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terça-feira, fevereiro 06, 2018

A corja



O PCP estupora a Autoeuropa, enquanto o Bloco estupora a RTP


Uma conjunção inesperada de pessoas, interesses, corrupção e avidez partidária deu cabo de um projeto genuinamente inovador na RTP. Uma visão, um projeto e uma direção que até foram capazes de organizar uma candidatura ao Festival da Eurovisão diferente, com os resultados que se conhecem, tornaram-se uma ameaça intolerável para os que não sabem fazer outra coisa que não seja especular com a pobreza de espírito das famosas audiências, mantendo, por outro lado, bem viva a chama da corrupção embrulhada em populismo justiceiro.

Essa comunhão corporativa e pirata que tirou o tapete a um projeto corajoso, criativo, independente e ganhador é o retrato descarado do regime que apodrece à nossa volta. Um ex-administrador, Luís Marinho, que saiu da RTP com a mais elevada indemnização paga naquela casa, mas sem uma declaração de não agressão aos seus sucessores, trava desde 2016 uma campanha insidiosa contra Nuno Artur Silva e Daniel Deusdado. O tablóide do gajo que anda a poluir o rio Tejo, e deveria ir preso por isso (irá?), serviu sucessivas peças de lixo jornalístico sobre os putativos conflitos de interesses entre Artur Silva e Deusdado, por um lado, e a RTP por outro. Não foram, quando tinham que ser, avaliadas as possíveis situações de incompatibilidade, pelos juristas da RTP ou por aqueles a quem a RTP paga generosas avenças? Cunha Vaz (um dos personal trainers de António Costa) prometeu acabar com esta gerência (e cumpriu). Entrou uma arara de Coimbra no chamado Conselho Geral Independente, botou sentença perante uma turma de ingénuos, cobardes e hipócritas, e estes idiotas renderam-se à lábia do advogado. Por fim, os jovens extremistas do Bloco de Esquerda ganharam a Comissão de Trabalhadores ao PCP, e decidiram dar largas às diretivas vermelhas do Bloco: Ana Drago, fora! Rui Tavares, fora! Ainda não foram, mas não vai demorar muito. A RTP, agora, é nossa, quer dizer deles!

É por estas e por outras que a linha que demarca a esquerda da direita não passa duma linha imaginária.

A corja partidária dum país falido, onde as principais empresas económicas e financeiras acabaram nas unhas de espanhóis, angolanos, chineses e alguns americanos e franceses, só já tem um fim em vista: tomar o Estado de assalto, meter prego a fundo no populismo, e servir-se. Isto é, servir-se de todos nós.

Se pensam que a Geringonça é coisa esporádica e passageira, desenganem-se. Veio para ficar, como predisse e expliquei atempadamente num programa da RTP que um acólito qualquer da situação se apressou a destruir o mais depressa possível.

A ronha, a mediocridade e a subserviência sempre conviveram bem com a corrupção.


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sábado, abril 01, 2017

Serviço Público?


Um caso de violência sexual entre crianças não é um caso de pedofilia


Há que distinguir a 'investigação jornalística', do populismo tablóide que domina hoje boa parte dos meios de comunicação social. A RTP deveria, creio, ser uma guardiã do jornalismo útil, prudente, sério e de esclarecimento, deixando a exposição fácil e oportunista dos escândalos para a TVI e o Correio da Manhã. No caso que viria a resultar ontem de manhã na agressão criminosa contra um operador de câmara da RTP exigem-se todos os esclarecimentos possíveis. Evitar este escrutínio seria abrir a porta a uma espécie de terra de ninguém, nada saudável para uma democracia já ameaçada por perigos vários, de que uma deriva de regresso ao passado mental da censura não está totalmente excluída.

O que foi o repórter lá fazer?  
Vai e Vem. Publicado em Março 30, 2017 por estrelaserrano@gmail.com 
A RTP não adiantou quais os motivos da agressão nem explicou qual era o objectivo da reportagem. Tratando-se de duas crianças uma das quais alegadamente vítima de “agressão sexual” certamente a RTP não estaria à espera de filmar as crianças envolvidas ou os seus familiares. Pelo que não se ficou a saber que tipo de reportagem a RTP esperava fazer. 
(...) 
É evidente que qualquer violência sobre jornalistas é deplorável ainda mais quando se encontram no exercício de funções. Certamente o repórter agredido não fez mais do que recolher imagens de quem por ali se encontrava. 
Mas tratando-se de assunto tão grave e delicado, como a agressão sexual envolvendo  crianças, a recolha de imagens era absolutamente interdita. A lei de protecção de menores proíbe a exibição de imagens de vítimas de agressões sexuais e a RTP não desconhece as restrições impostas em situações envolvendo menores. 
+ 
Ainda a reportagem da RTP sobre distúrbios numa escola 
Vai e Vem. Publicado em Março 31, 2017 por estrelaserrano@gmail.com 
Deslocar a discussão para a agressão à equipa da RTP em vez de a centrar na substância do ocorrido na escola e nos procedimentos que devem ser adoptados na cobertura televisiva de crimes sexuais envolvendo crianças é fazer da RTP o centro da notícia coisa que, ela sim, é contrária às melhores práticas jornalísticas. 
O repúdio da agressão a um jornalista no exercício de funções não pode camuflar eventuais erros cometidos numa situação em que o jornalista se tornou ele próprio numa vítima. 
+

