terça-feira, janeiro 20, 2015

CDS, barragens e verdades inconfessáveis de um poder corrupto

Os consumidores vão ser forçados a pagar custos injustificados através de taxas fixas nas faturas elétricas


A premissa que justificava o Plano Nacional de Barragens já caiu, pois o consumo de eletricidade regrediu para valores próximos do ano de 2005.

Com a introdução de medidas de eficiência energética, o consumo de energia elétrica vai diminuir ainda mais. O próprio mercado, com a inovação tecnológica, vai encarregar-se de introduzir medidas de eficiência energética através do uso de lâmpadas LED, de novos dispositivos elétricos que progressivamente estão a substituir os antigos, como sejam máquinas de lavar roupa, loiça, etc., mais eficientes, ou novos frigoríficos que consomem 50% menos do que os aparelhos antigos.

Relativamente à eficiência energética o Governo nada tem feito, salvo aplicar alguma legislação sobre classificação energética dos edifícios. O documento do CDS, aliás, nada destaca sobre eficiência energética.

A interligação das redes elétricas europeias (por que este Governo se tem batido e bem) faz com que a produção de eletricidade renovável por fontes intermitentes, solar e eólica, seja absorvida pela rede, sem necessidade de barragens de suporte aos parques eólicos.

A Comissão Europeia, através do estudo Arcadia, concluiu que as novas barragens irão degradar a qualidade da água e que por esta razão deixarão de poder ser consideradas reservas estratégicas de água.

Considerando só a energia hídrica (proveniente do rio), as novas barragens irão funcionar apenas um mês por ano (fonte INAG) — 1672GWh/ano equivale 3% do consumo em 2010.

Qualquer que seja a forma de obter energia, utilizando carvão, gás, energia hídrica, eólica e outras, existe sempre uma relação entre a verba investida e a receita obtida.

As Novas Barragens, em início de construção ou por construir, vão custar milhares de milhões de euros aos contribuintes. Destinam-se essencialmente a servir a rentabilidade privada dos parques eólicos, sem o retorno correspondente ao elevado investimento que exigem, e à elevada destruição que causam. Vão, isso sim, OBRIGAR A UM AUMENTO DO PREÇO DA ELECTRICIDADE PARA PAGAR O INVESTIMENTO PREVISTO.

No documento do Governo sobre o Plano Nacional de Barragens está escrito que as Novas Barragens vão ser construídas devido às Eólicas.


ERROS MAIS GRAVES NO TEXTO DO CDS

1.  CDS: "A barragem do Tua não é a primeira a construir dentro, ou próxima, da zona classificada como Património da Humanidade, tendo sido precedida pelas barragens de Crestuma, Carrapatelo, Bagaúste, Valeira, Pocinho, Bemposta, Picote e Miranda, que fazem parte da identidade do Alto Douro Vinhateiro e que permitem a navegabilidade do Douro, com o consequente aumento de visitas turísticas que hoje se verifica."

CRÍTICA: As Barragens que o texto do CDS menciona são de fio de água. A Barragem do Tua (à cota 170 m) vai ser uma Albufeira. Os casos são completamente distintos. O impacte ambiental de uma Albufeira será muito maior.


2.  CDS: "A área de vinha (atributo nuclear da classificação da UNESCO) do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial não é afetada pela barragem do Tua."

CRÍTICA: É impossível prever o que vai ocorrer com uma Albufeira como a Barragem do Tua. Vai depender de vários factores (direcção dos ventos etc). Ninguém pode ter a certeza absoluta das suas consequências.

3.  CDS: "Em particular no que concerne ao potencial impacte da barragem na retenção de areias com consequências na orla costeira, levantado pela Plataforma e pelo GP do PEV, outra das ponderações efetuadas no PNBEPH passou pela seleção de locais a montante de barragens já existentes (no caso de Foz Tua, tem, até à foz, as barragens de Crestuma, Régua e Carrapatelo) para minimizar a retenção de sedimentos. No caso desta barragem do Tua, o impacto na erosão do litoral, é praticamente nulo, ou mesmo inexistente."

CRÍTICA: O ESTUDO ARCADIA DESMENTE LIMINARMENTE ESTE PONTO. Ver Vídeo sobre o estudo ARCADIA encomendado pela Comissão Europeia.





Texto: Rui Rodrigues
Edição e títulos: OAM

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