sexta-feira, julho 06, 2012

Finita Subúrbia

Nova Cidade do Kilamba Kiaxi - Luanda, Angola. Foto @ Facebook

Angola: estado falhado à vista? E Portugal?

O objectivo era albergar às portas de Luanda cerca de meio milhão de pessoas. Mas, até agora, o empreendimento Nova Cidade de Kilamba não passa de mais um "elefante branco" angolano construído com dinheiros chineses. Público.

Angola, um estado falhado à vista? Com certeza! Dou-lhe menos de vinte anos de vida sem grandes convulsões e fuga generalizada dos cleptocratas. Quanto ao assassínio da classe média em curso em Portugal e um pouco por toda Europa e EUA, Canadá, etc., a imagem destes subúrbios desertos é tão só uma antecipação do que sucederá aos Rios de Mouro e Clubes de Belas do nosso cantinho lusitano :(

Os velhos cascos urbanos das cidades, vilas e aldeias deste país são a próxima mina de ouro para onde a poupança minguante e a especulação (se as autarquias forem fracas e corruptas) convergirão nos próximos 20-30 anos. Esqueçam as cidades-jardim e a subúrbia inventada pelo senhor Ford para o automóvel e as Mota-Engis deste mundo, dos idos anos 50 até ao princípio do fim do Sonho Americano, desencadeado pelo colapso da sua bolha imobiliária e do seu sistema financeiro, em 2007-2008.

Apostem nas redes públicas de transporte intermodal rápido e de acesso barato, definindo anéis de viabilidade estrutural e sustentabilidade económico-financeira dos serviços (é aqui que a Subúrbia irá encolher....), com a respetiva exploração entregue a empresas privadas em regime de supervisão apertada e mão pesada para os vigaristas. A subsidiação, que será necessária, deve ser criteriosa e dirigida exclusivamente ao utente, quando se justifique e em função do seu IRS.

Multipliquem-se os quintais urbanos, a restauração social, e invista-se prioritariamente na recuperação das cinturas verdes das cidades-região e na eficiência geral, e em particular energética, das cidades.

Quanto à sobrevivência do Estado Social, veremos. Provavelmente só se aguentará reformando-o profundamente. Mas para aqui chegarmos será necessário fazer primeiro uma Grande Revolução Democrática contra os regimes demo-populistas e os partidocratas instalados.

Portugal precisa de uma revolução urbana como nunca foi feita, a começar por baixo, reforçando o poder de ação das freguesias (no país disperso, mas também, depois de concentradas, nas juntas de freguesia das principais cidades-região), em forte ligação aos serviços técnicos do Estado, que por sua vez precisam de ser revitalizados em grande escala e a toda a pressa, depois de arrumar de vez com a abusiva captura do regime, dos orçamentos públicos e do aparelho de estado, pela corja das assessorias partidárias, oriundas dos pseudo gabinetes técnicos e tubarões da advocacia pirata.

Estive esta manhã a tratar de um assunto no Gabinete do Munícipe do Porto — espécie de Loja do Cidadão municipal, limpa, arejada, moderna, amigável, com funcionários corteses e profissionais. Exemplar! É de reformadores públicos como Rui Rio que o país precisa. Honestos e sem medo de exercer a autoridade lucidamente. Será betinho, gostará de Ferraris, mas que importam esses pequenos defeitos, ou qualidades, se o principal corre sobre rodas?

CONTRADITÓRIO

Mal enviei o rascunho desta posta para a lista de privilegiados que recebem as comunicações do António Maria com alguma antecipação, a reação crítica foi pronta e  radical:

"Os dados do INE desmentem essa ideia do Rui Rio,

O Porto é um descalabro de falências e miséria, ultrapassando tudo e todos, com 2500 empresas falidas desde o primeiro semestre. Estratégia e visão são conceitos que lhe são completamente estranhos.

É cada vez mais uma cidade de luxo para ricos e que se lixem todos os outros.

Também a queda de população no Porto, desde o ministério de Rui Rio não tem igual em mais nenhuma cidade Portuguesa, penso que perdeu 10% da população em 10 anos.

Sem igual em toda a região e no resto do país.

A única zona do país com ressurgimento é a península de Setúbal, designadamente a diagonal Sesimbra, Palmela, Montijo, com crescimentos surpreendentes.

O distrito ultrapassou o de Braga, o que é de espantar.

FBC"

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