domingo, março 06, 2016

New Deal europeu, ou regresso do lóbi de Macau?

“Without the Marshall Plan, your bread would be bare and so would your children.”
Image @ Library of Congress.

Maria João Rodrigues, alma mater de António Costa, propõe mais dívida pública e mais dívida externa para salvar o país da pobreza, e para recuperar a Europa. Chama-lhe New Deal europeu. Será uma boa solução?


During the “dirty thirties” many thousands of farmers saw their livelihoods literally blow away. Making matters worse, most had gone deeply into debt to increase production, and when the drought struck, their creditors closed in. Driven off their lands, they became part of the army of persons displaced by the Great Depression. 
[...] 
The New Deal stabilized the economy and mitigated the worst of the Depression, but full recovery came only after December 1941, when America’s entrance into World War II triggered federal spending many times that under the New Deal. 

—in The Great Depression, the New Deal, and World War II in the American West, by Elliott West

New Deal? Não, não foi o New Deal que salvou a América da Grande Depressão, mas sim a Segunda Guerra Mundial e o Plano Marshall (European Recovery Program). Sem esta sangria mundial os Primeiros 100 Dias de Franklin D. Roosevelt, que deram início ao “new deal for the American people” (1933-1934, 1935-1938) não teriam atingido plenamente os resultados pretendidos. O preço final da saída da Grande Depressão de 1929-1933 foram centenas de milhões de mortos e milhões de casas e infra-estruturas destruídas na Europa e na Ásia, senhora Professora!

Mas uma coisa percebemos desta entrevista: Maria João Rodrigues, e não Mário Centeno, é a alma mater de António Costa. Daí a importância desta publicação do Jornal i, e a necessidade de a desmontar, para evitar ilusões que acabam em dissabores amargos.

Maria João Rodrigues. Exigir solução radical para a dívida é contraproducente 
Jornal i, Ana Sá Lopes, 05/03/2016 
Maria João Rodrigues, uma das maiores especialistas portuguesas em assuntos europeus, vice-presidente da família socialista europeia, acabou de conseguir aprovar um relatório pelo Parlamento Europeu em que conseguiu os votos do PSD e do CDS – integrados no Partido Popular Europeu – contra as políticas de austeridade. Em entrevista ao i, defende a urgência de aprovar um New Deal europeu que ponha a União Europeia a crescer. Quanto à dívida portuguesa, afirma que o problema tem de ser enfrentado, mas deve evitada “uma visão dramática”, leia-se exigir a reestruturação.

...para se atingir um New Deal europeu, o primeiro passo a conseguir é identificar esse New Deal dentro da família social-democrata europeia. Se se conseguir isso, será mais fácil depois consegui-lo, de forma transversal, com as outras famílias políticas. Acho que a família política onde este New Deal pode ser conseguido mais facilmente – embora não seja fácil – é a família social-democrata.
[...]
Está provado que quando reduzimos as desigualdades sociais, os grupos sociais mais desfavorecidos, ao adquirirem capacidade de compra, gastam mais. E isso dinamiza a economia. Esta recomendação foi consagrada no Parlamento Europeu pela primeira vez. Isto quer dizer que as prioridades da política económica para o próximo ano mudam substancialmente em relação aos anos anteriores. Até há pouco tempo, o policy mix estava centrado em duas ideias: consolidação orçamental a grande ritmo, com o argumento de que o nível dos défices e dívidas era muito elevado, e reformas estruturais voltadas para apoiar essa consolidação orçamental, ou seja, cortes nos sistemas de proteção social e privatizações. Agora há uma mudança, em primeiro lugar porque se acrescentam outras duas prioridades, que é o investimento e a aposta na procura interna. Mas além disso há também uma alteração do que se preconiza para as reformas e para a consolidação orçamental. E isso foi também consagrado neste meu relatório, que neste momento é do Parlamento Europeu.
A colagem da socialista Maria João Rodrigues à memória da Grande Depressão e do New Deal, tendo tido porém o cuidado de evitar qualquer referência à Segunda Guerra Mundial, deixa a sua equação fatalmente desprotegida. Bastará olhar para os gráficos do crescimento, do desemprego e do emprego industrial à época para se perceber que o New Deal perdia claramente força em 1937, e só a entrada dos americanos na guerra lhes permitiu sair do buraco.

O que lançou os Estados Unidos num ciclo de expansão económica sem precedentes foi o instantâneo e exponencial crescimento da procura externa. Mesmo num tão vasto território em fortíssima expansão demográfica a procura interna não teria sido suficiente para retirar duradouramente a América do atoleiro financeiro gerado em Wall Street. O Sonho Americano nasceu da destruição da Europa e do holocausto nuclear que infligiu ao Japão. Mas trinta e cinco anos depois dos famosos 100 dias de Franklin D. Roosevelt, em 1973, este sonho começaria a decair.

O chamado debt spending deixou de ser uma alavanca garantida para as economias que perdem velocidade, sobretudo depois de terem sido levantadas as barreiras alfandegárias à escala global e depois da implementação da livre circulação de capitais. O capital, por definição, procura as mais altas taxas de rentabilidade disponíveis nos mercados, seja especulando com os preços das matérias primas, das moedas, ou do dinheiro, seja orientando-se em direção às economias mais competitivas, quer dizer, fiscalmente mais atrativas e com melhores índices de produtividade, seja por fatores tecnológicos, pela qualidade da gestão, ou pelos custos salariais. 

Nos últimos quarenta anos, mais precisamente depois da morte de Mao Tsé-Tung (1) e do regresso em força de Deng Xiaoping, em 1976,  a China foi paulatinamente ocupando o lugar de maior exército laboral de baixo custo e maior exportador do planeta. As sociedades da Europa ocidental, dos Estados Unidos, Canadá, Australia e Nova Zelândia, dotadas de sistemas avançados de proteção social, acabariam por sucumbir comercialmente a esta troca cada vez mais desigual. As taxas de crescimento dos países ricos e desenvolvidos foram decaindo, as poupanças pública e privada passaram a endividamento crónico, os salários declinaram, o desemprego assumiu proporções dramáticas e sistémicas, a criação de novos empregos foi sendo cada vez menos expressiva, a atividade económica orientou-se preferencialmente para a especulação e para a dependência da procura pública, em suma, enquanto as economias de bolha foram gerando aparências de prosperidade, na verdade, o que surgiu foram sociedades e governos sobre endividados, ou mesmo no limiar da bancarrota.

O maior problema das economias desenvolvidas da América do norte, da Europa ou do Japão são os chamados entitlements, isto é: como financiar as responsabilidades assumidas pelos estados perante os seus cidadãos, e nomeadamente perante os contribuintes e eleitores?

O regresso do lóbi da Macau

António Costa parece ter reaberto o caminho ao lóbi de Macau, isto é, aos defensores de uma TAP pública, mesmo que perdendo os milhares de milhões de euros que vamos pagando sob a forma de resgates cor-de-rosa e vermelhos. Na realidade, a TAP é o único argumento e alavanca político-partidária capaz de justificar a construção de um Novo Aeroporto de Lisboa, ao qual se somariam uma Terceira Travessia do Tejo e ainda a famigerada ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid. 

Das palavras e sobretudo dos silêncios do atual ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, sobre a incorporação da Base Aérea do Montijo no Aeroporto de Lisboa, ao obscuro envolvimento pro bono (!) de Diogo Lacerda Machado, administrador da Geocapital —empresa de Stanley Ho de que Almeida Santos fazia parte—, ficamos com a sensação de que as ilusões de Maria João Rodrigues servem que nem uma luva aos sonhos húmidos de quem já provou não conseguir nada melhor do que atirar Portugal para as garras dos nossos credores, parte dos quais não passam de fundos de investimento especulativo, como se tem constatado nas guerras em volta dos swaps associados ao ruinoso setor público de transportes, do Banif, e do ex-BES.

Ironia suprema: o PCP parece alinhar com tudo isto. Em nome dos trabalhadores, claro!


NOTAS
  1. A saída do isolamento da China começou no início da década de 1960, na sequência da descoberta das suas importantes reservas petrolíferas, em Daqing (1959).

sexta-feira, março 04, 2016

Notícias da Swaplidândia



Portugal-0, Santander-1800 milhões


Os famosos swaps foram contratados por Maria Luís Albuquerque para o Governo 'socialista' de José Sócrates, a fim de acudir a um dos maiores cancros de má gestão, captura e desperdício de recursos públicos, e corrupção: as empresas públicas de transporte, como a Refer, as Estradas de Portugal, a Carris e os Metros de Lisboa e Porto.

