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terça-feira, outubro 03, 2017

O António Maria e o PS




A quem me lê


O PS teve nestas Autárquicas 1.956.703 votos
O António Maria ultrapassou hoje 1.500.000 visualizações. Deixem-se sorrir por um dia!

Grão a grão, sem outra motivação que não seja pensar o meu país e o mundo de forma desinteressada, sem depender do dinheiro alheio, nem de ambições ou obsessões partidárias, sem subserviência diante seja de quem for, sem cartas escondidas, procurei e continuarei a procurar perceber o que se passa.

O mundo mudou. Os riscos e os perigos crescem por toda a parte. Decorrem, principalmente, do fim próximo das energias baratas, do pico demográfico mundial e do envelhecimento populacional, das alterações climáticas induzidas ou não pela ação humana, da queda tendencial da procura agregada mundial, dos novos equilíbrios fomentados pelo terror, da falência dos estados, da destruição das classes médias, dos autoritarismos populistas que, à direita e à esquerda, renascem como cogumelos numa madrugada de outono.

Portugal não está bem, mas está melhor que a esmagadora maioria dos países deste planeta. O nosso sistema político e constitucional, e o nosso sistema partidário, apesar de os fustigar quase diariamente com críticas e avisos, gozam de equilíbrios, quase naturais, invejáveis. As últimas eleições mostraram claramente que os eleitores portugueses são tolerantes e gostam da democracia que temos. Podemos e devemos melhorar a transparência das instituições e dos órgãos de poder, podemos e devemos ter uma administração pública mais eficiente, e sobretudo mais próxima dos cidadãos*, podemos e devemos ajudar quem produz e cria, podemos e devemos continuar a defender a Europa, podemos e devemos ajudar os nossos amigos espanhois a ultrapassar o regresso, muito grave, de uma crise de identidade velha de muitos séculos. Portugal está a perder população, a qual, por sua vez, tem vindo a envelhecer rapidamente. Em breve teremos que criar condições favoráveis a uma imigração criteriosa, oriunda sobretudo da Europa e dos países que falam a nossa língua e não ofendem a nossa religião dominante.

Estamos a iniciar uma metamorfose cultural profunda. É fundamental conhecê-la.

Obrigado por me lerem, E obrigado pelos comentários, quase sempre privados, que me impediram até hoje de terminar um projeto incialmente previsto para não durar mais de 500 posts. Esta é a mensagem 2316.




* Uma das propostas de António Costa que nunca critiquei e aplaudo é a de fortalecer o poder autárquico, dando-lhe mais poderes e mais meios. As câmaras municipais e as juntas de freguesia são o sal da nossa democracia. As Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto devem caminhar para verdadeiras cidades-região. Se preciso for, para atingir este desiderato, recorra-se ao referendo, para conhecer a vontade popular sobre este passo de coordenação e eficiência. É no entanto no reforço de poderes e meios das freguesias que reside, mesmo nas grandes cidades, o essencial desta pequena revolução institucional. Basta pensar nos incêndios deste verão em Portugal, ou nas tragédias climáticas que têm atingido o continente americano, mas também Àfrica, a Indonêsia, China, etc., para concluirmos que é fundamental e urgente transformar o poder democrático numa malha fina capaz de decidir de forma decidida e transparente sobre a multiplicação dos riscos imprevistos, sobretudo ecnómicos, financeiros e climáticos, que vieram para durar.

sábado, maio 31, 2014

Sines, homenagem de um marinheiro

O Comandante Joaquim Ferreira da Silva mirando o porto de Sines

10º aniversário da descarga do 1º contentor em Sines (31 Maio 2004)


Por Joaquim Ferreira da Silva

Faz hoje 10 anos que assistimos, de nossa casa, no alto da Torre dos Pontos Cardeais, no Edifício Moinho de Marés, à descarga dos primeiros contentores, no novo terminal XXI de Sines. A operação foi realizada pelo navio “MSC CRISTIANA”, um navio de carga geral, então adaptado ao transporte de contentores, com um comprimento de 184 metros, calado de 10 metros e 20 mil toneladas de porte. O novo cais estava equipado com dois pórticos. Havia então ainda muito cepticismo face ao possível sucesso do porto como terminal de contentores.

