívida pública!

Banco de Portugal afirma que a carga fiscal conjugada com cortes nos salários e pensões vai afetar rendimento disponível em 2014. E avisa que a consolidação orçamental não é amiga do crescimento do emprego e constitui uma ameaça à própria estabilidade financeira do sistema bancário. Diário de Notícias, 27/11/2013.

O Banco de Portugal foi um banco privado até 1974. E depois desta data, apesar de ter sido nacionalizado pelo PREC, e de ser um banco central público, ao contrário, por exemplo, da Reserva Federal americana, que continua a ser um cartel privado de banqueiros, o BdP é, na realidade, uma entidade que vela, em primeiro lugar, pelos interesses do cartel bancário nacional. É tendo bem presente esta ideia que devemos ler o aviso de Carlos Costa (ex-BCP, ex-CGD, ex-BEI) sobre o recessivo Orçamento de Estado ontem aprovado no parlamento.

Em vez de exercer uma ação punitiva clara e determinada junto da banca privada que desgraçou o país ao proteger e alimentar-se da corrupção que galopou desde meados da década de 1990, financiando, com endividamento público e externo, de forma especulativa, investimentos sem retorno e uma partidocracia voraz, ignara e irresponsável, o Banco de Portugal vem dizer agora que quer continuar a ter uma Administração Pública sobre-endividada. Porquê? Eu digo: porque é a principal mama financeira da banca comercial que temos. Ou seja, uma vez que a banca comercial não coloca um cêntimo na economia, apesar da propaganda vigarista que vemos por aí, a sua principal fonte de estabilidade indolente é o endividamento público!

O mecanismo é basicamente este: o Estado emite dívida pública, os bancos indígenas compram essa dívida com dinheiro emprestado pelo BCE, que fica com os títulos como garantia. Os bancos indígenas cobram ao Estado português juros muito superiores aos juros que pagam ao BCE, e este, por sua vez, cobrando um juro mínimo à cabeça, contorna os tratados da União e aumenta assim a massa monetária no SME. Ao que parece, esta é a única maneira que Mario Draghi conhece para forçar os países a pagar as suas dívidas, nomeadamente, aos grandes especuladores globais: JP Morgan, Goldman Sachs, Bank of America, Citi, HSBC, Deutsche Bank, Barcleys, etc.

Por sua vez, o dinheiro da Troika chamada a intervir nos países à beira da bancarrota, cobra juros bem mais elevados do que os juros que o BCE cobra aos bancos comerciais, e serve, no essencial, para obrigar os estados a devolverem aos investidores que apostaram de forma aventureira ou especulativa no endividamento público de vários países, os seus capitais e os juros na sua totalidade, retirando, assim, todo o risco às operações realizadas, como se o risco não fosse a essência do jogo capitalista e da especulação financeira!

Pior: os bancos comerciais portugueses, como não emprestam um cêntimo à economia real (continuam, no entanto, a ‘viabilizar’ operações financeiras puramente especulativas, como se viu ontem na aquisição parcial da Soares da Costa e da Controlinveste Media pelo senhor Mosquito), colocam o excesso de reservas (1) no próprio BCE, cobrando um juro exíguo mas seguro, em vez de arriscar o tal cêntimo que não investem na economia real.

Como se diz na gíria do economês, os mecanismos de transmissão do sistema financeiro para a economia deixaram de funcionar. O aumento da massa monetária nos EUA, como na Europa e no Japão, é um circuito fechado que retira rendimento aos salários, pensões e subsídios, que bloqueia financeiramente a economia, destrói centenas de milhar de empresas em todo o mundo, provoca centenas de milhões de desempregos, e que tem por único fim forçar os contribuintes a pagar o que devem e o que não devem, em nome da estabilidade dos bancos e dos governos que estes controlam.

