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quinta-feira, fevereiro 06, 2014

EDP poderá desistir da Barragem do Tua

This photo shows torchbearer Cao Guangjing running with the torch near the Three Gorges Dam during the Olympic torch relay in Yichang, Hubei Province, on June 1, 2008— in Torch Relay.

China Three Gorges quer ver taxa extraordinária da EDP eliminada

A China Three Gorges (CTG), maior acionista da EDP, espera que o Governo elimine, a médio prazo, a contribuição extraordinária sobre o setor energético, anunciada no âmbito do Orçamento do Estado.

A informação foi avançada pelo presidente da CTG, Cao Guangjing, que esteve nos últimos dias em Lisboa, onde participou em encontros com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o ministro da Energia, Jorge Moreira da Silva.

Cao Guangjing saiu dos encontros «esperançado» de que a taxa extraordinária seja eliminada a médio prazo, afirmou o próprio, num encontro com jornalistas, na terça-feira à noite, em Lisboa.

A CTG, que detém 21,35% do capital da EDP, contestou a aplicação da taxa, tendo enviado uma carta ao vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, sobre este assunto. tvi24.


Escuridão. EDP corta luz a mais de 400 mil famílias por ano

A EDP cortou a luz a mais de 400 mil famílias por ano em Portugal continental desde 2011, segundo os números avançados pelo governo ao parlamento. De acordo com estes dados, enviados pelo Ministério do Ambiente e Energia em resposta às solicitações do Partido Comunista, a EDP Distribuição cortou o fornecimento a 511 mil clientes em 2011, 455 mil em 2012 e a mais 405 mil consumidores de baixa tensão durante o ano passado. Estes clientes são famílias e pequenos negócios. O número caiu, mas ainda representa 6,7% dos seis milhões de clientes de electricidade. Segundo a EDP, os dados incluem casos de falta de leitura do contador por mais de um ano e casas desabitadas.

[...]

Depois do corte, as eléctricas exigem uma taxa de 50 euros para repor o serviço, além do pagamento da dívida. Em 2011, a EDP procedeu à reactivação do serviço em 370 mil lares, o que aponta para um encaixe teórico de 18,5 milhões de euros com as taxas. i online, 31 Jan 2014 - 05:00.


O ‘rating' atribuído pela Fitch à EDP continua em risco.

A agência anunciou hoje que decidiu manter a notação da empresa portuguesa sob vigilância negativa, admitindo assim uma revisão em baixa da classificação actual de 'BBB-', o último nível antes da categoria especulativa, ou ‘lixo'.

Esta vigilância negativa foi decretada em Julho de 2013 na sequência de alterações de regulação em Espanha. Económico, 15-01-2014.

O senhor Cao Guangjing, presidente da empresa pública chinesa Três Gargantas, e membro suplente do Comité Central do Partido Comunista Chinês, veio a São Bento e a Belém de Portugal puxar as orelhas ao senhor Cavaco, ao senhor Passos de Coelho e ao senhor Portas. Não sabemos se tomou algum pequeno-almoço no Largo do Rato. Para além do abuso —pois a EDP até foi, nas palavras do senhor Guangjing, barata— importa saber o que está realmente em causa nesta visita.


A minha convicção é esta: nada irá mudar, no curto e médio prazo, nas quatro principais causas da queda das rendas excessivas esperadas pela EDP: 
  • diminuição do consumo por efeito do preço (que cresce a 2,8% enquanto a inflação anda nos 0,8%), por efeito do desemprego estrutural crescente, por efeito da emigração em massa, por efeito da diminuição de empresas, por efeito do envelhecimento e quebra demográfica em curso e estimada, e, por fim, por efeito da reação dos consumidores à voracidade do rendeiro EDP, os quais tomaram e continuarão a tomar medidas de poupança, exigindo nomeadamente dos governos e dos políticos o fim do oligopólio energético, e a possibilidade intrínseca de produção e consumo autónomos de energia fora da rede e independentes dos grandes fornecedores;
  • alterações nos quadros de regulação em Espanha, Portugal e nos Estados Unidos, nomeadamente no que se refere ao fim dos subsídios às chamadas energias renováveis. No Brasil não tardará a ocorrer o mesmo.
  • aumento de impostos e sobretudo aumento dos custos do endividamento que no caso da EDP ultrapassa já os 18 mil milhões de euros!
  • e last but not least, o aumento forçado da transparência política, de gestão e financeira das grandes empresas, incluindo a EDP.

Com estes dados presentes, os investimentos previstos em novas barragens são uma completa aberração.


