terça-feira, dezembro 23, 2008

Crise Global 50

Elisabeth Warren

Elisabeth Warren
, presidente de uma comissão do Congresso para supervisionar as operações de resgate de bancos e sociedades financeiros beneficiárias de milhares de milhões de dólares provenientes dos impostos, foi entrevistada pela Associated Press na passada Quinta Feira sobre o paradeiro do dinheiro dos contribuintes americanos. A resposta, em resumo, foi esta: não sabemos! [vídeo]


E os aumentos de capital da Caixa?

"Nunca o país precisou tanto de um banco público como nos dias em que vivemos" (José Sócrates). De facto: "Nunca o banco público precisou tanto do país como nos dias em que vivemos"! (João Vieira Pereira, Bloco de Notas do Expresso)

CGD não consegue empréstimo apesar do aval do Estado. A primeira emissão de dívida por parte de um banco nacional, apesar de contar com a total garantia do Estado, revelou-se um relativo fracasso. O resultado é ainda mais preocupante, como assinalam diversos banqueiros, por o banco em causa ser a Caixa Geral de Depósitos, instituição detida a 100% pelo Estado, logo com um risco menor do que um banco privado.

A Caixa pretendia captar dois mil milhões de euros nos mercados internacionais através da emissão de dívida garantida, mas apenas obteve 1,25 mil milhões. Mesmo para chegar a esse resultado foi obrigada a colocar parte significativa da emissão em bancos nacionais. — in Expresso, 22-12-2008.

Desde Dezembro de 2007 que a Caixa Geral de Depósitos não pára de fazer aumentos de capital: 150M de euros em Dezembro de 2007, 400M em Agosto de 2008, mais 390M com a venda das participações estratégicas na REN e nas Águas de Portugal, 1000M anunciados por José Sócrates no passado dia 11, e ainda a emissão de 2000M de euros de dívida garantida, para a qual, no entanto, apenas encontrou compradores até um máximo de 1250 M. Ou seja, em menos de um ano o banco do Estado realizou operações de aumento de capital, vendeu participações, emitiu dívida garantida e recebeu dos cofres do Orçamento geral 3.190.000.000 de euros. Qualquer coisa como o valor tão propalado do ido às urtigas aeroporto da Ota!

Entretanto, sabe-se que este ano os lucros da Caixa caíram 35% (IOL), ao mesmo tempo que aumentou em 12,3% o crédito a clientes. Dado que uma parte importante deste crédito serviu para apoiar operações financeiras especulativas, hoje mal paradas, e que haverá ainda muito dinheiro "investido" nos casinos do imobiliário e nos mercados de derivados, cujo colapso só ocorrerá lá para meados do ano que vem, eu diria que a Caixa Geral de Depósitos começa a parecer-se cada vez mais com o Deutsche Bank, respeitando as escalas, claro! Foi aliás por isso que ambos encontraram um muro de negativas à hora de trocar títulos de dívida, mesmo garantida pelos Estados, pelo dinheiro fresco acumulado pelos campeões do FOREX: China, Japão e as petro-monarquias do Médio Oriente. A Venezuela e Angola já eram, claro!

Mas se a procissão ainda vai no adro, cabe perguntar onde e como irá a Caixa financiar-se depois de esvaziada a almofada adquirida ao longo do ano que agora termina. E os outros bancos, que destino os espera quando chegar a Segunda Vaga [vídeo] do gigantesco Ponzi em que se transformou o Capitalismo nas vésperas do grande estouro (Big Bang?) Quem irá segurar a TAP, cujos prejuízos não cessam de crescer? E os fundos de pensões e seguros de saúde, estarão suficientemente protegidos da tempestade ou também andam a derivar pelo buraco negro da dívida mundial?

Os accionistas do sistema bancário privado já injectaram este ano pelo menos 1850 milhões de euros em operações internas de emergência (Diário Económico). Até onde poderá o Estado ir nas desvairadas operações de envolvimento ruinoso nos sarilhos provocados pelos banqueiros privados? Continuará a perder dinheiro no Millennium BCP, no BPN e no putativo banco Privado Português? Queremos saber! E mais: queremos saber Timtim por Tintim para onde vai o dinheiro dos contribuintes. O célebre Plano Tecnológico que sirva ao menos para isto: informar a democracia por onde anda o dinheiro dos impostos em toda esta balbúrdia entre políticos, políticos-banqueiros e banqueiros.


OAM 501 23-12-2008 22:25

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