O assunto da reportagem abortada, motivada por um suposto caso de agressão sexual exercida por um miúdo de doze anos sobre uma criança de nove, azedou ao longo do dia de ontem, acabando os comentários de Estrela Serrano por suscitar a ira de 100 jornalistas da RTP, numa empresa que conta com 1100 funcionários. Estes jornalistas exigiram hoje a demissão de Estrela Serrano do Conselho de Opinião, o que não deixa de ser um péssimo augúrio.

Comentei ontem este incidente. Hoje acrescento, em defesa de Estrela Serrano, mais algumas palavras.

Um serviço público de televisão não deve andar atrás das audiências, nem querer competir com a TVI e o Correio da Manhã.

A RTP não é uma instituição intocável, mas continua a parecer impossível dar-lhe um perfil de verdadeiro serviço público, como a BBC ou a PBS americana, ou a Euronews, ou seja, onde não se transforme a informação desportiva numa diarreia perpétua de futebolismo infumável, onde não haja concursos desmiolados, nem telenovelas de cordel. Ou seja, um serviço capaz de elevar, em vez de perpetuar a inércia cultural de uma população pouco instruída e mal paga.

Dum serviço público espera-se e paga-se para ter informação criteriosa, esclarecimento crítico, diáspora, lusofonia, pedagogia e cultura em sentido amplo. Parece-me, no entanto, que o 'trade-off' deste híbrido, onde a esquina tablóide ocupa cada vez mais tempo de emissão, é escancarar 'ad nauseam' a janela hertziana paga por todos nós ao exercício da propaganda narcisista do poder e das suas oposições.

Colaborei com muito gosto num programa de televisão, na RTP3. Foi sobretudo um programa não contaminado pelos partidos. Talvez por isso tenha morrido tão cedo, apesar do bon share.

Por fim, a reação dos 100 jornalistas ofendidos com a opinião educada e objetiva de Estrela Serrano faz-me temer o pior de uma instituição que continua a resistir à mudança.

Porque não exigiram um inquérito interno ao sucedido, em vez de um saneamento?




domingo, abril 26, 2015

RTP, quem paga?


Que tal privatizar 51% da RTP/RDP?


Só há uma solução: privatizar a RTP/RDP a 51%. O estado fica em minoria, com 49%, e a empresa passa a concorrer em pé de igualdade com as demais empresas do ramo. Toda a taxa do audiovisual (100%) deve ir para a conservação e disponibilização pública do espólio documental destas empresas e para um museu da televisão e da rádio.

Assim, RTP e RDP deixarão de depender do Estado, e deixarão de sofrer interferência dos governos e dos poderes partidários. Se for assim, não me importo nada que comam caviar e bebam Champagne ao pequeno-almoço, ao almoço, ao lanche e ao jantar!

Porsche de diretor da RTP gastava 3 mil euros de combustível
Novo presidente da RTP vai ganhar 10 mil euros

O novo presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis, vai ganhar 10 mil euros por mês, um valor superior ao do seu antecessor no cargo, Alberto da Ponte.

Gonçalo Reis irá assim auferir uma remuneração mensal de 10 mil euros e Nuno Artur Silva, 7390,29 euros, sem despesas de representação.

O anterior presidente da RTP, Alberto da Ponte, abdicou deste regime, obtendo em 2013, de acordo com o último relatório e contas disponível no site da televisão pública, uma remuneração bruta anual após deduções de 91987,39 euros, ou seja, 7665,6 euros por mês.

Na altura, a administração da RTP contava ainda com dois vogais, que auferiram uma remuneração anual de 73590 euros, o que significa um ordenado mensal de 6132,50 euros.

PAGAMOS OS BOYS QUE ENTRAM E OS QUE SAEM TAMBÉM

A RTP gastou no ano passado 13 milhões de euros em rescisões por mútuo acordo.

O número de trabalhadores da empresa no final de 2014 era de 1.689, menos 129 que em 2013 (1.818). Recorde-se que em 2014 a RTP deixou de receber a indemnização compensatória, passando a viver somente da taxa para a contribuição audiovisual (CAV) e das receitas comerciais.