Em primeiro lugar, porque as barragens não irão acrescentar valor à fileira da energia, e não acrescentando, retiram, nomeadamente porque irão saturar uma capacidade de produção já excedente. Em segundo lugar, porque vai aumentar o sobre endividamento da EDP, cujos custos financeiros pós QE (nos EUA na Europa e na... China) irão continuar a subir. Em terceiro lugar, porque a percepção pública do embuste que foi e é o chamado Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) tornará o processo cada vez mais explosivo do ponto de vista social e político. E, finalmente, porque o impacto ambiental negativo da barragem do rio Tua é de tal modo grave que o mais provável é que a UNESCO, depois de Barroso sair, venha a chumbar as medidas de mitigação dos impactos negativos pedidas à EDP e que esta, que eu saiba, ainda não apresentou, à parte o folclore com que alguns arquitetos e pintores têm decorado a retórica da EDP.

Como descalçar esta bota?

Eu só vejo uma maneira que salve a face dos intervenientes: aproveitar o provável chumbo da UNESCO ao anunciado enterro da central elétrica e cabos de muito alta tensão, para parar e adiar sine die a construção da barragem do Tua e o resto das barragens previstas no PNBEPH. Que perderá a EDP se abandonar as barragens inúteis, fontes de intermináveis problemas no presente e no futuro? Nada!

Do ponto de vista jurídico, a EDP poderá reclamar o dinheiro que adiantou ao governo de José Sócrates e ainda o que gastou entretanto nas obras preliminares da barragem. O Estado faria bem em acolher com espírito construtivo esta eventualidade.

sábado, agosto 04, 2012

EDP: 2012 abaixo de 2004

A EDP vale hoje menos do que em 2004
Gráfico: Digital Book (edição: OAM)

De crise do Subprime para cá, a EDP esteve sempre a cair, salvo durante os episódios Horizon/Sachs e venda da Golden Share à Three Gorges
Gráfico: Jornal de Negócios (edição OAM)

De 2009 para cá a EDP-R esteve sempre a cair, salvo durante o espectáculo da privatização
Gráfico: Jornal de Negócios (edição OAM)

Bastaram menos de treze milhões de euros para fazer brilhar a EDP no PSI20. Não é preciso dizer muito mais...

O PSI-20 fechou a subir 1,41% para 4.633,45 pontos, com 13 acções a subir e seis a descer. Entre os congéneres europeus a tendência foi igualmente de ganhos acentuados, com Madrid e Milão a destacarem-se ao avançarem mais de 5%. A EDP foi a acção que mais impulsionou o índice nacional, ao subir 4,28% para 1,901 euros, uma evolução que foi acompanhada pela EDP Renováveis, que avançou 1,87% para 2,45 euros. A subida das acções da eléctrica liderada por António Mexia surgiu apesar da Fitch Ratings ter cortado o “rating” da dívida da empresa, citando o ritmo de desalavancagem da empresa e as incertezas regulatórias — in Jornal de Negócios online.

A notícia podia ter sido escrita doutra maneira. Por exemplo: PSI20 fecha no positivo, mas longe das subidas de Madrid e Milão. Seria uma informação mais correta e que ajudaria a pensar melhor.

Depois, anunciar a EDP como estrela, uma vez mais, quando tudo aponta para um destino incerto nesta sobre endividada empresa, já começa a cheirar a encomenda. Está, aliás, na altura de investigar a história recente desta outrora empresa pública que durante décadas não deveu nada a ninguém e prestou modestamente bem os seus serviços à comunidade. Hoje é um monstro arrogante, destruidor de patrimónios naturais, caro, que vive de rendas pagas pelos contribuintes mas sem explicação convincente que as justifiquem, e que depois de vendida ao estado chinês continua a perder valor todos os dias.

Esta é que é a verdade. Os empurrões para cima que vai levando na tentativa de conter o dique da desgraça, é do mesmo género daqueles que têm tentado estancar, sem sucesso, a agonia do BCP. No PSI20 de hoje, para impedir que as ações do BCP caíssem abaixo dos nove cêntimos foram precisos pouco mais de sete milhões de euros. E para fazer brilhar a EDP deram-se ordens no valor aproximado de 12,9 milhões de euros. Até onde irá esta farsa?

O que conviria fazer neste momento de colapso é investigar com meios e urgência as causas de algumas das grandes delapidações que atingiram o país: BPN, BPP, BCP, PPPs, etc.

O BCP parece-me claramente um caso de polícia por esclarecer. Qual foi o papel da Caixa Geral de Depósitos no assalto ao BCP? Quem organizou, quem executou, quem beneficiou e que resultou no fim desta falhada tentativa de dotar o PS, ou parte dele, de um braço financeiro?