Nesse dia, o navio “CRISTINA” movimentou 248 TEUS na descarga e 52 na carga. Dez anos depois, no passado mês de Abril, o terminal de Sines, já com seis pórticos Post-Panamax, movimentou um total de 102.502 TEUS; mais de 3 mil por dia!

E já em Maio foi assinada a expansão do terminal que passará o cais de 730 para 940 metros, com mais 3 pórticos, a permitir atracação simultânea de três navios porta-contentores da última geração (18 a 19.000 TEUS) e levar o terminal a movimentar cerca de 2 milhões TEUS ano.

Mas a já longa história do porto mostra-nos sempre a existência desse cepticismo face ao seu futuro.

Em 1978 foi iniciada a descarga das primeiras ramas de petróleo no terminal petrolífero, concluído em 1977. Foi o resultado dos trabalhos do Gabinete da Área de Sines, criado em 1971 com o objectivo de planear as instalações da nova refinaria e do porto para se receber essencialmente o petróleo angolano. Quinze anos antes, em 11 Setembro de 1956, iniciara-se a exportação (do porto de Luanda) do petróleo descoberto em Angola; à época estávamos em funções de imediato a bordo do N/T “São Mamede” e entregámos as luvas ao Presidente Craveiro Lopes para abrir a válvula de entrada do navio e receber as primeiras ramas provenientes dos poços (os quatro primeiros abertos) de Benfica, nos arredores de Luanda.

Os promotores do novo porto apelaram à nossa Marinha de Guerra, então totalmente responsável por todas as actividades do sector Mar, para enviar um grupo de peritos, conhecedores do sector, para se definir o tipo de instalações a construir. Foi face a esta discussão que se concluiu, no verão de 1972 — num famoso almoço na praia Vasco da Gama, presidido por Marcelo Caetano e todos os técnicos do projecto, conhecido pelo “almoço dos salmonetes”, por nele se terem  comido tais peixes com 1,5 kg de peso, hoje raros —, o parecer do grupo da Marinha (que nós incluíamos representando, por nomeação sindical, o sector do pessoal do bordo).

Parecer esse aprovado pelo Gabinete que definia que o porto devia ser construído com um cais com condições de segurança para atracação dos petroleiros e não por via duma mono-bóia ao largo da costa, como certos operadores – em especial o então presidente da Shell, Duque Pozzo di Borgo -  que defendiam a descarga dos navios, por esta via, ao largo da baia da Sines, alegando menores custos.

Mostrámos, em nome das tripulações, que seria difícil operar navios no fim de longas viagens, amarrados a uma bóia ao largo duma costa muito exposta a temporais, e levar a bordo  pessoal, familiares e outros operadores, abastecer os navios, etc. em condições de segurança e eficiência. Mesmo que a mono-bóia se tornasse polivalente em condutas ligadas a terra.

Mas nessa altura os governantes escutavam e seguiam os pareceres técnicos.

Mais tarde o Presidente da Shell aceitou nossa recusa – guardamos hoje a carta concordante que nos enviou – e viu-se o que foi o crescer do terminal; crudes e refinados.

Aliás já tínhamos sido, em 1970, os primeiros a referenciar, na Revista Neptuno —“Onde Fazer um Terminal para Super-Petroleiros”—, Sines como o melhor local da costa portuguesa para construir um cais para navios de grandes dimensões.

E continuámos ligados à vida do porto.

Em 1980, no seguimento da explosão do petroleiro “Campeon”, voltámos a Sines para trabalhar com o Dr Mário Raposo na peritagem do grave acidente dela resultante.