Maria Luís perde: Santander recebe 1,8 mil milhões do Estado
TSF, 04 março 2016 
O Santander Totta venceu o processo que mantinha em Londres contra o Estado devido aos contratos swap. O caso remonta a 2013, altura em que o banco recusou os termos da renegociação dos contratos proposto pelo governo de então. Maria Luís Albuquerque (primeiro como secretária de Estado do Tesouro e Finanças e depois como ministra das Finanças) viria a considerar os acordos inválidos. 
O processo diz respeito a nove contratos swap feitos por quatro empresas públicas (Metros de Lisboa e do Porto, Carris e STCP) no valor de 1,2 mil milhões de euros (valor de mercado no final do primeiro semestre de 2015). Quando, em 2013, o Estado os considerou inválidos, deu ordem a estas empresas para que deixassem de pagar ao Santander os juros correspondentes, que, em junho de 2015, ultrapassavam 230 milhões de euros.

A Refer, entretanto, esfumou-se dentro doutro cancro chamado Infraestruturas de Portugal EP.

Esta fusão terá provavelmente um único objetivo: desviar os fundos europeus da ferrovia para a manutenção das auto-estradas e outros desvarios rodoviários que os rendeiros das PPP entretanto despacharam para o Orçamento de Estado, deixando de arcar com as despesas de manutenção das estradas PPP.


A maldade não tem limites

Leiam-me as entrelinhas desta crónica do Jornal de Negócios, de setembro de 2013...

“Maria Luís Albuquerque não fazia só ‘swaps’” 
O antigo presidente da Refer, que trabalhou mais de um ano com a actual ministra das Finanças, deixou elogios ao seu desempenho enquanto elemento da direcção financeira da empresa.

“Maria Luís Albuquerque era, indiscutivelmente, uma colaboradora muito eficaz, muito competente, muito sólida nas áreas daquela especialidade. Não fazia só ‘swaps’”, disse Luís Pardal na comissão parlamentar de inquérito aos contratos de cobertura de risco assinados por empresas públicos.

O presidente do conselho de administração da gestora da rede de infra-estruturas rodoviárias entre 2005 e 2012 exemplificou, dizendo que a governante, na altura, “fazia ‘road-shows’, a vender e a captar soluções de empréstimos”. No Executivo, Maria Luís Albuquerque também já fez “road-shows” por vários países para tentar convencer investidores das virtudes da dívida portuguesa. 
Jornal de Negócios, 17 setembro 2013

Beijocas no ar, tempestade no mar



Era assim que Leonid Brezhnev beijava Erich Honecker. Já as palmadinhas no cu...


Ao contrário da homossexualidade ainda enfiada no armário que predomina em Portugal, o beijo entre homens, e o beijo na boca entre homens eslavos, é um ritual muito comum, que as televisões difundiram por todo o mundo. Idem para os beijinhos entre políticos de sexos opostos. Passos beija Merkel, que beija Hollande, que beija a provocante Helle Thorning-Schmidt, que beija Jean-Claude Juncker... que beija José Manuel Durão Barroso!

Habituemo-nos à nova praxis. Se ao menos evitasse o empobrecimento da classe média.



TAP a zeros

O fraco 'load factor' em muitas rotas da TAP serviu propósitos inconfessáveis


Assim anda a TAP revertida do Costa e companhia...


Comentário de Rui Moreira sobre a imagem que ilustra este post: “colocado esta manhã no Facebook de um viajante. Voo Lisboa - Gotemburgo. Este deve dar lucro.”

Ao que parece o dito voo transportou 13 pessoas (pessoal de cabine incluído) entre Lisboa e Gotemburgo, e 110 no percurso inverso. Ou seja, 110+13=123. A média foi de 61,5. Quer dizer, o A320, que pode transportar entre 150 e 180 passageiros em cada voo (300 a 360 nos dois sentidos), teve um ‘load factor’, em ambos os sentidos, inferior a 50%.

É este cadáver adiado, a TAP, que chegou a um estado comatoso por exclusiva responsabilidade do velho PS e do velho PSD, que a Geringonça das esquerdas quer agora, ruidosamente, resgatar dos credores e da incompetência—sabem lá eles de quem!

Na verdade, o que persiste a bailar na rarefeita massa cinzenta da burguesia extrativa que temos, e da sua nomenclatura partidária, é o sonho de construir um novo aeroporto, muitas centenas de milhões de euros enterrados na especulação de terrenos depois, emprestados, recorde-se, pela falida banca indígena, que para estas e outras piratarias recorreu à banca e aos fundos abutres globais. Esta é uma fantasia conhecida, que raramente passou nos média, e que até o Jerónimo de Sousa parece não conseguir enxergar. Lá saberá porquê...

A Geringonça mal sabe no que se meteu. António Costa, afinal, tinha um sonho na vida: ser primeiro ministro. Mais vale rei por um dia, que autarca toda a vida.


Os resultados da reversão da TAP são cada vez melhores!

Ryanair disposta a voar para a Madeira 
NEGÓCIOS, Wilson Ledo | 03 Março 2016, 20:18 
A companhia “low cost” já demonstrou disponibilidade para voar para a Madeira, estreando-se no arquipélago. O autarca Paulo Cafôfo pede urgência ao Governo regional. Para combater os preços praticados pela TAP e Easyjet.

Estudo. TAP é a quinta pior companhia aérea do mundo 
Jornal i, 03/03/2016 08:16 
Estudo internacional baseado nas reclamações dos passageiros coloca a SATA em último lugar 
A TAP e a SATA estão entre as piores companhias aéreas do mundo no que respeita à qualidade dos serviços e à gestão de reclamações. No estudo internacional divulgado esta quinta-feira em vários países, como Inglaterra e EUA, a SATA é dada como a pior companhia entre as 34 que foram analisadas. Já a TAP é considerada a quinta pior companhia aérea do mundo. O estudo foi feito pela AirHelp, uma start-up fundada em 2013, em Silicon Valley, nos EUA, já com colaboradores em todo o mundo e a operar em Portugal.

Costa aflito prepara-se para pranchar Fernando Pinto

O Governo, aflito com as asneiras e manobras protagonizadas pelo lóbi do NAL da Ota em Alcochete, e pela Geringonça, já encontrou um bode expiatório: Fernando Pinto, o gaúcho que foi contratado pelo PS no ano 2000, para privatizar a TAP!

A folha de despedimento com justa causa (a falência da companhia) vem já a seguir.

Fernando Pinto merece, sem dúvida, um processo de despedimento, mas os piratas que usaram a TAP para levar por diante o embuste do Novo Aeroporto de Lisboa merecem ser investigados, acusados e metidos na prisão. Lá chegaremos um dia. Os grandes capi deste mundo não perdoam.

O que sempre esteve em causa, e pelos vistos ainda faz sonhar alguns piratas do velho Bloco Central, é isto: sem TAP não há NAL!

Sem esgotar artificialmente a Portela não teria havido nunca forma de justificar o NAL. Para esgotar artificialmente a Portela teria sempre sido necessário segurar ‘slots’, e rotas a perder dinheiro anos a fio, endividando a empresa até ao tutano. A frota, essa, envelheceu até se tornar irremediavelmente obsoleta face à concorrência e sobretudo face às Low Cost. O resultado está à vista: mais de dois mil milhões de euros de passivo acumulado (Relatório e Contas de 2014), prejuízos operacionais sucessivos, financiamento estatal oculto (nomeadamente através a Parpública e do ex-BES), empréstimos de cobrança duvidosa estacionados numa banca que rebenta dia a dia, e ainda a encomenda de 88 Airbus, cujo preço de catálogo supera os 12 mil milhões de euros, mas que ninguém sabe como pagar.

quinta-feira, março 03, 2016

Da austeridade às restrições do pós-capitalismo burocrático



Uma das formas de restruturar as dívidas públicas e privadas, e salvar bancos TBTF, é expropriar paulatinamente o capital, as poupanças e o rendimento do trabalho.


Remuneração dos depósitos a prazo abaixo dos 0,5% pela primeira vez 
Económico, 00:07 Catarina Melo 

A banca nacional está cada vez menos generosa a remunerar os depósitos dos portugueses. Dados disponibilizados ontem pelo ‘site’ do Banco Central Europeu (BCE) mostram que, em Janeiro, a remuneração dos depósitos a prazo, em Portugal, baixou pela primeira vez a fasquia dos 0,5%. Nesse mês, a taxa de juro das novas aplicações em depósitos a prazo fixou-se, em média, nos 0,49%, o que corresponde ao nível mais baixo de sempre tendo em conta o histórico disponível que remonta ao início de 2003.  
A quebra da remuneração dos depósitos a prazo acompanha o rumo descendente das taxas de juro de referência e a cada vez menor aposta dos bancos nesta classe de produtos financeiros, já que não têm urgência em captar depósitos de modo a equilibrarem o rácio de transformação. Além disso, a banca nacional defronta ainda uma menor concorrência pela via dos produtos de poupança do Estado desde que estes sofreram um corte de remunerações no arranque do ano passado.

