sábado, outubro 11, 2014

A 'esquerda' não existe

Roberto Mangabeira Unger

Tirar o pó à esquerda é preciso, mas não será fácil!


Roberto Mangabeira Unger:

“A minha impressão é de que não existe no debate português nada de semelhante (1). Há o ideário dominante, com a sua cara dura e a sua cara suave, há a nostalgia estatista e nacional da esquerda dura, mas não há isto que é a radicalização democrática do vanguardismo, do experimentalismo... A grande objecção poderia ser que um projecto como este não tem base social concreta. Eu julgo que tem, que há uma maioria latente produtivista no país. O que falta é a tradução desse potencial no caminho político e no ideário programático.”

O problema é que a velha burguesia rentista portuguesa, que até 2008 mandava nos partidos e no país (vejam-se os amores de Mário Soares por Ricardo Espírito Santo e Isaltino Morais, ou a aliança imbecil entre Louçã e João Ferreira do Amaral na tentativa reacionária de regresso ao escudo), sucumbiu à pressão do FMI e do BCE, e não à pressão da 'esquerda'! A nossa 'esquerda' é uma emanação disfarçada do autoritarismo secular do país. É em geral analfabeta e prefere sempre uma boa cunha à trabalheira de pensar pela sua própria cabeça.

A nossa elite come toda no mesmo retaurante, vai à mesma praia, e guia-se por sebentas, mas só pra inglês ver!

À laia de prova do que afirmo é a ideia interessante, avançada por Roberto Mangabeira Unger, sobre a educação, mas que jamais será adotada em Portugal enquanto o atual regime prevalecer sobre os interesses profundos e estratégicos do país. Enquanto o sistema educativo português estiver nas mãos de escrevinhadores de manuais escolares e da sua editora de estimação, de um sindicato e de algumas centenas de burocratas bloqueados e manhosos, as ideias entram por um ouvido e saem pelo outro. Os ministros, como se sabe, entram vaidosos mas sem ideias, e acabam desfeitos pelo populismo reinante há décadas.

A quarta vertente “é uma transformação radical do ensino público… [É imperativo um] ensino analítico que utilize a informação de forma selectiva e aprofundada como ocasião para capacitação analítica, cooperativo na sua maneira de ensinar e sobretudo dialéctico, abordando o conhecimento herdado sempre de formas contrastantes para criar, formar, burilar, desenvolver um impulso experimentalista inovador.” Não há imaginação num ensino de tipo enciclopédico como o actual.

Uma população com mais capacidade analítica poderá mais facilmente conduzir a inovação que é preciso trazer aos serviços públicos para os tornar mais qualificados (o quinto tema). “Não basta ter o paradigma tradicional de provisão burocrática de serviços públicos padronizados e de baixa qualidade. E nem aceitar a privatização dos serviços públicos como única alternativa a isto. O Estado tem de prover os mínimos universais, mas tem de engajar a sociedade civil independente, formá-la, financiá-la, coordená-la para que ela participe, junto com o Estado, na provisão competitiva e experimental dos serviços públicos. Por exemplo, por meio de cooperativas de educadores, de médicos, de técnicos.”
—in Público, O profeta da nova esquerda.

   NOTAS
  1. Para melhor se perceber esta citação convém ler este pedaço do artigo do Público:

    Esta agenda de oito pontos termina com a recomendação de uma nova construção do Estado, “porque não existe um Estado capaz de fazer tudo isso”. Como é que se faz? Indo buscar três agendas para serem executadas em simultâneo: “Uma agenda do século XIX, inacabada, de profissionalismo administrativo meritocrático, das carreiras do Estado. O grau de profissionalismo [actual] é até menor em certos aspectos do que era no regime salazarista. Houve um sucateamento do Estado”; uma segunda agenda de “eficiência administrativa associada ao século XX” que não se pode basear “no fordismo industrial, mas nas práticas experimentais da produção nova”; e a agenda do século XXI, “de experimentalismo na administração pública”. Era útil, por exemplo, que a sociedade civil se empenhasse no serviço público, diz. “Não se sabe o caminho, o caminho tem de ser descoberto no meio do caminho.” Mas é preciso lançar um roteiro. Mais adiante, Unger apontará que “nenhum povo reforma a política, o Estado, para depois decidir o que fazer com a política ou o Estado reformados. Só reforma quando precisa reformar para sobreviver no meio de uma luta. Por isso tem de haver uma relação recíproca entre a construção do Estado e a reorientação do caminho”.

    —in Público, O profeta da nova esquerda.

Uma nova China chamada Europa

Deutsche Bank / Market Research. October 2014.

Europa: a maior balança corrente do planeta. Que fazer? 


O BCE, depois de ter reduzido a menos que zero os rendimentos das poupanças (o PCP e o Bloco não saberiam fazer melhor), de ter começado a pagar para emprestar aos bancos que, por sua vez, cobram uma margem pelo serviço que o BCE deles espera que seja prestado aos governos europeus, quer agora radicalizar as suas medidas de estímulo financeiro perante o espectro de uma deflação e recessão/estagnação duradouras na Europa (1), apostando nas chamados ABS (Asset-backed Securities) — outrora consideradas como um dos agentes tóxicos da crise financeira (2).

Na realidade, as ABS funcionam como um estratagema de liquefação dos chamados ativos ilíquidos —hipotecas de casas, empréstimos para compra de automóveis, empréstimos para estudar,  saldos dos cartões de crédito, rendas garantidas das PPP (porque não?!)— e têm por objetivo gerar liquidez onde não existe, estimulando novos apetites pelo risco, mas sem envolver diretamente operações de crédito patrocinadas pelos bancos. Ou seja, o BCE não empresta aos governos, não senhor, e trava os empréstimos bancários à economia pela via de uma supervisão e rácios de capital mais rígidos, sim senhor, recorrendo em ambos os casos ao argumento (aliás apropriado) de que tal significaria perpetuar o ciclo infernal do endividamento suicida, da especulação desenfreada e do colapso económico-financeiro, sim senhor. Mas como está desesperado, à semelhança da desesperada América de Obama, Mario Draghi propôs-se no passado dia 2 de outubro, enveredar por uma versão light do QE (Quantitative Easing), prometendo comprar ABS bem desenhados e com boa graduação, aumentando para isso a massa monetária da Eurolândia em um bilião de euros. A compra das ABS seria, porém, intermediada por brokers alheios aos bancos centrais que compõem o Eurosistema, supõe-se que para garantir maior independência na avaliação da qualidade das operações a realizar. Sim senhor.