Em 1981 era inaugurado o novo terminal de produtos químicos.

Em 1992, um novo cais “multipurpose” e “Ro-Ro” mostra-nos que o porto não parava, e em 2003 um novo terminal para Gás-Natural confirma esse movimento. Que se reforçou em 2004 com o Terminal XXI. E ainda não parou!

Em 1999, aquando duma palestra local sobre o Plano Mar Limpo, encontrámos a Torre dos Pontos Cardeais em construção e apaixonados pelas vistas da grande baía Vasco da Gama e de todas as instalações portuárias já então construídas (da pesca ao recreio) e da costa portuguesa entre a serra de Monchique e a serra da Arrábida, adquirimos o 5º piso. Com as impressionantes vistas que vos oferecemos...

Baía Vasco da Gama, Sines, vista da Torre dos Pontos Cardeais

Infelizmente, navios arvorando bandeira portuguesa são raríssimos já de se ver no porto. Mas espero ainda dali ver paquetes atracados num novo terminal, a movimentarem turistas para o Alentejo, já a encher-se deles dia a dia.

Na costa norte de Sines até Tróia estende-se o maior e mais “selvagem” areal (42 kms) da Europa, e na costa sul, os locais com maiores vestígios históricos romanos.

Que se concretize o seu desenvolvimento são os votos do meu muito saudar neste aniversário.



NR SOBRE O CMDT JOAQUIM FERREIRA DA SILVA

Habituámo-nos a ler e a considerar as mensagens de Joaquim Ferreira da Silva como palavras de um marinheiro humanista, apaixonado pelo mar, pelos barcos que transportam a seiva do mundo industrial moderno, e pelo seu país. Sem memória e sem amor não há nação que resista às adversidades.

Autor de As Artes Navais para a Conquista de Lisboa aos Mouros em 1147 (2013), e A Odisseia do Transporte Marítimo do Petróleo no Século XX... (2012), editados pela Chiado Editora, Joaquim Ferreira da Silva, segundo a biografia publicada, completou, em 1948, o curso de Pilotagem na escola náutica de Lisboa. Iniciou a sua vida profissional ao serviço da SOPONATA e da SACOR MARÍTIMA Lta, empresas onde serviu mais de 20 anos como Oficial e Comandante de alguns dos seus navios, nos quais navegou mais de 1 milhão de milhas.

No início da década de 70 dedicou-se ao ensino náutico tendo exercido funções docentes, quer na escola Náutica Infante D. Henriques, na qual foi Director, quer em Escolas Náuticas Estrangeiras ao serviço da IMO (international Maritime Organization), Agência das Nações Unidas, onde desempenhou funções de Director de Projectos.

Proposto pelo Governo Português para Secretário-Geral do Acordo de Lisboa (CILPAN), a sua aprovação foi feita por unanimidade pelos Estados Contratantes, em Bruxelas, Junho de 1991, desempenhando essas funções até se reformar em 1998.

Desde esta data tem continuado a sua acção na protecção e importância dos Mares por via de trabalhos, palestras e artigos em diversa impresa. Acção essa igualmente desenvolvida junto das organizações nacionais e estrangeiras, pugnando por uma continua melhoria da segurança dos navios e das suas tripulações como principal meio da prevenção contra os acidentes marítimos causadores de graves poluições.

