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domingo, agosto 12, 2018

De Caracas a Monchique


Entrevista exclusiva com a ex-procuradora geral da Venezuela
De  Euronews  • Últimas notícias: 09/03/2018 (VIDEO
Há cerca de um ano, a ex-procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, denunciou a rutura da ordem constitucional no país. Foi expulsa do cargo pela Assembleia Nacional Constituinte e, em agosto passado, decidiu deixar a Venezuela. Agora, a partir da Colômbia, onde vive, denunciou alegados atos de corrupção e violações dos direitos humanos pelo governo de Maduro. 
Ortega apresentou uma queixa perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, que inclui mais de 1.000 provas. O TPI abriu uma investigação preliminar.
Que diz a isto a esquerda-caviar do Bloco e do PCP? Que dizem os socialistas do PS? Se não dizem nada, temo o que poderá acontecer no nosso país um dia destes. As ordens dadas à GNR por António Costa sobre o combate aos fogos florestais deste verão têm que ser analisadas à lupa, pois podem configurar o início de uma campanha autoritária anti-constitucional. Junte-se a este sinal a campanha iniciada por dois patetas do regime socialista sobre o regresso do serviço militar obrigatório, mais o braço dado entre Costa e Rio para substituirem a Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, por um serventuário qualquer, e teremos boa parte da agenda da Oposição que falta organizar.

Uma nova forma insidiosa de autoritarismo, chantagem e censura aflora não apenas no populismo da direita e da extrema direita, mas igualmente no populismo da esquerda e da extrema esquerda. A etiqueta democrática começa a desfazer-se, deixando transparecer a agressividade de quem, afinal, já se posicionou para não largar o poder, aconteça o que acontecer.

Vêm aí tempos difíceis, desde logo para todos os que crêem nas virtudes intrínsecas da liberdade, da democracia e do estado de direito—ameaçado pela prepotência encomendada pelo Governo à GNR durante o maior incêndio deflagrado e mal combativo na Europa este ano.

Pior cego é aquele que não quer ver.





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segunda-feira, abril 11, 2011

Nobre trava Alegre e Ferro

Fernando Nobre trava populismo de esquerda de Sócrates

O convite dirigido por Passos Coelho a Fernando Nobre e a aceitação deste é uma luz ao fundo do túnel. Serve para travar a demagogia populista de esquerda que aí vem — como se a "esquerda" não fosse também responsável pela bancarrota do país! Somos todos, quanto mais não seja pela nossa distracção...

Por outro lado, a entrada de Fernando Nobre pela porta do PSD na Assembleia da República servirá para instalar no conflituoso parlamento que sairá das próximas eleições uma voz independente, que será ouvida, não apenas pelos deputados, mas também por quem nele votou para as presidenciais e dele continua a esperar um protagonismo que ajude a inverter o curso autofágico da nossa degenerada democracia — capturada por uma partidocracia ignorante, irresponsável, egoísta e clientelar.

Finalmente, Fernando Nobre na AR poderá muito bem ser um futuro candidato presidencial capaz de suceder ao imprestável Cavaco Silva. A sociedade civil desorganizada pode pressionar a democracia, mas não pode mudá-la se não aceitar pelo menos algumas das suas regras. E a regra, em democracia, para eleger um presidente é que tenha o apoio de, pelo menos, um partido político.

O mitómano Sócrates transformou o congresso coreano que o reelegeu, com 97,2% de inúteis, num comício repetitivo de burocratas e aparachiques que, sem a benção nepotista e endogâmica do partido, morreriam à fome ou teriam que emigrar, como muitos de nós. Sócrates anunciou, por outro lado, que prepara uma fantasmagoria de esquerda, com o objectivo expresso de roubar os votos dos profissionais liberais desiludidos com os quadrados maoístas e trotsquistas do Bloco. Foi repescar os zombies Alegre e Ferro Rodrigues para servirem de martelos pesados contra o PSD, e prepara uma campanha de retórica assassina contra os perigosos liberais que aí vêm, como se liberais não fossem os funcionários do BCE e do FMI que chegam amanhã para ditar as regras do resgate de uma economia falida, ou como se liberal não fosse tudo o que o vigarista-mor da Tríade de Macau fez ao longo dos últimos seis anos enquanto primeiro-ministro de Portugal.

O PSD é um partido provinciano, ao contrário do cosmopolita PS. No entanto, o cosmopolitismo do PS transformou-se numa mancha de interesses e ganância sem limites que levou o país à ruína. A apoteose que rodeia Sócrates é a parte visível dessa mancha; mais do que isso: é uma gangrena que atirou o país para a bancarrota e que persiste, como um dependente de heroína desesperado, no assalto à farmácia chamada Estado, para acalmar a sua dependência suicida.

Fernando Nobre não é apenas o médico com provas dadas nos teatros desesperados de todo o mundo; é também o ex-candidato presidencial que convenceu quase 600 mil cidadãos a votar na sua atitude. Saberá como ninguém travar o discurso hipócrita de esquerda que os zombies Alegre e Ferro —acólitos devedores do pirata Sócrates e da Tríade de Macau— intentarão contra o PSD.

Tudo somado, o convite de Passos Coelho a Fernando Nobre foi o sinal de que a inteligência táctica começa a emergir do interior da nova direcção do PSD. O próximo passo seria talvez recomendar ao Marcelo Rebelo de Sousa que adira ao PS (pois ele lá sabe o que deve a Sócrates!)


POST SCRIPTUM — o reflexo instintivo de Passos Coelho foi a maneira, realmente rápida e inteligente, de travar a manobra populista de esquerda que o Sócrates lançou no congresso. Claro que o eleitorado do Bloco estará agora sob uma enorme pressão. Mas é, por outro lado, o momento ideal para proceder à clarificação interna de que este albergue espanhol precisa para sobreviver. O maoísmo cadavérico e o trotsquismo débil do Louçã bem podiam dispensar o aumento da idade da reforma, e sair de cena quanto antes!

terça-feira, janeiro 25, 2011

Gazeta n1

Café da manhã
  • Brasil pondera criar hub para a Europa em Sines (Cargo Edições)
    Comentário: Este é um dos caminhos! Mas para isto há que apostar na interoperabilidade das redes de transporte, coisa que os néscios do Bloco Central não têm feito, nem pensam fazer, até que alguém de fora, um dia destes, lhes ensine o caminho. 
  • Barões do PSD já admitem eleições antecipadas (i)
    Comentário: Os barões do PSD deveriam ser exportados para o Iémen!
  • Presidenciais. Alegre volta a dividir o PS no pós-eleições (i)
    Comentário: Tríade de Macau começa a cobrar. A "ala esquerda" do PS vai ser varrida para debaixo do tapete de onde nunca deveria ter saído. Se não fosse composta por oportunistas sem coragem (e pelo menos um suspeito de pedofilia não totalmente ilibado), há muito que teria criado outro partido, com o tal Alegre, e parte do Bloco. Prognóstico? Reservado!
  • Un comité secret ouvre la voie pour une réforme touchant à l'euro (Euractiv)
     "If member states want to increase the size or scope of the fund, then the German government will expect them to imitate the German brake (...), which writes deficit limits into the country's constitution, according to an EU diplomat."
    Comentário: concordo!
  • Parlamento Europeu ressuscita Eurobonds (Económico)
    Comentário: A contrapartida exigível às burocracias partidárias europeias é que façam como a Alemanha: inscrevam nas respectivas Constituições cláusulas estritas sobre o endividamento público! Já alguém se lembrou de discutir o tema entre nós? Tanto deputado, tanto político, tanto comentador encartado... não é Je sais tout Marcelo?!
  • Fundo para indemnizações obrigatório suportado pelas empresas (DN)
    Comentário
    : Esta ideia não é má. Trata-se de criar um equivalente ao Fundo de Desemprego para as indemnizações por despedimento. Falta conhecer os pormenores, que é onde o diabo da vigarice normalmente se esconde!
  • Salários podem cair por causa das novas regras das indemnizações — ameaça a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (Público)
    Comentário: Os salários estão a cair e continuarão a cair, nomeadamente por efeito da inflação. Ou seja, as falências de empresas e os despedimento vão continuar a ser um flagelo social. Daí que uma medida como a proposta agora pelo governo (e que já deveria existir há décadas) contribua objectivamente para criar mais um pequeno para-quedas social. As empresas, sobretudo as micro e pequena-médias empresas, quando despedem, estão aflitas, ou mesmo falidas — donde a dificuldade de indemnizar quem despedem, de acordo com a lei. Se houver um seguro, ou um fundo gerido por uma administração público-privada, transparente e com uma estrutura administrativa não dispendiosa e fora do controlo partidário, os benefícios serão maiores que os inconvenientes. Trata-se de um imposto, ou taxa, escondida? Não! E não confundamos os planos: uma coisa é criar uma nova rede de segurança social tipificada, outra é combater o terrorismo fiscal em curso, e outra ainda é fazer um revolução social contra a burocracia e a partidocracia que há décadas vêm afundando o país. Uma coisa de cada vez...

quarta-feira, outubro 20, 2010

PSD mais perto do poder

A um passo de virar o país!

“Se o Governo quiser desertar o PSD assumirá as suas responsabilidades”, disse Passos depois de apresentar ao parlamento do partido as seis condições que impõe para que os 81 deputados social-democratas se abstenham na votação de 29 de Outubro. _ in Económico.

Parece que as coisas se encaminham para um beco com saída, ainda que estreita, ao contrário do beco sem nenhuma saída para onde a borra e a bosta desta democracia degenerada queriam levar-nos ao som do papão do FMI. O FMI só cá entra se o chamarem, e de facto, o que a malta que andou a roubar ou a dormir na forma e agora acordou queria era que Sócrates chamasse o FMI e depois atirasse as culpas para o recém chegado líder do PSD, com os capacetes do PCP e do Bloco de Esquerda a abanarem que sim, e a voz cava do poeta Alegre a proclamar cacafonias sem rima, nem prosódia, nem lógica, nem nada. O jota Passos de Coelho parece que me ouviu. Que os deuses de Camões protejam o audaz!

Não sei se já repararam nisto: o país está literalmente a saque, e a toda a velocidade! É preciso estancar a hemorragia quanto antes, dando sinais imediatos à comunidade que o Estado, depois de recomposto, perseguirá os criminosos, sem cerimónias, metendo na prisão, por muitos e bons anos, quem se apropriou indevidamente dos bens colectivos e se preparava para entregar o país aos credores. Os militares não precisam de intervir. Basta que façam saber que não serão usados para defender ladrões.