Alguns dos rostos famosos que ganhavam em 2011, ordenados milionários na RTP, como são os casos de Fátima Campos Ferreira (10 mil euros mensais), Catarina Furtado (30 mil euros), Fernando Mendes (20 mil euros), José Carlos Malato (20 mil euros), Maria Elisa (7 mil euros), Jorge Gabriel (18 mil euros), Sónia Araújo (14 mil euros), João Baião (15 mil euros), Tânia Ribas de Oliveira (10 mil euros) ou Sílvia Alberto (15 mil euros), entre outros.

in Apodrece Tuga, 25/4/2015


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quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Alberto da Ponte: RTP cortou custos 70 milhões de euros nos últimos três anos - Jornal de Negócios

Cortar não é o mesmo que reformar, privatizar, ou colocar a RTP num plano de igualdade concorrencial com as empresas privadas. O Almerindo Marques também disse que tinha cortado, mas a hidra do pseudo serviço público voltou a multiplicar cabeças, cabecinhas, braços, pernas e perninhas, cuja fatura indecente foi, é e continuará a ser apresentada aos indígenas, até que estes desliguem de vez a luz!

Alberto da Ponte: RTP cortou custos 70 milhões de euros nos últimos três anos - Media - Jornal de Negócios

quinta-feira, março 28, 2013

Sócrates, o regresso

Marilyn Monroe © Sam Shaw (1957)—Sam Shaw Archives

Há pessoas assim. Quando entram numa sala, as atenções voltam-se para elas, gostemos ou não.

Esta frase de José Miguel Júdice num debate SIC sobre a entrevista dada por José Sócrates à RTP1, comparando Sócrates a Marilyn, foi um momento inspirado e certeiro sobre a já inegável viragem na pasmaceira mediática que tem vindo a decorar o inferno sem esperança para onde o governo de coligação tem vindo a conduzir o país — outra metáfora, desta vez dantesca, apropriadamente evocada esta noite pelo homem que mais paixões e ódios tem suscitado em Portugal nos últimos anos.

O antigo primeiro-ministro reconheceu, pela primeira vez, um erro de fundo nas suas decisões enquanto liderou o PS e foi chefe de governo: ter formado um governo minoritário depois de ter perdido a maioria absoluta em 2009. Este reconhecimento é porventura a afirmação mais importante proferida ao longo da entrevista.

O resto foi, no essencial, a prova viva de que o homem está mais fino que um alho, e que vai condicionar o debate político português no decurso do pouco tempo que restará ao governo. A pancada no inútil de Belém foi de uma contundência épica. Olhou para o governo como uma turma de cavadores suicidas. Passou o esperado atestado de nulidade ao zero à esquerda que herdou o PS, e que de esta noite em diante vai deixar de dormir.

Sibilino, José Sócrates anunciou à sua próxima vítima, neste caso, Marcelo Rebelo de Sousa, um putativo candidato presidencial que há mais de uma década se cobra e bem para manter a sua agenda de intriga partidária no ar, que os seus comentários na televisão pública serão pro bono. Delicioso!

Têm alguma dúvida sobre o 'comentador' que vou passar a ouvir ao Domingo? Eu, e o país inteiro?


ÚLTIMA HORA

Afinal, e ao contrário do que disse hoje (28 mar) uma criatura parlamentar do PSD, e ao contrário do manifesto de estupidez incorrigível pronunciado por Francisco Assis, o Pinóquio, pelo menos ontem, não mentiu. No máximo, usou critérios discutíveis na contabilização das despesas e encargos das PPP rodoviárias.

Sobre estas PPP é preciso ter em conta que não sabemos, nem podemos saber hoje, isto é, no momento em que Passos Coelho revela a maior das subserviências face ao Bloco Central das Rendas (nomeadamente via Sérgio Monteiro) o que teria feito Sócrates se o governo não tivesse caído, se a Troika não tivesse desembarcado em Lisboa, e se uma solução mais parecida com a espanhola tivesse sido negociada. Poderia, por exemplo, ter obrigado os rendeiros do BES, da Mota-Engil e do grupo Mello a reduzir os lucros leoninos previstos nos contratos, e forçar sem cerimónias uma renegociação severa da distribuição dos riscos do negócio. Já todos percebemos que o Passos de Coelho não tem adrenalina, nem coragem, para tal!

As paixões e ódios fulanizados são maus conselheiros em tempo de naufrágio.

E no caso vertente, o facto político relevante é este: Pinóquio deixou de poder ser usado como o bode expiatório da tragédia em curso. Fez asneiras? Basta ler este blogue! Já em maio de 2005 aqui se avisava, analisando o impacto do pico petrolífero na economia mundial e as próprias estimativas então anunciadas por Medina Carreira, que Portugal caminharia inexoravelmente para o colapso financeiro e a falência, em menos de uma década, se não mudasse de vida em matéria energética, de despesa pública e de dimensão do aparelho de estado.
“Factos e números ditos por Sócrates são verdadeiros ou falsos?”
Negócios online, 28 Março 2013, 01:05 por Helena Garrido | Marlene Carriço | Maria João Babo | Isabel Aveiro | Miguel Prado | Catarina Almeida Pereira |  Manuel Esteves |  Nuno Aguiar |  

Entrevista de José Sócrates à RTP foi vista por mais de 1,6 milhões de espectadores
Jornal i com Agência Lusa, publicado em 28 Mar 2013 - 10:46.

“Sócrates - O retorno da mentira como estratégia política”. Por Pedro Cosme Vieira (in Económico-Financeiro, 28mar2013.)