Sobre o livro A Odisseia do Transporte Marítimo do Petróleo no século XX, um milhão de milhas navegadas:

O petróleo é, presentemente, a maior fonte energética da humanidade; 40% de toda a energia consumida no mundo.
Esta Importância não se teria de certo registado se, após a sua descoberta, não se tivessem desenvolvido os meios para os seu transporte ao longo dos mares, em especial por via de navios entre continentes.
Quando se concebeu o primeiro navio tanque petroleiro, nos finais do XIX, o petróleo, então explorado em locais muito restritos do planeta, foi levado a todos os recantos da Terra por via do transporte marítimo.
Portugal não podia deixar de utilizar esta via, quer pela sua localização geo-marítima quer por não ser produtor daquele produto, e desenvolveu as suas unidades navais necessárias para esse transporte proveniente dos países produtores.
Na segunda metade do século XX, com a instalação de refinarias próprias construiu a maior frota de navios petroleiros que jamais navegaram sob bandeira portuguesa.
É toda essa actividade, desde os navios em si, dos homens e métodos para os navegar até às actividades nos nossos portos, que a presente obra nos revela.

E ainda uma passagem deste livro, sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, citado pelo blogue 10 mil insurrectos:

“Em 1948 existiam graves problemas laborais com os operários dos estaleiros portugueses: baixos ordenados, pouca ou quase nula assistência social e formação profissional muito restrita e de fraco nível.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo não fugiam à regra. Grande número do pessoal, mesmo o pessoal fixo dos Estaleiros, comia apenas uma refeição por dia. Não havia qualquer cantina organizada dentro das instalações, que fornecesse uma simples sopa. Os operários traziam as refeições nas lancheiras preparadas em casa. Por vezes estavam até altas horas da noite sem serem rendidos, apenas com o almoço que tinham trazido, num desejo de ganhar mais alguns magros escudos em horas extraordinárias.

Quando algum tripulante do nosso navio se dirigia à popa, para retirar algum alimento do frigorífico, (...) era frequente aparecerem operários que (...) abeiravam-se desse tripulante e pediam-lhe comida.

Muitos desses homens sofriam de várias doenças crónicas causadas pela profissão que exerciam, sendo a maior parte dessas doenças do foro respiratório, por intoxicação devida aos gases libertados pelas tintas usadas nas contínuas pinturas dos cascos dos navios”.                                                                    

domingo, dezembro 20, 2009

Macau

10 anos depois



Sou suspeito, pois nasci em Macau, de lá vim para Portugal em 1956, e não regressei, até hoje, ao lugar da minha paradisíaca primeira infância. Tudo o que guardo daquela terra são pequenas fotografias coloridas à mão de cenas familiares, dos meus dois irmãos mais novos que lá nasceram, do meu pai, da minha mãe e de amigos de ambos. Os meus pais eram dois portugueses do Norte de Portugal, um da Senhora da Hora, no Porto, e a mãe, filha de um empresário de tipografia, e de uma brasileira, nascera em Ovar. Para escaparem ao veto matrimonial do meu avó materno, nada melhor do que viajar para Oriente. E assim fizeram!

O meu pai, oferecendo-se para a tropa, zarpou primeiro. A mãe, tomando semanas depois do casamento um barco holandês, contar-me-ia a história inesquecível daquele mês e meio de viagem através dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, até Macau, comunicando por gestos com a tripulação do navio sobre a intragável qualidade da comida, até os convencer a deixá-la entrar na cozinha onde passaria a confeccionar, e partilhar, as suas refeições. Impressionara-a sobretudo o calor tórrido que fazia naquela zona do navio, e as pingas de suor que escorriam da face do cozinheiro negro ao amassar e moldar a carne dos croquetes que mais tarde fariam as delícias de alguns passageiros.

Tudo o que guardo de Macau são memórias de fascínio, prazer e aventura. Fui educado pela mãe e pelo pai, claro está, mas com a ajuda indelével de duas criadas chinesas e de um impedido às ordens do meu pai, que era então tenente de artilharia — um soldado moçambicano a quem chamava Nãnã. As empregadas chinesas preparavam chás de lagarto, cobra e um sem número de plantas, para toda e qualquer dorzinha da idade. A minha mãe confiava completamente na medicina tradicional chinesa. O Nãnã passava a ferro, enquanto eu desesperava sentado no pote, e chamava Nãnã!, Nãnã!! Até que o bom homem me limpava o traseiro, levando-me em seguida para o jardim. A minha mãe contava-me que chorei baba e ranho ao deixá-lo. A grande aventura foi, porém, a minha ida forçada à China comunista, por ter atirado uma pedra contra um autocarro. Foi um castigo que sempre figurará na minha biografia como a primeira grande epopeia sentida na primeira pessoa! De Macau não guardo se não uma bela e inesquecível história. A tal ponto que, quando me perguntavam o que queria ser quando fosse grande, a minha resposta tivesse sido, durante anos, uma só: governador de Macau!