Acontece que tudo isto poderá acabar por não ter impactos significativos na economia europeia, permitindo tão só (que digo eu?) continuar a satisfazer alguns grupos financeiros e as elites corporativas e politocratas privilegiadas.

Estamos ainda longe de perceber o alcance da crise económica e financeira em curso na Europa e no resto do mundo. Há uma era energética que chegou ao fim. Há uma era inflacionista que chegou ao fim. E há muito dinheiro, mas ninguém parece querer vê-lo desaparecer na sobreprodução, sobrecapacidade e acumulação sem destino de stocks industriais, no consumo conspícuo que só mais endividamento pode financiar (assim se importaram  e venderam em 2013, no nosso sobre endividado país, mais de quatro milhões de smartphones), ou na aceleração do endividamento público que tudo arrasta e devora.

A Nota de Research de George Saravelos, que a seguir transcrevemos parcialmente, é surpreendente.

Revela-nos uma Europa com semelhanças cada vez mais preocupantes com o Japão das últimas duas décadas: excedentes comerciais e financeiros, níveis crescentes de poupança privada, endividamento público imparável, ameaça de deflação, uma moeda a caminho da desvalorização, desemprego estrutural, envelhecimento demográfico, estados cada vez mais omnipresentes e sofisticadamente autoritários, divisionismo social, uma sociedade profundamente deprimida, e concentrações de riqueza cada vez mais pornográficas.

A passagem de um paradigma de crescimento do produto na ordem dos 3-4% para uma era longa de crescimentos entre 0-1% está a ocorrer neste preciso momento, marcada por sucessivos períodos de estagnação, recessão e crescimento tímido. O desemprego estrutural acompanhado de empobrecimento individual e coletivo é, pois, inevitável, se não soubermos entretanto redefinir a função económica e social do emprego e do trabalho, e não criarmos espaço e compensações para as atividades individuais e sociais de cooperação, solidariedae e criatividade.

A Europa tem neste momento excesso de capital, capacidade produtiva e conhecimentos. É por aqui que temos que começar a olhar para os problemas que nos afligem e ver como poderemos resolvê-los, sem nos excedermos em maniqueísmo.

As contradições sistémicas existem e têm vindo a agravar-se. Ideias novas precisam-se!


Euroglut: a new phase of global imbalances
Deutsche Bank / Market Research
George Saravelos
6 October 2014

Euroglut means that as the world's biggest savers, Europeans will drive international capital flow trends for the rest of this decade. Europe will become the 21st century's largest capital exporter.

This report argues that both “secular stagnation” and “normalization” are incomplete frameworks for understanding the post-crisis world. Instead, “Euroglut” – the global imbalance created by Europe’s massive current account surplus will be the defining variable for the rest of this decade. Euroglut implies three things: a significantly weaker euro (we forecast 0.95 in EUR/USD by end-2017), low long-end yields and exceptionally flat global yield curves, and ongoing inflows into “good” EM [Emergent Markets] assets. In other words, we expect Europe’s huge excess savings combined with aggressive ECB easing to lead to some of the largest capital outflows in the history of financial markets.

Introducing Euroglut
The dust is settling on the Global Financial Crisis, and markets are now focusing on the future. One prominent line of thinking is that the new normal is “secular stagnation” - weak trend growth and very low neutral rates. Another view is that “normalization” is around the corner - growth will soon return, and policy will inevitably normalize faster, particularly in the US. In this piece, we argue that both the “normalization” and “secular stagnation” frameworks are incomplete. Instead, it is Europe’s huge savings glut - what we call euroglut - that will drive global trends for the foreseeable future. While euroglut seems similar to “secular stagnation”, the asset price conclusions are very different and far more powerful.

What is Euroglut?
Euroglut is a global imbalances problem. It refers to the lack of European domestic demand caused by the Eurozone crisis. The clearest evidence of Euroglut is Europe’s high unemployment rate combined with a record current account surplus. Both are a reflection of the same problem: an excess of savings over investment opportunities. Euroglut is special for one and only reason: it is very, very big. At around 400bn USD each year, Europe’s current account surplus is bigger than China’s in the 2000s. If sustained, it would be the largest surplus ever generated in the history of global financial markets. This matters.

Global impact
Euroglut means that as the world’s biggest savers, Europeans will drive international capital flow trends for the rest of this decade. Europe will become the 21st century’s largest capital exporter. This statement is close to an accounting identity - a surplus on the current account implies capital outflows elsewhere. Our premise is that the next few years will mark the beginning of very large European purchases of foreign assets. The ECB plays a fundamental role here: by pushing down real yields and creating a domestic “asset shortage”, it is incentivizing European reach for yield abroad. Think about policy over the next few years: at least 500bn-1trio of excess cash will be sitting in European bank accounts “earning” a negative rate of 20bps. In the meantime, asset-purchases will drive yields down across the board – there will be nothing with yield left to buy. The asset implications are huge: [...]