Este embuste está, porém, a destruir as sociedades e ameaça perigosamente a estabilidade dos regimes democráticos americanos e europeus. É por isso que, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, se buscam soluções de compromisso que, nomeadamente, garantam o financiamento da economia real. O banco central americano anunciou recentemente a sua intenção de fazer duas coisas: deixar de pagar juros pelos excessos de reservas bancárias depositadas no Fed, assim como diminuir a quantidade de dinheiro colocado à disposição dos mercados finaneiros para comprarem e especularem com a dívida americana. A ideia destas medidas é estimular, finalmente, a transmissão de liquidez à economia. Na Europa, o BCE espera pela Grande Coligação alemã para saber o que vai fazer. E em Portugal, há tempos, falou-se muito da criação de um Banco de Fomento, destinado a financiar a economia real, em vez de continuarmos a criar apenas mais dívida em nome do monstro estatal e das clientelas que dele vivem. Os bancos privados opuseram-se, claro, pois tal ameaçaria o seu bem estar indolente. E o senhor Costa do BdP, que eu saiba, assobiou para o ar.

Em vez de atacar o problema da asfixia económica do país agarrando o touro pelos cornos, o governo cobarde de Passos Coelho preferiu a falácia de colocar o quadro comunitário de apoio de 2014-2020 ao serviço da economia, chamando o seu controlo ao Terreiro do Paço, na pessoa dum jovem maduro que começa a cair de podre e fala cada vez mais como os disléxicos procuradores da república que temos. Na realidade, não vejo como é que a Comissão Europeia irá autorizar um governo nos bolsos da banca e das tríades indígenas a desviar verbas, com destinos previamente desenhados, para pequenas e médias empresas que normalmente fazem parte dos grandes grupos de sempre e são escolhidas a dedo.

A menos que a posse da Grande Coligação da Alemanha ilumine Mario Draghi, e algo parecido com um Banco de Reconstrução Europeia surja no horizonte para financiar de modo meticuloso (diria mesmo, marcial) a economia europeia, a situação tenderá a piorar. No caso português, a coisa poderá agravar-se ao ponto de ficarmos sem outra solução que não seja um Quantitative Easing à chinesa, isto é, a introdução no país, por um longo período, de medidas expressas e apertadas de controlo de capitais, as quais forçarão imediatamente os bancos a deixarem de brincar ao Monopólio, começando, por fim, a emprestar dinheiro à economia real — isto é, à economia produtiva, de bens materiais e serviços com valor acrescentado.


NOTAS

  1. Os depósitos bancários e os empréstimos do BCE são ambos dinheiro emprestado ao banco, o qual vence, de uma forma ou doutra, juros. Logo o banco não pode ter estas reservas paradas. Tem que as por a circular, isto é a render, ou seja, tem que aplicar o dinheiro que recebe, sob pena de o banco negar o próprio negócio e começar a ter prejuízos. Aliás, é emprestando um certo número de euros por cada euro que é depositado, que os bancos criam literalmente dinheiro do nada, na expectativa de que os investimentos tragam retornos que farão do nada criado dinheiro a sério! Se este mecanismo se rompe, como se rompeu desde 2008, e não mais retomou a normalidade, os bancos ficam à mercê dos bancos centrais, vivendo numa espécie de indigência para ricos. Claro que alguns deles acabarão mesmo na falência, e até na miséria. Em Portugal, pelo menos um destes banqueiros já sucumbiu à pressão dos acontecimentos. É por esta razão que o pseudo Banco de Portugal fez hoje este alerta ao Tribunal Constitucional sobre as pensões e sobre os cortes salariais nos dependentes diretos do Orçamento de Estado. Os bancos comerciais e os especuladores vivem hoje, essencialmente, da explosão especulativa das dívidas soberanas. E o PCP não vê isto? Ou será que, como Lenine um dia defendeu, aposta na hiperinflação monetária?

sábado, julho 14, 2012

Banksters e ogres

Le Petit Poucet (o pequeno polegar), Gustave Doré (1832-1883) illustração. in Wikipedia.