No caso da EDP urge investigar e explicar direitinho o que foi a operação Horizon Wind Energy.

Num momento em que os banksters já sabiam da implosão iminente da bolha do subprime e do destino a curto prazo da bolha associada às energias renováveis, a Goldman Sachs, proprietária da empresa dedicada às então subsidiadas energias alternativas, nomeadamente eólica, vende a Horizon Wind Energy, numa operação relâmpago aparentemente inexplicável, a uma pequena empresa, a EDP, de um pequeno país chamado Portugal.

Os gráficos bolsistas não enganam: o início mediático da crise imobiliária, com os primeiros write downs de ativos subprime do HSBC, em fevereiro e setembro de 2007, coincide com a preparação e posterior venda da Horizon Wind Energy (HRE) à EDP, cujos títulos em bolsa sobem tipicamente no frenesim da especulação.

A Goldman Sachs comprou em 2005 a familiar e texana Zilkha Renewable Energy, mudando-lhe o nome para Horizon Renewable Energy (HRE), a qual foi subindo de valor até finais de 2007, momento em que a bolha especulativa atingiu o pico.

A Goldman Sachs usou assim a HRE como uma das suas muitas vacas financeiras durante a expansão da bolha imobiliária —acompanhada aliás por uma não menos especulativa bolha verde, cujos contornos haviam sido já claramente descritos em 2007.

Percebido o pico tornou-se inadiável despachar o problema para uma vítima qualquer. Essa vítima (inocente?) foi uma das principais empresas estratégicas portuguesas, a EDP.

Passada a euforia inicial desta extraordinária e nunca explicada compra de novo rico, a EDP iniciaria um ciclo descendente, imparável até hoje, salvo no interregno da venda ao estado chinês do que restava ainda de público na empresa. No dia 3 de agosto de 2012 a principal empresa energética instalada em Portugal vale menos do que valia no mesmo dia de 2004!

Se isto foi apenas um negócio desastroso para Portugal, então o seu principal responsável, António Mexia (1), deveria ser chamado a responder pela operação. Se foi mais do que isso, então é um daqueles casos que claramente marcam o fim deste regime cleptocrata e nepotista (2).

Há quem afirme, com dados abundantes, que a a Goldman Sachs martelou os livros da dívida soberana grega depois de ter estimulado o seu crescimento galopante. Há quem diga, com dados firmes, que os Estados Unidos, através dos seus braços financeiros (Goldman Sachs, Bank of America, Citi bank, JP Morgan, etc.) e agências de notação fieis, tentaram enredar alguns países europeus no mesma armadilha do endividamento e corrupção de elites que outrora lançaram a vários países latino-americanos. “Nas meigas non creo, pero haberlas hailas”.

Mas quem a esta hora deve estar mesmo a torcer a orelha são os chineses!


NOTA
  1. Só dois dias depois da publicação deste escrito li, por envio de um amigo, o depoimento do Professor Pinto de Sá (IST) sobre o calibre do personagem Mexia, e dos danos que casou à EDP. É realmente muito pior do que imaginei!
  2. A anunciada contratação de uma sobrinha-neta de Eduardo Catroga para a Fundação EDP revela até que ponto é difícil nos dias que correm, a um protagonista tão relevante da nomenclatura vigente, arranjar um emprego para um ente certamente querido e familiar através de um simples telefonema que não seja para a própria empresa que dirige. O regime atingiu, como se vê, o grau zero da decência. Já nem o nepotismo sobrevive sem descaramento.


Última atualização: 6 julho 2012 18:19

terça-feira, julho 24, 2012

EDP à rasca

EDP-R sofre crash de quase 7% na Bolsa de Lisboa (23 julho 2012)

Mexia e Catroga correm em defesa da sua dama chinesa

Como há muito vimos escrevendo, a EDP é uma empresa ferida de morte pelo peso insustentável da sua dívida — uns astronómicos 18 mil milhões de euros! (1)

Os problemas, aliás, acumulam-se e pioram dia a dia:

