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sexta-feira, março 30, 2018

Os criminosos

A banca transformou-se numa espécie de casino de criminosos


Os criminosos e as suas propriedades


Estado empresta 5,8 mil milhões para Banif, BES e Novo Banco 
DN, 30/3/ 2018, 01:33 
Os bancos portugueses contribuíram com mais de mil milhões de euros para o Fundo de Resolução em cinco anos. Mas o dinheiro colocado pelas instituições financeiras está longe de ser suficiente para assegurar as responsabilidades assumidas com os colapsos do BES, do Banif e com a venda do Novo Banco. E tem sido o Estado a entrar com a maior parte do dinheiro necessário para a entidade que paga os custos com resoluções. O Tesouro assumiu já compromissos de 5800 milhões, entre empréstimos, garantias e linhas de crédito.

Os criminosos e as suas propriedades é um título certeiro do saudoso pintor e escritor Álvaro Lapa, cuja retrospetiva comissariada por Miguel von Haffe Pérez no Museu de Serralves é de visita obrigatória.

A banca —70% da qual já não obedece a portugueses— e a partidocracia indígenas são uma associação de criminosos, cujo crime maior é a preparação do país para a sua entrega completa aos investidores/credores internacionais (1): China, Turquia, França, Espanha, USA, Irlanda, Qatar, etc. Em breve, porém, o problema da independência de Portugal regressará com um furioso e imparável bang! Só não consigo imaginar o que restará da próxima guerra civil portuguesa.

As empresas estratégicas, da energia (EDP/CHINA), incluindo a rede elétrica (REN/China), os aeroportos (Vinci/Qatar/França), todos os principais portos portugueses (Sines/China; Leixões/Turquia, Aveiro/Turquia, Figueira da Foz/Turquia, Lisboa/Turquia, Setúbal/ Turquia), autoestradas, seguradoras, hospitais, aviões (a falida TAP, só subsidiada consegue voar), e em breve a decadente e também falida ferrovia já não dependem da nossa vontade, nem dos nossos interesses.

Quando o Governo fala de resultados da economia nacional, fala realmente de quê e de quem? Quando a próxima bancarrota vier, que teremos para dar pelas dívidas que a canalha estimulou ou contraíu?

Mas se os principais setores estratégicos do país já não nos pertencem, outrotanto está agora a suceder ao pequeno capital e aos pequenos proprietários urbanos e rurais. Um século de congelamento das rendas urbanas conduziu à fragilidade económica e financeira extrema dos proprietários urbanos, tendo como resultado a completa impotência do país (proprietários, inquilinos e Estado!) face à gentrificação furiosa do eixo Lisboa-Cascais e do Porto. Algo semelhante ocorre também, e em breve atingirá velocidade de cruzeiro, nas propriedades rústicas, a começar, desde logo, pelo setor florestal. Sem qualquer estratégia para a propriedade rústica, salvo manter os privilégios de Lisboa aos latifundiários alentejanos do costume, e promover a usura da terra e da água com tecnologias agropecuárias e florestais intensivas, a expropriação progressiva dos pequenos e médios proprietários, e a expulsão das populações rurais que restam, está em curso. O país é cada vez mais apetecível, menos para os indígenas que o devoram e estragam.

Isto já não vai lá com partidos.

É praticamente impossível salvar a nossa paisagem partidária do seu rápido declínio, em grande medida causado pela estupidez oceânica dos seus protagonistas, e pela ganância e corrupção das elites burocráticas e rentistas que tomaram o regime de assalto.

Precisamos de pensar e desenvolver uma nova cartografia social e política, começando (é uma ideia que tenho vindo a desenvolver) por pensar, desenhar e escrever os algoritmos dos mapas democráticos que poderão ajudar ao renascimento da democracia e da liberdade, que neste momento mais não são que palavas. E palavras leva-as o vento!