Há uma lógica intrinsecamente assassina na luxúria financeira

Con menos de la mitad de la fortuna de los ricos se pagan las deudas de la Eurozona

“Economistas alemanes abogan por que los mas adinerados contribuyan a resolver la crisis de la zona del euro obligándoles a comprar deuda pública, o, como alternativa, estableciendo un impuesto temporal que grave las grandes fortunas.”

“Con menos de la mitad de la fortuna de los ricos, concretamente, con el 40% de su patrimonio, se podría pagar la totalidad de la deuda que acumulan los estados que comparten el euro.”

“La discusión en Alemania tiene su origen en las propuestas presentadas por el prestigioso Instituto Alemán de Estudios Económicos (DIW) de Berlín para que los mas adinerados contribuyan a resolver la crisis de la zona del euro, entre ellas la de la compra forzosa de deuda pública.”

in Público.es

Se 99% da população europeia está a ser progressivamente expropriada de mais de 30% da sua poupança, sob a forma de confisco fiscal, desemprego em massa, inflação dissimulada e desvalorização de ativos, não percebo porque é que este sacrifício não pode ser melhor redistribuído, abrangendo também os 1% de ricos e muito ricos desta envelhecida e decadente Europa.

Mas percebo isto: sem uma enorme pressão popular e em particular das classes médias profissionais, o confisco fiscal e o desemprego em massa prosseguirão, pois os poderes políticos-partidários, legitimados pela preguiça e por uma inacreditável ingenuidade democrática dos povos, foram na sua grande maioria capturados pela armadilha do endividamento, e as criaturas que os exercem são quase sempre mordomos e motoristas atentos e obrigados da grande cleptocracia financeira gerada pela dita "globalização".

Os banksters, que são a versão financeira pós-moderna dos míticos ogres retratados magistralmente por Gustave Doré, não deixarão a sua posição dominante se não à força de novas leis, várias condenações em tribunal, e até alguns encontrões na praça pública.

Por sua vez, as criaturas que simultaneamente exercem o poder e estão na folha de pagamentos da cleptocracia pós-moderna também não desistirão das suas posições privilegiadas enquanto não forem expostos e corridos de onde estão pela fúria democrática que, felizmente, cresce dia a dia.

Se a concentração financeira e a substituição tecnológica do trabalho vieram para ficar, então teremos que rever de alto a baixo o Contrato Social. Colocar o mundo inteiro no desemprego, obrigando-o a pagar as dívidas impostas pelas malhas da especulação montada pelos ogres da globalização é o mesmo que regressar à escravatura e ao arbítrio ilimitado e Kafkiano do poder. A pouco e pouco vamos todos percebendo que é urgente reagir e parar a luxúria insaciável e assassina dos novos ogres.

99% da população europeia corre sérios riscos de cair numa servidão pior do que a servidão da gleba, pois agora já nem um pedaço de terra temos para cultivar as couves, o feijão, o milho e as batatas!

O Capitalismo, como sempre, entrou num período sujo e sangrento de destruição dos excessos de capacidade produtiva e de produção, acrescido agora de um extraordinário excesso de endividamento geral em consequência do acumular de bolhas especulativas engendradas e impostas pelos banksters de Wall Street e da City — Goldman Sachs, JP Morgan, Morgan Stanley, Bank of America, Citibank, HSBC, e alguns mais. Só que desta vez exagerou, e o tiro acabará por sair-lhe pela culatra.

O Capitalismo pensava que tinha dominado finalmente os efeitos indesejáveis da Revolução Francesa. Mas engana-se. As novas guilhotinas populares poderão surgir de um momento para o outro, em qualquer lugar, e alastrar como fogo na pradaria num dia de vento! Até agora, alguns piratas financeiros já foram de cana, nomeadamente nos Estados Unidos. Não tardaremos a saber de fuzilamentos na China a este mesmo propósito. E na Europa, a procissão popular contra o esbulho só agora começou. Temos, pelo menos, mais uma ou duas décadas de fúria cumulativa pela frente.