No entanto, a nomenclatura partidária e nepotista instalada autoriza subidas nas faturas da EDP acima dos 2,4%, e aumentos no salário mínimo acima dos 18%! Depois admiram-se que os bancos portugueses estejam todos mortos ou a morrer na praia (exceto, ao que parece, a Caixa de Crédito Agrícola e a até agora blindada Caixa Geral de Depósitos).

Eis em síntese a situação portuguesa (2015-2016)

  • Crescimento do PIB em 2016: menos de 1,5% (est.) ; 1,3% em 2015 ; 0,39% entre 1988-2015
  • Dívida pública (2015): 129%
  • Dívida total: acima dos 350%
  • Inflação (2015): 0,6%
  • Taxa de juro de referência (BCE): 0,05%
  • Remunerações dos depósitos a prazo (jan-fev 2016): abaixo dos 0,5%
  • Salário mínimo (2016): +18,85% (previsão) ; entre 2008-2015: +19%
  • Pensões até €628,8: +0,33% a +0,4% ; uma pensão de 628€ subirá de 1,88€ a 2,51€/mês
  • Energia elétrica: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Telecomunicações: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Livros escolares: +2,5% (mais 400% x inflação)

Um artigo recomendável
Portugal’s Debts Are (Also) Unsustainable 
Erico Matias Tavares | Sinclair & Co. | Linkedin 
Everyone seems to be focusing on Greece these days – a country so indebted that it needs even more loans to repay just a fraction of its gigantic credits. Clearly this is unsustainable and something has to give. Even the IMF agrees 
But what about the other Southern European countries? 
Actually, Portugal’s financial situation is looking particularly shaky, and any hiccups could have serious cross-border repercussions from Madrid all the way to Berlin.
The prevailing narrative is that Portugal has been a star pupil compared to Greece, with austerity delivering much better results 
The government, a coalition of a center party and center-right party that together have held the majority of parliamentary seats since the 2011 election, pretty much followed all the major guidelines demanded by its creditors (the famous “Troika”) pursuant to the 2010 bailout, and was even praised for it. 
Exports have performed exceedingly well given everything that was going on domestically and abroad; 
the managers of small and medium enterprises in Portugal are true heroes, operating in difficult conditions and with limited access to credit. 
Portugal has recently become a darling of international real estate investors and tourists. 
The country’s citizens have stoically endured a range of tough austerity measures with surprisingly little social disruption. 
So it is understandable that hopes for Portugal’s future are much rosier than in Greece… AND YET ITS FINANCIAL SITUATION IS ALSO UNSUSTAINABLE! 
We realize that this is quite a bold statement. So to support our argument we will use some simple math to show where government finances stand after five years of austerity.

quarta-feira, março 02, 2016

Pânico na banca portuguesa


Santander-Totta-Banif persegue agora o Novo Banco


O lóbi ligado ao Cavaco está em pânico. A campanha começou com Vítor Bento, depois foi o programa Prós e Contras, e ontem o apelo feito por Alexandre Patrício Gouveia no programa do Medina Carreira. Este responsável quer que o BCE aceite as exigências locais. Como se o BCE tivesse que obedecer ao Governo português.
O programa Olhos nos Olhos de ontem fica para a história. Alguns responsáveis do país só agora perceberam que já não mandam nada. RR

Ontem ouvimos no programa Olhos nos Olhos (TVI) um apelo lancinante pela manutenção do ex-BES (Novo Banco) sob controlo do regime populista, incompetente, irresponsável e corrupto que conduziu o país à bancarrota. Tarde demais.

O pânico foi descrito assim por Alexandre Patrício Gouveia:

“...o Banco Central Europeu entende —e já transmitiu essa mensagem, essa posição, a várias entidades em Portugal— que o mercado da banca comercial deve ser repartido entre a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Santander, o BBVA, e o La Caixa da Catalunha. Tem esta visão como uma forma fácil e rápida de resolver o problema, acabando com os problemas de gestão bancária em Portugal, arrumando o assunto com grandes grupos bancários.”

O banco Santander é o maior banco da zona euro, e está entre os 30 maiores bancos do planeta, mas como assinalámos em post anterior (“Banca portuguesa por um fio”) apenas 0,77% da instituição pertence aos acionistas que detêm o respetivo controlo gestionário: a família Botín.

Este pequeno detalhe significa que a preocupação do BCE relativamente ao Santander, que necessita de reforçar a sua almofada de capital (TLAC) em mais de 27 mil milhões de euros, até 2019(1), é de natureza sistémica, enquanto a sua preocupação relativamente aos Banifs e Novos Bancos desta Europa se resume à necessidade de tirar as maçãs podres do cesto bancário europeu, procedendo cumulativamente ao reforço das suas grandes instituições bancárias, absorvendo nomeadamente os ativos bons dos pequenos e médios bancos insolventes. O Novo Banco detém responsabilidades em depósitos na ordem dos 20 mil milhões de euros, mas ninguém ofereceu até hoje mais de 2000 milhões pela instituição(2). Que aconteceria se a TVI repetisse a graça que deitou o Banif ao chão, entregando os despojos bons ao Santander?

Para o BCE é essencial demonstrar que o mecanismo de resolução aplicado ao falido BES funciona. Dificilmente aceitará qualquer desvio à sua estratégia, menos ainda a nacionalização do Novo Banco, e muito menos a sua integração na Caixa Geral de Depósitos, pois implicaria transpor para os contribuintes mais um enorme custo bancário, ao arrepio do próprio Mecanismo Único de Resolução que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2016.

Alternativa ao Santander já houve. Chamou-se Fosun. O que não houve foi coragem para vender o NB a este grupo chinês. Agora, tudo será mais difícil.


ÚLTIMA HORA

CMVM suspende negociação das ações do BPI
RTP 02 Mar, 2016, 11:14 / atualizado em 02 Mar, 2016, 12:01

Mais um banco fora da órbita indígena. Desta vez nas mãos de els nostres germans catalans! Como seria de esperar, Isabel dos Santos, e Angola em geral, não resistiram às pressões do... BCE. Pobre país, o nosso, que mais parece uma carcaça moribunda rodeada de abutres. Quem nos conduziu ao precipício é incapaz de nos salvar. Da esquerda à direita, entenda-se. Tempo de renovar a casta dirigente, nos partidos, nas empresas e nos bancos.


NOTAS

  1. “El grupo Santander necesitaría 27.600 millones extra para cumplir las nuevas exigencias para bancos sistémicos”. Expansión, 25/9/2015.
  2. Apesar de avaliado em 4mM€ ninguém ofereceu pelo Novo Banco mais de 2mM€. Aliás, nos últimos seis meses o ex-BES poderá ter perdido 50% do seu valor. Para chegarmos a esta estimativa basta ponderar nisto: o Stoxx 600 Europe Banks (47 bancos europeus, entre os quais o BCP) perdeu 40% do seu valor desde 31 de julho de 2015 (28,8% nos últimos 12 meses). Outro valor a ponderar é este: o BCP perdeu 60% nos últimos doze meses. E ainda: em 2015 o Novo Banco teve prejuízos de 980 M€. Em suma, o banco bom do BES, atualmente sob um regime de resolução bancária diretamente controlado pelo BCE/Banco de Portugal, poderá neste momento valer pouco mais do que 220 M€ (2000 M€ - 800 M€ - 980M€), apesar de deter uma carteira de depósitos de 20 mil milhões de euros.

Procura agregada mundial estagnada


Baltic Dry Index (BDIY:IND)

Concentração ameaça pequenas economias extrativas e/ou mal geridas


Autoridades chinesas confirmam que a COSCO vai mudar alianças
29 Fevereiro, 2016 at 17:34 | por T& 

O sub-director do Instituto dos Transportes da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Yin Zhen, veio, agora, confirmar esse objectivo. “A China Cosco Shipping deseja formar uma aliança mais forte, que possa desafiar o ascendente da 2M na rota Este-Oeste, assim como cortar ligações com alguns parceiros mais fracos nas actuais alianças para prevenir perdas financeiras futuras”, referiu, citado pelo jornal estatal “China Daily” 
Um porta-voz da COSCOCS acrescentou que “formar uma união maior pode, efectivamente, compensar” crescimentos de volume mais baixos e sobrecapacidade. “A China Cosco Shipping vai escolher os futuros parceiros de forma cautelosa para estabelecer uma aliança forte na actual conjuntura”, disse.A queda consistente da procura agregada mundial está a induzir grandes operações de concentração estratégica empresarial, não só no setor financeiro, mas também nos transportes... 