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NOTAS
  1. Five charts that show Germany is heading into recession
    The Guardian, Thursday 9 October 2014 13.58 BST   
  2. Asset-backed securities: The key to unlocking Europe's credit markets?
    Carlo Altomonte and Patrizia Bussoli on 24th July 2014. Bruegel.

quinta-feira, outubro 09, 2014

Alta Velocidade Ferroviária veio para ficar

AGV, o mais rápido da Europa e o terceiro mais rápido do mundo

O AVE comeu mais de metade do mercado da ponte aérea Madrid-Barcelona


Com o preço do barril do petróleo acima dos 80-100 USD (tendendo a subir abruptamente sempre que há sinais de retoma económica) e à medida que o chamado plateau do Pico do Petróleo se aproxima do limiar do declínio acelerado das reservas, a euforia que hoje conhecemos no transporte aéreo tem os dias contados. No dia em que os governos impuserem impostos ao consumo do Jet Fuel, e taxas mais severas sobre as emissões de CO2, as viagens aéreas para distâncias inferiores a 800 Km podem, pura e simplesmente, acabar, sobretudo onde houver comboios de alta velocidade. Para já, a adaptação ao fim do petróleo barato está a traduzir-se no aparecimento e êxito das companhias aéreas Low Cost e, por outro lado, nas dificuldades crescentes em empresas públicas como a TAP, a Iberia, ou a Air France, do que resultarão adaptações, reestruturações, falências e fusões inevitáveis. As companhias tradicionais, nomeadamente as chamadas companhias de bandeira, ou se adaptam drástica e rapidamente, ou acabarão por fechar portas.

O regresso do comboio elétrico, na sua nova versão de sistema de transporte de alta velocidade servindo várias regiões e comunidades ao longo do seu trajeto, e com comodidades várias, como as que decorrem dos seus recursos WiFi crescentes, deixou de ser uma utopia, ou um luxo, para ser uma solução de futuro, complementar ao transporte aéreo de pequenas e médias distâncias.

Basta reparar no comprometimento da indústria europeia nesta opção estratégica para percebermos que o comboio de alta velocidade deixou de ser uma conversa de café, facilmente manipulável pelos lóbis rentistas das sociedades politicamente atrasadas, como a portuguesa, e é cada vez mais uma prioridade governativa. Infelizmente a indigente tecnocracia lusitana, também neste particular, prestou um cobarde e mau serviço ao país.

Os 10 comboios de alta velocidade mais rápidos da Europa

Contra factos ...


Durante los primeros ocho meses del año, Renfe ha obtenido una cuota de mercado del 58,6% en la relación Barcelona – Madrid. En este periodo, los servicios AVE han transportado 2.055.152 viajeros, un 14,7%% más que el año anterior. La ocupación media se ha situado en torno al 85%. Durante este año, se ha logrado el récord de viajeros transportados en AVE y el mes de junio 309.415 viajeros se desplazarona en este servicio entre Barcelona y Madrid.

Ver más en: 20 minutos, 14-10-2013

Iberia está estudiando fórmulas que permitan rentabilizar el puente aéreo a través de alguna de sus filiales, Iberia Express o Air Nostrum, o reducir incluso su capacidad en su única ruta en El Prat, como medidas para atajar las pérdidas "insostenibles" del enlace que une Madrid y Barcelona, a día de hoy "muy deficitario".

[...]

Gallego tiene claro que no es rentable soportar estas pérdidas conviviendo con la alta competencia del AVE, "ni tiene sentido" operar el puente aéreo con dos compañías del grupo IAG, Vueling e Iberia.

Ver más en epturismo, 3-9-2014

Renfe renovará su flota de trenes AVE
CINCO DÍAS, 3-09-2014 16:05

La ministra de Fomento, Ana Pastor, ha anunciado que Renfe ha planificado la compra de cuarenta nuevos trenes en los próximos cuatro años, hasta 2018, según informó el Departamento.

[...]

Adif anunció la pasada semana que durante 2015 pondrá en explotación 1.000 nuevos kilómetros de Alta Velocidad, con los que el AVE llegará a Zamora, Burgos, León y Palencia, así como a Cádiz y Murcia.

Espaço Ferroviário Único Europeu

Comité Executivo do Corredor Atlântico - para a fotografia

Assinado acordo de constituição do Comité Executivo do Corredor Atlântico


Apesar do silêncio na imprensa portuguesa, é um facto: foi constituído no dia 8 de outubro de 2014 o comité executivo do Corredor Atlântino, cuja missão é assegurar ligações ferroviárias competitivas da costa atlântica portuguesa e espanhola até ao centro da Europa — ou seja, sem roturas de carga e o máximo de interoperabilidade — logo, adotando progressivamente a bitola europeia. Como a Espanha não tem parado de assentar bitolas UIC, nomeadamente nas ligações ferroviárias ao nosso país, Portugal terá que finalmente meter a viola do anti-TGV no saco e tentar ganhar o tempo e as centenas de milhões de euros que já perdeu a favor da Espanha e da França!

Portugal tem que mudar progressivamente a sua rede ferroviária para o standard ferroviário UIC, seja no transporte de mercadorias, seja no transporte de passageiros. Deve começar, naturalmente, pelos eixos prioritários, e deve abandonar de vez as táticas manhosas e mentirosas que tem adotado até hoje, em grande medida por causa da subserviência do poder político instalado às ordens dos rendeiros e banksters que arruinaram o nosso país.

“...o Corredor Atlântico assume-se também como plataforma privilegiada para a coordenação dos investimentos na infraestrutura ferroviária em Portugal, Espanha e França, no sentido de serem ultrapassadas barreiras técnicas e operacionais, promovendo a interoperabilidade e, consequentemente, fomentando uma maior competitividade do transporte ferroviário de mercadorias.”

in Corredor Atlântico

Corredor Atlântico (1) para mercadorias. Será assim tão difícil perceber?

À falta de Lusa...


miércoles, 8 de octubre de 2014

La ministra de Fomento, Ana Pastor, ha firmado hoy, junto con sus homólogos de Portugal, Francia y Alemania, y al margen del Consejo de Ministros de Transporte de la Unión Europea, el acuerdo de constitución del Comité Ejecutivo del Corredor Atlántico.

[...]

Esta Comisión será la responsable, entre otras cuestiones, de la definición de los objetivos generales del Corredor, se asegurará de que se cumplen los tiempos y, si es necesario, solicitará los fondos europeos para que la implantación de este corredor se lleve a cabo en tiempo y forma.