  • a insistência estúpida e arrogante do cabotino Mexia em avançar com a inútil e criminosa barragem do Tua (congeminada em parceria com o pirata Sócrates — é bom não esquecer), pondo claramente em causa a classificação patrimonial de excelência do Alto Douro, e que se transformou rapidamente numa castanha prestes a rebentar na garganta dos chineses, já levou à quase paragem silenciosa das obras (do mal, o menos);
  • os subsídios às energias renováveis acabaram, ou diminuíram drasticamente, em Portugal e em Espanha, e estão sob forte pressão nos EUA, o que veio a revelar-se uma machadada fatal no embuste do “Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH)” — destinado, precisamente, a escoar a energia nocturna potencial das ventoinhas, que doutro modo têm que parar mais de metade do tempo disponível..., mas uma solução, sob outro prisma, inaceitável, nomeadamente por causar um incremento criminoso da eutrofização das albufeiras; 
  • a Troika exige uma tesourada nas rendas excessivas da EDP, e ainda noutros custos escondidos nas faturas de energia enviadas aos consumidores (RTP, autarquias, regiões, etc.), a que nem Gasparinho, nem Passos de Coelho, nem ASP podem fugir por mais tempo; 
  • o estrondoso falhanço do governo PSD-CDS no controlo da dívida pública, agravado ainda pela decisão irresponsável do Tribunal Constitucional sobre o corte de vencimentos aos funcionários públicos, dá razão a todos os que criticam a timidez do PM no ataque à despesa pela via da supressão dos privilégios indecorosos concedidos à burguesia rendeira e à nomenclatura partidária do país, nas PPPs e nas rendas que agravam os custos da energia ao consumidor;
  • a recessão económica, o desemprego, e a subsequente queda do consumo em Portugal, em Espanha, mas também nos Estados Unidos, atingiram, atingem e atingirão duramente as vendas da EDP em 2011, 2012, 2013, 2014...;
  • a torneira do crédito, nomeadamente para financiar o serviço da dívida, está praticamente fechada (será que é desta que um banco chinês abrirá portas em Lisboa, ou será em Madrid?);
  • o serviço da dívida da EDP e da EDP Renováveis não pára de subir e andará já pelos 600 milhões de euros/ano;
  • o Euro tem vindo a desvalorizar face ao Dólar, mas também, e de que maneira, face ao Renminbi!
  • em suma, no dia 23 de julho de 2012, a EDP caiu 5,83%, e a EDP Renováveis (EDPR), 6,58%, na Bolsa de Lisboa. E não vai ficar por aqui :(

É verdade, como disse Catroga à TVI, que o Estado vendeu a EDP aos chineses com as rendas incluídas. Resta porém saber como é que foi realizada tal operação e semelhante contrato numa altura em que era mais do que público e badalado o compromisso exarado num Memorando negociado pelo próprio Catroga, em nome do PSD e de Pedro Passos Coelho, de eliminar as rendas abusivas cobradas por empresas de regime, como a EDP e as PPPs piratas, ao Estado português.

A investigação criminal entretanto iniciada pelo DCIAP sobre um eventual tráfico de influências ao longo da operação de privatização da então energética nacional fragiliza ainda mais a posição da EDP, hoje controlada pelo Estado chinês, através de António Mexia e Eduardo Catroga.

Por fim, é tão fácil demonstrar ao compadre Catroga que as rendas são abusivas e excessivas. Ora veja, compadre:

  • em 2011, a EDP obteve 1125 milhões de euros de lucros, 50% dos quais arrecadados em Portugal; no entanto, apenas 8% das vendas foram realizadas em Portugal. Ou seja, 92% da receitas vieram do estrangeiro — como explicar este extraordinário fenómeno?
  • uma explicação, parece evidente: advém dos preços de venda praticados por MWh: 99 euros em Portugal, 32,6 euros nos Estados Unidos (mais sobre este tema).
  • outra, advém certamente das rendas que ainda acrescem ao preço de monopólio (ou de cartel, não sei) praticado com a cumplicidade de Sócrates. Por alguma razão o beato Seguro só debita odes pastoris à política deste governo!

 ÚLTIMA HORA

26 julho 2012 — EDP confirma a minha previsão: a dívida deste mamute disparou para lá da sustentabilidade: “A dívida líquida EDP aumentou 6,3%, ou 1,07 mil milhões de euros, no primeiro semestre do ano, quando comparado com igual período do ano passado, de acordo com o comunicado emitido pela eléctrica para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Situava-se em Junho nos 18,019 mil milhões de euros, o valor mais elevado de sempre.” — Jornal de Negócios, 26 julho 2012 17:03.