POST SCRIPTUM — a falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

NOTAS
  1. A promiscuidade entre políticos, banqueiros, franciscanos (!) e governos estrangeiros é completa e desavergonhada.
Observador: A negociação com os chineses da CEFC – China Energy Company Limited para investirem no Montepio Seguros começou na apresentação de uma proposta por parte do gabinete do primeiro-ministro, revela o Público na sua edição de hoje, a partir de informação que ficou registada em ata da Associação Mutualista Montepio Geral. 
A proposta chinesa encaminhada pelo gabinete de António Costa, com o objetivo de “encetar conversações” com vista “a desenvolver parcerias nas áreas dos seguros e da banca”. Uma intenção que acabou por se concretizar, após reunião da associação mutualista no passado mês de setembro, com o acordo de venda de 60% da Montepio Seguros ao grupo chinês. Está tudo na ata 187 da reunião do Conselho Geral do Montepio – Associação Mutualista. 
— in Montepio. Proposta de investidor chinês chegou via Governo, Observador
Entretanto, o Gabinete de António Costa desmentiu... a "manchete" do Público. Em que ficamos? Investigue-se! 

Atualizado em 6/4/2018 11:26

quarta-feira, agosto 09, 2017

O Grande Eunuco Chinês


Zheng He (1371–1433 or 1435)

Um caso de simetria histórica


Pequim está a financiar o que falta para terminar a ligação ferroviária entre o porto de Nacala, em Moçambique, com os portos de Lobito e Luanda. Sabem o que é isto? É uma perna da Nova Rota da Seda!

Por sua vez, em Portugal, avançam decididamente pelos setores energético, portuário, bancário e, quando os deixarem, ferroviário, sem deixar descalça uma das suas grandes perdições: o jogo!

Reparem nos setores onde já detêm posições fortes ou mesmo dominantes: Sines, EDP, REN, Fidelidade, Luz Saúde, BCP, e em breve a cidade de Setúbal—o porto e a própria cidade. Quanto a Tróia é uma questão de tempo e preço...

Os portugueses conquistaram Ceuta em 1415, e daí percorreram toda a costa africana por mar. Chegaram depois, sempre por mar, e numa das direções possíveis, à Malásia, à Índia, à China, ao Japão, e ainda à Austrália... E noutra, pelo Atlântico norte, à Gronelândia, pelo Atlântico sul, ao Brasil. Este grande ciclo finou-se em 2015.

Por sua vez, em 2015 os chineses iniciaram um caminho inverso (1). Abriu-se então uma nova era...

Só temos agora que aprender a navegar nos mares da nova globalização.

Os chineses são, afinal, velhos conhecidos.

Até eu nasci em Macau!

NOTAS

  1. Repare-se na simetria geográfica entre dois grandes 'generais': o português Henrique (1394-1460), e o chinês, eunuco e muçulmano, Zheng He (1371–1433 or 1435). Há quem diga que Zheng He teria chegado a Portugal, antes dos portugueses chegarem à China, não fora o medo dos mongóis ter levado um mandarim de Pequim ter odenado ao general Zheng He que destruísse a armada chinesa para reforçar a Muralha Chinesa.

sexta-feira, março 06, 2015

Iberian stream (2)

A interligação das redes de gás e eletricidade são uma prioridade europeia

Cimeira de Madrid: onde esteve a comunicação social? 

A ouvir o Mexia?


A mini cimeira de Madrid sobre segurança energética na União Europeia foi mais importante do que o espaço que lhe reservou a comunicação social portuguesa, mais preocupada com os cêntimos que o nosso relapso PM demorou a pagar ao fisco e à segurança social.

E no entanto, no contexto do agravamento irreversível da crise ucraniana e dos avanços do autoproclamado estado islâmico, a segurança energética da Europa passou de assunto corrente a emergênca estratégica. A não ser assim não se teria percebido a razão da mini-cimeira de Madrid entre os chefes de governo de Portugal, Espanha e França, e o presidente da Comissão Europeia.