La liberalización del sector ferroviario español, modelo para Europa

En el Consejo se ha realizado el primer debate político sobre el Cuarto Paquete Ferroviario europeo, que incluye la apertura del mercado interior de pasajeros y el sistema de organización de las empresas que gestionan las infraestructuras.

Pastor ha recordado que España siempre ha defendido un espacio europeo ferroviario, y en ese sentido, ha afirmado, “tenemos que ir a una normativa común para todos los Estados miembros porque habiendo unas reglas del juego claras y comunes, añadiremos más competitividad y más igualdad de oportunidades a todas las empresas”.

La titular de Fomento ha señalado que “España tiene un sistema absolutamente transparente y claro, y ese es el modelo que preconizamos para toda Europa”.

En su intervención Pastor ha resaltado que España ya ha iniciado la liberalización del sector ferroviario de viajeros, a través de un proceso ordenado y progresivo, y ha defendido que en la UE también se produzca una apertura gradual, equitativa, recíproca y transparente del mercado ferroviario que permita la creación de un verdadero Espacio Ferroviario Único Europeo.

in Ministerio de Fomento, Sala de Prensa, España

NOTAS
  1. O Corredor Atlântico, originalmente denominado como Corredor de Mercadorias n.º 4, é constituído por troços da infraestrutura ferroviária existente e planeada entre Sines/Setúbal/Lisboa/Aveiro/Leixões – Algeciras/Madrid/Bilbao – Bordéus/Paris/Le Havre/Metz, transpondo as fronteiras em Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro, Elvas/Badajoz e Irun/Hendaye.

    Está também prevista a extensão do Corredor Atlântico até à Alemanha através de dois itinerários, um até Mannheim e outro pela fronteira franco-alemã em Strasbourg. A extensão até à Alemanha deverá estar operacional até Novembro de 2016.

    A missão do Corredor Atlântico assenta, num primeiro plano, na rentabilização da infraestrutura ferroviária existente, sem investimento adicional, através de uma gestão centralizada da atribuição de capacidade, da gestão de tráfego e do relacionamento com os clientes.

    Complementarmente, o Corredor Atlântico assume-se também como plataforma privilegiada para a coordenação dos investimentos na infraestrutura ferroviária em Portugal, Espanha e França, no sentido de serem ultrapassadas barreiras técnicas e operacionais, promovendo a interoperabilidade e, consequentemente, fomentando uma maior competitividade do transporte ferroviário de mercadorias.

    — Consultar mais informação sobre o Corredor Atlântico no sítio web do mesmo.

Atualização: 10/10/2014 10:26 WET

quarta-feira, outubro 08, 2014

O porto estratégico de Sines

Sines: todo o mundo percebe este mapa, menos...
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Com o Médio Oriente a explodir, só um tolo não vê a importância de Portugal


A recente pugna pelo ES Saúde (1), que continua a envolver sobretudo a China e os Estados Unidos da América, assim como a aposta clara e prometida do governo chinês nesta porta de entrada na Europa e em África, deveria fazer-nos a pensar. Porque será? Olhando para o mapa que compusemos para este post ficamos a saber o seguinte:
  • A China aposta no corredor Nacala-Lobito para chegar mais depressa à costa atlântica de África, e como alternativa a possíveis problemas no Médio Oriente e no Mediterrâneo.
  • A China aposta (2) no Canal do Panamá, para chegar ao Brasil-Venezuela-Argentina, mas também à Europa, e ainda na futura ligação ferroviária colombiana entre Buenaventura e Cartagena, para o transporte anual de 40 milhões de toneladas de matérias primas da Colômbia e da Venezuela para a China, e de carga contentorizada da Ásia para a Europa.
  • A China aposta em Sines e na prevista mas criminosamente atrasada ligação ferroviária dos principais portos e cidades portuguesas a Espanha e centro-norte da Europa (por Irún).
  • A China aposta no porto de Sines como um hub para super porta contentores da classe post-Panamax e no transhipment de cargas entre a China e a África, sobretudo ao longo da rica e relativamente pacífica costa ocidental deste enorme continente.
  • A Alemanha, o Brasil e os Estados Unidos (ou melhor dito, os grandes operadores do transporte marítimo: Maersk, MSC, Evergreen, COSCO, Hapag-Lloyd, Hanjin, etc.) não deixarão de aproveitar a oportunidade aberta pelos grandes investimentos entretanto realizados em Sines.
  • Creio que a China estaria interessada em financiar as ligações UIC Lisboa-Pinhal Novo-Poceirão-Setúbal-Sines-Caia, Porto-Vigo e Porto-Aveiro-Vilar Formoso. É só colocar estas ideias no mercado. Como se está a ver com a ES Saúde, até teríamos americanos, brasileiros e alemães a disputar este precioso naco de mobilidade. Havendo, ainda por cima, fundos comunitários disponíveis, o financiamento da nossa nova rede ferroviária de bitola europeia, prevista por Bruxelas (TEN-T) poderia custar zero cêntimos aos bolsos dos portugueses. 
Para apanharmos este comboio de oportunidades basta colocar gente competente e honesta nos sítios certos e acabar de vez com a contra-informação que os irremediavelmente falidos rendeiros do regime têm impingido aos sucessivos governos e distraídos ministros.


NOTAS
  1. A Caixa Geral de Depósitos e o implodido BES vão perdendo os ativos que valem alguma coisa para quem tem dinheiro para comprar. Desta vez não se trata de empresas da República Popular da China, como foram os casos da EDP (Three Gorges) e da REN (State Grid), mas sim de um multimilionário chinês, que nasceu pobre, se formou em filosofia, e aprendeu a papar os velhos ricos do Ocidente que já não sabem viver se não de privilégios rentistas facultados por governos corruptos de estados desmiolados, como o português.

    Entretanto, Ooops!

    A UnitedHealth Group Inc., 14ª da Fortune 500 e provavelmente o maior grupo privado de saúde do mundo, apareceu à última da hora com uma proposta de compra mais aliciante do que a da Fidelidade, quer dizer, do senhor Guo: 5 euros por ação, contra os 4,82 oferecidos pelo Fosun (Público).