Claro que Macau não era então um paraíso, apesar de a minha mãe não ter tido nunca outra imagem daquela terra, induzindo em mim uma indefectível ternura por aquele santo nome. Já então era uma terra de piratas, de pequenos e grandes piratas, estes últimos, sobretudo ligados ao comércio do ouro — tradição comercial que duraria, pelo menos, até 1974.

All over the world, trade in gold had been the favored device for evading national foreign exchange controls from the end of World War II to 1971. In 1946, the Bretton Woods regime adopted in 1944 became operational, thereby forbidding the importation of gold for private speculative purposes in signatory nations. Britain was a signatory but Portugal was not.

Thus a gold-smuggling operation between the Portugal colony of Macau and the British territory of Hong Kong flourished until 1974, two years after the United States took the dollar off gold, in effect abolishing the Bretton Woods system of fixed exchange rates, when Hong Kong abolished a law that requires a special license to import gold for re-export. Tiny Macau became one of the world's biggest importers and re-exporters of gold during this period.

Instability in the exchange value of the British pound sterling in the late 1960s pushed Hong Kong, a British territory since 1841, to switch to a gold-backed US dollar pegged at $35 per ounce of gold. Hong Kong trading firms bought gold legally on the London gold market beyond the reach of US law forbidding private purchase and ownership of gold on US soil, at a pegged price of $35 per ounce. They then passed it along to Macau gold syndicates for a service charge to recast the gold into physical shapes suitable for smuggling back to Hong Kong, where it could be sold at above-peg prices for use in financial transactions around the world out of range of Bretton Woods regulations. — in "Gold, manipulation and domination", by Henry C K Liu.

Outro negócio especulativo, proibido então na China e na britânica Hong Kong, que acabaria por elevar Macau ao estatuto de primeira potência mundial, foi o jogo. Quase tudo o que de bom e caro os meus pais trouxeram de Macau foi ganho numa noite de sorte, deambulando entre casinos e casas de penhores. Em 2006, a nova zona administrativa especial da China ultrapassaria mesmo o volume de negócios da mítica Las Vegas.

Macau tem hoje mais população do que Lisboa, num terço do território da capital portuguesa: 538 mil habitantes. O PIB de Macau, segundo o CIA World Factbook, quase triplica o português (USD40 400/ USD22 900). Recebe, enfim, mais de 30 milhões de turistas por ano, superando Hong Kong e Portugal neste capítulo.

Melhor é impossível? Ahhhh... falta resolver o eterno problema da corrupção e da distribuição ainda muito desigual do rendimento disponível.

No dia da celebração do 10º aniversário da reversão administrativa do território, designação subtil que descreve o regresso de Macau à administração chinesa, embora sob um estatuto especial que vigorará até 2049, a tomada de posse do novo "chefe executivo" macaense, Fernando Chui Sai-on, a que assistiu o Presidente chinês Hu Jintao, foi palco de uma manifestação contra a corrupção, sob o lema: "Lutar contra a corrupção, combater pela democracia e manter o nível de vida dos residentes!"
Hundreds protest in Macau on handover anniversary

Sun Dec 20, 2009 4:45pm IST — By Stefanie McIntyre
MACAU (Reuters) - About a thousand people marched through Macau's streets on Sunday, urging the government to fight corruption and grant them more political freedom, as the territory marked its 10th anniversary under Chinese rule.