Em post anterior chamei a atenção para a intenção de a Alemanha, através da UE, abortar desde já o cenário, de que se tem vindo a falar, de uma nova entrada de gás natural russo na Europa através da Turquia —> Grécia —> Albânia —> Itália. Esta seria a alternativa russa a um eventual colapso dos gasodutos que atravessam a Ucrânia em direção à União Europeia se, ou quando a guerra ucraniana passar a uma fase mais aguda e destrutiva, e a velha cortina de ferro entrar em estado de alerta máximo e pré-mobilização militar.

A decisão de acelerar a união energética europeia, na sequência, aliás, da aceleração das uniões bancária e fiscal, tem como objetivo imediato impedir a Grécia de tomar decisões unilaterais, ou bilaterais, com um ou mais estados extra-comunitários, neste caso, a Rússia e a Turquia, sobre interconexões energéticas.

Esta decisão, que estará em cima da mesa já no próximos dias 19-20 de março, terá implicações evidentes para Portugal, nomeadamente nas suas relações com os donos chineses da REN e da EDP.

Por exemplo, a partir do próximo Conselho Europeu, se as intenções que a mini-cimeira de Madrid, no que diz respeito à estratégica Península Ibéria, afinal, ontem consagraram, tomarem forma de lei, a redução das rendas excessivas da energia em Portugal, induzidas nomeadamente pelo aborto energético em que a energia eólica se transformou, a benefício quase exclusivo do quase monopólio que é a EDP, cairá por terra.

O principal obstáculo que agora resta remover no caminho da reestruturação suave e em curso da nossa dívida pública advem precisamente das rendas excessivas e dos contratoa leoninos abusivos das PPP. Só denunciando e renegociando as PPP e as rendas excessivas, só parando as inúteis barragens engendradas pelos piratas do anterior governo, será possível impedir que o avolumar do serviço da dívida pública portuguesa destrua o país, colocando-o no caminho da Grécia a muito curto prazo.

Dois dias antes da reunião de Madrid, o Secretariado Geral do Conselho Europeu enviava uma Nota à comissão de representantes permanentes que diz tudo das inetnções da UE. Um extrato sobre o tema da energia:
Council of European Union, Brussels, 2 March 2015
European Council (19 and 20 March 2015)
Draft guidelines for the conclusions.

[...]

1. Enhancing energy security:
  • a. strengthened cooperation among Member States to accelerate interconnecting infrastructure projects;
  • b. a reinforced legislative framework for security of supply in electricity and gas;
  • c. increased resilience and transparency of the gas market, through full ex ante compliance with EU law and energy security priorities of intergovernmental agreements and relevant contracts;
  • d. enhancement of the EU's bargaining power, notably through voluntary demand aggregation.
2. Reaping the benefits of the internal energy market:
  • a. full implementation and rigorous enforcement of all relevant legislation;
  • b. swift development of appropriate interconnections;
  • c. adaptation of internal market legislation to reduce detrimental effects of market-distorting mechanisms (e.g. capacity mechanisms or support schemes for renewables);
  • d. enhanced regional cooperation within a strengthened common EU framework.
Entretanto, os jornais espanhois destacaram algumas conclusões, que em Portugal passaram, até agora, em silêncio...

Los líderes dicen que la interconexión abaratará la energía en Europa - elEconomista.es 

Impulsar la conexión con el resto de Europa para avanzar en la unión energética europea y reducir la dependencia de Rusia: ése era el leit motiv del encuentro de este miércoles en el Palacio de la Moncloa

España, Francia y Portugal se comprometen a impulsar las interconexiones energéticas
El Mundo/ EUROPA PRESS, Madrid
Actualizado: 04/03/2015 22:00 horas

El presidente del Gobierno, Mariano Rajoy, el presidente de la República francesa, François Hollande, el primer ministro de la República portuguesa, Pedro Passos Coelho, y el presidente de la Comisión Europea, Jean-Claude Juncker, han plasmado este miércoles el "firme compromiso" con las interconexiones energéticas, que deben ser de "crucial importancia" en el objetivo de lograr un mercado interior de la energía en Europa.