    Americanos e chineses apostam, como se vê, em Portugal, a praia da Europa, essencial para as ligações entre a África e a Europa, entre as Américas e a Europa, e entre o Oriente e o Ocidente, nomeadamente através da futura via férrea contínua entre Nacala e Lobito, quando a explosão em curso no Médio Oriente voltar a fehcar o Canal do Suez, o Golfo Pérsico e a Rota da Seda. Há muito que desenhámos este mapa de probabilidades nas páginas do nosso blogue.
  2. Shuo Ma, Vice-Reitor da Universidade Marítima Internacional: Porto de Sines pode servir de “hub” para a África Ocidental

    Sines tem vocação ideal para transhipment
    Relativamente à posição geoestratégica de Portugal nas rotas mundiais, Shuo Ma afirma que esta é «excelente» sobretudo para os navios oriundos do Extremo Oriente, uma vez que o nosso País é o primeiro a surgir na Europa, estando numa localização ideal para estabelecer a ponte com a Europa e África. O entrevistado acredita que o futuro de Sines passa mesmo pelo “transhipment”, uma vez que o mercado português é limitado. Se o “hinterland” fora alargado a Espanha ou mesmo ao sul de França com a ligação ferroviária à fronteira, a situação poderá alterar-se, mas relembrou que os «portos espanhóis são muito agressivos comercialmente».

    O especialista em gestão portuária acredita mais na capacidade de atracção de grandes navios porta-contentores para fazer transhipment para os mercados da Costa Ocidental de África, incluindo mesmo a África do Sul. «Num futuro relativamente próximo será difícil a um grande navio porta-contentores ir directamente para África porque o mercado local não tem dimensão suficiente. A solução passa pela utilização de um porto de transhipment no sul da Europa ou no norte de África, sendo os países africanos servidos por navios “feeder”», explica. «A questão que se coloca é a localização desse porto de “transhipment”», adianta, lembrando que os portos marroquinos também são muito «agressivos comercialmente e beneficiam igualmente de uma localização privilegiada na confluência entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico».


    Rota do Oriente não passa pelo Canal do Panamá
    A possibilidade do porto de Sines poder servir de transhipment para os portos do Norte da Europa, beneficiando do desvio de rotas oriundas do Extremo Oriente pelo alargado Canal do Panamá parece ser pouco viável pelo entrevistado. «As obras de alargamento custaram cerca de seis mil milhões de dólares. Se o objectivo for recuperar o valor desse investimento através das portagens, então estas terão valores muito elevados que tornam esta opção pouco interessante para este tráfego. Além disso, um dos maiores problemas do Canal do Panamá consiste na falta de água fresca na parte superior, o que implica um custo adicional para a bombear». Shuo Ma considera ser mais viável o projecto da Colômbia em parceiro com a China que passa por uma ligação ferroviária entre os portos do Pacífico e do Atlântico. «O objectivo seria que os navios vindos da Ásia descarregassem os contentores no porto do lado do Pacífico que depois seriam transportados por comboio para o porto do lado da Atlântico, voltando a ser carregados para o navio, seguindo depois para a Europa. Claro que esta opção implica mais um custo de movimentação da carga. Este projecto está neste momento parado devido à crise financeira internacional», adianta.

    Carga&Transportes, 12-11-2010

Ébola: o estado e a segurança

Madrid. Hospital Carlos III? Caricata sinalização de uma zona contaminada pelo Ébola

E assim se evita a propagação do Ébola em Espanha!


Los trabajadores de la empresa concesionaria del centro se han negado a entrar en la habitación por miedo al contagio. El hospital les pedía que entraran sólo con una bata. PUBLICO.

Na saúde pública, como noutros setores estratégicos e vitais da sociedade (água, energia, mobilidade, formação, telecomunicações), o estado tem que reservar para si o ónus da despesa, mas também as garantias de eficácia e segurança que o negócio privado não dá, nem pode dar.

Imagine-se a rotura de uma barragem, um ataque cibernético, ou biológico, de larga escala, ou a proliferação do vírus Ébola até se transformar numa pandemia na Europa. Que empresa privada estará interessada num ´negócio' destes, ou terá sequer os meios e a autoridade para arcar com as despesas e a responsabilidade de enfrentar catástrofes desta dimensão?

O caso da empresa nuclear privada TEPCO no desastre nuclear de Fukushima, ou numa escala mais doméstica e entre nós, a forma como os hospitais PPP e clínicas privadas despacham os casos clínicos não rentáveis para o SNS, são provas mais do que palpáveis de que é fundamental e urgente discutir, nesta crise sistémcia que voltou a castigar a poupança pública e o emprego para safar especuladores privados e governos populistas e corruptos, qual deve ser o perímetro vital e estratégico do setor público da atividade económica e segurança de um país, ou de uma união de países, como é o caso da UE.

Antes de recomeçar esta discussão democrática crucial será necessário, porém, afastar os preconceitos ideológicos e a retórica partidária do costume.

Embora não seja aqui o lugar apropriado para expor e discutir a requalificação das nossas democracias doentes, por tudo o que consigo perceber relativamente ao que aí vem, seria bom começarmos a pensar numa espécie de paradigma comunista-capitalista como o próximo enquadramento económico, financeiro, social e cultural da globalização em marcha, e das suas regiões, nações e sociedades complexas.

Para este fim teremos inevitavelmente que rever os atuais pressupostos institucionais dos regimes políticos assentes em democracias e classes médias profissionais e culturais. Teremos, porventura, que caminhar na direção de economias de planificação global estratégica finamente articuladas e geridas, ao mesmo tempo que são alimentadas por vastos rizomas democráticos onde devem estar presentes com igual capacidade de influenciar as decisões públicas, as velhas e depauperadas instituições parlamentares, partidárias e governativas saídas de Montesquieu, da Revolução Francesa e do Jacobinismo (que precisam de uma reforma drástica e urgente), a par da miríade de instâncias de competência democrática, cultural e técnica que têm vindo a proliferar como efeito salutar da expansão dos níveis cognitivos e éticos das sociedades tecnológicas.