Para países pequenos e pouco produtivos como Portugal, esta tendência pode revelar-se fatal, sobretudo se andarmos a dormir, como até agora.

A deriva demo-populista e casca grossa da geringonça que usurpou o poder à coligação que venceu as últimas legislativas, propagandeando ainda por cima a divisão do país entre esquerda e direita, só poderá piorar ainda mais o nosso declínio coletivo.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Hiper-Keynes à beira do precipício. PIGS fora do euro?

Wolfgang Schäuble - ministro das finanças alemão

Goste-se ou não de Schäuble, o homem fala a mais pura das verdades 


Schäuble: política expansionista está a criar “economias-zombies” 
Negócios, 26 Fevereiro 2016, 09:41 
“O modelo de crescimento baseado na dívida atingiu os seus limites. Está mesmo a causar novos problemas, aumentando o endividamento, gerando bolhas e riscos excessivos, tornando a economia ‘zombie’”, afirmou Schäuble na madrugada desta sexta-feira, 26 de Fevereiro na reunião de banqueiros centrais e ministros das Finanças das 20 maiores economias do mundo, em Xangai, China. 

De facto, Portugal nunca esteve tão perto de se tornar uma economia zombie. Com boa parte do tecido industrial destroçado ou exaurido em dívidas, atrasado e falho de competitividade, com os principais grupos rendeiros falidos e em saldos desde que voltámos a ajoelhar perante os credores (2011-...), com a banca insolvente e nas unhas de espanhóis, catalães, chineses e angolanos (nomeadamente por efeito da sua excessiva exposição à bolha imobiliária, ao Estado social-populista e suas EPs artificialmente colocadas fora do perímetro orçamental, aos rendeiros do regime e à fuga em frente destes para os países emergentes), com os grupos privados de comunicação social falidos, e uma TAP a caminho do desastre, Portugal, ou se reforma de uma vez por todas, começando por ajustar a dimensão do estado e da despesa pública aos seus rendimentos reais, ou acabará por se deparar um dia destes com as portas do crédito internacional fechadas. A solidariedade fiscal da UE chegou aos seus próprios limites, como a crise dos refugiados tem vindo a demonstrar.

Mas para quem ainda acredita em rosas, foices e martelos, a discussão em curso, sotto voce, sobre o sugerido mecanismo de insolvência soberana, aplicável aos euro-países cujos graus de endividamento atingiram pontos de não retorno, colocando cada vez mais prementemente na ordem do dia a necessidade de uma mutualização das suas dívidas, ou o referido mecanismo de insolvência soberana, sob pena de ocorrerem danos irreparáveis na Zona Euro, é a que mais deve importar a todos nós. Não estou, porém, nada seguro, que a saída de Portugal da zona euro seja melhor do que pôr as contas públicas, os rendeiros e os piratas do regime na ordem.

«Mecanismo de Insolvência Soberana»: Merkel propõe-se impedir-nos o Acesso ao Mercado financeiro >>> O Governo das Esquerdas, o PSD e o CDS/PP apoiam-na? 
O Economista Português. Posted on Fevereiro 25, 2016
Portugal, Itália e Espanha «correm o risco de serem atingidos por uma séria crise de confiança», afirma o Professor Bofinger. 
[...]
O Sr. Primeiro Ministro, no debate do Orçamento, referiu a reestruturação da nossa dívida por acordo com os credores. Ninguém valorizou financeiramente a fórmula, que passou por um simples  puxão de orelhas ao financeiro Centeno,  mas ela não parece ingénua. O Dr. António Costa parece estar ao corrente do plano da Srª Merkel, não terá dito nada aos seus concidadãos e prepara-se para o aprovar, se é que não o aprovou já?  O novo plano da Srª Merkel é com efeito apresentável como uma reestruturação da dívida alcançada por acordo com os nossos credores – e à custa dos portugueses, a exemplo de tantas outras maravilhas recentes do federalismo europeu, adoradas acriticamente pela nossa classe política, como o fundo de resolução bancária. O Economista Português gostaria também de conhecer a opinião sobre o assunto dos outros partidos políticos da situação: o PSD, o CDS/PP – além dos que apoiam o governo, o PS, do PCP e do Bloco de Esquerda.

German ‘bail-in’ plan for government bonds risks blowing up the euro 
‘If I were a politician in Italy, I’d want my own currency as fast as possible: that is the only way to avoid going bankrupt,’ said German ‘Wise Man’ 
Telegraph. By Ambrose Evans-Pritchard | 7:27PM GMT 15 Feb 2016 

A new German plan to impose “haircuts” on holders of eurozone sovereign debt risks igniting an unstoppable European bond crisis and could force Italy and Spain to restore their own currencies, a top adviser to the German government has warned. 
“It is the fastest way to break up the eurozone,” said Professor Peter Bofinger, one of the five “Wise Men” on the German Council of Economic Advisers. 
“A speculative attack could come very fast. If I were a politician in Italy and I was confronted by this sort of insolvency risk I would want to go back to my own currency as fast as possible, because that is the only way to avoid going bankrupt,” he told The Telegraph. 
The German Council has called for a “sovereign insolvency mechanism” even though this overturns the financial principles of the post-war order in Europe, deeming such a move necessary to restore the credibility of the “no-bailout” clause in the Maastricht Treaty. Prof Bofinger issued a vehement dissent. 
The plan has the backing of the Bundesbank and most recently the German finance minister, Wolfgang Schauble, who usually succeeds in imposing his will in the eurozone. Sensitive talks are under way in key European capitals, causing shudders in Rome, Madrid and Lisbon. 
Under the scheme, bondholders would suffer losses in any future sovereign debt crisis before there can be any rescue by the eurozone bail-out fund (ESM). “It is asking for trouble,” said Lorenzo Codogno, former chief economist for the Italian Treasury and now at LC Macro Advisors. 
This sovereign “bail-in” matches the contentious “bail-in” rule for bank bondholders, which came into force in January and has contributed to the drastic sell-off in eurozone bank assets this year. 
Prof Bofinger wrote a separate opinion warning that the plan could become self-fulfilling all too quickly, setting off a “bond run” as investors dump their holdings to avoid a haircut. 
Italy, Portugal and Spain would be powerless to defend themselves since they no longer have their own monetary instruments. “These countries risk being hit by a dangerous confidence crisis,” he said. 
[...] 
... Portugal is already in the eye of the storm, facing a slowing economy and a clash with Brussels over austerity. 
The risk spread on Portugal’s 10-year debt surged to 410 basis points over German Bunds last week, pushing borrowing costs back to unsustainable levels in real terms. Portugal’s public debt is 132pc of GDP. Total debt is 341pc, the highest in Europe. The country is in a debt-deflation trap and requires years of high growth to escape.

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

TAP (ou TAL) prejuízos e encomendas



Há dívida registada, há dívidas por aí, e há responsabilidades. Tudo somado, quanto é?


TAP com prejuízo superior a 120 milhões em 2015
A TAP aposta nos EUA para compensar a quebra da atividade no Brasil e Angola que levou a companhia a registar o pior resultado de 15 anos. A culpa é da degradação económica naqueles dois países, um pouco à boleia da queda dos preços do petróleo e para a qual a companhia foi arrastada. Não se sabe ainda ao certo o resultado final das contas da TAP, mas em 2014, o último com resultados divulgados, o negócio da aviação perdeu 46 milhões de euros; em 2000 a perda foi de 120 milhões – agora será pior. “O prejuízo que sofremos no ano passado foi o maior dos últimos 15 anos. Sabemos que em outubro foi o maior prejuízo em 15 anos”, completou. - Veja mais em Dinheiro Vivo.

A TAP encomendou 88 aeronaves à Airbus. Tudo somado, mais de 12 mil milhões de dólares.

Já agora valeria a pena saber qual é realmente a dívida acumulada da TAP (1), a visível nos relatórios, e a invisível, por estar escondida, sei lá, na Parpública, no Novo Banco, na Caixa Geral de Depósitos, etc.

E também seria útil contabilizar as responsabilidades contraídas, em milhares de milhões de euros, com a Airbus. Neste momento a TAP tem encomendadas 88 novas aeronaves. Disse bem: 88! Por alto, é uma encomenda que supera os doze mil milhões de dólares. E como se sabe, quanto mais cai o petróleo, mais sobe o dólar relativamente ao euro.