A Esquerda que um dia também foi minha morreu. Morreu de cobiça, de oportunismo, de corrupção, e sobretudo de uma enorme estupidez e incultura profunda. Pareceram um dia novos ricos. E foram mesmo ricos, não porque trabalharam no duro, mas antes por terem sabido apropriar-se do bem comum. A partidocracia abriu assim, desta forma canina, caminho à instalação de uma verdadeira cleptocracia burocrática, em tudo semelhante à dos antigos países soviéticos. É preciso parar esta hemorragia suicida.

O preço de adiar o que tem que ser feito agora, dando mais um balão de oxigénio às carraças do orçamento, seria altíssimo. Ainda há umas horas escrevi isto no Facebook:
As classes médias revoltar-se-ão inexoravelmente no momento em que os jovens sem emprego deixarem de poder contar com a mesada dos pais, e passarem, pelo contrário, a ter que contribuir para as despesas domésticas comuns. 50% dos rapazes com menos de 35 anos vivem ainda em casa dos pais; e 1/3 das raparigas estão na mesma situação! É esta combinação explosiva que varrerá do actual regime cleptocrata a corja de bovinos imbecis ou corruptos que capturou o país, o descarnou, e agora se prepara para entregar os ossos aos credores. A partidocracia foi, percebemos todos agora, o instrumento dessa cleptocracia que nos últimos meses vem jorrando sobre os portugueses toda a sua arrogância mórbida e aparente impunidade. Tenho poucas ilusões sobre o desfecho da actual pugna orçamental, e sobre o comportamento do jota Passos de Coelho, mas apesar de tudo desejaria que pudesse acontecer doutro modo. Se não for possível, paciência, lá teremos que exigir uma revolução política a sério. E como é óbvio essa revolução a sério não será feita pelas carcaças carcomidas do estalinismo, ou do trotskysmo universitário que por aí andam.
 Afinal, nem tudo está decidido ainda. Passos de Coelho poderá mesmo vir a ser promovido, por este blogger ordinário e mal disposto, a Pedro Passos Coelho, futuro primeiro ministro deste país desgraçado. Ele está, depois do que ele disse esta noite, à saída do Conselho Nacional do PSD, a um passo de enviar Sócrates e Cavaco às urtigas!

Eu e muitos portugueses temos as maiores dúvidas sobre as capacidades mentais do actual presidente da república. Os rumores sobre o seu estado de saúde (possível doença de Parkinson ou Alzheimer) não foram até agora, incompreensivelmente, desmentidos. Mas há que fazer a pergunta directamente: sofre ou não o cidadão Aníbal Cavaco Silva, presidente da república portuguesa, de doença degenerativa perturbadora das suas faculdades mentais? A presença constante de Maria Cavaco Silva ao seu lado, e as acções diligentes que com frequência crescente tem que antecipar para corrigir gestos ou palavras do presidente, suscitam as maiores preocupações.

Se for verdade, como parece, que Cavaco Silva está doente, esconder um tal facto é não só desumano para o próprio, como intolerável do ponto vista constitucional. Está na altura, creio, de a esposa do presidente olhar seriamente pelo marido e pela dignidade do país. Temo que se o não fizer, a infecta Casa Civil do Presidente continuará a conspirar em nome exclusivo dos seus mesquinhos interesses de sobrevivência, envolvendo até o pueril "professor Marcelo" em manobras golpistas que, a serem provadas, poderão calar de vez o bico ao incontinente tagarela dos Domingos.

domingo, dezembro 06, 2009

Portugal 143

O próximo presidente

Casa Pia: Jaime Gama perde processo contra ex-aluno

"... várias testemunhas ligadas à investigação e ao processo da Casa Pia afirmaram que o nome do actual presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, tinha sido apontado por quatro pessoas diferentes como estando envolvido em práticas pedófilas." — in TVI24, 30.04-2009.

Jaime Gama questionou "perseguição" a Jorge Ritto

Ainda sobre Jorge Ritto, a ex-secretária de Estado relatou que no início de 1984 — já no Governo do Bloco Central (PS/CDS) — recebeu um telefonema do então ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, actual presidente da Assembleia da República, que a questionou sobre a razão de estar "a perseguir o diplomata Jorge Ritto". — in Público, 11.01.2007.

Jovem implica Gama, Ferro e Paulo Pedroso

O jovem que está a prestar depoimento no julgamento do processo da Casa Pia implicou, ontem, o actual presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, os ex- -dirigentes socialistas Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso, o treinador-adjunto do Benfica Fernando Chalana e o ex-provedor Luís Rebelo em práticas de abusos sexuais. Questionado pelo advogado Ricardo Sá Fernandes, que representa Carlos Cruz, se foi abusado por outras pessoas que não estão a ser julgadas, a testemunha foi autorizada pela juíza Ana Peres a mencionar os nomes. in Diário de Notícias, 17.03.2006.

Se Jaime Gama se candidatar contra Cavaco Silva, votarei em Cavaco Silva. Se o mesmo Jaime Gama se candidatar contra uma hipotética candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, votarei em Marcelo Rebelo de Sousa. Ou seja, jamais votarei no batráquio que até agora nada disse publicamente sobre a pesada suspeita que sobre ele não deixou de pesar!

Porém, se for Manuel Alegre a opor-se de novo a Cavaco Silva, então votarei no poeta socialista, apesar do juízo crítico que faço ao seu titubeante comportamento. Há também a hipótese de Manuel Alegre se recandidatar —mas desta vez, contra Marcelo Rebelo de Sousa. Se assim vier a ocorrer, aí votarei neste candidato laranja, pois considero-o muito mais arejado do que o hirto Aníbal (de quem nunca gostei —confesso) e preferível em Belém a um escritor incerto e sem ideias claras sobre o futuro.

Estou convencido de que seja qual for o candidato cor-de-rosa —aquele que o PS de Sócrates e Soares elegeram já (Jaime Gama), ou o da esquerda em bloco (Manuel Alegre)—, o mesmo perderá as próximas eleições presidenciais. É seguramente esta mesma intuição que acabará por levar Cavaco Silva a recandidatar-se apesar do vómito de corrupção, inépcia, ignorância e cobardia estratégica, em que o regime se vem afogando.

Esta degradação do regime é aliás a melhor aliada objectiva da ambicionada reeleição de Cavaco Silva. A situação económica, e sobretudo financeira, continuará a deteriorar-se, recaindo cada vez mais o ónus de semelhante colapso sobre os partidos, o parlamento e o governo. O actual presidente dirá, muito simplesmente, quando lhe perguntarem porque nada ou pouco fez para remediar a situação, uma coisa simples: não dispunha de poderes suficientes para tal! Competirá pois a este parlamento, ou ao que lhe suceder, reparar semelhante fragilidade constitucional.

Como é fácil de perceber, o jogo de Cavaco nas actuais circunstâncias passa por interpretar e exercer os poderes presidenciais no limiar mínimo das respectivas competências. Por-se em bicos dos pés sem argumentos constitucionais suficientemente fortes para tal, seria um suicídio. E um suicídio presidencial no momento em que o resto do regime se afunda, seria o mesmo que enterrar Portugal por largas décadas!


Post scriptum — Porque esperam Alegre, e Cavaco? Há uma pressão crescente para que estes protagonistas se decidam rapidamente face às eleições presidenciais de 2011. Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de saber se tem o caminho aberto para uma candidatura presidencial (creio que não tem); e Sócrates precisa urgentemente de um candidato presidencial capaz de servir de muleta à sua própria sobrevivência política até 2011. Como é bom de ver, dado o deserto político em matéria de potenciais candidatos presidenciais (Sampaio, uma das esperanças de Sócrates, já afastou liminarmente a hipótese), quer Cavaco, quer Alegre, estão razoavelmente à vontade em matéria de tempos de decisão. Podem e convém-lhes decidir o mais tarde possível, construindo entretanto redes de cumplicidades e apoios prontas a disparar quando o momento oportuno chegar. O actual presidente da república não quer ser visto como candidato quando se espera dele que presida (o que não tem feito com a coragem que o momento exige). Manuel Alegre, por sua vez, não sabe se Sócrates aguentará a pressão e não quer ser muleta dum anjo caído, sabendo que uma precipitação indevida poderia custar-lhe mais de 500 mil de votos à esquerda. A chantagem com uma possível aposta de José Sócrates e Mário Soares em Jaime Gama (que redundaria numa segunda derrota pírrica de Manuel Alegre, seja a favor e Cavaco, ou de Marcelo) não pode deixar de irritar o poeta de "Adeus às Armas". Mas por outro lado, ceder a tão indecorosa chantagem, típica de uma seita partidária (que foi no que o PS se transformou), seria uma traição intolerável a quem votou e continua a precisar de votar num símbolo da esquerda democrática nas próximas eleições presidenciais.


OAM 658 06-12-2009 13:40 (última actualização: 07-12-2009 13:02)

domingo, maio 17, 2009

Defender o Tejo

Alegre, não penses nas presidenciais, pensa em Portugal!

Querem destruir um rio, e não dizes nada?!


O governo espanhol do cândido Zapatero quer esvaziar de vez o rio Tejo para alimentar campos de golfe e queimar o resto da Andaluzia com agricultura intensiva de regadio, enquanto o nosso indescritível Pinóquio corre quilómetros, para as câmaras de televisão, e distribui portáteis vestidos e baptizados por uma das muitas empresas do bolso sem fundo da tríade de piratas que um dia comeu o PS, e hoje quer engolir Portugal!

Vila Nova da Barquinha, Santarém, 17 Mai (Lusa) - A Rede Cidadã para uma Nova Cultura da Água convidou hoje os portugueses a participarem, dia 20 de Junho, numa manifestação em Talavera de La Reina contra a política de transvases que, alega, está a matar o rio Tejo.

Soledad de La Llama, da Rede Cidadã, participou hoje, em Vila Nova da Barquinha, na iniciativa "Salvar a Terra e a Água", promovida pelo Instituto Democracia Portuguesa (IDP) com o apoio da Fundação D. Manuel II, da COAGRET e da autarquia local, e que contou com a presenças de D. Duarte Nuno e do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.

A manifestação que se vai realizar em Talavera de La Reina visa reivindicar "água para o rio Tejo", ou seja, a fixação de caudais e evitar que sejam autorizados novos transvazes e a passagem a escrito das concessões dos transvazes actuais, Tejo-Segura e Tejo-Guadiana, por um período de 75 anos, afirmou Soledad de La Llama.