Seria, no entanto, conveniente fazer desta fúria um momento construtivo e de inovação civilizacional, em vez de repetirmos os erros e as litanias igualmente assassinas dos epígonos miseráveis do marxismo. Se formos por aqui, persistindo na fé que muitos temos mantido na dita Esquerda, esperam-nos apenas tempos de destruição em massa :(

Se, pelo contrário, aproveitarmos o potencial das novas redes tecnológicas e sociais,  e a cultura cosmopolita e conhecimentos técnicos acumulados ao longo dos últimos cinquenta anos, veremos que o potencial de acomodação da presente crise sistémica do Capitalismo, e sobretudo da sua superação para um patamar civilizacional mais equilibrado e sustentável, sem perder, nem a liberdade, nem a democracia, abre cenários de criatividade social a uma escala nunca vista, nem experimentada.

A globalização dos ogres pós-modernos tem que ser substituída por uma globalização verdadeiramente humana e panteísta.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Stop the banksters!

A capacidade do BCE é limitada, e a da Alemanha também

Esta alegoria, realizada a partir de uma pintura de Lucian Freud, não poderia sintetizar melhor o momento actual da Eurolândia.

A taxa Tobin, isto é, uma taxa sobre as transacções em bolsa, não chega — pois boa parte do buraco negro que vem sugando para o Nada as economias mundiais tem origem em transacções clandestinas, por baixo da mesa, Over The Counter (OTC), e por esta razão a Europa terá que começar por proibir os próprios Derivados Financeiros OTC, os Credit Default Swaps (CDS), as Credit Default Obligations (CDO), o Naked Short Selling e ainda o High-Frequency Trading, antes de qualquer imposição fiscal ingénua, se quiser mesmo vencer a guerra desencadeada pelo par dólar-libra contra o euro e o resto do mundo.

Só depois de forçar decisões como estas a União Europeia poderá reconstruir o seu sistema financeiro e a sua economia. Se, pelo contrário, continuar no caminho da cumplicidade que tem entretido com a cleptocracia mundial, e persistir na cobardia política, a desintegração europeia acabará por ser a realidade insistentemente anunciada. Se tal vier a ocorrer, os criminosos de Wall Street exultarão então como nunca do meio da sua descarada e insaciável orgia.

Polite looting vs. street looting



O Max Keiser Report que publicamos com este post, além de colocar questões decisivas sobre a crise suburbana que assolou Londres, publica ainda uma importante entrevista com William K. Black, advogado e antigo regulador financeiro americano que, na década de 1980, foi responsável por ter levado à barra dos tribunais mais de mil banksters. Espero que a actual ministra da justiça, Paula Teixeira da Cruz, veja esta entrevista e depois conclua correctamente o que terá fazer depois de se ver livre do cadáver esquisito e adiado que faz de Procurador Geral da República.

segunda-feira, julho 11, 2011

Stop the Banksters!

Sem trela os banqueiros são um perigo!



Anunciámos, quando todos palravam sobre a solidez da nossa banca, que a dita estava a caminho da falência — explicitando os perigos que ameaçavam de morte o BCP e tornavam a situação da Caixa Geral de Depósitos altamente preocupante.

A CGD, se não me engano, ajudou os piratas da tríade de Macau (que após a fuga de Guterres consolidaram a sua captura do Partido Socialista para fins inconfessáveis) a tomarem de assalto o BCP. Mais recentemente, sempre que as acções deste banco caíam abaixo da barreira psicológica dos 50 cêntimos, a Caixa comprava a dose necessária para manter o papel do Millennium a fluturar (estou certo ou errado? alguém se deu ao trabalho de investigar? será que a nova ministra da justiça irá querer saber como foi?)