Com a reversão promovida pelo Costa Concórdia II, quem irá assumir estas responsabilidades se, por acaso, um dia destes, o mórmon Neeleman e o Barraqueiro atirarem a toalha ao Costa e devolverem os 50% da empresa aos posicionistas de esquerda que agora governam ao país?

Só se for o gaúcho Pinto, o homem "que salvou a TAP" (podcast ; vídeo).

NOTAS

  1. Segundo o Relatório Anual do Grupo TAP, de 2014, o passivo total no fim de 2014 superou os 2.070 milhões de euros, e os compromissos c/ dívidas remunerada superou os 633 M€.

segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Portugal: a dívida mais cara da zona euro

Clique para ampliar. Gráfico interativo: aqui.


É tempo de falar verdade, em vez de tergiversar


Juros da dívida portuguesa descem em dia de debate do OE Jornal de Negócios. Rui Barroso | 22 Fevereiro 2016, 10:32 
A taxa exigida pelos investidores passou abaixo de 3,4%, com uma descida de quatro pontos base em relação a sexta-feira. A "yield" é de 3,398%. O dia também está a ser de descidas ligeiras nas taxas italianas e espanholas. Nas obrigações italianas a dez anos, a "yield" desde 3,1 pontos base para 1,533%. Já nos títulos espanhóis, a taxa desce de 1,705% para 1,698%. 
A queda das taxas portuguesas ocorre no dia em que o Parlamento começa a discutir o Orçamento do Estado e depois das obrigações nacionais terem passado por alguma pressão do mercado. A 11 de Fevereiro, a "yield" a dez anos ultrapassou durante a sessão a fasquia de 4,5%, com alguns bancos de investimento a mostrarem preocupação sobre a decisão da DBRS sobre o "rating" de Portugal. A agência canadiana é a única das consideradas pelo BCE que avalia a dívida nacional acima de "lixo", condição para que as obrigações portuguesas sejam incluídas nas compras do banco central.

O título do Jornal de Negócios é enganador. Os 'yields' da dívida pública portuguesa (3,398%) a 10 anos superam em mais de 10x a média dos títulos triplo AAA da zona euro (0,332% em 18/2/2016), e quase 4x mais elevados que a média de todos os títulos da zona euro (0,958%). Como sublinhou o FMI, a dívida portuguesa é a mais cara da zona euro.

O Dinheiro Vivo cita um estudo de economistas do FMI – “Fiscal costs of contingent liabilities” – que afirmam que Portugal foi a quinta economia, entre 80 países, com os piores passivos contingentes do séc. XXI.

E falta ainda incluir nas contas do FMI as responsabilidades públicas contratuais de 120 PPP: 35% do PIB!

O FMI refere que os contribuintes pagaram 24,5% do PIB – cerca de 43 mil milhões de euros – a bancos (11% do PIB) ou empresas públicas (12,1%). O valor acabou por ir parar à dívida portuguesa, que é hoje a mais cara da zona euro.

As esquerdas lembram-se sempre dos bancos, para cujo buraco tanto contribuíram ao exigirem-lhes o financiamento do regabofe populista partidário, mas esquecem-se invariavelmente do regabofe das empresas públicas, falidas em consequência da mesma lógica que conduziu ao fim da banca portuguesa.

Euro area yield curveEuropean Central Bank/ Eurosystem
The euro area yield curve shows separately AAA-rated euro area central government bonds and all euro area central government bonds (including AAA-rated). It is updated every TARGET business day at noon (12:00 CET). No data or other information are provided regarding any day on which the relevant trading venue from which the euro area yield curve data are sourced is not open for business.
A yield curve is a representation of the relationship between market remuneration rates and the remaining time to maturity of debt securities. A yield curve can also be described as the term structure of interest rates. The ECB publishes several yield curves, as shown below.

POST SCRIPTUM — Vítor Bento deu uma importante entrevista à Antena 1 sobre o Novo Banco e sobre a situação financeira do país. Duas conclusões: ou se nacionaliza o Novo Banco, ou a banca portuguesa desaparecerá a breve trecho. Curiosamente, esta entrevista ocorreu um dia depois do último programa Política Sueca ;) 

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Que tal um QE for the People?



Rendimento Básico Incondicional (RBI)


Experiências multiplicam-se na Holanda, Finlândia, Índia, Namíbia e Canadá. E em Portugal?

Em vez de um estado social falido, hipócrita, assistencial, prepotente e que humilha os cidadãos, precisamos de uma cidadania responsável que contemple o rendimento básico incondicional (RBI) como um ponto de partida realista para a cada vez urgente reforma social.

Em vez de derreter milhões de milhões de euros no sistema bancário e especulativo e nas burocracias insaciáveis. que tal criar e entregar diretamente o dinheiro às pessoas? Que tal um Quantitative Easing for the People — como propõe, ainda que com uma distorção burocrática indesejável no modo de implementação, Jeremy Corbyn, o novo líder trabalhista inglês?

Can the ECB create money for a universal basic income? 
Guest post by Teemu Muhonen, originally posted on taloussanomat.fi
Translation by Petri Flander, in BIEN—Basic Income  Earth Network 
[extract] 
The ECB to the rescue 
In recent years, the European Central Bank (ECB) has tried to support the eurozone’s lagging inflation through “quantitative easing” (QE), a measure used by other central banks as well. The ECB has been buying securities from institutional investors such as banks, using large amounts of fresh money. 
So far, national economies have not responded as hoped: despite the increase in the value of securities, consumer prices have stagnated. 
Last year the leader of the British Labour Party Jeremy Corbyn promoted the idea of ​​”People’s QE” in which the Bank of England would channel money directly to citizens, not banks. 
The proposal received wide support, and many people believe the ECB should follow suit. Even former IMF chief economist Olivier Blanchard praised the idea. 
The expression that Corbyn used is misleading, however, because in his proposal the money is not channeled directly to the public, but to government, which then uses it to stimulate the economy through infrastructure projects and other measures. 
Another model was suggested by a group of 19 economists, who signed a letter published in the Financial Times (FT) in March last year. They proposed that the money should be given directly to citizens of the eurozone countries. The idea was to use ECB money to give 175 euros per month to each citizen for 19 months. 
Economist Milton Friedman once called this kind of payments “helicopter money”: it is as if the money is just thrown at people from the sky, with no strings attached. 
Effectively, what the FT letter proposed was a eurozone-wide unconditional basic income paid by the ECB.

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

TAP ou TAL?

Após o Aeroporto da Portela, também a TAP acabará por ter novo batismo

TAP é a nuvem, mas alguém perguntou por Juno?


LUÍS MÓR: “Acho que a sua entrada [da Ryanair] - e de outras companhias ‘low cost’ [transportadoras de baixo custo] - em Lisboa é um grande equívoco porque pode inviabilizar um segundo aeroporto”.... in Notícias ao Minuto (07/10/13).

Eis a explicação dada em 2013 para a manutenção, à custa do contribuinte, de uma empresa mal gerida e falida chamada TAP. Sem a saturação artificial da Portela, sem o monopólio da TAP na Portela, e sobretudo sem uma TAP pública, seria impossível justificar um grande negócio chamado NAL, Novo Aeroporto de Lisboa. Foi penoso assistir à colaboração de tantos técnicos e instituições indigentes na impossível demonstração de que a Portela se encontra saturada há mais de uma década.

O NAL começou, no atual regime, por ser na Ota. Mas já no tempo de Marcello Caetano foram condicionados os usos de terrenos na margem sul do Tejo (triângulo de Rio Frio, Canha, Alcochete) para o efeito. Mas voltando ao NAL da Ota, construiu-se, a contar com o ovo no cu da galinha, a chamada auto-estrada do Ribatejo, A10, com uma longa ponte sobre o Tejo, com mais de 12Km, e o maior nó rodoviário do país (Carregado), e iniciou-se a construção da gigantesca plataforma logística fantasma de Castanheira do Ribatejo, tudo à conta do que viria a revelar-se uma operação de especulação e assalto à riqueza nacional sem precedentes. Alguém inquiriu? Foi alguém preso? Que eu saiba, não.

Mais tarde, quando Sócrates transferiu o NAL para as terras de Jamé, piratas acolitados no BPN encaminharam mais de 250 milhões de euros para a compra de terrenos em Rio Frio, contando, uma vez mais, com o ovo no cu da galinha, quer dizer, com um Novo Aeroporto de Lisboa, desta vez, em Alcochete (mais propriamente em Canha).

Por sua vez, o PS do tempo de Almeida Santos, de João Cravinho e do ex-comunista Pina Moura imaginou com Stanley Ho a venda dos terrenos do aeroporto da Portela ao magnata chinês, os quais se destinariam à famosa, prometida e luxuosa Alta de Lisboa que, como sabemos, borregou (muitos apartamento da primeira fase acabariam vendidos a preço de saldo).