"Portugal não pode ficar alheio", disse Pedro Couteiro, da Coordenadora de Afectad@s pelas Grandes Barragens e Transvazes (COAGRET), afirmando que está em negociação o aluguer de uma carruagem do Lusitânia, que pára na estação de Talavera, para que os cidadãos das zonas ribeirinhas do Tejo, desde a fronteira até Lisboa, se juntem aos espanhóis neste protesto (www.pornuestrosrios.org).

Soledad de La Llama afirmou que a manifestação visa impedir que a lei que está em preparação no Parlamento espanhol, e que deverá sair em Setembro, ignore a importância do rio para cidades como Talavera e Lisboa e que fixe os caudais do rio.

"O Tejo está a morrer no mediterrâneo espanhol", afirmou, denunciando o facto de 80 por cento do caudal do Tejo estar a ser desviado para as regiões de regadio, que "estão a crescer com uma água que não é sua".

Se se concretizar o novo transvase, o Tejo Médio "morre", advertiu, pedindo a fixação de caudais e que o Tejo "continue a chegar a Portugal e a 'morrer' em Lisboa". — in Expresso (17-05-2009)

Quem especulou no BPP (e os supostos depósitos com retorno garantido não passam disso mesmo — de especulação) não tem que ser ressarcido pelo Estado. Quem roubou no BCP, no BPP e no BPN deve ser julgado e preso se for o caso.

O senhor Alberto Costa, pelo que supostamente tem andado a fazer desde Macau, há muito que merece um bom processo-crime em cima do lombo.

O senhor Cavaco, se não tem coragem para empurrar o senhor Loureiro para os braços da Justiça, que se demita! Pode aliás ter a certeza que o seu dilecto conselheiro de Estado já é, de facto e para todos os efeitos eleitorais futuros, uma corda apertada em volta da sua ambicionada reeleição presidencial.

A vergonhosa propaganda da EDP dirigida pelo petulante Mexia, em volta do programa de construção da dezena de novas barragens em rios portugueses — que para nada servem, a não ser disfarçar a enorme dívida acumulada da principal empresa energética portuguesa, e às escondidas privatizar o acesso à água (Nuno Melo investiga mais este dossier, por favor!) — deve ter uma resposta rápida e inflexível: renacionalizar a EDP e despedir o insolente Mexia!

Finalmente, Manuel Alegre, em vez de jogares ao gato e ao rato com os Portugueses, assume as tuas responsabilidades, que são muitas e devidas, e mostra um cartão vermelho à tríade de piratas que tomou de assalto o teu partido, e defrauda em cada dia que passa, criminosamente, as expectativas de quem acreditou nas virtualidades de uma esquerda moderada para conduzir a nau portuguesa a bom porto. Não penses nas presidenciais, pensa em Portugal!

Post scriptum — O senhor Louçã e o senhor Miguel Portas afirmam, ou dão a entender, que querem governar, ou ajudar a governar, Portugal. Como ainda não desisti da Esquerda, o fiasco Alegre empurra-me inevitavelmente para vós! Votarei pois, se não fizerdes nem disserdes demasiadas asneiras no que resta de ano, no Bloco de Esquerda. Recomendo-vos, entretanto, que leiam o que fui escrevendo desde 2006 neste blogue, pois encontareis seguramente matéria suficiente de reflexão. Coisa para que geralmente os afazeres partidários deixam pouco tempo.


OAM 586 17-05-2009 19:35

quarta-feira, março 11, 2009

Portugal 91

Manuel Alegre ou decide ou desaparece

Se avançar já, tem hipóteses de federar uma nova esquerda responsável (coisa que o Bloco não é); se deixar apodrecer a situação, restar-lhe-à o triste caixote do lixo da História.

Partido Socialista
Carlos Candal: “Não é pensável que o Manuel Alegre faça o que tem feito sem levar um chuto"
11.03.2009 - 10h44 PÚBLICO
O ex-deputado socialista Carlos Candal defendeu em declarações ao Rádio Clube Português (RCP) que o Partido Socialista deveria avançar com um processo disciplinar contra Manuel Alegre. “Não é pensável que o Manuel Alegre faça o que tem feito, e continue a fazer, sem levar um chuto”, disse Candal.

Partido Socialista
Santos Silva sugere saída de Alegre das listas de deputados
11.03.2009 - 08h00 :, Leonete Botelho e Nuno Simas PÚBLICO
Augusto Santos Silva parece ter ontem quebrado o tabu sobre se Manuel Alegre vai ou não ser candidato a deputado nas listas do PS. Tentando não comentar a entrevista do histórico socialista ao "Expresso" porque se trata de "questões que estão resolvidas", o ministro dos Assuntos Parlamentares explicou o que quer dizer: "Se eu não concordar com o programa eleitoral do PS, não me candidato a deputado. Se não concordar com a declaração de princípios do PS, não estou lá a fazer nada", afirmou no debate Cara a Cara, da TVI24.

O PS, em nome da mitigação dos próximos desastres eleitorais, tomou uma decisão: correr com Manuel Alegre. Tem todos os motivos formais para o fazer, e a conveniência é muita.

Se Alegre cindir, formará seguramente um novo partido para concorrer às próximas eleições.

Neste caso, o eleitorado que agora pensa votar nos eternos juvenis do Bloco de Esquerda, como protesto contra os piratas neoliberais que sequestraram o Partido Socialista, transformando-o num autêntico partido da grande burguesia compradora e burocrática lusitana, partir-se-à ao meio: uma metade vai para Louçã, e outra para Alegre. Se isto acontecer, o PS sem maioria absoluta que sair das próximas legislativas terá argumentos de sobra para forçar um novo Bloco Central... com o próximo líder do PSD, o neoliberal imberbe Pedro Passos Coelho — deixando as velhas esquerdas a berrar no deserto.

Resumindo e concluindo, o ponto de ruptura da actual situação política chama-se Manuel Alegre.

E o mais importante agora são os tempos de decisão. Se Manuel Alegre decidir já, poderá federar uma vasta sensibilidade da esquerda realista portuguesa para a utopia de uma renovação democrática do regime. É não apenas um sonho por que vale a pena lutar, mas sobretudo a única saída para a continuidade do actual regime democrático, antes de uma alternativa presidencialista a la française.

Se, ao contrário, continuar a hesitar, e decidir tarde de mais (por exemplo, depois das eleições europeias), o tal eleitorado da esquerda realista partir-se-à ao meio, ou inclinar-se-à mesmo mais para Louçã, do que para um retardatário hesitante, sobre o qual pairará então a sombra do oportunismo pessoal.

O tempo da decisão é agora, e não daqui a três meses, como preferem os estrategas do PS.

A hipótese de Manuel Alegre hibernar até que passe o ciclo eleitoral, com a eventual ilusão de poder então capitalizar os descontentes no interior do partido, e eleger um sucessor de Sócrates que ponha em causa a tríade de Macau, é um passo muito arriscado. A verdade é que este PS se transformou num partido do BES, do BCP e da Mota-Engil, e nada fará mudar a sua nova natureza tão cedo. O PSD, por sua vez, está a redefinir-se como um partido das PMEs e das autarquias — caminho muito rentável, política e eleitoralmente, se o souber fazer com audácia e muita criatividade. A esquerda actual, no contexto da gravíssima crise em curso, não tem soluções — apesar de atrair eleitores desiludidos.

O PCP não passa dum cadáver estalinista adiado, sem qualquer possibilidade de imaginar o futuro. Estão agarrados à burocracia que controlam, dependem do voto senil, e daí não saem.

O Bloco de Esquerda, depois das posições assumidas recentemente sobre a NATO e sobre Angola, confirma à saciedade a sua incorrigível imaturidade política e radicalismo saloio. Nada farão para além de se digladiarem por lugares e correr atrás do tumulto.

E no entanto há um grande eleitorado de esquerda, de uma esquerda inteligente e realista, que não sabe onde votar, ou mesmo se deve votar. Formas mais espontâneas, criativas e realistas de democracia em rede estão a nascer na infoesfera. Se Alegre matar a possibilidade de surgimento de um novo partido democrático com efectivo potencial de acção, a alternativa que nos resta é começar rapidamente a construir uma autêntica Democracia Virtual, cuja vitalidade e sentido de responsabilidade global conduza ao nascimento de novas formas de poder democrático efectivo, capazes de substituir a tempo o moribundo regime que actualmente conduz o país para a fossa.


Post scriptum — O Bloco de Esquerda (BE) tem uma deficiência genética impossível de ultrapassar: nasceu com um corpo medieval dividido entre três estalinistas, de famílias diferentes, e um líder trotsquista. Embora sejam notáveis os esforços de moderação por parte de Francisco Louçã, já da parte dos seus correlegionários estalinistas sobra o disparate e a arteriosclerose ideológica. Nesta configuração, a previsível subida eleitoral do BE terá seguramente a vantagem de retirar a maioria absoluta ao PS. Mas que não se iludam os velhos juvenis do Bloco: não são eles que atraem os votos, mas antes uma parte do eleitorado PS que ali se refugia temporária e tacticamente, para impedir —por qualquer meio— a renovação da actual maioria absoluta.

Assim sendo, se Manuel Alegre decidir abandonar o PS antes das eleições europeias, arrastando consigo muita gente socialista descontente com o take over do PS por uma tríade de piratas neoliberais e cínicos, o Bloco seria imediatamente confrontado com uma crise interna.

Os ex-maoistas são pouco dados à subtileza, e por conseguinte jamais aceitariam a integração do BE num projecto maior, partilhado com Alegre. Mas o partido do poeta —se vier a existir— exerceria uma pressão formidável sobre o BE à medida que as sondagens fossem revelando a transferência do voto inteligente para a nova esperança socialista. E aí, por uma espécie de atracção electrónica irresistível, haveria grande probabilidade de Francisco Louçã (nomeadamente por causa de todo o historial da IV Internacional) propor uma fusão do Bloco com o então emergente Partido Socialista Reconstruído. Haveria pois duas cisões e a formação de uma nova estrela no moribundo universo partidário a que chegámos. Como há muito prevejo, esta recomposição do Centro-Esquerda provocaria a precipitação da crise larvar do PSD, conduzindo mais cedo ou mais tarde a uma recomposição do Centro-Direita.

Manuel Alegre, pense bem!


OAM 553 11-03-2009 13:35 (última actualização: 12-03-2008 01:41)

domingo, março 01, 2009

Congresso PS

O apagão

Parece ter sido um portátil Magalhães o causador do apagão que ontem por volta das 23 horas deixou os congressistas do PS às escuras, sem poderem votar as suas queridas "moções sectoriais". Com o congresso irremediavelmente suspenso (tal foi o curto-circuito!), os sonolentos congressistas não tiveram outra alternativa que não fosse regressar às pensões para um sono reparador.