(...) Así, con esta cumbre, España, Francia, Portugal y las instituciones de la UE avanzan en su compromiso con las interconexiones energéticas y la financiación de estas a través de fondos europeos, especialmente el Plan Juncker de inversiones.

(...) Jean-Claude Juncker, aseguró que si el Viejo Continente no consigue "que pueda fluir libremente la energía se habrá fracasado", por lo que pidió que todos los países de la Unión Europea se unan a este planteamiento.

De esta manera, Juncker puntualizó que la unión energética constituye "una de las grandes prioridades de la Comisión Europea" y que acontecimientos como la cumbre de Madrid sirven "para plasmar a través de hechos las ideas a este respecto que siempre habíamos intercambiado".

(...) Entre las medidas de la declaración conjunta firmada en Madrid, destaca la adopción de una estrategia común de los operadores de sistemas de transmisión de España, Portugal y Francia; o la creación de un nuevo Grupo regional de alto nivel para Europa sudoccidental que, con la participación de la Comisión Europea, supervisaría el progreso de los correspondientes proyectos y prestaría funciones de asesoramiento técnico.

(...) Aún así, los tres países y la Comisión Europea consideran que debe acometerse "un esfuerzo complementario" para superar el actual nivel de interconexión y recalcan la importancia de llevar a cabo la interconexión eléctrica de Portugal y España, entre Vila Fria-Vila do Conde-Recarei (Portugal) y Beariz-Fontefría (España), que una vez concluida, permitirá al país luso alcanzar un nivel de interconexión del 10%.

Mais sobre o Iberian stream neste blogue

Atualização: 7 mar 2015,10:57 WET


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quarta-feira, janeiro 28, 2015

O falso ministro do ambiente

Plataforma Logística em plena Reserva Ecológica Nacional


Jorge Moreira da Silva, o falso ministro do ambiente que temos —não passa de uma máquina de lavar verde— confabulou com os seus colegas de governo a autorização de construção de uma plataforma logística em Valença, desanexando da REN, para este efeito, mais de 53 hectares.

O único objetivo 'estratégico' desta decisão ilegal (há uma lei que impede o abuso) é contribuir para a sabotagem das novas, necessárias e urgentes ligações ferroviárias em bitola europeia entre Portugal, Espanha e o resto da Europa. Tudo em nome, claro, dos negóciso rodoviários e aeroportuários da corja que arruinou o país: o Bloco Central da Corrupção Alargado (pois neste caso inclui o PCP).

Ver Diário da República

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Garganta Funda para a EDP?

O estado português não pode ajudar a TAP, a EDP, ou a REN, mas pode vender estas empresas públicas estratégicas a estados comunistas. Que lindo enterro vamos ter!

Três Gargantas, maior barragem do planeta, é o novo ícone, por excelência transmontano, de Durão Barroso, Sócrates, Passos de Coelho, Assunção Esteves, Armando Vara, Edite Estrela e Francisco José Viegas. Coitado do Torga!
Como o Negócios revelou em primeira mão, os chineses da Three Gorges oferecem o preço mais alto (€3,45 por acção, ou quase 2,7 mil milhões de euros pelos 21,4%), seguidos dos brasileiros da Eletrobras e dos alemães da E.ON. (…) As três melhores propostas estão separadas, no entanto, por pouco: cerca de 200 milhões de euros — in Pedro Santos Guerreiro, “O negócio da China”, Negócios online, 12 Dezembro 2011 | 23:30.
A ameaça da UNESCO de retirar ao Douro a classificação de Património Mundial não incomoda Marcelo. Porque será? O professor da TVI boicotou descaradamente, no passado Domingo, a notícia da semana. Porque teria sido? Não é notícia? Claro que é! Terá então MRS algum conflito de interesses, directo ou por interposta pessoa, com a coisa? Se sim, e ao ponto de ter omitido um assunto tão obviamente relevante na sua crónica semanal, esclareça-o, ou deixe de opinar e de dar notas ridículas!