“A lata”. Por Manuel Maria Carrilho (in Diário de Notícias, 28mar2013.)

“A nova conspiração socratina”, Do Portugal Profundo, 29mar2013.


Última atualização: 03 abr 2013, 12:21 WET

domingo, setembro 02, 2012

A RTP e o cavacóide

Roncão d'El Rei, campo de golfe. Um latifúndio a abater?
Foto: Augusto Chaves

Mude-se a Constituição!

Presidente não recebeu propostas oficiais
Cavaco diz que "qualquer alteração" na RTP merece "explicação aprofundada" do Governo

01.09.2012 - 11:07 Por PÚBLICO

O chefe de Estado lembrou ainda que a RTP presta "um serviço público nos termos da Constituição", pelo que "o Estado deve assegurar a existência e funcionamento de um serviço público de televisão e de rádio". "Qualquer alteração do modelo não deixaria com certeza de ser objecto de uma explicação aprofundada por parte do Governo de forma a que os portugueses percebam o sentido e a razão das mudanças a realizar nesse domínio", acrescentou Cavaco Silva.

O Cavaco do BPN veio hoje, qual golfista de gema, alertar para as obrigações constitucionais em matéria de televisão e rádio, tal como ontem o impedido Marcelo alertava para o perigo de a RTP ir parar a mãos estrangeiras! E a ANA, sotôr Marcelo, pode deixar de ser um monopólio público para passar a ser um monopólio privado, em mãos espanholas, angolanas, ou chinesas? Não fere a Constituição, sotôr? Ai Jesus, andamos todos todos tão aflitos :( !!!

Agora a sério, já alguém neste país se deu ao trabalho de ler a nossa Constituição? Pois digo-vos o que sinto: é pura anedota! Se não me creem, leiam estas duas passagens, entre muitas outras de rir à gargalhada, ou de chorar:

"Preâmbulo

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de [...] abrir caminho para uma sociedade socialista, [...].

Artigo 94.º (Eliminação dos latifúndios)

1. O redimensionamento das unidades de exploração agrícola que tenham dimensão excessiva do ponto de vista dos objectivos da política agrícola será regulado por lei, que deverá prever, em caso de expropriação, o direito do proprietário à correspondente indemnização e à reserva de área suficiente para a viabilidade e a racionalidade da sua própria exploração.

2. As terras expropriadas serão entregues a título de propriedade ou de posse, nos termos da lei, a pequenos agricultores, de preferência integrados em unidades de exploração familiar, a cooperativas de trabalhadores rurais ou de pequenos agricultores ou a outras formas de exploração por trabalhadores, sem prejuízo da estipulação de um período probatório da efectividade e da racionalidade da respectiva exploração antes da outorga da propriedade plena."

No que respeita ao serviço público de Televisão e Rádio, o golfista da Aldeia da Coelha diz que se deve respeitar a Constituição. E em matéria de socialismo, e de expropriação de latifúndios, que nos diz este rapaz jovial que colocámos em Belém?

Se não quiserem privatizar a RTP e a RDP a 100% (como defendo, com salvaguarda das marcas e arquivos, que deverão manter-se propriedade pública) façam como os americanos: reduzam estas duas fontes de despesa, corrupção, propaganda e manipulação político-partidária, a orçamentos e serviços mínimos — sem taxa, nem indemnizações compensatórias!

sexta-feira, agosto 24, 2012

RTPPP



Raios Te Partam! ou Rendas Novas?

Não há nenhuma televisão pública em Portugal, no sentido em que podemos falar da BBC como um serviço público de televisão. A RTP é uma televisão privada paga com dinheiro dos contribuintes ao serviço da partidocracia instalada, e é culturalmente nula.

Como se isto não fosse suficiente para proceder à sua alienação imediata, acresce que alguns dos seus distintos trabalhadores, não satisfeitos com a promiscuidade mal-disfarçada entre negócios públicos e privados de que beneficiam há décadas, chegam a promover alegremente os seus negócios pessoais e as suas criações literárias no prime time dos vários canais da televisão pública!

Tal como o Diário de Notícias foi alienado e bem, a RTP/RDP e as suas intermináveis sucursais, deve ser pura e simplesmente vendida a privados, com duas ressalvas: as marcas RTP e RDP não serão transmitidas na venda, nem os arquivos audio e audiovisuais, devendo as marcas e o património audiovisual permanecerem propriedade do Estado.

Nos tempos tecnológicos que correm, quer o governo, quer o parlamento, quer os governos regionais, quer as autarquias, quer as universidades, podem, a custos residuais, montar serviços próprios de comunicação audiovisual interactiva e realidade expandida online. E com a vantagem de promoverem muito mais emprego, diversidade de conteúdos, criatividade e competitividade.

Portanto, senhor Borges, deixe-se de meias tintas, ou pior ainda, de tentar criar mais uma PPP (neste caso, uma RTPPP!) para alimentar mais uma família esfomeada da tribo de cleptocratas que arruinou o país.