Findou pois em alegoria a maior farsa demo-partidária que o Partido Socialista alguma vez conheceu. Ou melhor, termina hoje — certamente com muito foguetório, efeitos especiais e boa parte dos fregueses regressando atónitos aos seus lugarejos desertificados.

O Partido Socialista tem oficialmente 73 104 militantes (o Benfica tem mais de 170 mil sócios e consegue sentar 65 mil pessoas no seu estádio). Como se a comparação entre as duas agremiações associativas não fosse já de si deprimente para o partido político que nos governa, acresce que apenas 34,7% dos inscritos no PS (25 393) votou a eleição do líder — ou seja, um estádio de futebol a menos de meio gás! Por fim, José Sócrates foi reeleito como um qualquer líder partidário de Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, ou Angola, i.e., com 96,43% dos votos expressos! Mais estalinista é difícil.

Foi divertido observar os semblantes aflitos e em bicos de pé de Ana Gomes e de uma tal jovem-velha Jamila qualquer coisa, reiterando que se sentem úteis no parlamento europeu. Mas fizeram alguma coisa, além de petiscar Moules à l'escargot (i.e. mexilhões com molho à caracol) acompanhados de Alsace Pinot Blanc - Klevner? Podemos verificar nalgum blogue os seus contributos para o progresso da União? Espero bem que o neo-liberal estalinista Vital Moreira não as inclua na sua lista de elegíveis e se rodeie de gentinha da sua estrita confiança. Assim, poderemos pedir mais tarde ao eminente constitucionalista e consultor de leis (que até Maio de 1990 propagava o estalinismo suave do PCP e abominava a Europa) resultados; e por outro, veremos crescer o número de notáveis descontentes do PS, absolutamente imprescindíveis para empurrar o pachorrento Manuel Alegre a dizer e fazer qualquer coisa, para lá de amuar, pescar e escrever poemas. A pátria exige a este poeta que retribua em espécie parte da boa vida que a democracia lhe proporciona. Não é uma opção, é uma obrigação política!

Mas reparem bem na turma que tomou conta do PS e respectivos links... (sempre ajudará a perceber o mistério da nova unanimidade cor-de-rosa):
  • Vitalino Canas: exerceu cargos políticos em Macau; Fundação Stanley Ho; Fundação Oriente; deputado e provedor de empresas de contrato de trabalho temporário, etc...
  • António Vitorino: ex-UEDS, exerceu cargo político em Macau; ex-ministro e ex-comissário europeu; Presidente da Assembleia Geral da Brisa; opinocrata de serviço.
  • Jorge Coelho: ex-UDP; exerceu cargos políticos em Macau; ex-ministro e ex-secretário-geral do PS; actual CEO da Mota-Engil.
  • Carlos Santos Ferreira: "passou pelo Aeroporto de Macau"; foi vice-presidente da Estoril Sol (império Stanley Ho); ex-presidente da CGD; actual presidente do BCP.
  • Armando Vara: ex-governante; ex-director da CGD; indigitado novo presidente do BCP-Angola.
  • Manuel Frasquilho: actual presidente da APL; ex-presidente de: Metropolitano de Lisboa, REFER, CP, Instituto Emissor de Macau, Soponata, CTT, ...
  • Francisco Murteira Nabo: exerceu cargos políticos em Macau; ex-ministro, ex-presidente da GALP e da PT; vogal do Banco Espírito Santo; vogal da Fundação Oriente, etc.
  • Joaquim Pina Moura: militante do PCP até 1990; ex-ministro das finanças; actual presidente da Iberdrola-Portugal.
  • Mário Lino: militante do PCP até 1991; ministro do actual governo PS.
  • José Magalhães: militante do PCP até 1990; Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna.
  • Vital Moreira: militante do PCP até 1990; futuro chefe do grupo PS no Parlamento Europeu.
Ou são ex-comunistas ou estiveram juntos em Macau!

A maioria destes nós da rede que actualmente comanda o PS tem origem em partidos situados à sua esquerda — os estalinistas UDP e PCP; ou ainda os socialistas de esquerda oriundos das desaparecidas Fraternidade Operária e UEDS. Olhando em retrospectiva, apercebo-me que tanto António Guterres, como José Sócrates, são personagens secundárias e puramente instrumentais dessa espécie de shadow politicians que cá, como em muitos outros países, foram ocupando as carcaças vazias dos partidos tradicionais, sem o ónus de terem que criar aparelhos partidários, nem marcas novas para a prossecução dos respectivos projectos de poder.

O que une esta direcção sombra do PS é o seu pragmatismo de estilo chinês: "Um país, dois sistemas" — o que no nosso caso quer dizer, capitalismo neoliberal a todo gás, mas em traje de passeio Armani e com uma retórica socialista negligé, pós-moderna, piedosa aqui e acolá, mas sem nunca deixar de denunciar o atraso provocado ao país pelas burocracias do Estado. No fundo, são uma variante da Margaret Thatcher, com o ar beato de Tony Blair, e o maquiavelismo de Putin. Vale tudo, menos tirar olhos!

Acontece, porém, que estes gajos apanharam a boleia do neoliberalismo tarde demais! E agora, quando lhes daria muito jeito entoarem de novo a Internacional, todos sabemos as solas que gastam e o mal que fizeram. É por isso que a Manuel Alegre, e agora também a João Cravinho, não resta outra saída que não seja esperar pela derrota do PS nos actos eleitorais deste ano, conspirando até lá e sem rodeios para expurgar este partido dos oportunistas inteligentes que o sequestraram na sequência do apodrecimento do soarismo. Entretanto, vamos todos votar no Bloco (1)!


Post scriptum — Gostaria de acrescentar uma observação sobre a influência tremenda da tríade de Macau na situação política portuguesa.

Por um lado, o modo como se apoderou e vem instrumentalizando o Partido Socialista, conduziu à crise irreversível, não apenas do PS e do PSD, mas de todo o sistema partidário português. Ou seja, o nosso xadrez político-partidário já não sobreviverá à crise que o atravessa sem uma profunda reestruturação, da qual resultarão inevitavelmente novas formações partidárias e metamorfoses dramáticas nas existentes.

Por outro lado, a tríade de Macau está à beira de não precisar mais das actuais ligações orgânicas ao sistema partidário, bastando-lhe manter e expandir uma rede de influência amigável sobre o Estado e a Democracia. De facto, o próprio Bloco Central morreu de velho e não passa já de um obstáculo.

Por fim, e esta é a dura realidade, apesar dos estragos internos causados na sua luta pelo poder económico-financeiro, a tríade de Macau gizou e tem seguramente a melhor geo-estratégia para o país. Não esperava chegar a esta conclusão, mas cheguei.

Findo o afluxo maciço de recursos financeiros comunitários, pouco se poderá esperar da União em termos económico-financeiros, a não ser, obviamente, o conforto propiciado pelo Euro e pela existência de um mercado único de grandes dimensões. A actual crise sistémica do Capitalismo colocou a Europa perante novos e velhos dilemas, de que Portugal poderá sair prejudicado. Basta reparar na forma expedita como o Bando dos Seis (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha e Holanda) se substituiu à União Europeia para deliberar sobre o magno tema do proteccionismo e a postura que pretende assumir na próxima e decisiva cimeira do G20. Perante isto, a triangulação que Portugal tem vindo pacientemente a construir com o Brasil, Angola, China, Venezuela e Rússia, é talvez o único desenho que permitirá manter a nossa independência efectiva no quadro de extrema instabilidade que se aproxima, suscitando até um interesse renovado da América por Lisboa — já para não falar de Madrid e Londres. É por isto tudo que considero que José Sócrates deixou de ser um veículo e começou a ser um empecilho para todos. Está assim hora de resolver as trapalhadas correntes, desanuviando os negócios e a democracia: temos que relançar o país formulando um grande desígnio de esperança. Pessoa falou de um Quinto Império. Se esse for o Império do Diálogo, creio que Portugal se encontra na melhor posição para disputá-lo — 600 anos depois de Ceuta (1415-2015). Small is beautiful!


NOTAS
  1. A quem fizer comichão votar no Bloco, que não vote, que vote em branco, ou que vote no PSD (pensando mais em Paulo Rangel do que na pobre Manuela Ferreira Leite). O essencial é libertar o país da corja de hienas que se apoderou do PS e do aparelho de Estado!

OAM 544 01-03-2009 17:00 (última actualização: 23:04)

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Portugal 76

Os coveiros da pátria
Estamos perante a ameaça de uma insolvência global, que atingirá fatalmente as economias mais endividadas, como a portuguesa.

S&P corta "rating" de Portugal
21-01-2009 (Jornal de Negócios) A Standard & Poor’s cortou hoje o "rating" da dívida pública da República Portuguesa, de AA- para A+, afirmando que as reformas estruturais delineadas pelo Governo são insuficientes para o país continuar a merecer a notação anterior.

E se Portugal, por incapacidade de mais e mais endividamento, um dia destes suspender os pagamentos devidos às instituições de crédito internacionais? Que sucederia? Voltaríamos ao escudo, ou simplesmente passaríamos a figurar num sub-agrupamento do Euro caracterizado por maiores dificuldades de acesso ao crédito internacional e juros bem mais elevados?
UK cannot take Iceland's soft option
21-01-2009 (Telegraph.co.uk) — Britain has foreign reserves of under $61bn dollars (£43.7bn), less than Malaysia or Thailand. The foreign liabilities of the UK banks are $4.4 trillion – or twice annual GDP – according to the Bank of England. The mismatch is perilous.

It is why sterling has crashed 10 cents from $1.49 to $1.39 against the dollar in two days. The markets have given their verdict on Gordon Brown's latest effort to "save the world".

Credit default swaps (CDS) measuring risk on British debt have reached an all-time high of 125 basis points, just below Portugal.

...

Standard & Poor's has quashed rumours that it will soon strip Britain of its AAA credit rating – an indignity averted even after the International Monetary Fund bail-out in 1976. But there was a sting yesterday as it responded to the Treasury plan for the banks. "Market confidence in the sector has eroded to such a degree that it is not clear whether these measures by themselves will bring about a material improvement," the IMF said. "As a result, full nationalisation of some banks remains a possibility in our view." — Ambrose Evans-Pritchard.

O actual governo, em particular José Sócrates e o seu ministro das finanças (o pior da Europa), não se cansam de mentir compulsivamente aos portugueses.

