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terça-feira, fevereiro 06, 2018

A corja



O PCP estupora a Autoeuropa, enquanto o Bloco estupora a RTP


Uma conjunção inesperada de pessoas, interesses, corrupção e avidez partidária deu cabo de um projeto genuinamente inovador na RTP. Uma visão, um projeto e uma direção que até foram capazes de organizar uma candidatura ao Festival da Eurovisão diferente, com os resultados que se conhecem, tornaram-se uma ameaça intolerável para os que não sabem fazer outra coisa que não seja especular com a pobreza de espírito das famosas audiências, mantendo, por outro lado, bem viva a chama da corrupção embrulhada em populismo justiceiro.

Essa comunhão corporativa e pirata que tirou o tapete a um projeto corajoso, criativo, independente e ganhador é o retrato descarado do regime que apodrece à nossa volta. Um ex-administrador, Luís Marinho, que saiu da RTP com a mais elevada indemnização paga naquela casa, mas sem uma declaração de não agressão aos seus sucessores, trava desde 2016 uma campanha insidiosa contra Nuno Artur Silva e Daniel Deusdado. O tablóide do gajo que anda a poluir o rio Tejo, e deveria ir preso por isso (irá?), serviu sucessivas peças de lixo jornalístico sobre os putativos conflitos de interesses entre Artur Silva e Deusdado, por um lado, e a RTP por outro. Não foram, quando tinham que ser, avaliadas as possíveis situações de incompatibilidade, pelos juristas da RTP ou por aqueles a quem a RTP paga generosas avenças? Cunha Vaz (um dos personal trainers de António Costa) prometeu acabar com esta gerência (e cumpriu). Entrou uma arara de Coimbra no chamado Conselho Geral Independente, botou sentença perante uma turma de ingénuos, cobardes e hipócritas, e estes idiotas renderam-se à lábia do advogado. Por fim, os jovens extremistas do Bloco de Esquerda ganharam a Comissão de Trabalhadores ao PCP, e decidiram dar largas às diretivas vermelhas do Bloco: Ana Drago, fora! Rui Tavares, fora! Ainda não foram, mas não vai demorar muito. A RTP, agora, é nossa, quer dizer deles!

É por estas e por outras que a linha que demarca a esquerda da direita não passa duma linha imaginária.

A corja partidária dum país falido, onde as principais empresas económicas e financeiras acabaram nas unhas de espanhóis, angolanos, chineses e alguns americanos e franceses, só já tem um fim em vista: tomar o Estado de assalto, meter prego a fundo no populismo, e servir-se. Isto é, servir-se de todos nós.

Se pensam que a Geringonça é coisa esporádica e passageira, desenganem-se. Veio para ficar, como predisse e expliquei atempadamente num programa da RTP que um acólito qualquer da situação se apressou a destruir o mais depressa possível.

A ronha, a mediocridade e a subserviência sempre conviveram bem com a corrupção.


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segunda-feira, janeiro 02, 2017

Política Sueca (2015-2017)


Política Sueca: 10 de outubro de 2015 - 1 de janeiro de 2017.


A última emissão foi para o ar na madrugada de 1 de janeiro de 2017 (ver em RTP Play).

Não poderemos continuar a analisar o fascinante e perigoso ano de 2017 no Política Sueca, pois este programa de televisão acabou na madrugada do ano que agora começa. Cada um dos protagonistas terá certamente outros palcos onde revelar as suas ideias e análises, pelo que a amizade construída ao longo de mais de um ano de prestações televisivas na RTP3 é certamente terreno fértil para futuras aventuras.

Foram 57 edições, mais ou menos semanais, cujos horários mudaram talvez demasiadas vezes e sem aviso, mas onde foi possível exercer análise política séria, sem agendas partidárias escondidas, nem encomendas — em suma, independente.

Caminhámos sem rede, tentando esclarecer a complexa situação política nacional que emergiu do fim do Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, conhecido como Plano da Troika, o qual teve início em maio de 2011 e terminou em maio de 2014, e foi subscrito por Portugal, pelo FMI, pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu. Dos 78 mil milhões de euros disponíveis sob a forma de empréstimo, Portugal viria a gastar 75 mil milhões.

A consequência mais relevante do otimismo económico registado em 2014, coincidindo com o início da queda abrupta do preço do petróleo (junho de 2014), permitiria ao PSD ser o partido mais votado nas eleições de 4 de outubro de 2015, apesar da enorme contração no défice orçamental acordado no mencionado Memorando.

Esta vitória eleitoral foi, porém, insuficiente, deixando ao PS a oportunidade de levar a cabo uma aliança parlamentar improvável, com o PCP/PEV e com o Bloco de Esquerda, a qual viria a dar origem ao atual governo PS apoiado por uma maioria parlamentar de esquerda e extrema esquerda. Esta inesperada bi-polarização do poder político, de certo modo antecipada e desejada por Mário Soares, muito antes de António Costa ter sido colocado na direção do Partido Socialista, é a principal ocorrência política que recorrentemente exigiu a nossa análise política.

O segundo grande tema debatido no Política Sueca foi a profundíssima crise financeira e bancária do país, que os colapsos sucessivos do BES e do Banif e a crise profunda da Caixa Geral de Depósitos viriam a evidenciar de forma dramática. O Banif foi literalmente oferecido ao Santander num momento em que este precisava urgentemente de reforçar os seus capitais. Hoje, quase metade do sistema financeiro português é propriedade de não nacionais. Um panorama bem diferente, portanto, dos retratos cor-de-rosa que os mais variados responsáveis do país —Governador do Banco de Portugal, Governo PS liderado por José Sócrates, Presidente Aníbal Cavaco Silva e o então Conselheiro de Estado e comentador político Marcelo Rebelo de Sousa— pintaram sobre o nosso 'sólido e moderno' sistema bancário.

Por fim, três agradecimentos: à RTP, ao Daniel Deusdado, que imaginou o programa e nos convidou a fazê-lo, e à brilhante profissional que moderou com grande segurança jornalística o Política Sueca: Sandra de Sousa.

Ao público fiel e crescente que nos seguiu semalmente, um grande abraço e votos de um próspero e feliz Ano Novo.

António Cerveira Pinto
Cristina Azevedo
Nicolau Pais
Ricardo Jorge Pinto