Em plena fase crucial da privatização da EDP, Marcelo, o governo e ainda o patético (in)Seguro do PS, não querem ouvir nada que possa perturbar a venda ao desbarato, e sem cautela estratégica aparente (a qual deveria ser clara e pública), do sobre endividado, mas nem por isso menos estratégico activo do país chamado EDP.

Medina Carreira disse ontem e bem ao Público que:
“O Governo quer ganhar competitividade vendendo a investidores estrangeiros posições que o Estado detém nas grandes empresas monopolistas e onde antecipa arrecadar seis mil milhões de euros“. “O Estado vai perder os rendimentos que essas empresas geram anualmente“ e “daqui a seis meses” Portugal “não terá activos, não terá rendimentos e estará na mesma situação”. Os seis mil milhões, assegura, “não resolvem nenhum problema”. Público, 13-12-2011.

A imagem do que pode suceder em Portugal se o gigante alemão da energia ganhar a corrida ao controlo da EDP foi dada pelo anúncio do despedimento de onze mil dos seus oitenta mil funcionários. Ou seja, para aumentar a escala e a concentração num tempo de escassa liquidez a solução passa, já imaginávamos, por aliviar a carga humana num lado, e aumentar os activos no outro.

Vai a E.ON limpar o passivo da EDP, de mais de 16 mil milhões de euros, retomando o acesso aos mercados para financiamento do mesmo? Quantos empregos tenciona a E.ON efectivamente criar em Portugal? Que prometeu Passos Coelho à E.ON? Prometeu as mensalidades chorudas dos CIEG e as rendas do Baixo Sabor e do Tua? Prometeu uma entrada no Brasil e nos campos eólicos americanos? Que mais prometeu?

Apesar de as perspectivas serem péssimas, tendo a crer que a alienação da EDP é infelizmente inevitável. A dívida é demasiado grande e as perspectivas a curto-médio prazo das renováveis, em matéria de custo e competitividade face às energias convencionais —sobretudo a hidroeléctrica e a de ciclo combinado a gás natural (dadas as recentes descobertas em África)— são menos que sofríveis.

Salvar a EDP do colapso financeiro tornou-se, em suma, assunto para outros campeonatos.

É aqui que entra a China!

A Alemanha, o Brasil e os Estados Unidos não querem a China a entrar nos seus territórios energéticos pela porta do cavalo lusitano. Espero bem que tenham explicado bem este melindre ao Gasparinho e aos nossos ansiosos sábios.

Por outro lado, dar a EDP à China seria o mesmo que entregar o domínio de uma empresa portuguesa privada com capitais públicos a uma empresa 100% pública do Estado Chinês — China Three Gorges Corporation (“a wholly state-owned enterprise”). Que é feito da legislação europeia sobre a liberalização das "utilities"? O Estado Português não pode ajudar a TAP, etc., mas o Estado Chinês pode comprar a EDP, a REN, a ANA e a TAP. Se for assim, é caso para repetir: pobre Europa!

Eu até defendo a entrada da China em Portugal, de preferência no negócio portuário e na indústria naval, mas sempre com conta, peso e medida. Nunca permitindo que um estado, ainda por cima extra-comunitário, tome conta dum sector estratégico mal liberalizado, só porque temos um ministro com uma grande carreira de tecnocrata pela frente. A insanidade da perspectiva é por demais escandalosa e configura problemas de soberania evidentes. Imaginem que o Alberto João deixa de pagar as facturas da iluminação pública do Funchal (se é que alguma vez pagou) —que aconteceria?