Acabe com a RTP/RDP e pronto. Já basta de economia extractiva e de rendas.

O Estado tem que encolher onde está a mais, e não onde está a menos!


RTP, Centro de Produção, Chelas, 2007 (antevisão)

A RTPPP do Borges

A notícia do Sol reproduzida pelo Jornal de Negócios não passa de mais um balão a ver se sobe!

O essencial do recado é tenebroso: o senhor Borges que foi (é?) da Goldman Sachs parecia bem encaminhado na entrevista: é preciso acabar com a RTP e pronto, mas depois borrou a pintura.

Privatizar, não... concessionar a privados, sim!

Ou seja, eles tomam conta da coisa e emagrecem a casa (suponho), mas ficarão obrigados a prestar serviço público. Pergunta: que entende o senhor Borges por serviço público?

O preço da iguaria chamada "serviço público" será o Zé Povinho que continuará a pagar, pagando a taxa, a qual continuará a ser extraída ilegitimamente do seu bolso através da fatura de eletricidade que lhe é enviada mensalmente pela empresa pública chinesa Três Gargantas. Isto se, temo bem, a Troika continuar a assobiar para o ar a propósito desta ninharia que consta dos objetivos do Memorando.

Como a maioria dos portugueses subscreve hoje serviços privados de televisão, telefone e dados, o senhor Borges pretende que o lorpa português continue a pagar duas vezes pelo lindo serviço público da RTP (a propósito, qual é?)

Outra pergunta: mas concessionar não significa que os concessionários terão que pagar algo ao concedente, isto é ao Estado, isto é, a nós, contribuintes? Em que ficamos: pagam eles, ou pagamos nós?

Até onde este governo pensa que vai continuar a enganar os contribuintes que anda a roubar diariamente para manter banqueiros criminosos, governantes irresponsáveis e burocratas inúteis?

Governo admite concessionar a RTP e fechar a RTP2 (act)

O conselheiro especial do Governo para as privatizações, afirmou que a RTP pode ser "concessionada" a operadores privados e não vendida, como previsto anteriormente. [...]

António Borges admitiu, porém, que o destino da RTP 2 deverá ser o encerramento. "Muito provavelmente. É quase inevitável. É um serviço que custa extraordinariamente caro para uma audiência muitíssimo limitada."

No caso da RTP 1, Borges admitiu que a possibilidade de uma concessão a privados "é uma hipótese muito atraente sob vários pontos de vista". "Por um lado não se vendia a RTP, mantém-se propriedade do Estado, mas entrega-se a um operador privado que tem provavelmente melhores condições para gerir a empresa", disse nesta entrevista à TVI.

"O operador vai ficar, evidentemente, com as obrigações de cumprir o serviço público e continuar a receber pelo serviço público um apoio do Estado com a diferença que esse apoio será bastante, seguramente, inferior aquele que a RTP recebe hoje".
Borges avançou ainda que esse valor poderá ser equivalente à taxa do audiovisual, 140 milhões de euros anuais." A RTP tem custado ao Estado 200 a 300 milhões de euros por ano", disse.

Antes da entrevista de António Borges, o jornal “Sol” avançava na sua edição online que o Estado fará a concessão total do serviço público de televisão e rádio (RTP e RDP) a um operador privado, por um período de 15 a 25 anos, mantendo a propriedade pública da empresa.

Segundo a mesma fonte, esta solução de privatização cumpre três objectivos do Governo: libertar o Orçamento do Estado dos elevados custos que o grupo RTP/RDP tem representado (em média dos últimos cinco anos, cerca de 240 milhões de euros anuais); garantir o cumprimento do serviço público de conteúdos, através de um contrato a assumir pelo concessionário privado que ganhar o concurso; e manter a propriedade pública da empresa.

in Jornal de Negócios, 24 agosto 2012

sexta-feira, agosto 10, 2012

RTP ou Nova Constituinte?

Em democracia nada justifica uma máquina de propaganda audiovisual ao serviço do governo de turno

Já não precisamos da RTP, obrigado. Precisamos, sim, de uma Nova Constituinte!

Um editorial tem 4.000 caracteres. Para este bastariam 56: vender uma licença de televisão não é privatizar a RTP. Pedro Santos Guerreiro, in Negócios, 5 agosto 2012.

Desde que se começou a falar da privatização da RTP, escrevi sempre o mesmo:

UM — Não precisamos de qualquer televisão pública no estado atual das tecnologias de comunicação. Assim como se privatizaram todos os jornais do estado que chegaram a coalhar o panorama mediático nacional e já ninguém se lembra porque duraram tanto tempo, o mesmo ocorre com os ainda existentes canais de propaganda audiovisual ao serviço das teias governamentais de turno, entretanto transformados em verdadeiros nichos de emprego político e fonte de despesismo escandaloso e inútil do ponto de vista da informação. Os arquivos da RTP devem ir para uma secção da Biblioteca Nacional e servirem a cidadania, toda a indústria, assim como os estudiosos académicos.