Quando quiserem saber alguma coisa picante antes do tempo (e tempo é dinheiro, como sabemos ;) leiam o António Maria! E a este propósito leia-se o que aqui se escrevia em 13 dez 2009;
União Europeia (30% do PIB mundial)
  • ajudas climáticas: 7200 milhões de euros

Portugal (0,4% do PIB mundial)
  • o segundo Orçamento Rectificativo de 2009 agravou a dívida pública em 15.000 milhões de euros —mais do dobro das "ajudas climáticas" da UE... 
  • a dívida do sector público dos transportes supera os 14.886 milhões de euros —mais do dobro das "ajudas climáticas" da UE...
  • o passivo acumulado da EDP supera os 14 mil milhões de euros —mais do dobro das "ajudas climáticas" da UE...
  • as Parcerias Público-Privadas, entre 2008 e 2038, ascenderão a 19.761 milhões de euros —2,74 vezes mais do que as "ajudas climáticas" da UE...
  • o passivo da Estradas de Portugal (EP) ultrapassou no final de Junho passado os 15,2 mil milhões de euros —mais do dobro das "ajudas climáticas" da UE... 
  • o assalto ao BPN rendeu 9.700 milhões de euros —mais 2.500 milhões de euros do que as "ajudas climáticas" da UE...

25 julho 2012 — EDPR recupera 1,12% relativamente ao crash dos dois últimos dias, onde acumulou perdas de 6,58% e 6,88% respetivamente. Ou seja, desde que o governo chinês assumiu os comandos da empresa, em janeiro de 2012, só a EDPR perdeu mais de 50% do seu valor: de 4,78€, em janeiro de 2012, para 2,34€ ao fim da sessão de hoje.

24 julho 2012 — EDPR continua em queda livre! Ontem perdeu 6,58%, hoje perdeu mais 6,88%. E amanhã? Depois dos bancos, que também começaram a cair assim há mais de um ano atrás, é a vez de os especuladores destaparem uma Caixa de Pandora chama EDP. Eu bem avisei, e não ganhei nada com isso!

As causas são conhecidas. O resto é folclore :(

Nogueira Leite, quadro do Grupo Mello e atual boy do PSD na CGD/Caixa BI (o homem esteve à frente do primeiro Hedge Fund do país!), não gostou da imposição da Perella Weinberg. Zangam-se as comadres….
Os administradores da Caixa Geral de Depósitos António Nogueira Leite (actual presidente da Caixa BI) e Nuno Fernandes Thomaz manifestaram a sua discordância sobre os termos em que o banco foi envolvido pela tutela na contratação da Perella Weinberg para assessorar o Estado na venda da EDP e da REN. Um dossier que não "escapou" ao escrutínio do Ministério Público (MP).

A semana passada o DCIAP comunicou que estava a "investigar a intervenção e conduta de alguns dos assessores financeiros do Estado [Caixa BI e Perella] nos processos" de privatização da EDP (21,35%) e de REN (40%), que renderam ao Tesouro 3,3 mil milhões de euros. A iniciativa surgiu depois das buscas à Caixa BI, à Parpública (que representa o Estado nas privatizações) e ao BESI, que assessorou os compradores. Público, 24 jul 2012.

Como previsto, as ações da EDP e EDPR continuam a cair :(
Grupo EDP atira bolsa para nova queda. Negócios online. 24 jul 2012 09:28.
A acção que mais contribui para a queda do índice nacional é a EDP, ao perder 0,82% para 1,809 euros, acompanhada pela EDP Renováveis que desce 2,90% para 2,413 euros, tendo já estado a cair mais de 3% para um novo mínimo histórico (2,401 euros).

Pico de audiência esta manhã no António Maria!

Acho que está na altura de recrutar um marketeer para angariar investidores para este blogue :)


NOTAS
  1. Esta é uma estimativa. Os valores que constam nos relatórios de contas da EDP são estes:
    • Dívida em 2011: 16.948.805.000 euros
    • Total do passivo no fim do 1º trimestre de 2012:  29.572.060.000 euros
    A EDPR programou um investimento de 4 mil milhões de euros num só parque eólico americano, o Meadow Lake (com fases concluídas entre 2009-2012), cuja primeira fase inaugurou em 2009, já depois do colapso do Lehman Brothers. Uma visão empresarial de génio! Ver reportagem vídeo do Expresso (2009). E a seguir, ainda outro vídeo otimista na mesma linha, de 2007.

 
Data deste vídeo: 14 maio 2007


Última atualização: 27 jul 2012 0:28

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Mais barragens?

As Redes Inteligentes e o Mercado Único Europeu da Energia apostam na eficiência!

Redes Inteligentes e o Mercado Único Europeu da Energia — uma solução à vista. © Hoje Macau.

Poll reveals wide support for EU grid action
EurActiv
Published 06 February 2012

A survey of European stakeholders has found overwhelming support for giving priority, funds and planning waivers to allow the speedy construction of European grid infrastructure.

In a survey of businesses, industrial associations, NGOs and think tanks, 81% of respondents said that creating a single European electricity market, and the needed grid infrastructure, should be an EU policy priority.

“We couldn’t agree more,” said Susanne Nies of Eurelectric, an association representing major European power generators.