Está na altura de avançarmos para um renascimento democrático do mundo.

Seguro 2.0



Costa continua assustado e inseguro


O atual candidato a secretário-geral do PS corre a contra-gosto, porque no fundo sabe que o risco de perder as próximas eleições legislativas é grande, e porque sabe também que perdendo esta eleição, ou ganhando-a sem maioria, sem Livre que o valha, a sua já longa tarimba poderá terminar mais cedo do que alguma vez imaginou.

  • Costa não quis desafiar Seguro da primeira vez que desafiou.
  • Costa não quis desafiar Seguro quando foi empurrado a repetir a dose (Seguro, se tivesse sido rápido e certeiro, teria aceitado imediatamente o congresso extraordinário pretendido por Costa — e teria ganho).
  • Costa não deixou a Câmara Municipal de Lisboa, nem quando anunciou que queria derrubar Seguro, nem depois de o derrubar — apesar de em julho de 2013 ter dito publicamente que “É incompatível ser Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Presidente do Partido Socialista”.
  • Costa continuou a usar a tribuna do Quadratura do Cìrculo para fazer propaganda subreptícia a seu favor, antes, durante e depois de desafiar a liderança do PS ao agora demissionário secretário-geral, António José Seguro.
  • Costa não esmagou o seu adversário e perante a ameaça de ter que enfrentar Álvaro Beleza nas eleições diretas e no congresso extraordinário que se aproximam, cedeu imediatamente 1/3 das posições de poder dentro do partido, deixando muitos cortesãos e cortesãs que borboletam à volta do Costa, com as línguas secas.
  • Costa não revelou ainda que posições vai tomar no debate do Orçamento de 2015, e relativamente à próxima 'visita' da Troika. Provavelmente fará uns comentários na Quadratura do Cìrculo, e irá sussurrar ao telemóvel de Ferro Rodrigues o que este deverá dizer.
  • Costa, apesar de oblíquo, hesitante e de gostar de biombos, recusou-se a acatar a lei que preside ao CADA (Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos), andando dois anos e meio de recurso em recurso para não divulgar o célebre relatório do ex-verador Nunes da Silva. Foram precisas quatro decisões judiciais, duas delas do Tribunal Constitucional, para o autarca ceder, no que não deixou de ser um ato de autoritarismo tipicamente jacobino de quem se julga, como o outro, dono disto tudo.
Se esta espécie de Seguro 2.0 é um bom candidato a primeiro ministro, vou ali e já venho!

segunda-feira, outubro 06, 2014

Partido Democrático Republicano, fundado a 5 de outubro de 2014

Marinho e Pinto fala para os milhões que não votam


“Este novo partido será um novo 25 de abril sem chaimites.”

“Tal como as nacionalizações não foram irreversíveis, as privatizações também não o serão.”

“Vou fazer o strip-tease que outros se recusam a fazer. Não tenho nada a esconder em relação ao chorudo salário que me pagam”

O Partido Democrático Republicano, fundado hoje em Coimbra, é um partido que pretende ancorar-se firmemente no poder local, moderado, e que pugna pela decência na Política, bem como pela responsabilização e correspondente dignificação dos cargos públicos. O seu manifesto é abrangente, constitucional e sublinha o desejo de promover uma democracia mais livre e transparente, com menos conflitos de interesses, mais participativa, mais justa e solidária, e onde a vida democrática não se esgote nas lógicas frequentemente perversas dos partidos políticos.

É simples e óbvio, mas está por fazer!

As três principais preocupações dos europeus, e dos portugueses (1) por maioria de razão, segundo o Eurobarómetro da última primavera, são:
  1. o custo de vida
  2. o desemprego e a falta de emprego e
  3. o esbulho fiscal
Os partidos parlamentares, no poder há décadas, e que conduziram o país à fossa, não têm uma única resposta útil a estas três preocupações. Logo, aos novos partidos, e entres estes destaco o Nós, cidadãos e o Partido Democrático Republicano, bastará mostrar isto mesmo aos milhões de portugueses que não votam, e mostrar-lhes que está nos boletins que têm nos bolsos, e não têm usado, o poder de mudar tudo isto para melhor, começando desde logo por exigir uma democracia decente — transparente, responsável, livre, justa e solidária.

Para quem quiser saber mais, aqui fica a Declaração de Princípios que publicámos em texto anterior sobre o Partido Democrático Republicano.

AVISO A MARINHO E PINTO

Meu caro, não ataque a propriedade privada, nem as heranças, em nome das grandes fortunas. Em primeiro lugar, porque esse peditório pertence à liturgia do PCP; em segundo lugar, porque a maioria dos portugueses são proprietários e demonstraram ao longo de décadas que não apreciam, nem ataques à propriedade, mesmo à dos ricos, nem assaltos fiscais às heranças ou aos bolsos da poupança; em terceiro lugar, as 'grandes fortunas' indígenas estão a desaparecer ou a deslocalizar-se. Ou seja, em matéria fiscal só há um direção certa: competitividade relativamente aos nossos principais parceiros comerciais (Espanha, Reino Unido, França, etc.), e pugnar por uma fiscalidade europeia comum e equilibrada.

NOTAS
  1. Ler a este propósito o nosso anterior post: Só os ricos estão preocupados com a inflação

Atualização: 7/10/2014, 21:03 WET

domingo, outubro 05, 2014

A virgindade perdida do Livre

Foto©Pedro Freitas Silva/Lusa

Joaquim Tavares diz que a sua papoila pode gerar o voto duplamente útil, e Costa dá uma ajudinha...


“Até agora em Portugal tem existido aquela dicotomia entre o voto útil, que é para mudar o governo e pôr lá outro primeiro-ministro e um voto, que pode ser por convicção, mas que, às vezes, lhe chamam inútil porque não permitiria essa mudança de governo e até constituir um obstáculo”, disse à agência Lusa.