DOIS — Os maquiavelismos sórdidos que o licenciado instantâneo Relvas tem procurado implementar a propósito da falsa privatização da RTP-RDP em curso, apenas desacreditam o governo do Jota Passos de Coelho e demonstram à saciedade que este regime corrupto já não tem emenda.

Esperemos que a Troika esteja suficientemente atenta para não deixar passar mais esta farsa e falsificação dos termos acordados do memorando que preside ao resgate em curso.

A democracia portuguesa ainda vigente degenerou e o texto constitucional a que falsamente obedece morreu. É preciso retirar as inadiáveis consequência do cadáver adiado que temos entre mãos e preparar um funeral condigno. Isto é, é urgente convocar uma NOVA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE para refundar esta insolvente, incompetente e corrompida democracia populista.

A Constituição em vigor é uma inutilidade manifesta, atropelada à esquerda e à direita todos os dias.

Ou apostamos na União Europeia e rasgamos a atual farsa constitucional, completamente esburacada pelos alçapões que a cleptocracia e o populismo multiplicaram ao longo das últimas décadas. Ou, se não tivermos força democrática suficiente para mudar este regime bloqueado, espera-nos um rápido e desastroso declínio da economia e das liberdades, com a consequente expulsão do paraíso europeu.

O tempo de optar entre o PSD e o PS, ou entre a esquerda desmiolada e oportunista que temos e o resto do espectro partidário acabou. Tal como no tempo da ditadura, a única atitude livre e democrática que nos resta é anunciar e boicotar publicamente os próximos atos eleitorais, e reclamar a formação de uma NOVA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE.

Queremos, ou deveríamos querer, uma democracia simples, responsável e transparente.

Queremos ou deveríamos querer uma verdadeira União Europeia, próspera, sustentável, livre, democrática, justa e regionalmente equilibrada.

Mas para aqui chegarmos, o primeiro passo é mesmo derrotar a cleptocracia instalada e os seus vassalos.

domingo, julho 17, 2011

Privatizar a RTP, já!

Media Capital e Impresa em pânico com privatização da RTP

Manuela Moura Guedes, um furacão a que não estávamos habituados.

O Expresso reafirmou este Sábado (LINK) a sua história sobre a investigação a Bernardo Bairrão supostamente realizada pela pouco Secreta portuguesa. Bernardo Bairrão era administrador da Média Capital, o grupo que detém a TVI, onde Miguel Pais do Amaral possui 10% do capital (1) e a Prisa (dona do El País) tem a maioria (84,69%), sendo que também a Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra (Nova Caixa Galicia) detém 5,05% do grupo.

Bernardo Bairrão era pois administrador de uma empresa cujo comando pertence a um dos mais poderosos e políticos grupos de comunicação espanhol, com origens que remontam à era de Franco, mas cujo alinhamento pelo PSOE é a matriz genética e estratégica desde o primeiro dia em que o El País apareceu nas bancas. Bernardo Bairrão preparava-se pois para ser secretário de Estado da administração interna do actual governo português. O melindre, mais do que óbvio, é escandaloso!

Na qualidade de administrador da Media Capital, Bernardo Bairrão despediu Manuela Moura Guedes nas vésperas das eleições legislativas de 2009, para proteger o primeiro ministro (José Sócrates) que tentara controlar a TVI através de uma entrada da PT na Media Capital e que queria, por outro lado, numa espécie de dois em um, ajudar o El País e Zapatero. O canal de televisão português com maior audiência deixaria assim de ter vozes inconvenientes e evoluiria rapidamente para uma espécie de vaquinha ideológica dos socialistas ibéricos.

Um dos homens que concretizara esta estratégia (ainda que parcialmente, pois a Prisa acabou por não precisar de vender a Média Capital) foi Bernardo Bairrão, o mesmo que iria agora entrar no âmago do governo de Passos Coelho. Menos mal que Manuela Moura Guedes enviou um SMS ao primeiro ministro avisando-o da asneira crassa em curso.

É, porém, preciso regressar ao tempo em que o grupo Prisa pensou vender a Media Capital para realizar receitas urgentes destinadas a resolver um gravíssimo problema de incumprimento potencial das suas obrigações financeiras, para percebermos a outra dimensão deste caso, e sobretudo do empenho extraordinário do Expresso e da SIC (i.e. do cada vez mais frágil grupo Impresa, de Pinto Balsemão) em fazer do não-caso Bernardo Bairrão uma arma de arremesso contra o actual governo.

A Ongoing, que hoje se posiciona claramente para entrar na privatização da RTP, manifestou em 2009 a intenção de tomar posições accionistas activas (i.e. com capacidade de controlo e gestão) tanto no grupo Impresa (onde tem aliás uma participação histórica), como na Media Capital. A Impresa exibia já uma curva declinante aparentemente sem regresso, e o grupo Prisa tinha sido mais ou menos forçado a colocar à venda a Media Capital como forma de arrecadar receitas necessárias a por em dia o seu desequilibrado balanço. Quis o destino que nenhum dos grupo de média fosse parar às mãos da Ongoing e das do seu novo estratega para a área das indústrias de comunicação e conteúdos, José Eduardo Moniz.