Quando em 2005 se explicava pacientemente neste blogue (1) que o aeroporto da Ota não passava de uma quimera arquitectada pela associação entre a indolente e corrupta burguesia burocrática que domina este país, e a família do Bloco Central; ou lançávamos avisos, em Março de 2006 (2), sobre a iminência de um colapso financeiro, fruto do pico petrolífero e de uma bolha especulativa global, as alegres araras da tríade neoliberal que sequestrou o PS martelavam em cada dia da sua incansável agenda de propaganda, a caminhada de Portugal para o pelotão da frente dos países desenvolvidos deste planeta (3).

Nem com os disparates recorrentes proferidos pela figurinha despachada pelo BES para o actual governo, o indescritível Manuel Pinho, a nossa desgraçada, falida e subserviente comunicação social, percebeu que era chegada a hora de desmontar as ilusões criadas e alimentadas incessantemente por um governo dirigido por uma personagem de opereta manifestamente mal formada e conhecida apenas por dois dos seus nomes próprios: José Sócrates.

Nem depois de aqui termos anunciado pela primeira vez que a nossa dívida externa ultrapassava os 200% do PIB, facto muito mais grave do que o défice orçamental de 3%, ou que em 2005 crescíamos apenas a 0,3% ao ano (4), estando por isso a nossa economia, de facto, estagnada, os economistas (exceptuando Medina Carreira) e os jornalistas especializados em temas económicos se decidiam a falar verdade.

Foi preciso ver cair o BCP, o BPN e o Banco Privado para que as campainhas começassem a tinir. Foi preciso ver a Caixa Geral de Depósitos passar pela vergonha de não conseguir a totalidade do empréstimo que pretendeu contrair no estrangeiro, para acordarmos para a dura realidade. Foi preciso ouvir Miguel Cadilhe denunciar num inquérito parlamentar a cumplicidade do Banco de Portugal no silenciamento do affair BPN/Sociedade Lusa de Negócios, para que todas as aves de rapina do Bloco Central tocassem a reunir, como se, agora mais do que nunca, a salvação da sua pele dependesse de uma solidariedade tipicamente mafiosa. Foi preciso regressar ao caso Freeport (5), desta vez sob a pressão impiedosa da pirata-mor inglesa e dona de alguns dos mais importantes off-shores do planeta, a rainha de Inglaterra, para que o céu da tríade de Macau começasse a cair em cima da maioria socialista, porventura de forma irremediavelmente fatal.

Manuela Ferreira Leite, ao apelidar José Sócrates de "coveiro da pátria", apesar da agressividade retórica, acabou por colocar o dedo na ferida. Numa ferida, porém, de que o seu querido PPD-PSD é cúmplice activo. O coveiro da pátria é todo o Bloco Central, e não apenas o PS, nem apenas o PPD/PSD.

Assim, quando Manuela Ferreira Leite anuncia o fim do TGV, rasgando alegremente acordos internacionais reiteradamente subscritos, mas não do novo aeroporto de Alcochete, nem das desnecessárias e criminosas barragens, nem do excesso de autoestradas anunciadas, temo bem que a sua filiação ao clube dos "coveiros da pátria" seja um caso mais sério do que parece.

A situação geral do país aproxima-se rapidamente dum ponto de ruptura. As causas do problema não são apenas endógenas, mas o endividamento galopante para que fomos levados por uma série de decisões estratégicas erradas, da responsabilidade do Bloco Central, contribuiu de modo decisivo para o colapso que ameaça lançar Portugal numa das piores crises económicas, socais e políticas da sua história.

O factor de aceleração, é certo, vem agora de fora. Tanto pior para nós!

O mundo caminha para uma crise de insolvência sem precedentes (6). Por outro lado, a travagem brutal da circulação monetária mundial tem um efeito semelhante ao de uma onda de proteccionismo (7). A verdade é que não há dinheiro para manter a economia mundial a funcionar com as assimetrias que são conhecidas, sobretudo porque não foi o dinheiro que a fez mover nas últimas três décadas, mas antes a dívida mundial! Uma descomunal dívida sistémica, em cima da qual foram sendo construídos casinos de bem estar ilusório, que agora começam a tombar sob o impacto de um imparável efeito de dominó.



NOTAS
  1. 02-07-2005 (O António Maria) — Mas poderá realmente a Portela manter-se por muito mais tempo onde está? Poderiam as pistas do Montijo e de Tires, e novas obras na Portela, configurar uma solução sustentável até 2020-2030? As opiniões dividem-se... e os estudos técnicos também. Segundo Rui Rodrigues, a queda da taxa de crescimento do número de voos e de passageiros, em consequência de novas e mais rápidas ligações ferroviárias entre Lisboa e Madrid (AV e VE), afastaria, pelo menos para já, a necessidade imperiosa de equacionar a construção de uma nova infraestrutura de raiz. O argumento parece razoável, e ainda mais se lhe acrescentarmos os efeitos expectáveis de uma alta contínua do preço do petróleo (praticamente inevitável no actual quadro mundial de aproximação do chamado Peak of Oil Production). Em todo o caso, se um dia tivermos que avançar para um novo aeroporto internacional que altere radicalmente o actual estado de coisas, então a solução mais conforme com a inadiável actualização das nossas prioridades estratégicas no novo contexto europeu estará seguramente ao Sul do Tejo (Rio Frio...) e não no beco da Ota. — in O Lobby da Ota e o velho eixo Norte-Sul.

  2. 02-03-2006 (O António Maria) Num cenário de catástrofe financeira mundial, é de prever a falência de centenas de bancos e sociedades de investimento, já para não falar da falência de algumas dezenas de Estados (congelamentos de salários e pensões de reforma, despedimentos nas Administrações Públicas, subidas vertiginosas de impostos, derivas nacionalistas, etc.) Se a crise vier a ocorrer, como se teme, não será fácil evitar o pânico. Mas se estivermos alerta, poderemos evitar o pior, e preparar-nos com coragem para uma longa e dolorosa metamorfose. — in Maomé e a próxima guerra nuclear.

  3. 05-08-2006 (O António Maria) — Segundo os valores estimados para 2005, dos 214 países considerados, mais de metade (110) crescia a valores do PIB entre 4% e 26,4%. Cresciam a 8% ao ano, ou mais, 24 destes países. A generalidade dos chamados países desenvolvidos crescia abaixo dos 4%. A União Europeia, por sua vez, crescia a uma média de 1,7% ao ano. Portugal, ocupando a posição 202 entre 214 países, crescia tão só a 0,30% ao ano...
    Dizer que este país cresce abaixo da média da União Europeia é, como se vê, uma verdade piedosa sobre a crise que efectivamente atravessa. Piores que os lusitanos apenas há 12 países: Itália, Tanzânia, Niue, Dominica, Monserrate, Saint Kitts and Nevis, Guiana, Iraque, Malawi, Seychelles, Maldivas, Zimbabwe. — in Os sete pecados mortais de um país.

  4. 27-08-2007 (O António Maria) — O que não deixa de ser assustador é o facto de os americanos terem conseguido exportar largas porções do seu crédito mal-parado para o resto do planeta e em particular para a Europa (razão pela qual a crise do subprime atingiu tão duramente a banca alemã e francesa). O que não deixa de ser caricato é que a tão propalada "mão invisível" do mercado se chame afinal BCE e Fed, e que venha aflita socorrer os especuladores, criando para eles taxas de juro especialmente favoráveis, enquanto mantem em alta as taxas dos juros hipotecários das famílias cada vez mais endividadas da América, da Europa e do resto do Mundo! — in O fim da confiança no dólar.

  5. Caso Freeport: polícia faz buscas a tio de Sócrates e ao advogado Vasco Vieira de Almeida 22.01.2009 - 14h28 Romana Borja-Santos (Público)

    O Departamento Central de Investigação e Acção Penal e a Polícia Judiciária realizaram hoje, no âmbito do caso Freeport, buscas na casa e empresas de Júlio Carvalho Monteiro, empresário e tio materno de José Sócrates, e no escritório de advogados de Vasco Vieira de Almeida, noticia a edição online do semanário “Sol”. De acordo com o jornal, em causa estão suspeitas de corrupção no processo que permitiu a construção do “outlet”, em Alcochete, e cujo inquérito criminal começou em Fevereiro de 2005.

  6. Phase IV of the systemic crisis: The sequence of global insolvency begins
    GEAB N°31 (January 16, 2009)

    In 2007, LEAP/E2020 announced that US banks and consumers were both insolvent. More than a year ago, our team estimated that USD 10,000-billion worth in « ghost-assets » would vanish in the crisis. Both announcements came in complete opposition with the common opinion of that time; however they proved perfectly justified in the months after. In the same line, LEAP/E2020 today estimates that a new sequence of the fourth phase (so-called « decanting phase ») of the unfolding global systemic crisis has began: the sequence of global insolvency.

    (...)

    Contrary to what political leaders and their central bankers seem to believe worldwide, the problem of liquidity that they are striving to solve by means of historic interest rate drops and unlimited money creation, is not a cause but a consequence of the current crisis. It is in fact a problem of solvency which is digging « black holes » where liquidities disappear, whether we call these holes bank balance sheets, household debt, corporate bankruptcies or public deficits. In consideration of the fact that a conservative estimation of these “ghost-assets” reaches already USD 30,000-billion, our team considers that the world is now facing a situation of general insolvency affecting in the first place the most indebted countries and organizations (public or private) and/or those depending most on financial services.

    (...)

    How to make the difference between a crisis of solvency and a crisis of liquidity? The difference between a crisis of liquidity and a crisis of solvency can appear rather technical and in the end not very decisive concerning the evolution of the current crisis. However it is not a simple academic dispute; indeed, according to the answer to that question, the actions taken by governments and central banks will either be useful or utterly useless, if not dangerous. A simple example can help to understand what is at stake. If you meet a temporary problem of cash, and if your bank or your family agrees to lend you the money you need to cross over that difficult path, their effort is mutually beneficial. Indeed, you can resume your activity, you can pay your employees and yourself, your bank or your family get their money back (with an interest in the case of the bank), and the economy in general benefited from a positive contribution. But if your problem is not due to a question of cash-flow but to the fact that your activity has ceased to be profitable and will never be again because of new economic conditions, then the effort made by your bank or family becomes all the more dangerous that it was substantial. Indeed, in all likelihood, your first call for funds will soon be followed by more calls, always matched with promises (honest ones we suppose) that difficult times are about to be over. The more your bank or your family has lent you (and therefore the more it would lose if your activity is stopped) the more willing they will be to continue helping you. However if the situation worsens, and it will if it comes from a problem of profitability, there is a moment when the limits are reached: on the one hand, your bank will decide that there is more to lose in keeping supporting you than in letting you down; on the other hand, your family ends up with no money left because you have siphoned its entire savings. Then it appears clearly to everyone not only that you are insolvent or bankrupt, but that you dragged down with you your family or your bank4. You have thus dealt a severe blow on the economy around you, including on your close relatives5. It is important to highlight the fact that all this could take place in all sincerity because you were not aware of the impact on your activity of a sudden change in the economic context disrupting the conditions of your profitability.