Até ao dia 5 de Junho foi assim. Depois do dia 6 de Junho deixou de ser assim, e o resultado está à vista: terminou a semana passada a valer 0,346€, que nem para uma cápsula de Nexpresso dá, e na que hoje começa temo bem que não resista à nova tempestade a caminho, com epicentro em Roma.

Mas pior do que o colapso iminente do BCP, que só o BCE poderá eventualmente impedir, e do crime chamado BPN, onde a mesma Caixa enterrou 5,3 mil milhões de euros (para onde foram estas cinco vírgula três pontes Vasco da Gama senhora ministra da justiça?!), é a própria falência escondida da Caixa Geral de Depósitos que pode estar à beira de revelações chocantes (não nos esqueçamos que a escandalosa sede central desta instituição já foi vendida ao fundo de pensões dos seus trabalhadores!).

A Caixa, ao que tudo indica, andou estes últimos dois ou três anos a financiar dois crimes: o do assalto mafioso ao BCP, e o do desfalque do BPN, cujo montante e rede de cleptocratas continuamos a desconhecer.

Não sou eu que posso investigar. Não sou eu que posso acusar. Não sou eu que posso julgar. Mas posso alertar e protestar sobre o que me parecem ser algumas das maiores fraudes da história portuguesa depois de Alves dos Reis, a saber, por ordem de magnitude: o BPN, o assalto ao BCP e o casino chamado BPP.

A Moody’s, no ataque desferido contra Portugal, está ao serviço, entre outros, da Capital Group Companies (uma velha empresa financeira norte-americana com activos no valor aproximado de um bilião de USD), e dos bancos europeus que recentemente receberam 600 mil milhões de dólares da Reserva Federal, isto é, do pobre contribuinte americano: BNP Paribas, Barclays*, Credit Suisse, Deutsche Bank*, HSBC*, UBS. Curiosamente, os bancos assinalados com asterisco são os mesmos que vão gerir a emissão de obrigações do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), no valor de 5mM€, destinadas a angariar dinheiro para resgatar a dívida soberana portuguesa!

Credit Suisse: "Ficaremos chocados se Portugal não entrar em incumprimento"
Económico ; 06/07/11 10:30

Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, conta com um ‘haircut' de 30% na dívida pública portuguesa.

"Teríamos ficado chocados se Portugal não tivesse sido reduzido para a classificação de lixo e ainda mais chocados se não entrar em incumprimento (sendo evidente que lhe chamaremos outra coisa)", escreveu Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, numa nota citada no Financial Times.

Para este perito do banco suíço, as crises de Lisboa e Atenas só diferem "à superfície" porque o "excesso de alavancagem em Portugal está escondido no sector privado, enquanto na Grécia está no sector público".

"Os nossos modelos dizem que Portugal precisa de um ‘haircut' de 30% na dívida pública", escreve Andrew Garthwaite, justificando o número com o elevado endividamento do sector privado português, a perda de competitividade do país e a falta de crescimento da economia. "Os nossos cálculos sugerem que os salários precisam cair 5-10% e isso são más notícias para o PIB", conclui.

O nível de descaramento é insuperável. Depois do ataque provocatório desencadeado pela Moody's contra Portugal, usando o exemplo da Grécia, mas visando já a Itália, a resposta não se fez esperar da parte do BCE, do FMI, de Berlim e de Bruxelas. Resta saber se o vozeirão se irá ou não traduzir em decisões firmes e respostas claras aos ogres de Washington e de Wall Street.

Italy Orders Short Sellers to Disclose Positions
By Lorenzo Totaro - Jul 11, 2011 12:01 AM GMT+0100. Bloomberg.
Italy’s financial-market regulator moved to curb short selling after the country’s benchmark stock index fell the most in almost five months and bonds tumbled on investor concern Italy would be the next victim of the region’s debt crisis.

The regulator known as Consob ordered last night that short sellers must reveal their positions when they reach 0.2 percent or more of a company’s capital and then make additional filings for each additional 0.1 percent. The measure takes effect today and lasts until Sept. 9.