Segundo o membro do grupo de contacto (órgão executivo) do partido, uma expressão eleitoral significativa no “partido da papoila”, nas futuras eleições legislativas, seria além da “disponibilidade que existe de não só influenciar uma governação como de participar nela – controlá-la, fiscalizá-la, não deixar que uma maioria absoluta de um só partido leve tudo à frente e tenha primazia sobre as outras instâncias de deliberação – transformar o voto no Livre num voto duplamente útil”.

Lusa/Obervador
.

O “Livre” troca a sua virgindade, afinal simulada, por uma lugarzinho à sombra da pretendida maioria de esquerda do socratino e tarimbeiro António Costa. No entanto, mesmo que esta dança de varão permitisse ao PS chegar à maioria absoluta nas próximas eleições, com ou sem deputados do Livre, este cadáver esquisito não duraria seis meses — o Cavaco, neste ponto, tem razão. A menos que as virgens do Livre expliquem ao desconfiado eleitorado ao que vêm em matéria de ação governativa—que pactos estão dispostos a rubricar com o PS, e onde ficará a sua linha vermelha face à austeridade—não vejo que possam convencer seja quem for.

Por outro lado, a menos que o Costinha fique a dormitar na Pedratura do Cìrculo, docemente embalado pelos arcanjos Pacheco Pereira e António Lobo Xavier, também esta criatura terá que mostrar, aliás já este mês, o que guarda na sua caixa negra. Alguma ideia para fugir à Troika? Marchar contra Bruxelas e Frankfurt? Imitar o senhor Hollande num qualquer ciclo de cinema cómico do Nimas?

A Câmara Municipal de Lisboa, meia falida, esburacada, mal cheirosa e que inunda à mínima chuvada mais forte, anda à boleia do turismo que as Low Cost lhe trouxeram de borla e à revelia do famoso defunto que foi o putativo Novo Aeroporto de Lisboa na Ota, a famosa defunta que foi a cidade aeroportuária de Alcochete, e a famosa defunta TTT Chelas-Barreiro, só para mencionar três projetos criminosos que o ex-número dois de José Sócrates secundou alegremente. Da 'esquerda à esquerda' do PS que havia nos Paços do Município ouvem-se ainda, por vezes, as ladaínhas de Helena Roseta, mas a 'esquerda à esquerda' do PS, esfumou-se num ápice!

E no entanto, o Partido Socialista precisa desesperadamente de um apêndice de governo, tal como o PSD tem Paulo Portas e o PCP tinha o MDP e agora tem os falsos 'verdes'. Será que Rui Tavares, com toda a ajuda que António Costa começou a prestar-lhe há já algum tempo e hoje publicitou, será capaz de fazer da papoila vermelha a preciosa ajuda de que a velha e corrompida rosa precisa para regressar ao poder? Veremos...

Entretanto, preparem-se para uma aliança entre o PCP-Intersindical e o que resta do Bloco e para as suas greves e ações de rua até às próximas Legislativas. Que responderá, caso a caso, António Costa? Que responderá, caso a caso, a papoila?

Só os ricos estão preocupados com a deflação

Para a maioria dos europeus as principais preocupações chamam-se inflação, emprego e impostos


Basta olhar para estes dois gráficos para percebermos que a consequência universal do empobrecimento europeu, nomeadamente das suas classes médias e profissionais, é o custo de vida. No caso português, a seguir à inflação vem o desemprego e depois os impostos excessivos. Tudo o resto parece ficar bem longe destas preocupações.



O quadro seguinte é sintomático da tranversalidade geracional, de género, social e profissional do fenómeno, sobretudo no caso português, onde os trabalhadores manuais e sem estudos são, ainda assim, os mais atingidos, e os estudantes parecem sentir menos o problema, em parte porque serão na sua maioria dependentes.


Perante estes elucidativos quadros do Barómetro Europeu da primavera passada (junho, 2014), percebe-se que apenas os especuladores e os devedores sistémicos (governos e milhares de grandes empresas, nomeadamente públicas) estão preocupados com o chamado perigo de  deflação. É que a tão pretendida reflação —que a política de destruição das taxas de juro via BCE supostamente pretende induzir— serve apenas para uma coisa: diminuir o peso relativo das dívidas dos devedores sistémicos (valor líquido e serviço das dívidas), à custa dos rendimentos do trabalho e das pequenas/médias poupanças. O contentamento dos partidos políticos refastelados em cima dos orçamentos fiscais e das dívidas públicas adoram juros negativos, pois, na realidade, é uma forma perversa de continuarem a endividar-se pagando juros negativos pelo desplante.

Fica a pergunta: mas se o CPI, ou seja a inflação, se encontra em níveis historicamente baixos, porque se queixa a maioria dos europeus de inflação?

Por uma razão simples: perder rendimento é o mesmo que ver aumentar os preços das coisas. Se eu não tenho dinheiro, tudo é caro. Por outro lado, a tal deflação que anda nas bocas dos devedores sistémicos, dos especuladores e de alguns governantes, políticos e analistas económico-financeiros, corresponde apenas ao abrandamento de uma longa curva ascensional dos preços, nomeadamente de alguns bens importantes —energia, habitação, transportes, ensino—, e na carga fiscal.

Por fim, como a transmissão monetária das patacas emprestadas pelo BCE aos bancos, nomeadamente para que estes comprem dívida soberana, nunca chega à economia real, beneficiando apenas os grandes especuladores profissionais, os governos gastadores mais as suas clientelas, e o status quo burocrático, se houver um regresso da inflação a taxas na ordem dos 2%-3% ou mais, quando a economia real está estagnada ou em recessão intermitente, então sim, teremos uma revolução na Europa!

