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sábado, agosto 20, 2011

A guerra do aeroporto

Defensores do novo aeroporto ameaçam desestabilizar o governo 

“Parallel taxiway is not recommended unless Portela remains operational beyond the year 2020 as the capital investment cannot be recovered” — Parsons (2004)





Os independentes do actual governo poderão bater com a porta se Pedro Passos Coelho não puser a tempo e horas ordem no galinheiro parlamentar. Não é possível que uma criatura qualquer leve recados ao país, disfarçado de deputado, e um ministro tome a provocação a sério — a menos que o primeiro ministro já tenha desistido de governar e pretenda abortar a legislatura antes de atingir a altitude de cruzeiro. Quanto ao corpo presente de Belém, sempre tão preocupado com a estabilidade, aposta agora no "turismo de qualidade" e dá gritos de Ipiranga inopinados e tardios. Mau sinal!

A sequência de contra-informação montada no quartel-general da Lusa (é por estas e por outras que há que privatizar esta espelunca) fez-se crer à opinião pública que o ministro Álvaro Santos Pereira iria a Madrid dizer aos espanhóis que o "TGV" era assunto arrumado, quando ele foi dizer precisamente o contrário, isto é, que a ligação em bitola europeia entre o Pinhal Novo-Poceirão-Setúbal-Sines e o Caia daria início a uma nova conectividade ferroviária estratégica entre Portugal, Espanha e o resto da Europa, servindo simultaneamente o transporte de mercadorias (sobretudo durante a noite) e o transporte de pessoas (sobretudo durante o dia). Quando se percebeu que em Madrid se reiterou, embora com ajustamentos de estratégia e de prazos, isto mesmo, a generalidade da mé(r)dia lusitana escondeu as conclusões e tergiversou em volta do assunto até que a mencionada criatura largasse o petardo encomendado.




Mas vamos ao blitzkrieg de contra-informação, e respectivas respostas

  1. Governo português defende quarta-feira em Espanha a suspensão da linha Lisboa-Madrid (act)

    Jornal de Negócios, 16 Agosto 2011 | 19:33 Lusa

    O ministro das Obras Públicas português encontra-se na quarta-feira, em Madrid, com o seu homólogo espanhol para defender a suspensão da ligação de alta velocidade ferroviária e propor "outras alternativas" ao transporte ferroviário entre os países.
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  2. Governo defende em Espanha suspensão do TGV

    Ministro vai propor «alternativas» à linha entre Lisboa e Madrid

    Agência Financeira, Redacção 2011-08-16 20:28

    O ministro das Obras Públicas português encontra-se na quarta-feira, em Madrid, com o seu homólogo espanhol para defender a suspensão da ligação de alta velocidade ferroviária e propor «outras alternativas» ao transporte ferroviário entre os países.

    Segundo fontes oficiais consultadas pela agência Efe, o ministro Santos Pereira explicará ao homólogo espanhol, José Blanco, que «a falta de dinheiro» resultante da crise que afecta Portugal impossibilita a concretização da linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, projecto com abertura prevista para 2013 e impulsionado pelo anterior Governo.

    As mesmas fontes, citadas pela Efe, assinalaram que os dois ministros deverão abordar no encontro «alternativas mais rentáveis em tempos de crise», entre as quais figura a promoção do transporte ferroviário de mercadorias com a Europa para impulsionar as exportações.
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  3. Blanco reclamará hoy a Portugal que retome el AVE entre Lisboa y la frontera española

    Cinco Días, Javier F. Magariño - Madrid - 17/08/2011


    Cualquier cosa menos dejar que el AVE que llegará a Extremadura muera en la frontera con Portugal. Esta es la premisa que lleva el ministro de Fomento, José Blanco, a la reunión que mantendrá esta mañana en Madrid con el ministro de Economía luso, Álvaro Santos Pereira.
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  4. Espanha insiste com Portugal para TGV não ficar arrumado

    Ministro do Fomento espanhol vai propor alternativas a Álvaro Santos Pereira para que projecto não fique na gaveta

    Agência Financeira, Redacção  VC 2011-08-17 08:49

    «Qualquer coisa menos deixar que o TGV que chegará à Estremadura morra na fronteira com Portugal». É o que começa por dizer o jornal «Cinco Dias» sobre a posição do Governo espanhol em relação ao projecto da alta velocidade.

    O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, vai estar esta quarta-feira em Madrid, para um encontro com o ministro do Fomento espanhol, onde vai defender a suspensão da alta velocidade. José Blanco vai insistir com Portugal para que o TGV não seja metido na gaveta.
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  5. TGV: Espanha aprova ligação Badajoz-Caia

    Luz verde foi dada um dia antes do encontro entre ministro da Economia português e homólogo espanhol para discutir futuro da alta velocidade

    Agência Financeira, Redacção 2011-08-17 11:47

    O ministério espanhol do Ambiente aprovou ainda na terça-feira a construção do troço ferroviário Badajoz-Caia que integra o projecto de alta velocidade (TGV) Lisboa - Madrid, um dia antes dos governos ibéricos se reunirem para discutir o futuro do projecto, um encontro que acontece esta quarta-feira.
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  6. Portugal e Espanha querem eixo ferroviário Sines-Madrid-França

    Linha ferroviária de mercadorias em bitola europeia

    Agência Financeira, Redacção  PGM 2011-08-17 12:48

    Portugal e Espanha vão criar, nos próximos dias, um grupo de trabalho que impulsione a vontade conjunta de criar um eixo ferroviário de mercadorias, em bitola europeia, entre Sines e a fronteira franco-espanhola, por Madrid.
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  7. Ministro da Economia diz que TGV permanece suspenso e que críticas foram "mal-entendido"

    Jornal de Negócios, 19 Agosto 2011 | 18:25, Lusa

    O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, qualificou hoje como um "mal-entendido" as críticas suscitadas pelas suas afirmações sobre o TGV, garantindo que a opinião mantém-se e que o projecto continua suspenso.
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  8. Ministro quer construção de ferrovia em bitola europeia

    Álvaro Santos Pereira diz que ideia é gerar «maior competitividade» das exportações

    Agência Financeira, Redacção  CPS 2011-08-19 20:11

    O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, defendeu esta sexta-feira que a construção da linha ferroviária de mercadorias em bitola europeia, entre Sines e a fronteira franco-espanhola, vai gerar «maior competitividade das exportações portuguesas».