The decision came hours before Europe’s finance ministers gather for a regular meeting in Brussels today to seek ways to shore up Greece and defend the region’s other heavily indebted nations. The Italian ruling follows similar action taken in other European countries, including Germany, Rome-based Consob said in a statement posted on its website. 

A entrevista que Christine Lagarde deu este Domingo a Christiane Amampour (ABC), devolvendo aos americanos o alarme relativamente os países sobre endividados, e apontando claramente o dedo à descomunal dívida americana, deu bem o tom da guerra financeira objectivamente em curso entre o USD e o Euro.



A crise provocada por décadas de endividamento cumulativo e especulação financeira descarada, à escala planetária, não se circunscreve apenas, como se poderia supor, ao velho mundo ocidental em declínio, mas também, por exemplo, à China.

China’s Ticking Debt Bomb
by Minxin Pei
The Diplomat, July 5, 2011

Several interesting questions are raised by the revelation of local government debt in China.  First and foremost, it has shown that public finance in China is in much worse shape than previously thought.  On paper, China’s debt to GDP ratio is under 20 percent, making Beijing a paragon of fiscal virtue compared with profligate Western governments.  However, if we factor in various government obligations that are typically counted as public debt, the picture doesn’t look pretty for China. Once local government debts, costs of re-capitalizing state-owned banks, bonds issued by state-owned banks, and railway bonds are included, China’s total debt amounts to 70 to 80 percent of GDP, roughly the level of public debt in the United States and the United Kingdom. Since most of China’s debt has been borrowed in the last decade, China is on an unsustainable trajectory at the current rate of debt accumulation, particularly when economic growth slows down, as it’s expected to do in the coming decade. 

Com uma inflação acima dos 6,5% e níveis de corrupção, incompetência criminosa e desorientação interna inesperados, o novo gigante asiático parece ter afinal pés de barro. A ver vamos até onde irá a reacção euro-americana aos recentes escândalos que rodeiam os produtos e os serviços que a China exporta como nunca, à medida que a América e a Europa caminham para um espiral de perigosa imprevisibilidade e estagnação económica.

Ugly Highway Crash for Chinese Firm in Poland

By staff reporters Gu Yongqiang and Wang Xiaoqing, and London correspondent Ni Weifeng 07.07.2011 12:09. Caixin.

A Polish highway project that was supposed to crack open the lucrative European construction market for a Chinese engineering conglomerate has slammed doors instead.

On June 13, Poland's General Directorate for National Roads and Highways (GDDKiA) announced the decision to cancel its 1.3 billion zloty (US$ 472 million) construction contract with China Overseas Engineering Group Co. (Covec). Covec's consortium included Shanghai Construction (Group) General Co. and China Railway Tunnel Group Co. Ltd.

The Polish government agency also handed Covec a bill for 741 million zloty to cover compensation and fines following what it claims were the contractor's mishandlings of a project to build 49 kilometers of a 91-kilometer road between Warsaw and Berlin.

Officials at Covec, a subsidiary of China Railway Group (SSE: 601390), have yet to formally respond to GDDKiA's demands. But source at Covec told Caixin that the contractor had earlier requested but was denied more money from GDDKiA to cover unexpected cost increases.

[...] After terminating the contract with Covec in June, GDDKiA said it would re-open the bidding process and hire another firm. It also said Covec would be prohibited from bidding on public projects in Poland for three years.

Hospital Geral de Luanda pode desabar
Jornal O PAÍS/Angonotícias.

O Hospital Geral de Luanda está, desde a semana passada, a cair aos pedaços, quatro anos após a sua inauguração, o que obrigou a direcção da instituição a encerrar as enfermarias do Banco de Urgência e a transferir os doentes para alguns hospitais da capital, depois de orientados por técnicos do Ministério do Urbanismo e Construção que inspeccionaram as instalações.