Com o acordo da Troika ficou entretanto decidida a privatização da RTP — um monumental centro de custos (2), sede de mordomias sem fim e gestão aventureira dos escassos recursos fiscais existentes. No actual estado da tecnologia, a existência de televisões públicas não tem qualquer justificação, e a sua subsistência apenas revela a pulsão paternalista e o desejo de manipulação de massas que o poder partidário e o poder político conservam como uma espécie de direito natural. Basta pensar no trauma que à época foi a privatização do venerável Diário de Notícias para percebermos rapidamente que o caso da RTP é exactamente da mesma natureza: uma vez privatizada, ninguém mais pensará nisso, e o país deixará de carregar ao lombo um cancro despesista.

Os arquivos da RTP devem juntar-se à Cinemateca, e ambos os arquivos devem ser integrados na Biblioteca Nacional, formando um novo e único organismo de conservação e disponibilização pública de documentos. É assim que se poupa e ganha eficácia, transparência e independência democráticas.

Desde que a privatização da RTP foi anunciada (e não seria sério privatizar apenas um canal; é preciso mesmo privatizar toda a empresa), tanto Pinto Balsemão, como os espanhóis da Prisa, decidiram agitar as águas mediáticas, alertando para a ameaça que um novo canal privado de televisão colocaria à sobrevivência da SIC e da TVI. Ou seja, um canal público que é simultaneamente um buraco financeiro e uma empresa incompetente, nomeadamente na criação de audiências e na captação de receitas publicitárias, faz afinal bem à SIC e à TVI. Pois é, mas faz mal, aliás muito mal, ao bolso dos portugueses!

Bernardo Bairrão manifestou-se publicamente contra a privatização da RTP, em nome dos interesses da Prisa. Colocar este personagem, depois de semelhante declaração, na administração interna do país, ainda por cima com o cargo de secretário de Estado, seria como meter uma raposa dentro dum galinheiro e pedir-lhe que tomasse conta das galinhas! Elementar, não é?

Finalmente, toda a gente sabe nos "bas-fonds" da comunicação social portuguesa, que uma RTP privada, eventualmente controlada por uma aliança entre a Ongoing e a TV Globo, dirigida por José Eduardo Moniz, levar-nos-ia não só à segunda grande revolução na indústria mediática portuguesa, como acabaria por dar lugar à cooptação de uma das duas concorrentes, a Media Capital ou a Impresa, pela nova RTP.

Esta é a realidade que a indigente e manipulada imprensa que temos não desvenda, preferindo usar os canais de comunicação de massas à sua disposição para arquitectar uma guerra estúpida e injusta contra o actual governo. Espero bem que estes novos fariseus falhem o seu encapotado objectivo.

PS: A Prisa não voltou a receber no seu regaço Bernardo Bairrão, como seria normal. Moral da história: para evitar problemas com o novo ciclo político português, e com o que se aproxima em Espanha, o melhor mesmo é colocar uma catalã no lugar outrora ocupado por Bairrão. Há que por as barbas de molho, como se diria em Espanha: efectivamente!

NOTAS
  1. Segundo o Jornal de Negócios de 19-07-2011, Pais do Amaral vai comprar mais 20% da Media Capital. Daí, creio, a sua oposição à privatização da RTP. Resta perguntar se a oposição do CDS é um tributo de Paulo Portas ao seu antigo patrão.
  2. A  RTP, mesmo depois de por lá ter assado o famoso Almerindo Marques, tem mais funcionários do que a TVI e a SIC juntas, um passivo que daria para comprar duas pontes Vasco da Gama, e recebe mais dinheiro do Estado do que de publicidade. Consegue aliás a proeza de estar apenas a 13% do conjunto das indemnizações compensatórias pagas pelo Estado ao sector de transportes (ver este gráfico, relativo às contas de 2010, publicado pelo blogue Aventar.)

LINKS

Prisa vende posição na Media Capital abaixo do preço justo. Jornal de Negócios - 30 Setembro 2009 | 09:44
PRISA vende el 35% de Media Capital y el 25% de Santillana por 400 millones. EL PAÍS - Madrid - 28/09/2009
Prisa vende 30% da Media Capital à Ongoing (act.2). Jornal de Negócios - 28 Setembro 2009 | 19:58
Ongoing interessada em ter posições de "controlo partilhado".  Público - 02.07.2009 - 15:49 (Por Lusa)