    According to LEAP/E2020, this simple example illustrates perfectly the situation prevailing today throughout the entire global financial system, a large part of the world economy and all the economic players (including States) who based their growth on debt in the past years. The crisis translates and magnifies a problem of global insolvency. The world is becoming aware of the fact that it is a lot poorer than it used to believe in the last decade. And 2009 is the year when all the economic players must try to assess their real level of solvency, knowing that many assets are still losing value. Moreover a growing number of investors no longer trust the traditional instruments and indicators of measurement. Quoting agencies have lost all credibility. The US Dollar is just a fiction of international monetary unit and many countries are striving to get away from it as quickly as possible. Thus, quite rightly, the entire financial sphere is suspected of being a giant black hole. Concerning companies, no one can tell if their order books are reliable, because in every sector customers cancel their orders, or just stop buying, even when prices are discounted, as indicated by dropping retail sales in the past few weeks. Concerning States (and municipalities), slumping fiscal revenues are likely to result in even higher deficits and then bankruptcies. As a matter of fact, Russian billionaires, Gulf oilmonarchies, Chinese commercial Eldorados, all the « golden-egg geese » of companies and financial institutions of the planet (namely European, Japanese and North-American ones) turn out to be insolvent or hardly solvent. The question of the solvency of the US federal State and federated states (as well as of Russia or the United-Kingdom) is beginning to be asked by some big international media; as well as the question of the solvency of large capital-based pension funds, major players in this past twenty years’ globalised economy.

    According to LEAP/E2020, the trend is clear: the sequence that has begun this year is a sequence of global insolvency.

  7. Where did all the money disappear? Liquid fantasies
    by Satyajit Das, December 15, 2008 (Prudent Bear)

    In recent years, money was cheap and other assets were expensive. But as each of the global economy’s credit creation engines breaks down and systemic leverage declines, money becomes scarce and expensive, triggering adjustments that are reversing the run-up in asset prices.

    In this current financial crisis, the quantum of available capital, the munificent resources of central banks and sovereign wealth funds, and the globalization of capital flows may be some of the accepted "facts" that are revealed to be grand illusions. As Mark Twain once advised: "Don’t part with you illusions. When they are gone, you may still exist, but you have ceased to live."

    ...

    It is not easy to fix the problem. Redirection of capital held in central banks and sovereign wealth funds to domestic economies affects the global capital flows needed to finance the debtor countries, such as the United States, and recapitalize the banking system. Maintenance of the cross border capital flows to finance the debtor countries budget and trade deficits slows down growth in emerging countries and also perpetuates the imbalances.

    Trade has become subordinate to and the handmaiden of capital flows. As capital flows slow down, global trade follows. Indirectly, the contraction of cross border capital flows and credit acts as a barrier to trade. In each case, deleveraging is the end result.

    This opens the way to "capital protectionism." Foreign investors may change their focus and reduce their willingness to finance the United States. Wen Jiabao, the Chinese prime minister, indicated that China’s "greatest contribution to the world" would be to keep its own economy running smoothly. This may signal a shift whereby China uses its savings to invest in the domestic economy rather than to finance U.S. needs.

    China and other emerging countries with large reserves were motivated to build surpluses in response to the Asian crisis of 1997-98. Reserves were seen as protection against the destabilizing volatility of short-term capital flows. The strategy has proved to be flawed.

    It promoted a global economy based on "vendor financing" by the exporting nations. The strategy also exposed the emerging countries to the currency and credit risk of the investments made with the reserves. Significant shifts in economic strategy are likely. Zhou Xiaochuan, governor of the Chinese central bank, commented: "Over-consumption and a high reliance on credit is the cause of the U.S. financial crisis. As the largest and most important economy in the world, the U.S. should take the initiative to adjust its policies, raise its savings ratio appropriately and reduce its trade and fiscal deficits."

    More ominously, Chinese President Hu Jintao recently noted: "From a long-term perspective, it is necessary to change those models of economic growth that are not sustainable and to address the underlying problems in member economies."

    ...

    The slowdown in the credit and liquidity processes outlined may have long-term effects on global trade flows. The volume of world traded, according to the World Bank, may contract by 2.1% in 2009. This contrasts with growth of 9.8 % 2006 and an estimated 6.2 % in 2008. The expected drop for 2009 is more severe than the last major contraction in trade volume of 1.9 % in 1975.

    ...

    The global liquidity process was multifaceted. There was traditional domestic credit creation system built on the fractional reserve system that underpins banking. The leverage in the system was pushed to extreme levels. Losses and renewed regulation are forcing this system of credit creation to shut down.

    The foreign exchange reserve system was another part of the global credit process. Dollar liquidity recirculation has also slowed as a result of reduced trade flows (driven by declines in U.S. consumption and imports), losses on dollar investments, domestic claims on reserves and the inability to readily mobilize large amount of reserves.

    Another credit process − the export of yen savings via the yen carry trade and acquisition of foreign assets by Japanese investors − has also slowed.

    ...

    Markets placed great faith in the volume of money available to support asset prices and assist in alleviating shortages of liquidity. The perceived abundance of liquidity was, in reality, merely an illusion created by high levels of debt and leverage as well as the structure of global capital flows. As the financial system deleverages, it is becoming clear, unsurprisingly, that available capital is more limited than previously estimated.

OAM 520 22-01-2009 18:05 (última actualização: 23-01-2009 12:00)

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Portugal 73

O sucessor de Sócrates

O PS precisa, como de pão para a boca, dum novo partido à sua esquerda. Por que espera para dar todo o gás a Manuel Alegre?

Lisboa, 04 Jan (Expresso/ Lusa) - O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, vai coordenar a moção de José Sócrates ao próximo congresso do PS, liderando uma equipa que se define como "força de unidade" na "esquerda democrática" e "preparada para governar".

Creio que a escolha de António Costa para coordenar a moção de José Sócrates ao próximo congresso do PS significa o seguinte: se José Sócrates, por qualquer motivo, for forçado a abandonar as suas actuais funções de primeiro ministro, ou se não tiver condições para liderar um governo de maioria relativa aliado à esquerda, o PS já encontrou um sucessor consensual e apto para o efeito.

A perda da maioria absoluta PS é altamente previsível, e se esta ocorrer, o PS terá que aliar-se ao CDS-PP ou a uma força à sua esquerda. Aliar-se ao que hoje não passa dum micróbio partidário que a nomenclatura do regime transporta ao colo como uma criatura enfezada e débil, nas actuais circunstâncias de iminente insolvência do país e início da maior recessão mundial desde 1929 —que percorrerá toda a próxima legislatura—, seria um suicídio político imediato. Uma tal ocorrência, sempre possível, abriria as portas a uma recuperação fulgurante do PSD depois de aliviada a sua carga populista e tardo-liberal. A menos que a situação do país fosse realmente catastrófica, e aí teríamos, como cenário mais provável, um governo de Bloco Central sob patrocínio presidencial, não vejo como poderá o próximo governo deixar de ser uma coligação de esquerda. Falta, no entanto, o parceiro certo para uma tal parceria. Os que há não servem!

A maior preocupação da tríade que possui o Partido Socialista é evitar uma cisão antes das próximas eleições legislativas. Mas um mau resultado, previsível, nas europeias, poderá precipitar irremediavelmente a tão esconjurada cisão Alegre. O ex-candidato presidencial está em reflexão táctica. Entretanto, até onde chegarão as cedências de José Sócrates à dita "esquerda do PS" (Vera Jardim, Paulo Pedroso, Maria de Belém Roseira, etc.), nomeadamente na gestão da actual crise? Serão suficientes para impedir a emergência duma nova força eleitoral de esquerda com efectiva capacidade de alterar o rotativismo falido dos partidos do Bloco Central?

Se se reparar com atenção, tem havido uma série de cedências: na guerra da avaliação dos professores; no pacote de medidas fiscais de alívio que serão provavelmente incluídas no orçamento rectificativo/complementar anunciado; no programa de obras rápidas contra a crise; na criação de novas vagas para médicos e enfermeiros; no deslizamento subtil mas real da discussão dos grandes investimentos estratégicos —Alta Velocidade e NAL— para 2010; no ponto final colocado à conversa sobre a privatização da TAP, e por aí adiante. Eu se fosse o Mexia começava até a ter mais cuidado com os telefonemas sobre providências cautelares justas contra a sua pirataria de trazer por casa em volta do plano assassino de barragens com que pretende aumentar a qualidade dos seus activos, matando à conta e literalmente recursos patrimoniais insubstituíveis.

Falta esclarecer a predisposição socratina sobre a privatização da ANA. Aparentemente, a decisão de António Costa de reactivar o processo em volta da disputa dos terrenos da Portela, pelo qual a autarquia reclama à ANA cerca de 1500 milhões de euros de mais-valias (suficiente para limpar todas as dívidas da capital), colocará os futuros candidatos à privatização ANA e construção do NAL de Alcochete, perante um cenário menos interessante e espinhoso. Quando estará a disputa judicial resolvida? Haverá recursos? Que papel jogarão na altura os outros proprietários de terrenos privados incluídos no perímetro aeroportuário da Portela?

Persistirá o actual governo na decisão de "abancar" o futuro aeroporto de Alcochete com a privatização da ANA, subsequente desactivação do aeroporto da Portela e venda a patacos dos respectivos terrenos?

Se persistir, vai ser mais um dossier destinado ao fracasso. Primeiro, porque Cavaco Silva não vai aceitar transformar um monopólio público num monopólio privado, sabendo-se que um tal monopólio poderia rapidamente cair sob o domínio da gestora pública de aeroportos espanhola, AENA. Segundo, porque a privatização da ANA, ao implicar uma mudança de propriedade e sobretudo de controlos estratégicos primordiais, do sector público para o sector privado, levará Cavaco Silva a vetar a lei por motivos políticos óbvios, e em todo o caso, a exigir uma maioria de 2/3 para que tal sangria absurda do Estado e diminuição intolerável da nossa soberania possa ter lugar. Quando as luminárias de São Bento acordarem para as dificuldades deste imbróglio, lá terão que explicar ao Jorge Coelho que, infelizmente, também este passará a ser um dossier morto e enterrado pela actual legislatura.