Cereja em cima do bolo: a geringonça capitaneada por António Costa parece ter retomado a estratégia de desertificação aérea e ferroviária do país em nome do mais escandaloso e obscuro negócio do Bloco Central que, como se vê, está mais vivo que nunca. Repararam como o novinho ministro do Planeamento e Infraestruturas fugiu por três vezes às perguntas de José Gomes Ferreira sobre a solução Portela+1, i.e. sobre a solução Portela+Montijo? Para bom entendedor...

Metida a Esquerda oportunista, populista e desmiolada na algibeira, há agora que dividir o PSD, dando a cidade-região de Lisboa a Santana Lopes e a cidade-região do Porto a Rui Rio. É nisto que Costa parece andar entretido. Veremos se o novo presidente eleito irá tragar esta fava.

Rui Moreira venceu em toda a linha a estratégia furada da geringonça lisboeta, transformando a ofensiva TAP numa TAL—Transportes Aéreos de Lisboa

As explicações dadas pela TAP sobre as desistências de várias rotas no Porto, além de serem um embuste estratégico, pois demonstram que a TAP não é competitiva (facto comprovado pela imediata corrida de outras companhias Low Cost, mas também de bandeira, aos slots deixados vagos pela TAP), revelam ainda quatro realidades escandalosas:

  1. a TAP continua em situação de insolvência;
  2. a TAP, sobretudo depois de conhecidas as dificuldades da Azul no Brasil, não é capaz de atrair capital para renovar a sua frota e proceder à inevitável restruturação da empresa, a qual implicará sempre despedimentos e indemnizações;
  3. a TAP é uma empresa político-partidária, mas estando falida, resta saber até onde poderá contar com mais ajudas de estado, nomeadamente do tipo das que ficaram escancaradas na privatização e posterior pseudo-reversão da mesma. Os contribuintes terão que desembolsar pela privatização da empresa 21,9 milhões de euros (10.000.000-1.900.000-30.000.000), mais o que o prometido ‘corte de cabelo’ nos créditos mal parados da TAP que a banca, nomeadamente a Caixa, têm por saldar. Qual é montante total destas dívidas bancárias da TAP? Os contribuintes têm todo o direito de saber, antes de embarcarem no clubismo patético de um qualquer cineasta do regime;
  4. a TAP foi varrida do Porto pela concorrência europeia, como já antes fora de Faro, e sê-lo-à em breve dos arquipélagos atlânticos. Q.E.D.: a TAP está rapidamente a transformar-se numa TAL—Transportes Aéreos de Lisboa. De onde a pergunta: terão os portugueses do país inteiro, fora e de dentro de portas, que continuar a sustentar o desvario político-partidário de uma empresa regional?

ÚLTIMA HORA

A Federação do Porto da Juventude Socialista “recusa aceitar que a TAP se transforme em TAL(isboa) e arredores”, cenário que atribui aos “instintos centralistas”, reclamando do Governo que “assuma os interesses nacionais”, colocando “termo à presente indefinição”.
Jornal de Negócios



Mensagem acabada de chegar do nosso correspondente Garganta Funda, de Sarilhos Grandes
Dia grande para a Blogosfera, as coisas vão batendo todas certas. 
Com a simplicidade e frontalidade que se lhe conhece propõe a Blogosfera que, no seguimento das “boas novas” anunciadas pela TAP, esta  passe a chamar-se TAL, ou “a TAL”.  
As forças vivas do Norte (não foi apenas o Rui Moreira) resolveram o problema da TAP, e por cada rota cancelada da TAP a estratégia vai ser uma nova rota da Ryanair (e até de várias companhias de bandeira: British Airways, Lufthansa, Turkish Airlines, etc.), mandando o Costa e o seu parceiro Gaúcho meter a 'ponte aérea' num certo sítio.

Bem sabemos que existem especialistas que juram a pés juntos que a Ryanair recebe subsídios, que é favorecida e outras tretas do género. Esquecem, por exemplo, que as antigas paixões do Luis Mor(mente) pelos lados da Rússia —o grande filão da TAP, lembram-se?— custaram cada uma a módica quantia de 100.000€. Sim, cada nova rota tem aproximadamente este custo.

Espera-se igualmente alguma azia da imprensa que regulamente é convidada a viajar (e a passar férias) à conta da TAL, como é o caso da rapaziada do Económico. Por acaso, a amiga Hermínia anda muito calada, fazendo de conta de que “no pasa nada”, passando-se na verdade uma VERDADEIRA REVOLUÇÃO.

NÃO FOI A TAL QUE ABANDONOU O PORTO, MAS SIM O PORTO QUE DEFINITIVAMENTE ABANDONOU A TAL
Vai demorar algum tempo a perceber esta evidência, pois são conhecidas as limitações cognitivas de muitos a este propósito, mas é um facto que, paulatinamente, a TAL, pelo famoso efeito low cost, irá dar ao Porto a mesma configuração que deu a Faro.  
É claro que no Funchal e em Ponta Delgada a TAP (como a SATA) estão cada vez mais ameaçadas, encerrando diariamente a sua actividade. Na SATA andam todos calados que nem ratos. Será que corre tudo sobre rodas?

Da parte da AZUL, que ainda ontem veio oferecer aos seus colaboradores excedentários licença sem vencimento durante dois anos, esperando que a crise passe, fez contas e chegou à conclusão de que o financiamento de “investidores” chineses não chega para cobrir o passivo.  
Presumo que sejam esses mesmos “investidores” chineses que reconverteram o seu “papel verde” em empréstimo à TAL com o devido aval do PM Costa. 
Entretanto, a saída progressiva da TAL de alguns aeroportos europeus (pois quando eliminam uma rota europeia deixam de estar presentes, não apenas no Porto, mas também nas cidades europeias para onde voavam), levará a AZUL a reclamar os slots para si, pois, como poucos saberão, o real valor da TAP está nos slots que tem nos principais aeroportos europeus. Slots são as janelas temporais de descolagem disponíveis em cada aeroporto, normalmente -5 a +10 minutos relativamente ao horário de descolagem. 
Podem acreditar, NADA VOLTARÁ A SER COMO DANTES, e então depois da chegada dos A321LR e dos B737LR (versão melhorada do B757), e de os vermos nas unhas das Low Cost, vamos ter a costa leste dos EUA e Canadá, e o norte do Brasil, a serem servidos por Low Cost. Será que esta nova encomenda de 100 B737 da Ryanair não contempla esse cenário? Acredito que sim. Quando este cenário se verificar o futuro dos voos intercontinentais da TAP, perdão, da TAL, perdendo dinheiro como pelos vistos perde desde que põe as suas aeronaves no ar, estará definitivamente condenado.

O casamento da TAP com a falida Suissair foi um flop que saiu muito caro à empresa. Este casamento com a (falida) AZUL, seja lá em que proporção for, tem igualmente bastantes riscos. Deixa ver o que dizem os bancos credores, ..., por enquanto os chinocas estão a pôr a mão por baixo,.... Resta saber até quando.

53 novos aviões não será fruta a mais? 
A AZUL tem aviões em excesso e está desejosa de os alugar à TAL, como se viu com os ATR-70-600 e a famosa ponte aérea Porto-Lisboa.

No meio disto tudo, onde fica o Gaúcho? 
Não foi ele quem afirmou que eram as “Low Cost que tinham que cuidar-se com a TAP”? Onde está “a esquadra brasileira que salvou a TAP”.

TAL & QUAL.

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Bond, Portuguese bonds


source: tradingeconomics.com

Portugal Government Bond 10Y — Forecast 2016-2020 

The Portugal Government Bond 10Y is expected to trade at 2.58 percent by the end of this quarter, according to Trading Economics global macro models and analysts expectations. Looking forward, we estimate it to trade at 2.91 in 12 months time.
Trading Economics.

Subidas dos juros implícitos da dívida pública portuguesa podem revelar-se menos preocupantes do que os valores empinados desta semana sugerem. 


Há nitidamente uma pressão dos grandes fundos especulativos e dos chamados 'investidores institucionais' sobre a dívida portuguesa, sobretudo depois da 'máquina zero' do Banco de Portugal ter rapado 80% dos dividendos das obrigações seniores que detinham no Novo Banco ao verem transferidos os seus títulos para o banco mau, i.e. para o velho e falido BES.

Ou seja, os yields a dívida pública portuguesa dispararam, sobretudo por causa do modo desastroso como as autoridades portugueses têm gerido contratos e responsabilidades, ora revertendo negócios, ora defraudando as expectativas financeiras de quem apostou no mercado financeiro português.

