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quinta-feira, março 09, 2017

Ilha ferroviária portuguesa à vista

Comboio de Alta Velocidade em Zamora
Foto @ Lusa

Miranda do Douro está mais perto de Barcelona do que de Lisboa



O interior já não é o que era. Alta Velocidade ferroviária espanhola chega à raia, mas não a Lisboa, nem ao Porto.

As araras que nos têm governado querem (pensam, mas não afirmam) deter uma possível invasão espanhola. É uma teoria que vem do tempo em que João Cravinho era ministro e defendia, por um lado, um novo aeroporto na Ota—para dificultar o crescimento e o poder económico e industrial do norte do país— e, por outro, a prioridade de obras ferroviárias na Linha do Norte (que ainda hoje estão por acabar), para reforçar o centralismo do Terreiro do Paço e São Bento. O resultado está à vista.

A paulatina tomada de posições dos espanhóis e catalães na banca portuguesa, no setor da energia ou da saúde, nas explorações de média/grande dimensão, agrícolas (olival intensivo) e agropecuárias (porco preto de bolota), nas concessões públicas de autoestradas, no pronto-a-vestir e em breve nas grandes superfícies comerciais (Mercadona) não se evita se nos suicidarmos ferroviariamente!

Dando provas de uma inteligência rara e fina, a nossa elite político-partidária conseguiu ainda neste caso a proeza de deitar borda fora os fundos comunitários que estavam reservados para as três ligações ferroviárias internacionais em bitola europeia, e que são parte das chamadas novas redes europeias de comunicações e transportes.

Estas linhas ferroviárias e respetivos sistemas de eletrificação e segurança formam parte de uma espécie de autoestrada ferroviária europeia (que por acaso se estende até à Rússia e à... China), sobre cujos carris andam combóios rápidos e muito rápidos, movidos a eletricidade e não a petróleo—como sucede com as frotas TIR e com os comboios movidos a diesel. A nossa fina elite partidária, parlamentar, e financeira, tal como o bom povo português, não sabem o que está em causa e preferem todos marchar alegremente contra o TGV e fazer pic-nics contra os espanhóis.

O bom povo português e o regime endividam-se a importar carros e a alimentar os buracos negros do estado, da banca e do futebol. Temos o que merecemos.

Pequeno-almoço em Miranda, almoço em Barcelona e jantar de novo em casa 
O presidente da câmara de Miranda do Douro defende que o prolongamento do IC5 até Espanha, com ligação a Zamora, aproximará o Douro Superior do centro da Europa através da rede ferroviária espanhola de alta velocidade. E fez uma viagem da sua terra até Barcelona para provar que assim é. 
No contexto transfronteiriço, os municípios do eixo do IC5 (entre Murça e Miranda do Douro) reclamam uma ligação com Espanha via Sayago, em direção a Zamora, para uma maior proximidade com os comboios de alta velocidade que chegam àquela cidade, estando mesmo a ser preparado um documento reivindicativo para entregar ao Governo português. 
Para provar as vantagens de tal solução, o presidente da câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes de Miranda, levou a cabo uma viagem em que tomou o pequeno-almoço em Miranda do Douro, apanhou o comboio de alta velocidade em Zamora, passou por Madrid, almoçou em Barcelona e jantou de novo na sua terra natal, viajando sempre na rede de Alta Velocidade Espanhola (AVE). A agência Lusa acompanhou o autarca na viagem até Barcelona, a uma distância de pouco mais de cinco horas utilizando a rede AVE. 
—in Diário de Trás-os-Montes