terça-feira, outubro 05, 2010

5 de Outubro



A verdade é simplesmente esta: Portugal foi levado à bancarrota pela nomenclatura partidária, corporativa e sindical que há três décadas nos desgoverna.

O principal culpado é efectivamente o populismo partidário que tomou conta da III República depois de os militares que a 25 de Abril de 1974 derrubaram a ditadura se terem retirado da cena política.

Foram os militares, e não Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro ou Freitas do Amaral, que derrubaram a ditadura, não se esqueçam. Estes e a corja partidária por eles criada, muito mais do que a maioria dos portugueses, que voltou a emigrar em massa ao longo da última década, foram os grandes beneficiários da decisão dos militares. Não sei portanto de que galhofam os nossos néscios deputados sempre que discutem política na Assembleia da República. O resultado da sua irresponsabilidade tonta e ignara está à vista!

Mais ainda, não fora a adesão à CEE e posterior integração na União Europeia e já a falência brutal do país teria ocorrido. Se nada de pior acontecer, tal ficará a dever-se exclusivamente aos comandos comunitários da União, e sobretudo à determinação da Alemanha. Foi a senhora Merckel que colocou o vigarista Sócrates no seu insignificante lugar, obrigando-o a antecipar a sua reunião ministerial, de Quinta para Quarta Feira, para tomar in extremis medidas ditadas pela Comissão Europeia, sem cuja adopção a torneira do BCE se fecharia imediatamente. Será por causa desta mesma senhora que Portugal acabará por sofrer uma nova revolução constitucional nos tempos mais próximos.

Se o Passos de Coelho seguir as instruções da matilha de ladrões que há décadas se apropriou da nossa democracia e da nossa poupança, e se abstiver na votação do próximo orçamento do PS, em vez de votar legitimamente contra, morrerá como político no altar da cobardia e de uma então provada mediocridade intelectual. Se assim for, a gangrena do sistema político será geral, não restando outra alternativa que não passe por uma enérgica alteração constitucional. É perfeitamente legítimo exigir, face ao colapso do sistema político que se avizinha, a convocação de uma nova assembleia constituinte, com o objectivo de corrigir o actual sistema constitucional — manifestamente bloqueado pela sua actual composição. Uma assembleia onde, obviamente, se faça representar a maioria do povo português, que neste momento lá não está — como também não está representada na presidência da república.

Foi pena não terem dado a Manuela Ferreira Leite a oportunidade que ela merecia. Defendi-a aqui, tendo toda a minha vida votado à esquerda. As nossas esquerdas, do PS ao Bloco, passando pelos Estalinistas do PCP, e pelo cada vez mais patético Manuel Alegre, acabaram por revelar-se, ironicamente no ano do centenário do regime republicano, como os principais responsáveis, não apenas da falência do país, mas da própria demolição do Estado Social. De esquerda, portanto, nada têm, a não a ser as definições falsificadas que trazem à lapela. Por incrível que pareça são os melhores aliados desse traste presidencial chamado Aníbal Cavaco Silva.

Renego, pois, esta esquerda populista, hipócrita, corrupta e incompetente. Para sempre! Outro caminho será certamente possível no futuro — racional, humano e justo.


POST SCRIPTUM — Acabo de ouvir Mário Soares reconhecer, numa entrevista à SIC-N, conduzida pelo Mário Crespo, que o governo foi "obrigado" por Bruxelas a tomar as medidas que tomou. Mais, foi submetido a um ultimato, que a não ter sido acatado, teria motivado o fecho da torneira dos empréstimos — disse MS, mais ou menos por estas palavras. É óbvio que foi mesmo assim, como aliás escrevi a tempo e horas. O reconhecimento do bem informado Soares só serve, neste caso, para passar mais um atestado de incompetência técnica e nulidade política ao vigarista Pinto de Sousa e ao cabotino ministro das finanças. Estas criaturas miseráveis atribuíram a si mesmas a virtude da coragem. Se não tivesse revisto ontem ou anteontem O Grande Elias, ainda poderia supor que este género de mal é recente e veio das berças beirãs e nortenhas. Mas não, o estilo é alfacinha e vem de longe, como o Brandy Constantino. Os rapazes da província aprendem depressa!

Entretanto, soube que também Durão Barroso disse à TSF, neste dia 5 de Outubro, que Bruxelas teve que intervir junto do governo português (leia-se, impor-lhe o pacote de medidas de austeridade que este viria a anunciar como um "acto de coragem" seu!) E vão dois...

Sem comentários: