quinta-feira, novembro 19, 2009

Crise Global 73

Estamos ricos!




É a pior Economia dos 16 países da Zona Euro e a segunda pior entre os 30 considerados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. A OCDE divulgou hoje um relatório que apela a urgentes reformas estruturais. — "OCDE arrasa Economia portuguesa - Expresso.pt".
Só mesmo os nossos economistas é que não sabiam!

Com os turistas depenados do Reino Unido a afastarem-se das costas lusitanas, endividada, agarrada ao petróleo como poucas e estagnada por mais uma década, para que precisa a pior economia da União Europeia, de novo aeroporto e de mais autoestradas?

Quando é que a Assembleia da República se lembra de criar uma Comissão de Energia focada no Pico Petrolífero (1) e na inevitável transição do actual paradigma energético, que se aproxima a passos largos?

Já pensaram os nossos sempre aluados deputados no que vai acontecer por volta dos finais de 2010, quando o petróleo estabilizar num novo patamar entre os 80-100 dólares o barril? Já mediram o impacto deste flagelo energético no serviço da dívida pública e na capacidade de acção do Estado central e autárquico? Mais impostos — é o que querem?! Esqueçam, pois vamos todos fechar para balanço!

Já pensaram os nossos retardados economistas — que perdem demasiado tempo, embora compreensivelmente, em gabinetes de estudo com agendas pré-programadas — no impacto que um Euro a duas velocidades, i.e. com taxas de remuneração diferenciadas a Norte e a Sul da Europa, terá nas sempre eufóricas, mas cada vez mais moribundas, economias latinas do Sul da Europa?

A terceira guerra mundial pelos recursos energéticos, minerais e alimentares do planeta, está em marcha!

Por acaso, já pensou, quem tem que pensar, que se aproxima vertiginosamente o momento de implementar em Portugal uma economia de emergência, a qual implicará inevitavelmente a instauração de um regime de excepção energética e social?

A Islândia está cada vez mais perto de nós! Ou por outra, estamos cada vez mais perto da Islândia...

A Alemanha vai concentrar-se, como sempre, no seu espaço vital, i.e. no centro e leste europeus, na Rússia, nos Balcãs e no Médio Oriente, procurando conter um Obama desesperadamente tentado a dividir o petróleo e o gás iranianos com Pequim!

E nós? E quem somos nós?!


NOTAS
  1. As bolsas americanas e europeias dispararam ao longo de 2009 com o dinheiro lançado nos mercados financeiros pelos bancos centrais norte-americano, britânico e europeu a pretexto de salvar e disciplinar o sistema bancário. O que efectivamente se passou foi uma extorsão colossal da poupança pública mundial em direcção ao buraco negro criado por mais um catastrófico estouro do casino piramidal da economia capitalista global. Hoje os piratas de sempre (Goldman Sachs e Cª) têm-se entretido a empolar a nova bolha chamada Dívida Pública (sim, apostam nos futuros colapsos dos Estados!), ao mesmo tempo que empurram com toda a força as energias renováveis (eólica e solar) para a rampa ascendente de uma nova bolha especulativa, como se tem visto, por exemplo, na dança criminosa da endividada EDP (onde o Estado ainda detém mais de 26% do capital!) Com mais de 14 mil milhões de euros de dívidas acumuladas, anunciou ontem (18 NOV 2009) que a sua lebre, EDP Renováveis, irá investir 4 mil milhões de dólares na produção de energia eólica nos EUA!)

    A exuberância e o optimismo são, porém, puras manobras de circunstância. A verdade nua e crua é esta: a economia mundial caminha para um desastre sem precedentes, pois não soube até hoje desenhar uma escapatória racional para o declínio irreversível do paradigma de desenvolvimento assente no uso e abuso de fontes energéticas e matérias primas baratas, sem ter percebido a tempo que tais recursos eram e são irremediavelmente limitados. As fantasias do petróleo pesado brasileiro, venezuelano, canadiano e até lusitano, não passam de estratagemas de comunicação para empolar as bolsas locais e mundiais. As anunciadas reservas são ridiculamente escassas face ao consumo mundial actual e necessário para manter níveis mínimos de crescimento do PIB mundial (>85 milhões de barris/dia.) Uma vez chamadas a preencher o declínio acelerado das explorações petrolíferas actuais, as lamas, as areias betuminosas e o petróleo pesado que se encontra a 3000-6000 metros de profundidade (debaixo de camadas de sal com centenas de metros de espessura) não serão apenas ridiculamente escassos, como provavelmente inviáveis do ponto de vista comercial. Em suma: por volta de 2050 (se não for antes), o paradigma petrolífero terá chegado ao fim, mas nessa altura o planeta terá mais 2,2 mil milhões de almas do que os actuais 6,8 mil milhões! Como irá o mundo acomodar tão inimaginável transformação, se hoje e amanhã continuarmos alheios ao problema, deixando nomeadamente os políticos em roda livre? A minha filha terá em 2050, 70 anos. E a sua?

OAM 651 18-11-2009 18:30 (última actualização: 19-11-2009 10:12)

3 comentários:

andrecruzzzz disse...

portugal mais perto da finlandia?
deve ser do sono mas não tou "nem aí"..

António Maria disse...

Lapso meu! O país a que me queria referir, como exemplo recente de um Estado na bancarrota era, efectivamente, a Finlândia. Mil desculpas e obrigado pelo reparo Andrecruzzzz :-)

Jose Silva disse...

Expurgando o discurso regionalista, o José Silva economista já o tinha referido há 1 anos, aqui:

http://norteamos.blogspot.com/2008/11/o-fmi-j-c-est-o-norte-salvou-se.html