Curiosamente, a tentativa de isentar de concurso público certas obras públicas, até 5 milhões de euros, e certos bens móveis, equipamentos e aquisição de serviços, até 260 mil euros, sob o pretexto da urgência, mostra bem como a cúpula do PS quer esconjurar a todo o custo uma cisão partidária. Que melhor ferramenta para convencer os milhares de autarcas do PS de que a melhor aposta é a permanência do status quo?

E no entanto, nada poderá garantir mais eficazmente a permanência do PS no poder durante a próxima legislatura —que será terrível para decisores e patriotas—, do que a formação duma nova força partidária de esquerda, geneticamente marcada por uma boa percentagem de genes solidários saídos, precisamente, do Partido Socialista!

Estou farto de explicar que um PS sem maioria não poderá aliar-se de forma estável, nem ao PCP, nem ao Bloco de Esquerda. O Partido Socialista, que irá com toda a probabilidade perder a maioria absoluta, com ou sem Alegre nas suas listas, precisará, como do pão para a boca, de um aliado à sua esquerda para formar uma maioria de legislatura estável, pragmática e criativa. Manuel Alegre surgiu como o possível vórtice dessa nova cornucópia de esquerda. Porque esperam para lhe dar todo o apoio?


OAM 513 15-01-2009 02:32 (última actualização: 15:55)

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Portugal 67

Ano Novo, vida nova?

Mensagem de Ano Novo
Cavaco alerta para o agravamento do desemprego e aumento da pobreza em 2009

«É sabendo a verdade e não com ilusões que os portugueses podem ser mobilizados para enfrentar as exigências que o futuro lhes coloca», disse o Chefe de Estado, sublinhando que «a verdade é essencial para a existência de um clima de confiança».
...

«Os portugueses gostariam de perceber que a agenda da classe política está de facto centrada no combate à crise. As dificuldades que o país enfrenta exigem que os agentes políticos deixem de lado querelas que em nada contribuem para melhorar a vida dos que perderam o emprego, dos que não conseguem suportar os encargos da prestação das suas casas ou da educação dos seus filhos, daqueles que são obrigados a pedir ajuda para as necessidades básicas da família». TSF/Sapo.

No estado calamitoso em que se encontra o PPD-PSD, e perante os movimentos de caranguejo de Manuel Alegre, Cavaco Silva preferiu dar um passo atrás nas suas responsabilidades, e pedir tréguas à desenfreada maioria governativa, cavalgada com total descaramento pela tríade de Macau. Sócrates precisa de aparecer como guerreiro triunfante na pugna com o Presidente da República, para assim matar dois coelhos (perdão, duas respeitáveis personagens) de uma só cajadada: o dubitativo Alegre e a avó Ferreira Leite. Se não me engano, o discurso de Ano Novo do Presidente da República serviu basicamente este propósito.

"Deixar de lado as querelas" foi a frase da rendição presidencial.

Ou, para sermos optimistas, neste ano que acaba de começar, a retórica apaziguadora de Cavaco Silva foi o recuo táctico calculado antes de os estragos da crise proporcionarem a oportunidade de uma efectiva emergência presidencialista. O grande problema de Cavaco Silva é este: para derrubar a actual maioria, infectada por intoleráveis doses de corrupção interna e docilidade canina face à tríade de piratas que sequestrou o regime (nomeadamente através do chamado "bloco central de interesses"), Cavaco Silva precisaria de uma reconfiguração dramática do actual espectro partidário, que acabasse de vez com a possibilidade eleitoral de maiorias absolutas autoritárias.

Mas para tal, o PS e o PPD-PSD deveriam cindir-se ao meio antes de a situação político-social do país se tornar ingovernável, e sobretudo incontrolável. Como as apostas neste campo continuam muito arriscadas, o Presidente resolveu dar tempo ao tempo, assumindo a pose de Sibila preocupada da nossa inclinada democracia. Não podemos culpá-lo pelo respeito demonstrado pelas regras constitucionais (apesar do golpe de Estado em curso contra os seus poderes soberanos.) Somos nós, bovinos eleitores, quem tem a opção de deixar o país caminhar sem freio para o abismo, ou alterar drasticamente o status quo. Este, como venho repetindo há muito, tem que rejuvenescer, sob pena de convocarmos inadvertidamente todos os demónios que não pensávamos ver tão cedo no horizonte das nossas utopias.

O Partido Socialista não pode continuar como está. O PPD-PSD é uma balbúrdia sem sentido. O Bloco de Esquerda tem que deixar de portar-se como um adolescente com borbulhas ideológicas ridículas. O PCP tem que abandonar a sua posição reaccionária de sentinela corporativa da "classe operária", libertar os sindicatos da sua tutela Estalinista, e passar a ouvir com mais atenção os seus economistas. Em suma, os velhos partidos têm todos que mudar, e mudar depressa. Mas não chega! Precisamos de dois ou três partidos novos. Seriam seguramente bem recebidos e forçariam os velhos partidos a corrigir os maus hábitos. A inacção atávica e o medo da mudança serão, porém, fatais ao estado exangue em que se encontra o regime actual.
Se nada fizermos, o mais provável é assistirmos, em menos de uma década, ao regresso negro da unanimidade intelectual, da exploração desenfreada, da humilhação e dos PIDES todos que ainda não morreram!


OAM 503 02-01-2009 17:09

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Portugal 65

Por um Partido Socialista Renovado

A blogosfera é o lugar certo e transparente das novas maçonarias!

Num rápido inquérito feito pelo António Maria, das 20 pessoas que responderam até agora ao mesmo, 65% votariam num novo partido, 20% não, 10% talvez, e 5% revelaram não saber se sim ou não votariam num novo partido. Esta rápida consulta vale o que vale, mas não deixa de ser estranho que as empresas de sondagens não tenham, que eu saiba, até agora, realizado qualquer sondagem específica destinada a apurar se há ou não lugar estatístico para um ou mais novos partidos.

Começa a ser uma evidência para a grande maioria dos portugueses que o actual sistema partidário, tal como está, não serve, foi corrompido até às entranhas e ameaça, pela sua própria inércia oportunista, desestabilizar gravemente o actual regime republicano. Todos sabemos que nada mudará pela mão das clientelas que configuram o actual sistema democrático se não lhe dermos um empurrão. E se nada mudar, na gravíssima crise económico-social que se aproxima a passos largos —Portugal, a Grécia e a Irlanda são os mais prováveis candidatos a seguir a Islândia no caminho da bancarrota—, estaremos em breve numa situação semelhante à que levou, nos idos anos 20 do século passado, ao aparecimento de imparáveis correntes nacionalistas autoritárias e ao triunfo do Salazarismo.

O pântano das dívidas especulativas e fraudulentas onde chafurdam bancos e entidades financeiras, como o BCP, o BPP, o BPN e até a Caixa Geral de Depósitos (1), entre outros, sugando para o nada das burlas piramidais, e para o buraco negro dos ditos mercados de derivados, milhares de milhões de euros da poupança nacional, levando na enxurrada fortunas pessoais, pensões, reformas e a disponibilidade de crédito à actividade económica, somado ao imparável endividamento do Estado português —mais de 200% do PIB!—, conduzirá inevitavelmente o país a uma convulsão política e social sem precedentes, se nada se fizer nos próximos três ou quatro meses.

Bastará um incidente com a população de Mirandela (2), por causa da linha férrea, ou da barragem assassina que os imbecis da EDP querem construir no Tua —apenas para engordar a coluna dos activos da empresa—, ou um pronunciamento militar mais forte, ou um bloqueio consistente de tesouraria que leve a atrasos repetidos nos pagamentos de vencimentos, pensões ou subsídios a funcionário públicos, para que o fogo se acenda e alastre pela pradaria democrática que a nomenclatura partidária do pós-25 de Abril malbaratou em trinta anos de incompetência, corrupção crescente e, finalmente, arrogância novo-riquista.

Até recentemente pensei que haveria uma hipótese em duas de o sistema partidário se auto-regenerar. Hoje, estou plenamente convencido que sem rupturas fraccionárias nos principais partidos parlamentares, sobretudo nos do arco da governação, o regime cairá a pique e abrirá as portas a formas radicais de populismo — de direita, e de esquerda. O modo como a FENPROF comunista, e o PCP, cavalgaram o descontentamento justificável dos professores, mais o que posso antever do comportamento previsível dos maoístas do Bloco de Esquerda, ou do recente triunfo da tropa populista do PPD, simbolizada pela candidatura do pirata Santana Lopes ao governo da capital, são exemplos suficientemente preocupantes do que aí vem se, entretanto, não formos capazes de ampliar e refundar o actual espectro partidário.

A ilusão de que isto pode resolver-se a golpes de blogosfera não passa disso mesmo: de uma ilusão! A blogosfera tem vindo a desempenhar um protagonismo crescente, e muito positivo, no enriquecimento da nossa democracia, mas não poderá em caso algum substituir-se às estruturas e instâncias do poder. Ora, sem que estas mudem, ou sejam alimentadas por ideias e comportamentos renovados, o país não terá solução.

O que sim a blogosfera pode e porventura deve realizar é provocar e ajudar a crescer rapidamente um novo partido simultaneamente idealista, inteligente e pragmático. Um partido que saiba socorrer-se da blogosfera e das redes sociais em geral, de forma criativa e eficaz, em prol de uma correcção urgente das nossas instituições democráticas. A blogosfera é o lugar certo e transparente das novas maçonarias! Os rituais agora televisionados das velhas e ridículas lojas maçónicas oitocentistas (caricaturas risíveis dos templos cristãos) são bem o retrato de algo que teve o seu papel histórico, mas que hoje não passa de um teatro espartilhado entre cadáveres adiados e aventais exóticos.

Têm procurado fazer chantagem emocional com Manuel Alegre a propósito dos custos simbólicos da sua previsível separação do PS. O argumento é frouxo, nas medida em que não se trata de preparar um abandono pessoal, mas sim de arrancar as partes sãs da árvore apodrecida (enquanto é tempo), para logo plantar de novo raízes, troncos, ramos e rebentos, em terra fértil, com boa exposição aos ares da democracia que respira fora do nada socialista salivado pela tríade de Macau, e abundante rega da cidadania expectante que exige alternativas de voto!

O ano de 2009 vai ser pior, muito pior, do que este que agora finda. Depois da hecatombe provocada pelo Subprime, outra, já anunciada, virá, desta vez provocada pelas bolhas imobiliárias alimentadas pelos chamados ARM loans e Alt-A Mortgages. Os gráficos desta bolha são ainda mais assustadores do que os gráficos do Subprime. Se a Banca Portuguesa, ao contrário do que mentiram reiteradamente Primeiro Ministro, Ministro das Finanças e Governador do Banco de Portugal, ficou no estado de pré-coma em que está, depois do Subprime, podemos antever sem grande margem de erro os impactos que o rebentamento da segunda grande bolha imobiliária global terá na nossa frágil e super-endividada economia.