    «A aposta prioritária deste Governo passa por uma maior competitividade das exportações portuguesas e para tal teremos que apostar na bitola europeia de mercadorias em conjugação, obviamente, com as autoridades espanholas», disse.
Basta ler esta sequência de relatos jornalísticos para se perceber três coisas simples:
  1. A Agência Financeira dá informações correctas e completas;
  2. A agência Lusa faz chegar informações incompletas ou enviesadas ao Jornal de Negócios;
  3. O Jornal de Negócios transmite de forma descerebrada, ou desonesta, manipuladora, comprada, etc., as informações da Lusa, transmitindo sistematicamente ideias erradas sobre a matéria noticiosa — prestando assim um péssimo serviço aos seus leitores.
Fica a dúvida: quem emprenhou a Lusa para um tão mau serviço, ou melhor dito, quem encomendou à Lusa a contra-informação? Miguel Relvas? Algum agente infiltrado do lóbi do aeroporto de Alcochete? Compete a Passos Coelho deslindar internamente este assunto e decidir se é ele o chefe de governo, ou qualquer sombra que o persegue.

Os compromissos assinados e reiterados entre Portugal e Espanha não se rasgam sem razões muito fortes e transparentes, tanto mais que a Espanha já tem em obra vários troços da linha, tendo aliás adjudicado um dia antes da reunião de Madrid, a obra de construção da linha entre Badajoz e a fronteira do Caia.

Quem iria indemnizar a Espanha pela obra construída e contratada, se a estupidez e a corrupção uma vez mais triunfassem entre nós?

E se a confirmação da construção do troço Caia-Poceirão, que deve ser complementada com prolongamentos até ao Pinhal Novo —para servir os passageiros— e ainda Palmela, Setúbal e Sines, para servir sectores industriais estratégicos como a Autoeuropa e os portos de Setúbal e Sines, não ocorrer até ao fim do mês de Setembro, quem assumirá a responsabilidade pelos fundos comunitários que deixarão de vir para o nosso país, e quem assumirá a responsabilidade pelos correspondentes fundos que a Espanha deixaria também de receber, parte dos quais teria, aliás, que devolver?!

Isto não é uma brincadeira de meninos! E os meninos do PSD, a começar pelo senhor Alexandre Patrício Gouveia, que não percebe patavina de ferrovia (aliás como a criatura encarregada de por a boca no trombone), não se podem arrogar o direito, ainda por cima escondidos detrás do biombo de uma fundação faz-de-conta, de colocar em causa de forma ilegítima compromissos de Estado e as decisões de um ministro legítimo.

Espero que o senhor Passos Coelho estude bem este dossier antes de dar prioridade aos boys da São Caetano à Lapa. O mundo, como disse o pobre Sócrates, mudou!

Os dois vídeos que acompanham este post muito irritado demonstram duas coisas:
  1. que os contentores não sabem voar, e que o "TGV" já os transporta de Espanha para França;
  2. e que as loucuras, fruto da corrupção, como as do novo aeroporto de Atenas, ou os aeromoscas de Ciudad Real e Beja, não têm qualquer hipótese de repetir-se até ao fim desta década. Logo...

NOTA FINAL: o aeroporto da Portela está longe de esgotar a sua operacionalidade e excepcional vantagem que continua a trazer à cidade de Lisboa, como provam claramente —pela negativa— as sucessivas notícias exageradas sobre a sua morte, e sobretudo como prova, se lido nas entrelinhas, o célebre estudo encomendado à consultora Parsons, publicado em 2004.

1ª mentira:
Capacidade do aeroporto da Portela vai esgotar-se até 2011, 09.05.2007 - 14:16 Por Lusa 

2ª mentira:
Aeroporto da Portela sem solução à vista esgota capacidade em 2018 - Jornal de Negócios, 17 Junho 2011 | 00:01

Entrelinha crucial do relatório da Parsons:

“Parallel taxiway is not recommended unless Portela remains operational beyond the year 2020 as the capital investment cannot be recovered.” — in Estratégia de Desenvolvimento da Capacidade do Aeroporto da Portela, Lisboa Apresentação de 8 de Abril de 2004 Parsons-FGG Consortium e ANA

Parallel taxiway (representação no Google maps/ OAM)


POST SCRIPTUM

Afinal, o Jornal de Negócios sempre deu fé do despacho da Lusa sobre a visita de ASP a Sines (às 20:52 de ontem). Uma correcção in extremis à gigantesca manobra de contra-informação montada (pelo lóbi de Alcochete) para entalar o ministro da economia.

Santos Pereira: Construção de ferrovia em bitola europeia vai gerar "maior competitividade" das exportações

Jornal de Negócios, 19 Agosto 2011 | 20:52, Lusa

RECORDANDO FACTOS

Fernando Fantasia, da SLN, comprou 4000 hectares em Alcochete, 15 dias antes de se saber que o embuste da Ota se mudaria para aquelas paragens. Está tudo dito, mas vale a pena recordar...




ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 06-09-2011 12:37