Nasci em Macau, e as boas peças de arte chinesa que possuo foram ganhas pelo meu pai numa noite de sorte em casas de jogo macaenses. À época, estamos a falar do princípio dos anos 1950, em frente à rua onde se situavam as casas de jogo, cresciam como cogumelos casas de penhores. Os que perdiam tudo na vertigem da especulação, acabavam vendendo o que tinham e o que não tinham, às vezes só pelo preço do bilhete do barco de regresso a Hong Kong. O valor das coisas passa, quando menos se espera, de zero a infinito e vice-versa. Quem perder esta realidade antiga de vista não se poderá depois queixar!

POST SCRIPTUM
24-12-2011 — Tenho andado a monte por este país bipolar, desligado da rede e dos média em geral, numa espécie de sauna das ideias! Soube ontem que a EDP sempre foi parar à China, como de algum modo intuí neste artigo. Preferia que a China se ficasse pelos portos e por duas plataformas logísticas, uma a norte, que já está em formação, perto de Vila do Conde e outra em Sines. Mas o dinheiro está onde está, e é tempo de a China se abrir ao Mundo. Bem-vinda!

PS: Caros administradores das três Gargantas, não se esqueçam de despedir o senhor António Mexia tão depressa quanto possível, pois este cabotino foi o irresponsável pela maior dívida privada do país, tendo entregado uma empresa outrora pública (como a vossa é) valendo hoje em bolsa substancialmente menos do que valia quando para lá entrou!


quinta-feira, outubro 20, 2011

O colapso do PSI-20

Que tal esperar para renacionalizar?

A bolsa nacional encerrou em queda, numa sessão em que o BES desvalorizou mais de 7,8% e fixou um novo mínimo histórico — in Jornal de Negócios.

Em Setembro de 2011 uma rodela de limão já custava mais do que uma acção do BCP

Uma acção do BCP (0,16€) já não chega para pagar a rodela de limão da Coca Cola; uma acção do BPI (0,61€) já não dá para a bica; a do BES (1,57€) não paga um capuccino; e são precisas sete acções da EDP (2,38€) para comprar uma da E.ON.

Creio que o governo de Passos Coelho já não vai a tempo de ganhar o que quer que seja com as privatizações. Sugestão: espere que o PSI20 comece a pedir água, e então retome ou reforce o controlo dos sectores estratégicos da economia (energia, água, portos, aeroportos, ferrovia e banca). É o que vai acontecer no mundo!

Até lá suspenda e rejeite todos os contratos leoninos realizados contra o interesse público, ponha as empresas públicas em dieta para-militar, e despeça/encolha/substitua todos os CAs quanto antes!

Quando chegar o momento tome posições reforçadas nestes sectores, usufruindo das poupanças amealhadas com as renegociações e renúncias de PPP, CIEGs, e outros contos de vigário, e recorrendo a novos empréstimos europeus e obrigações K —os eurobonds aplicados prometidos por Durão Barroso (o K é meu, ou melhor, de Keynes ;)

De contrário, o cenário que se avizinha pode não diferir muito do da vizinha Espanha:

La privatización de AENA: en el aire tras el fracaso de Loterías. El Gobierno pide por sus dos 'joyas de la corona' hasta 18 veces el ebitda — 30/09/2011 - 08:49. Finanzas.com

La liberalización de Aena, que incluye la concesión de los aeropuertos de Barajas y El Pat y la venta a inversores privados de hasta el 49% de la matriz corre el riesgo de seguir el mismo camino que la de Loterías.

Las razones serían las mismas que han acabado con la que pretendía ser la mayor privatización de la historia de España. Esto es, un precio pretendido por el Estado demasiado caro y, sobre todo, un freno político por parte del primer partido de la oposición.
Mais sobre o que aí vem: “Fitch alerta: Bancos portugueses estão 'muito vulneráveis à evolução da dívida pública'” — Jornal de Negócios online (20-10-2011)

act. 20-10-2011 23:05