The protesters waved banners that called for universal suffrage in 2019 and chanted anti-corruption slogans hours after Chinese President Hu Jintao attended the swearing-in of the territory's new chief executive, Fernando Chui.

"Now is the time to start again the timetable for democratic development for Macau," Antonio Ng, a Macau legislator and one of the key organisers of the protest, told Reuters.

A manifestação de que a Lusa dá hoje conta estava prevista e traduz, por assim dizer, a nova dinâmica democrática de um território que já não deixa simplesmente impunes os corruptos caídos nas malhas da justiça, ao contrário do que antes dos portugueses saírem sucedia naquele território, e pelos vistos continua a ser o timbre da antiga metrópole.
Macau leader raises integrity doubts
By Olivia Chung - Dec 1, 2009 | HONG KONG - The appointments by Macau's new chief executive, Fernando Chui Sai-on, of the heads of the government's watchdogs on public spending and corruption have raised concern over the integrity of his government, which is due to take over next month.

...A notable absentee from the new government in Macau, which derives the bulk of its income from gambling and related projects, is former commissioner of audit, Fatima Choi Mei-lei, who has uncovered major cases of government misspending. The only top official to miss out on reappointment, she is replaced by Ho Weng-on, the head of the outgoing chief executive's office.

Also raising eyebrows is the appointment of Vasco Fong Man-chong, a Court of Second Instance judge, to be commissioner against corruption. Fong's younger sister, Fong Mei-lin, was directly linked to former secretary for transport and public works, Ao Man-long, who has been jailed for corruption. His case is still being investigated.

...Ao was detained by Commission Against Corruption agents in December 2006 and sentenced in two separate trials in January 2008 and April this year to a total of 28 years and six months behind bars for corruption, money laundering, abuse of authority and unjustified wealth. — in ASIA TIMES

Macau não é só um balão de ensaio, como Hong Kong e Xangai, para o novo capitalismo chinês. É também, aos olhos do resto do mundo, sobretudo aos olhos atentos dos EUA e da UE, um teste ao seu proclamado desejo de democracia e transparência. Daí que não tenha passado despercebido à imprensa internacional o facto de o movimento de protesto contra o novo governador empossado hoje ter origem no sector católico de Macau.
Protest and prayers on the 10th anniversary of Macau’s return to China
By Annie Lam — On 20 December, Macau’s bishop will call for prayers for the territory, a former Portuguese colony. The new Chief Executive Chui Sai-on will be sworn in before President Hu Jintao. On the same day, a civic group led by two Catholic legislators will launch a march for democracy and against corruption. — in Asia Times.

Macau mudou muito, e porventura nada tem já que ver com as minhas memórias daquele paraíso.
Macau/10 anos: Um aniversário ambíguo na cidade das duas caras

Luís Andrade de Sá, Agência Lusa — Em 10 anos, Macau mudou radicalmente: o PIB triplicou os 45,8 mil milhões de patacas de 1999, os visitantes passaram de sete para 30 milhões por ano, as receitas fiscais do jogo aumentaram dez vezes, a população subiu de 430 para 541 mil e o desemprego caiu para metade. Mas, por vezes, a internet é desesperantemente lenta.

Não há muitos locais com ligação sem fios à rede, em alguns serviços públicos não é fácil encontrar alguém fluente em português ou inglês, atravessar na passadeira para peões é um teste de resistência cardíaca e, sim, continua a cuspir-se nas ruas e nas alcatifas perfumadas dos casinos.

"Brilho para o exterior, podridão para o interior"
— como proclamaram os manifestantes? Será? E será diferente, se for assim, do que antes era? Por dever de nascimento, tendo a ser benevolente. Espero um dia poder visitar aquele torrão asiático com a tranquilidade de pensar que Macau não morreu de sucesso.


OAM 664 20-12-2009 19:18