Rede Inteligente de Energia Pode Ser Hipótese para Macau
Hoje Macau
15 Dez 2011

Está implementada em diversos locais do planeta. A China e os EUA, os principais adeptos do conceito, já desembolsaram muitos milhões de patacas em projectos pilotos. Macau pode ser a “cidade ideal” para a sua implementação. Estamos a falar de Smart Grid, a rede inteligente de energia

O plano de construção de novas barragens hidroeléctricas foi engendrado para melhorar a intermitente produtividade dos geradores eólicos, e pelo caminho aumentar também os ativos não virtuais de empresas sobre endividadas como a EDP. No entanto, as dúvidas técnicas e ambientais sobre o acerto da decisão crescem dia a dia. Os motivos são de vária ordem:
  • O Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) sofre da ausência ou de graves erros de avaliação, quer dos impactes ambientais e patrimoniais negativos das obras e barragens previstas, quer da rentabilidade a curto e médio prazo das mesmas. Esta, segundo alguns especialistas, não poderá deixar de ser nula, ou até negativa!
  • Findo o regime de monopólio partilhado pela EDP, Iberdrola e Endesa, e em particular depois de estabelecido o Mercado Comum Europeu da Energia, assente no conceito de redes energéticas inteligentes e democráticas (na medida em que a micro-geração, nomeadamente off-grid, se liberta das limitações legais conseguidas pelos cartéis energéticos), a falta de rentabilidade das barragens previstas no PNBEPH, sobretudo as dos rios Sabor, Tua e Tâmega, tornar-se-à um peso negativo no balanço geral das respetivas explorações, e uma perda de valor, nomeadamente em bolsa, para as empresas detentoras (Three Gorges, etc.) destes projetados elefantes brancos;
  • As empoladas reservas de gás natural, em África, Canadá e Estados Unidos, e as ainda mais empoladas reservas potenciais de petróleo e de gás de xisto, poderão no curto prazo tornar ruinosa, ou pouco rentável, boa parte dos investimentos em energias eólica e solar;
  • O Mercado Comum Energético Europeu, que acompanhará porventura o nascimento de uma União Europeia Fiscal e Orçamental mais equilibrada e competitiva, é uma ameaça óbvia ao cartel que hoje fornece energia cara ao país —às cidades, às empresas e às pessoas.
  • Sendo praticamente inevitável a renegociação das leoninas Parcerias Público Privadas (PPPs) que vêm arruinando de modo acelerado e catastrófico o país (1), cessará também, pelo menos em parte, a simbiose oportunista entre o cartel energético e o poder partidário instalado e, por esta via, o interesse empresarial e financeiro nas novas barragens.
  • Por fim, que fazer das renováveis já instaladas? À medida que a ilusão na imaginária abundância de gás natural e de gás de xisto se esbater contra a realidade de uma inflação crescente dos preços da energia e das matérias primas em geral, o que hoje dá prejuízo, talvez em 2015, ou 2020, comece a revelar-se uma fonte indispensável de produção própria de recursos.
Entretanto, a prioridade irá, mais cedo ou mais tarde, quer queiramos, quer não, para a adopção de políticas europeias comuns focadas na eficiência energética e na produção em rede, e fora dela, de velhas e novas formas de energia renovável que não destruam no seu caminho equilíbrios ecológicos e paisagísticos com milhões ou milhares de anos.


ÚLTIMA HORA

 6 Fev 2012, 16:15


NOTAS
  1. O grau de endividamento público de Portugal (DN, 6 fev 2012) é o segundo pior da União, logo depois da Grécia, se tivermos presente que aos 110% de dívida oficial, teremos que somar (para deixarmos de aldrabar a contabilidade) o endividamento programado e ou já contratado nas cento e vinte PPPs, cujo valor ascende a uns astronómicos 60 mil milhões de euros. Ou seja, a nossa dívida pública real é de, pelo menos, 145% do PIB! Pelo andar da bancarrota grega, a seguir seremos nós a entrar oficialmente em quarentena. Esta implicará, nomeadamente, uma dieta prolongada dos mercados de dívida soberana e o recurso condicionado ao BCE. Entre as condições que nos serão inevitavelmente impostas, e que constam aliás do Memorando da Troika, está, precisamente, a renegociação das PPPs, ou seja, a paragem e o adiamento inevitáveis de alguns projetos públicos lançados pelo anterior governo: novas autoestradas, novos aeroportos e novas barragens. Não por vontade da Troika, mas porventura por sabotagem dos piratas já infiltrados no governo do senhor Passos de Coelho, a ligação ferroviária em bitola europeia entre Lisboa e Madrid, que conta com 800 milhões de euros provenientes dos fundos comunitários, também poderá ficar no tinteiro, até novas núpcias :(

sábado, dezembro 10, 2011

E a EDP vai para...