A isto juntou-se um bom pretexto: a montanha mágica do Orçamento de 2016, que se foi revelando, dia após dia, um perfeito embuste ideológico e macro-económico.

E como pano de fundo, para apimentar a coisa, e derivado anunciado do regresso dos petrodólares a penates, temos no horizonte próximo sinais de uma mega-crise financeira global.


PS: sem bancos 100% indígenas (já que só restam a Caixa, o Montepio e o Crédito Agrícola, sendo os dois primeiros panelas de pressão à deriva), e com os 'grandes' bancos locais (BPN, BES, Banif, BCP, BPI....) em processo de fusão nuclear, ou de alienação a países estrangeiros (Angola, Espanha e China, para já...), onde é que a nomenclatura político-partidária que nos conduziu até aqui pensa que vai obter mais dívida a preços convenientes para manter a geringonça lusitana a funcionar? Da PIMCO ou da Black Rock, podemos esperar sobretudo litígios e algo ainda mais letal: um preço incomportável nas futuras emissões de dívida pública.

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

E depois do dólar?


O pico de crescimento americano deu-se na década de 1950. Capiche?

Quando há crescimento há mais energia e petróleo produzidos


É a procura agregada, estúpido!


Lá para 2018... quando o embuste do petróleo/gás de xisto americano ficar totalmente a descoberto, os USA voltarão a comprar no Médio Oriente, África, Canadá, Venezuela, Brasil, etc., mas quando tal suceder, o mais provável é que precisem de comprar euros para comprar petróleo.

Ou seja, o castelo de cartas do sobre-endividamento americano acabará por ruir, e o dólar será então uma espécie de moeda-peste. Quando isto acontecer, o preço do petróleo será marcado em euros, mas não poderá ir além do que for realmente o poder de compra inscrito na procura agregada mundial.

Haverá então mais uns milhões de seres humanos a consumir energia fóssil. No entanto, não terão recursos para comprar petróleo caro. O paradigma do crescimento mudou: muitos mais a crescer, mas todos a crescer mais devagar e com um rendimento per capita decrescente.

Energia e matérias primas terão que manter preços acessíveis (barril de crude a menos de 80 dólares, etc.), sob pena de ficarem por produzir e vender.

Por sua vez, as energias alternativas e a eficiência energética não poderão diminuir as necessidades de petróleo, gás natural e carvão, em mais de 30%, isto se formos todos muito eficientes.... que não somos.

Portugal, descontando a gritaria populista dos partidos aninhados em volta da manjedoura orçamental, irá crescer menos, sempre abaixo dos 2%. E assim sendo, não pode pagar 3,7% de juros pela sua descomunal dívida pública (1). Nem deve continuar a financiar a despesa inútil e burocrática do estado e das suas PPP aumentando criminosamente a fiscalidade que incide sobre a energia e os produtos petrolíferos.

A única aposta correta é produzir mais e a bom preço, exportar mais do que importamos, racionalizar o estado (e o estado social) de acordo com uma fiscalidade adequada, justa, competitiva e transparente, combater a corrupção e alterar sobretudo o quadro legal que a estimula, e melhorar radicalmente a qualidade e o preço da nossa mobilidade interna e externa, física e digital.

BP vê preços do petróleo de regresso aos 100 dólares
JORNAL DE NEGÓCIOS. Patrícia Abreu | 10 Fevereiro 2016, 16:50

Os preços do petróleo têm estado a testar novos mínimos de 12 anos em 2016. Apesar de terem recuperado parte das fortes quedas registadas no ano, as cotações continuam bastante deprimidas. Mas isto pode estar prestes a mudar. O presidente da BP antecipa que os preços acelerem até aos 100 dólares por barril.
If Chesapeake Does Not Go Bankrupt In Just Over One Month, This Could Be The Trade Of The Year
ZERO HEDGE. Submitted by Tyler Durden on 02/10/2016 12:53 -0500
É preciso rever os comentários sobre a 'nova Arábia  Saudita'
Back in March 2013, when nat gas, and pretty much everything else, was trading far higher than where it is today, investors who believed in the vision of Chesapeake'snow long gone CEO Aubrey McClendon had no problem writing a check for $500 million of other people's money to the Oklahoma gas giant, hoping to generate a "whopping" 3.25% return by the time the bonds matured on March 15, 2016.

Sadly, since then things changed.

Chesapeake - as we previously reported - is now on the verge of bankruptcy having hired K&E as a restructuring advisor, and these bonds (maturing March 15, 2016) are currently trading at 80.5 cents on the dollar.  As the chart below shows, this results in a yield that is about 100 times where it was at issue, or just shy of 300%. 

Why oil under $30 per barrel is a major problem Our Finite World. Posted on January 19, 2016 by Gail Tverberg 
Experience over a very long period shows a close tie between energy use and GDP growth (Figure 3). Nearly all technology is made using fossil fuel products, so even energy growth ascribed to technology improvements could be considered to be available to a significant extent because of fossil fuels.



[...] 9. Many people believe that oil prices will bounce back up again, and everything will be fine. This seems unlikely. 
The growing cost of oil extraction that we have been encountering in the last 15 years represents one form of diminishing returns. Once the cost of making energy products becomes high, an economy is permanently handicapped. Prices higher than those maintained in the 2011-2014 period are really needed if extraction is to continue and grow. Unfortunately, such high prices tend to be recessionary. As a result, high prices tend to push demand down. When demand falls too low, prices tend to fall very low. There are several ways to improve demand for commodities, and thus raise prices again. These include (a) increasing wages of non-elite workers (b) increasing the proportion of the population with jobs, and (c) increasing the amount of debt. None of these are moving in the “right” direction.



[...] Conclusion 
Things aren’t working out the way we had hoped. We can’t seem to get oil supply and demand in balance. If prices are high, oil companies can extract a lot of oil, but consumers can’t afford the products that use it, such as homes and cars; if oil prices are low, oil companies try to continue to extract oil, but soon develop financial problems. 
Complicating the problem is the economy’s continued need for stimulus in order to keep the prices of oil and other commodities high enough to encourage production. Stimulus seems to takes the form of ever-rising debt at ever-lower interest rates. Such a program isn’t sustainable, partly because it leads to mal-investment and partly because it leads to a debt bubble that is subject to collapse. 
Stimulus seems to be needed because of today’s high extraction cost for oil. If the cost of extraction were still very low, this stimulus wouldn’t be needed because products made using oil would be more affordable. 
Decision makers thought that peak oil could be fixed simply by producing more oil and more oil substitutes. It is becoming increasingly clear that the problem is more complicated than this. We need to find a way to make the whole system operate correctly. We need to produce exactly the correct amount of oil that buyers can afford. 
Prices need to be high enough for oil producers, but not too high for purchasers of goods using oil. The amount of debt should not spiral out of control. There doesn’t seem to be a way to produce the desired outcome, now that oil extraction costs are high. 
Rigidities built into the oil price-supply system (as described in Sections 3 and 4) tend to hide problems, letting them grow bigger and bigger. This is why we could suddenly find ourselves with a major financial problem that few have anticipated. 
Unfortunately, what we are facing now is a predicament, rather than a problem. There is quite likely no good solution. This is a worry. 

NOTAS

  1. No dia 11 de fevereiro os juros a 10 anos chegaram aos 4,5% (Jornal de Negócios: Juros de Portugal sofrem maior aumento desde a demissão irrevogável de Portas). Se Marcelo não olhar para isto com olhos de ver, o cenário de um segundo resgate será verosímil antes do verão.... PCP e Bloco, ou formam com o PS uma coligação governamental—opção coerente com as 'posições comuns'—, ou terão que abandonar a geringonça—posição incoerente e antecâmara de um colapso duradouro das esquerdas—, provocando eleições antecipadas em 2017, ou mesmo no final deste ano.

Atualização: 11/2/2016 18:57 WET

terça-feira, fevereiro 09, 2016

Geringonça ou coligação?

Templo (zen) do Pavilhão Dourado, Séc.XIV, Quioto, Japão (2005)

De um governo sem legitimidade plena, ao aborto orçamental, foi um passo


“Um país que se limita a discutir onde gastar os milhões que sobram depois de pagar juros equivalentes a 10% do total de despesa pública, e depois de cortar outros tantos exigidos por Bruxelas, será sempre um país amputado do seu poder de decisão. O campo das nossas escolhas é cada vez mais curto e, mais tarde ou mais cedo, chegaremos à conclusão que não tem espaço suficiente para a democracia.” 
Mariana Mortágua, “É preciso ter lata” Jornal de Notícias (09/02/2016) 

Não chega, Mariana. É preciso passar do oportunismo aos atos, ou seja, ao compromisso de uma coligação com o PS!