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 19 Julho 2011


sexta-feira, dezembro 24, 2010

Ao Pai Natal

Uma das muitas campanhas da Coca Cola que universalizaram Pai Natal

Querido amigalhaço,

Em vez do incenso e mirra que os Reis Magos sempre trazem no dia 6 de Janeiro de cada ano (o ouro, pelo contrário, tem desaparecido a olhos vistos!), o povo desgovernado da Lusitânia preferia outros presentes neste Natal. Aponta então:
  1. a privatização da RTP, pois, como sabes, esta televisão de propaganda governamental nada faz que as televisões privadas não façam melhor e mais barato para todos os contribuintes;
  2. a privatização da TAP, pois, como sabes, além de estar tecnicamente falida, e há muito não passar de um centro de custos do regime pago pelos contribuintes, nada faz que as companhias privadas de aviação não façam melhor e mais barato;
  3. a conservação do Aeroporto da Portela por muitos e bons anos, pois, como sabes, esta infraestrutura goza de qualidades ímpares, está muito longe da saturação (se é que alguma vez chegará a semelhante estado), e tem vindo a ser beneficiado com centenas de milhões de euros de investimentos ao longo da última década, dos quais destaco as novas 25 mangas para encosto de aeronaves, e a abertura no próximo ano da estação de Metro do Aeroporto;
  4. a privatização da CP (que não da REFER), em regime de concessão, por concurso público internacional, com cláusulas de serviço público asseguradas, e por períodos nunca superiores a 35 anos, dos regimes de exploração do transporte ferroviário de pessoas e mercadorias, pois, como sabes, a CP está falida e será por isso incapaz de responder aos novos desafios criados pelas redes europeias de mobilidade ferroviária;
  5. a privatização dos transportes urbanos, em regime de concessão de exploração, por concurso público internacional, com cláusula de serviço público asseguradas, e por períodos nunca superiores a 35 anos, pois, como sabes, o Metro de Lisboa, Porto e Margem Sul do Tejo, Carris, e os STCP estão falidos, e são coutadas partidárias incontroláveis;
  6. a privatização dos portos e aeroportos, em regime de concessão de exploração, por concurso público internacional, com cláusulas de serviço público asseguradas, por períodos nunca superiores a 35 anos, pois, como sabes, a competitividade destas infraestruturas é nula ou mesmo negativa, na exacta medida em que não prestam contas da sua rentabilidade ao país, e são, na verdade, mais umas tantas coutadas do regime partidocrata e clientelar que temos;
  7. a privatização das florestas de domínio público, em regime de concessão de exploração, por concurso público internacional, com cláusulas de serviço público asseguradas, por períodos nunca superiores a 35 anos, pois, como sabes, milhares de hectares de floresta ardem todos os anos, boa parte dela por incúria manifesta do nosso Estado;
  8. a privatização da recuperação e exploração dos patrimónios imobiliários municipais, por concurso público internacional, com cláusulas de serviço público asseguradas, por períodos nunca superiores a 35 anos, pois, como sabes, boa parte das casas em ruína nas cidades de Lisboa e Porto, para não mencionar outras cidades mais pequenas, é propriedade municipal ou de grandes instituições e bancos, imunes, por definição, ao bom senso e às leis;
  9. a privatização integral das áreas de ensino, nomeadamente universitário, que não tenham relevância estratégica para o país;
  10. o encerramento de todas as secretarias de estado, direcções-gerais, repartições, institutos, e empresas públicas sem razão de existência e provas de vida efectivas à luz de uma necessária e urgente redefinição das funções do Estado numa sociedade, a nossa, que caminha inexoravelmente para o empobrecimento;
  11. a diminuição do número de deputados, câmaras municipais e freguesias urbanas para patamares de razoabilidade democrática e de eficiência;
  12. criação de um corredor de convergência fiscal e orçamental na União Europeia, por forma a impedir a propagação das desigualdades sociais em curso, a perpetuação de elites e nomenclaturas burocráticas no poder, e a captura das nações pelas máfias financeiras que proliferam por essa Europa fora.
Se puseres tudo isto logo à meia-noite no meu sapatinho, não precisaremos, nem do FMI, nem de roubar os abonos de família aos casais que ganham 800 euros por mês, nem de assassinar as classes médias do meu país. Se puseres tudo isto logo à meia-noite no meu sapatinho, quando te reformares poderás vir para o meu país, que será então um jardim à beira-mar plantado, cheio de surfistas divertidos, peixe fresco, produtos biológicos pelo país inteiro, nada de nevões como os que te empurram para Sul, muito Sol até, e um povo pacífico, discreto e que não gasta mais do que tem.

O teu amigo, Portugal.

POST SCRIPUM

25 dez 2010 — Sabiam que o Pai Natal que nós hoje celebramos alegremente é um dos grandes ícones do consumismo imaginado e disseminado mundialmente pela Coca Cola? Pois é, antes da Coca Cola pedíamos prendas ao Menino Jesus e aos Reis Magos!
26 dez 2010 — Quando se escreve privatização, privatizar, privado/a quer-se sobretudo sublinhar a necessidade de libertar o bem público da sua apropriação, definhamento e mesmo destruição burocráticos, libertação essa que poderá tomar a forma de iniciativa privada (empresarial ou cooperativa) subordinada ao respeito e promoção do bem comum, de gestão temporária privada (empresarial ou cooperativa) de serviços públicos, ou mesmo de parcerias público-privadas, sempre que estas sigam regras de transparência e prudência contratual indiscutíveis.