Países solventes interessaram-se pela EDP

Desastre anunciado: a barragem da foz do rio Tua (antevisão da EDP).
1 - a parede com 100 metros de altura que Francisco José Viegas quer mandar pintar (de verde, supõe-se!); 2 - o edifício que o Mexia quer transformar numa obra de arquitectura irresistível, com o traço já encomendado a Souto Moura; 3 - a linha ferroviária, por sinal uma "obra de arte", que o empreendimento irá destruir.
Hoje era o dia limite para serem entregues as propostas à privatização dos últimos 24,35% do capital da eléctrica que ainda está nas mãos do Estados. Foram entregues na Parpública propostas de quatro empresas estrangeiras: a alemã E.On, a chinesa Three Gorges e as brasileiras Eletrobras e Cemig. In Jornal de Negócios, 9-12-2011.

O interesse pela eléctrica portuguesa é seguramente grande e poderá superar três grandes escolhos que afectarão o futuro imediato desta empresa:
  1. a sua enorme dívida: mais de 16 mil milhões de euros;
  2. os privilégios, cada vez mais contestados, de que a EDP goza em Portugal pelo seu estatuto de quase monopólio e empresa rendeira que mensalmente expropria, através dos preços exagerados que cobra e dos chamados Custos de Interesse Económico Geral (CIEG), recursos económicos desproporcionados ao potencial produtivo do país;
  3. o Plano Nacional de Barragens, através do qual a EDP avançou para a construção de duas barragens inúteis, salvo para incrementar artificialmente o valor potencial dos seus activos: barragens do Baixo Sabor e do Tua.
A ameaça da UNESCO, conhecida esta semana, de retirar a classificação de Património Mundial ao Alto Douro, previsível e há muito anunciada como provável por quem, com razoabilidade e abundante argumentação técnica, vem criticando o embuste do Plano Nacional de Barragens (PNBEPH), caiu como uma pedra no toutiço do actual governo. A reacção patética do secretário de estado da cultura ao aviso, ainda informal, da UNESCO, serviu a todos para melhor reconhecer as limitações óbvias deste governante. Tal como os demais transmontanos ilustres —Durão Barroso, Sócrates e Passos Coelho— que têm sido chamados a decidir sobre estas desfigurações inúteis da paisagem duriense, também Francisco José Viegas, natural do Pocinho, localidade a escassa distância do novo Museu do Côa (que recebeu neste seu primeiro ano de funcionamento mais de 50 mil visitantes), vem primando por um completo despudor e falta de senso na defesa destes verdadeiros atentados de cimento.

Parece que Manuel Maria Carrilho, anterior ministro da cultura e comissário português na UNESCO, teria avisado o governo Sócrates sobre o conflito óbvio entre as barragens previstas para o Alto Douro e a classificação da UNESCO. E parece que a correspondente em Lisboa da UNESCO não fez ou fez mal o seu trabalho em matéria de tamanha importância e melindre, ocultando informação à sede da organização para quem trabalha.

Em suma, ou teremos a barragem do Tua um dia concluída, e perderemos a classificação patrimonial do Douro conferida pela UNESCO há uma década —agora que o turismo induzido pelas Low Cost cresce exponencialmente da Ribeira do Porto até ao Museu do Côa. Ou então, as barragens do Baixo Sabor e do Tua serão interrompidas, e o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico suspenso, em nome de um valor económico bem maior: o inestimável potencial vinícola, turístico e cultural da bacia do rio Douro.

Em nome da inadiável redução do sobre endividamento da EDP, que já não poderá contar garantidamente com as prometidas rendas do insolvente Estado português, mas também em nome de soluções técnicas de mitigação das quebras de produção dos geradores eólicos, que podem passar perfeitamente por aumentos de potência em barragens existentes (Barragem da Bemposta, etc.), parar as barragens poderá afinal revelar-se como um mal menor que serve aos ecologistas, ao governo e ao futuro imediato da EDP. Só as construtoras sairão a perder neste volte-face. Mas já não ganharam de mais? Não estragaram já o suficiente a paisagem que é de todos? Não foram já suficientemente responsáveis pela bancarrota do país? E quem disse que não poderão ser parcialmente compensadas com alguma obra na China, Brasil ou Alemanha? Tudo se negoceia quando há juízo!