Temos que nos preparar para o pior. E para isso, teremos que correr com actual corja que nos governa. Como não quero entregar o meu país aos espanhóis, nem aos angolanos, nem aos chineses, nem deixá-lo afogar-se pura e simplesmente no lodo da corrupção dominante, atraindo por este caminho as varejeiras do autoritarismo ditatorial, não vejo como fazê-lo sem defender uma reestruturação radical do espectro partidário que temos, e nomeadamente a formação de um novo partido socialista. Um Partido Socialista Renovado!


Post scriptum: as declarações de Pedro Silva Pereira —ministro da presidência e alter ego de José Sócrates — à SIC-N (22-12-2008), sobre o lugar de Manuel Alegre no Partido Socialista, são um sintomático sinal do que aí vem. Se alguém tinha dúvidas sobre o que esperar de quem cruamente coloniza o PS, as dúvidas esclareceram-se. Há três eleições antes das presidenciais, e até lá o caso Alegre ficará em banho-Maria. José Sócrates pressupõe assim que Manuel Alegre não fará nada até às próximas eleições europeias, autárquicas e legislativas. Terá havido um acordo neste sentido? Ou trata-se simplesmente da fanfarronice de uma clique desnorteada?
Alegre, na minha opinião, só tem um caminho e nenhum tempo a perder: afrontar sem medo a tríade de piratas que actualmente usa o PS para proveito próprio e para proveito de quem lhe assegura o futuro fora dos corredores do poder. Se por causa do questionamento directo de quem fez do Partido Socialista uma Chaimite neoliberal, houver uma cisão, paciência. É a vida! Todos beneficiaremos.

NOTAS
  1. Está por esclarecer o papel dúbio e porventura ilegítimo desempenhado pela CGD no affair BCP. Leiam-se, a propósito, estes extractos da pertinente entrevista de Fernando Ulrich (BPI) ao Público.

    Fernando Ulrich avisa que pode não haver financiamento para todas as grandes obras públicas
    22.12.2008 - 21h53 (Público)
    Por Cristina Ferreira

    Cristina Ferreira (Público) — O presidente do BPI, Fernando Ulrich, diz que nem todos os projectos anunciados pelo governo são financiáveis e que os bancos mais facilmente preferem escusar-se a financiar alguns dessas grandes obras, do que prejudicar as PME.

    Fernando Ulrich (Presidente do BPI) — O Primeiro-Ministro, José Sócrates, e o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, têm razão quando acusam os bancos de não estarem a conceder crédito às empresas e ameaçam retirar o aval do Estado [de 20 mil milhões de euros] que lhes permite ir levantar fundos nos mercados internacionais?

    Neste momento o único banco a que pode tirar a garantia é à CGD, que foi o único que a utilizou. É uma questão interna entre o Governo e o seu banco.
    ...

    CF (P) —As reacções de José Sócrates e de Teixeira dos Santos podem ser explicadas pela necessidade de desviar as atenções da decisão de “salvar” o Banco Privado Português (BPP)?

    FU (BPI) — Não. Daquilo que sei o BPP não está a ser ajudado pelo Governo. Esse é um equívoco que grassa por aí pois, porventura, o Governo e o BdP não terão explicado bem o que fizeram. Porque não está a ser dada nenhuma ajuda ao BPP e na minha opinião não está excluído que desta intervenção que está a ser feita não venha a resultar a liquidação do banco.

    CF (P) Sexta-feira, no final da assembleia-geral do BPP, João Rendeiro, o ex-CEO e fundador, declarou que o banco era viável.

    FU (BPI) — Essa é a opinião dele, terá de a demonstrar. O que digo, daquilo que tenho lido e daquilo que conheço, é que não está excluído que o BPP tenha que ser liquidado e não está excluído que o BPP tenha capitais próprios negativos. Todos os comentários que têm estado a ser feitos sobre a intervenção no BPP e todas as críticas à actuação do Governo partem de uma premissa que não é verdadeira é que não há ajuda nenhuma ao banco.
    ...

    “O grande desafio do Governo é financiar o défice da BTC, um dos maiores do mundo”

    CF (P) O Governo também já acusou os bancos de usarem o dinheiro levantado com base na garantia do Estado para resolverem problemas internos. Quer comentar?

    FU (BPI) — Essa afirmação é muito infeliz. E até me custa comentá-la porque até agora, e tirando o BPP que usa uma garantia diferente, ao abrigo da garantia de 20 mil milhões só houve um banco que a utilizou e foi a CGD, que é pública. Essa afirmação nem tem correspondência à realidade actual. Mas o ponto que é importante sublinhar é que Portugal tem um défice da Balança de Transacções Correntes (BTC) muito significativo e esse défice nas nossas trocas com exterior, compramos muito mais ao exterior em bens e serviços do que vendemos, é que tem que ser financiado. E além disso ainda temos dívida que quer os bancos, quer a República Portuguesa contraíram no passado e essa dívida também tem que ser refinanciada todos os anos. E é bom que as pessoas tenham consciência que Portugal é um dos países com um dos maiores défices da BTC do mundo. Quer em percentagem do PIB, quer em valor absoluto, é uma realidade que poucos conhecem. O país com maior défice da BTC é os EUA, o segundo é a Espanha. E Portugal está nos 10 primeiros. E o desafio é este, pois financiar este défice vai ser muito mais difícil do que foi até aqui. E pode até não ser possível.

    CF (P) E se não for possível?

    FU (BPI) — Terá consequências negativas quer nos programas de investimento que queremos fazer em Portugal, quer no nível de vida dos portugueses. A questão central que todos, quer os líderes políticos, quer os empresários, quer os bancários, temos que ter consciência é que é disto que se trata: a necessidade de financiar um dos défices da BTC maiores do mundo e de refinanciar a divida que emitimos no passado. Em condições do boom financeiro dos últimos dez anos isto era facílimo, em condições de uma crise de crédito, como esta, é muito complicado. Devemo-nos concentrar nestes problemas que são muito sérios. Procuremos as soluções e depois não podemos vacilar quando estamos a executar as medidas que adoptamos. Só para lhe dar um indicador para ter consciência. Nas obrigações emitidas no mercado internacional pela República Portuguesa, que é o melhor rating que existe, para se financiar antes de começar a crise financeira, há cerca de um ano, Portugal tinha que pagar 0,2 por cento a mais do que pagava a Alemanha. Neste momento as obrigações a 10 anos emitidas pela República Portuguesa já pagam mais um por cento do que a divida alemã. Este é um sinal claríssimo do como o mercado está a fazer a selecção dos vários países. Na Grécia a situação ainda é pior pois paga mais de dois por cento a mais do que a Alemanha, quando há um ano pagava mais 0,3 por cento, enquanto a Espanha paga quase tanto como Portugal, e a Itália e a Irlanda, que há um ano pagavam o mesmo que Portugal, agora até pagam mais. Os problemas dos países do sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália e Grécia, e agora mais a Irlanda, são muito sérios, pois todos têm em comum défices enormes. O mercado está a penalizá-los no sentido de que está a exigir um preço cada vez maior para os continuar a financiar. É um problema que está muito para além do problema dos bancos.


    “Alguns dos grandes projectos não são financiáveis”

    CF (P) — Concorda com o ex-ministro das Finanças de José Sócrates Campos e Cunha que diz que os grandes projectos do Governo vão absorver os recursos dos bancos que deveriam servir para financiar as PME e o resto da economia?

    FU (BPI) — Percebo que numa situação de crise e de recessão económica os governos queiram estimular a economia e o investimento. Mas esta atitude voluntarista pode não ser suficiente, pois alguns destes grandes projectos podem não ser financiáveis. Ninguém pode garantir que vai haver financiamento, nem mesmo o Tesouro português o pode garantir, por isso admito que alguns dos grandes projectos venham a ter que ser repensados.

    CF (P) — Está a pensar nalgum?

    FU (BPI) — Não. Estou apenas a dizer que poderá não ser possível executar todos, pois poderá não haver resposta dos mercados financeiros para financiar todos as obras que foram anunciadas. As PME são um segmento a que os bancos atribuem grande prioridade comercial. São clientes interessantes para os bancos, mesmo do ponto de vista da racionalidade económica e da própria lógica do nosso negócio. A questão colocada pelo professor Campos e Cunha tem sentido, do ponto vista económico, mas penso que os bancos não irão por aí.

    CF (P) — Os bancos estão ou não a dar crédito à economia?

    FU (BPI) — Os bancos mais facilmente preferem escusar-se a financiar alguns dos projectos, do que prejudicar as PME. Alguns dos projectos, uma vez acabado não tem mais negócio para os bancos. Repare que as PME estão cá sempre, são permanentes, tem negócio recorrente, temos o negócio do dono da PME, dos empregados. É uma actividade muito importante para os bancos.
    ...

    “CGD não pode ser o saco azul do partido que está no Governo”


    CF (P) — Como é que vê o facto de a CGD ter realizado em menos de um ano três aumentos de capital directos e um indirecto, no valor de dois mil milhões de euros, sem que o Governo tenha justificado a decisão, apenas dizendo que é para repor os rácios?

    FU (BPI) — Tenho dito, por diversas vezes, que a relação da CGD com o seu accionista deve ser um exemplo de rigor e de transparência e não tem sido. Não se percebe que a CGD no espaço de um ano faça três aumentos de capital e uma operação de venda de activo que equivale, do ponto de vista económico, a um aumento de capital. A CGD não pode ser o saco azul do partido que está no Governo ou não pode deixar que se fique com essa ideia. A CGD serve para financiar a economia? Ou é para cobrir os prejuízos que tem no financiamento de acções cujo sentido não se entende? Ou é para cobrir prejuízos de posições accionistas em empresas de sentido duvidoso? Para que as dúvidas não assolem permanentemente os contribuintes, deveria haver uma estrutura de controlo da CGD, ou no quadro do Parlamento, como agora está na moda, ou por via de uma comissão superior. A par de muita coisa bem feita, a CGD tem um conjunto de operações de que se desconhece qual o interesse público que visam satisfazer.

    Entrevista na íntegra

  2. Referendo sobre Linha do Tua vai a votos

    22-12-2008 (JN) — O referendo local sobre a manutenção ou encerramento da Linha do Tua vai a votos na Assembleia Municipal de Mirandela. No entanto, será o Tribunal Constitucional, em última instância, quem decide se o processo pode avançar.


OAM 500 22-12-2008 12:54 (última actualização: 13-12-2008, 17:21)