Kongo, um das empresas mais antigas do planeta morreu no Japão em 2006, ao fim de 1400 anos de vida. Em situação comatosa está hoje o mais antigo banco do mundo, o Monte dei Paschi di Siena. As notícias sobre o Deutsche Bank são preocupantes. O que une estas três ocorrências é simples de avinhar: dinheiro fácil, destruição da poupança privada, exposição a bolhas especulativas e sobre endividamento.

O que realmente conduziu ao colapso da monarquia portuguesa, e depois ao colapso da I República, foi a mesma causa eficiente, ou seja, a irresponsabilidade da casta dominante, corrupção pandémica e fora de controlo, bancarrota e perda da maioria dos graus de liberdade que consubstanciam a soberania. Portugal encontra-se outra vez a um passo de perder a sua autonomia política. Por culpa dos outros? Por culpa de Bruxelas, da Alemanha, dos bancos ou das agências de notação financeira que contratámos? Não. Nós é que deixámos, uma vez mais, que o poder fosse apropriado por uma nomenclatura indigente, inculta e criminosa.

Expresso — Há mais aposentações, não vão entrar pessoas... 
Mário Centeno — Vamos usar a capacidade analítica que nos dá termos estudado muitos anos dados muito individualizados. Vamos analisar a utilização de recursos humanos na Função Pública. Não há ainda hoje um recenseamento da Administração Pública. Não sei, como ministro das Finanças, qual é o recenseamento de funcionários públicos.
E — Há muito tempo que não se sabe. 
MC — Desde 2005! Veja bem. Há 10 anos que não se sabe. Não é possível fazer a gestão de recursos humanos se não houver esse instrumento. 
[...] 
E — Fala de uma taxa de crescimento de emprego de 0,8%, quantos postos de trabalho é que vocês calcular criar? 
MC — Não sei esse número. 
[...] 
E — Sobre a questão das 35 horas... 
MC — Quando conseguirmos garantir do ponto de vista do Governo que esta medida se pode começar a aplicar, tendo garantias de não aumento da despesa. 
E — Ainda este ano? 
MC — Não lhe posso responder.

Sublinhei a tempo e horas que a geringonça nos levaria para uma austeridade de esquerda, versão cor de rosa vermelha da austeridade de Passos Coelho—a qual, e ao contrário do que a Troika reiteradamente defendeu, protegeu os rendeiros do regime, castigando para lá do tolerável quem se viu forçado a fugir do país. E denunciei também o exercício orçamental de Mário Centeno como sendo um embuste. O resultado da farsa partidária e jornalística que se seguiu, pontificada pelo imprestável Costa e pelo cínico Santos Silva, foi termos hoje em cima da mesa um aborto orçamental.

O ponto em que estamos não deixa muitas alternativas à geringonça.

A posição das muletas do PS de António Costa é insustentável. Ou avançam para um governo de coligação, assumindo, como é seu dever, as responsabilidades pelo que têm cozinhado no Soviete Supremo de São Bento e na Intersindical, ou serão vistos como oportunistas indignos de uma nova rodada de bonança eleitoral.

A crise bancária indígena soma e segue no vermelho. A desorientação governamental, nomeadamente no cada vez mais sórdido tema da TAP, ou no modo cobarde como o primeiro ministro desautorizou o seu ministro das finanças, são sintomas de uma gangrena que já começou a proliferar nos tecidos desconexos da geringonça.

É por isto que a sobrevivência depende agora, criticamente, da assunção de responsabilidades por parte de quem assinou as posições comuns que levaram, pela primeira vez na nossa ordem constitucional e tradição institucional, à formação de um governo minoritário liderado pelo partido que perdeu as eleições.

A única forma de remediar esta originalidade a que falta legitimidade democrática plena, e que tarde ou cedo sucumbirá, é transformar a geringonça num governo de maioria entre o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda.

Bloco e PCP não podem mais esconder-se atrás do PS, nem António Costa poderá continuar a proferir alegremente disparates à esquerda e à direita.

Ou estes partidos abandonam a infantilidade de que têm dado provas, ou será o novo presidente da república a ter o ónus de suturar uma ferida onde o pus se acumula a cada dia que passa.

Atualização: 9/2/2016 11:39 WET

segunda-feira, fevereiro 08, 2016

Grandes devedores do BES

Gráfico elaborado pelo Expresso (certamente incompleto


No top25 dos devedores do BES estão: Mota Engil/Martifer (944  M€), Mello/Brisa (618 M€), Andrade Gutierrez (346 M€), Ascendi (516 M€), Tecnovia (283 M€), Teixeira Duarte (269 M€), Grupo Lena (229 M€), José Guilherme (223 M€), OPWAY (190 M€)...

O que têm estas empresas em comum? Uma gigantesca bolha imobiliária, e a base financeira especulativa de um regime que continua a desfazer-se dia a dia.

E da TAP, não consta nada?

quinta-feira, fevereiro 04, 2016

O próximo terramoto financeiro



Portugal não é seguramente a maior dor de cabeça da Alemanha!


O mundo financeiro global caminha para um reset, voluntário ou involuntário. Em ambos os casos catastrófico. Por algum motivo o FED desistiu do tightening, e o BCE decidiu aumentar a diarreia moneária, a que chama alívio quantitativo, em janeiro último, além da aplicação de taxas de juro negativas (Bloomberg).

O problema de fundo é este: assumiram-se e contrataram-se responsabilidades futuras para as quais não haverá dinheiro, na medida em que este depende de uma riqueza ainda por criar, que não será criada na dimensão estimada e inscrita na tinta invisível dos contratos de futuros, de que as promessas de pensões e as rentabilidades de astronómicos fundos de investimento, boa parte dos quais especulativos, são a maior dor de cabeça que poderemos imaginar.

"These Are Extremely Poor Results": Deutsche Bank Reports Titanic $7 Billion Annual Loss
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 01/21/2016 14:35 -0400

When it comes to picking a poster child for everything that’s wrong with Wall Street and the financial industry in general, it’s sometimes difficult to decide just who gets the blue ribbon for “most nefarious.”

Indeed, since 2008 we’ve learned that virtually every systemically important financial institution on the face of the planet has at one time or another engaged in some manner of chicanery be it the manipulation of the world’s most important benchmark rates, the peddling of worthless mortgage bonds, or the rigging of FX markets.

Having said all of that, Deutsche Bank may well qualify as the institution that “best” exemplifies the banking industry’s penchant for greed, corruption, and general malfeasance.

From rate rigging to book cooking to deplorable HR procedures, the German lender has it all and last summer, the bank showed co-CEOs Anshu Jain and Jürgen Fitschen the door amid shareholder pressure to reform the corporate culture and improve performance.

To be sure, new CEO John Cryan has his hands full.

The bank is saddled with mountainous legacy litigation and faces an uphill battle to streamline operations. Back in October, Cryan announced that Deutsche would cut 35,000 positions and exit 10 countries as part of a sweeping overhaul.

Oh, and Cryan also preannounced a massive loss and subsequently scrapped the dividend.

On Thursday, we got the latest bad news out of Deutsche as Cryan reported what he called “sobering” results for 2015. In short, the bank is staring down a net loss of €6.7 billion for the year, the first annual loss since 2008. The shares plunged.

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quarta-feira, fevereiro 03, 2016

A falácia One-off do PS

João Galamba, deputado do PS

Qual é a falácia contida nesta frase do deputado João Galamba, do Partido Socialista?

“se os cortes dos salários dos funcionários públicos e a sobretaxa eram medidas temporárias, então não deviam ter contado para redução do défice estrutural quando foram tomadas e, por essa razão, também não devem contar para défice estrutural quando são revertidas”.— in João Galamba (Facebook)/Observador.
Os cortes, na realidade, não foram medidas temporárias, quando consideradas do ponto de vista orçamental (e de Bruxelas), ainda que o tenham sido quando vistas na ótica dos atingidos. Logo, os cortes e a sobretaxa foram mesmo medidas estruturais, tendo por isso contado para o défice.

Onde está, então, a falácia do Governo?

Nisto: é que os cortes e a sobretaxa só poderão extinguir-se quando o seu impacto orçamental for substituído por outras medidas estruturais com o mesmo impacto positivo no défice.

Ora como o Governo se limita a revogar as citadas medidas sem substitui-las por outras de idêntico impacto positivo no défice, as que ora propõe no esboço orçamental só poderão mesmo ser consideradas medidas estruturais, com impacto negativo no défice!!!

Capiche?