Sobre quem será o país a tomar conta de 25% da EDP, sabe-se que:
  1. O Brasil não quer a China a entrar no Brasil através da EDP, e quer, por seu lado, entrar na península ibérica e na Europa através da EDP;
  2. Os Estados Unidos não querem a China a entrar no seu sector energético através da EDP, e já fizeram saber isso mesmo às autoridades portuguesas;
  3. A Alemanha não quer a China a entrar no sector energético europeu através da EDP, no preciso momento em que a crise das dívidas soberanas e empresariais vai obrigar a múltiplos movimentos de concentração económico-financeira na Europa;
  4. A China, portanto, para entrar, terá que colocar muita massa em cima da mesa e oferecer extras irresistíveis.
O Brasil abre um mercado de futuro à EDP. Mas, por outro lado, a Alemanha reforçará o potencial científico e tecnológico da companhia, e ainda todo o vasto mercado europeu, mais os mercados de exportação que a Alemanha alcança e que são imensos. Por mim, a opção é clara e chama-se Alemanha!

Seja como for esta privatização vai ser um excelente barómetro da inteligência estratégica e negocial deste governo. Estamos todos em pulgas para saber!



NOTA
Sobre o assassínio progressivo do Douro, vale a pena ler este artigo do engenheiro Francisco Gouveia.
“A região do Douro, que já era emblemática muito antes de ser considerada Património Mundial, pois foi a primeira região demarcada vinhateira do mundo, foi recentemente galardoada com o tal título da UNESCO que a consagrou definitivamente perante o mundo. Todos lucramos com isso, especialmente a região, que passou a ter publicidade gratuita, que passou a ser falada em todos os sítios onde se aconselhavam paisagens, que passou a andar em todos os roteiros da net, que começou a ser apetecida por turistas que a desconheciam.

O turismo no Douro deve a este facto o seu crescimento. E a mais nenhum. Tudo o que se fez depois, foi um enorme zero, dinheiro mal gasto por quem percebia pouco do assunto e tirou um curso acelerado nos corredores dos partidos. Foi o DOURO PATRIMÓNIO MUNDIAL, que arrastou para cá a curiosidade dos estrangeiros. Mas como tudo o que é belo e grandioso, é cobiçado.

E logo as empresas que necessitam deste tipo de relevo e hidrografia, para instalarem as suas centrais de produção, começaram a olhar o Douro com os olhos do Tio Patinhas. E não tinham dúvidas de que era neste Douro, nesta região, que tinham as condições naturais de excelência, que não encontravam em mais nenhuma parte do território.

Foi assim que o Plano Nacional de Barragens Com Elevado Potencial estipulou para o Douro a maior fatia e, consequentemente, a sua maior destruição. A Bacia Hidrográfica do Douro, para que se saiba, já possuía mais de 50 barragens antes deste Plano! Sendo que muitas são de terra e de enrocamento. As de gravidade (aquelas que habitualmente designamos como sendo de betão) são as maiores.

Mas não só. Este Plano Nacional de Barragens, prevê a devastação do Tâmega com inúmeras barragens, algumas dentro de um circulo de 10 Km, bem como a do Baixo Sabor (em construção) e polémica barragem do Tua, esta última que será, talvez, a razão próxima para a perde do título que o Douro ostenta de património mundial.

A barragem do Tua, para além de ser um monstro de betão à saída do Tua com vistas para o Douro, e a que nem a arte do arquitecto Souto Moura (inexplicável, ou explicavelmente envolvido neste processo) conseguirá amenizar, será também o caixão onde repousará parte de uma região de beleza sublime. Ainda por cima, com uma Barragem que será a desgraça das nossas Finanças Públicas, pois o que o Governo anterior contratualizou com a EDP e a IBERDROLA (relativamente às barragens do Tua e Sabor), equivale ao pagamento a estas empresas, de uma quantia que é três vezes superior ao nosso défice, pelo prazo de 70 anos!!!!!!!!!!

E o que é mais grave, é que estas barragens apenas vão contribuir com 0,5% da energia que consumimos!!!!!!!!!!”
“Que estranha forma de vida”, Francisco Gouveia.
Artigo integral em Notícias do Douro.




ÚLTIMA HORA!

11-12-2011 22:06
Negócios online (com base em notícia divulgada pelo Der Spiegel): “O governo PSD/CDS reduziu recentemente a quatro os candidatos à compra da referida quota, dando também preferência aos alemães.”
Comentário: Se o Der Spiegel acertar, então é porque o governo português terá feito a melhor escolha. A entrada da E.ON aos comandos da EDP é a que melhor servirá os interesses do país. À China, Portugal deverá reservar uma penetração consolidada em Sines e em geral no negócio marítimo e portuário, pois será aqui que ambos os países poderão obter vantagens mútuas mais produtivas — OAM.