Atualização: 5/10/2014 09:16 WET

sexta-feira, outubro 03, 2014

Beleza impõe 'minoria' segurista ao socratino Costa


Álvaro Beleza, líder da tendência 'segurista' 
Foto © Nuno Ferrera Santos, Público

Dois Partidos Socialistas, o caduco e a promessa (interrompida) de um novo


António Costa faz acordo com Álvaro Beleza - um terço do partido para seguristas 
Álvaro Beleza não avança com uma candidatura alternativa às diretas mas chegou a acordo com o novo líder socialista: a "quota" segurista vai ter um terço dos lugares partidários. A começar na direção do grupo parlamentar.
Ler mais: Expresso

A noite eleitoral das Primárias do Partido Socialista foi um evento estranho. António José Seguro reconheceu cedo demais a derrota, sem sequer avaliar o património eleitoral e de vontades acumulado à sua volta —apesar da sua débil liderança—; por outro lado, o discurso de vitória de António Costa foi grosseiro e revelou a incomodidade surda nos gestos e nas palavras de um tarimbeiro que parece ter sido empurrado para um papel que não é o seu. No dia seguinte, quando uma jornalista lhe perguntou se iria continuar à frente da Câmara Municipal de Lisboa, pergunta de óbvio interesse, pois ninguém imagina esta criatura a tomar ao mesmo tempo conta da sobre endividada capital do país (esburacada, inundada e fedorenta), a dirigir o PS, a responder à Troika que chega dentro de duas semanas, e a discutir o Orçamento, sem se tornar um perigo público. Pois a resposta arrogante do autarca candidato a primeiro ministro foi que o seu mandato autárquico é até 2017! Pior, soube-se ontem que a criatura vai continuar na Quadratura do Círculo, para melhor esconder a sua falta de ética, de ideias, de estratégia e de coragem. É raro um sargento-ajudante dar um bom oficial, como se está, uma vez mais, a constatar.

António Costa, que no próprio dia das eleições andou a enviar SMS aos militantes do PS apelando ao voto na sua pessoa,  venceu com 67,7% dos votos, Seguro obteve 31,54%, e as abstenções, brancos e nulos roçaram os 30% (29,98%). A apresentação da contagem eleitoral, a cargo da Novabase, deixou muito a desejar. Começaram por apresentar o número de eleitores inscritos, resultados por federação, concelho e secções de voto. Depois deixámos de ver os inscritos e ou as secções de voto durante largas horas, até que, por fim, os resultados lá foram aparecendo nos sítios certos, mas não deixando de suscitar dúvidas sobre todo este processo (ver no fim os pormenores que conseguimos captar).

Costa venceu, mas não convenceu.

O seu miserável discurso de vitória, não mencionando ostensivamente António José Seguro, nem esclarecendo ninguém sobre as suas intenções, apenas se conseguiu medir pela subsequente indicação de Ferro Rodrigues para novo líder da bancada parlamentar, pelo anúncio de que a proposta de redução de deputados da AR não seria prosseguida, e pelo namoro ao Livre, uma das frações que estalou do Bloco de Esquerda e que Costa pretende potenciar para ver se tem parceiro para uma ansiada nova maioria de esquerda. Vai ser lindo assistir a esta valsa entre o cândido Livre e mais alguns estilhaços do Bloco, o PS de Costa e o PCP!

Marinho e Pinto já traçou uma linha clara de demarcação em relação ao Costa e ao que esta criatura representa em matéria de regresso ao passado irresponsável de uma 'esquerda' que se deixou descaradamente corromper pelas delícias do poder.

Mas a verdadeira novidade é o sinal de fraqueza dado por Costa à ameaça certeira de Álvaro Beleza: ou nos dás 1/3 do poder dentro do PS, ou terás que disputar a liderança comigo! O pânico foi evidente e o resultado está à vista: no caso de Costa fraquejar mais cedo do que se espera, há uma alternativa consolidada dentro do Partido Socialista, o 'segurismo' sem Seguro!

Ainda bem.


NOTA SOBRE O REPORTE ELETRÓNICO DAS PRIMÁRIAS DO PS








Eleições Primárias no PS (28/9/2014) | Trapalhada informática?

Dados reportados

29 de setembro

02:11:16 - Inscritos: 160.512 - Votantes : 112.692 - Secções Apuradas: não registámos
-- António Costa: 73.020 (64,80%%); António José Seguro: 38.851 (34,48%%)

02:15:26 - Inscritos: s/ informação - Votantes: 174.516 - Secções Apuradas: 577
-- António Costa: 118.454 (67,88%); António José Seguro: 55.239 (31,65%)

09:13:38 - Inscritos: 248.475 - Votantes: 174.516 - Secções Apuradas: 577
-- António Costa: 118.454** (67,88%); António José Seguro: 55.239** (31,65%)

20:31:28 - Inscritos: 248.573 - Votantes: 174.770 - Secções Apuradas: 578
-- António Costa: 118.272** (67,67%); António José Seguro: 55.171** (31,57%)

** as votações em AC e AJS diminuíram entre as 09:13 e as 20:30 do dia 29, apesar das Secções
Apuradas terem aumentado de 577 para 578. Explicações?

1 de outubro

19:25:56 - Inscritos: 250.811 - Votantes: 177.350 - Secções Apuradas: 610
-- António Costa: 120.188 (67,77%); António José Seguro: 55.928 (31,54%)

quinta-feira, outubro 02, 2014

Para onde irá o QREN 2014-2020?

O senhor Draghi diz que fará tudo o que for preciso...

Monetizar muito ou pouco, depressa ou devagarinho?


Tenho um palpite: os 25 mM€ do próximo QREN vão servir para o que Bruxelas e Frankfurt disserem, e acho que vão dizer que o guito será para reestruturar os sectores deficitários do estado (nomeadamente empresas públicas), para diminuir o tamanho do próprio estado central e autarquias e... para pagar a dívida pública!

Entretanto, para quem acreditava que vinham aí mais patacas, o senhor Dragão do BCE esclareceu hoje que talvez não seja bem assim...

BlackRock bond head says speculators on ECB QE making "mistake"
Reuters, Wed Oct 1, 2014 5:48pm BST

Oct 1 (Reuters) - Investors loading up on some of the euro zone's riskiest government bonds on expectations that the European Central Bank will buy them are making a mistake, BlackRock's head of European and global bonds said on Wednesday.

Partido Democrático Republicano vem para mudar


Marinho e Pinho poderá ser a maior surpresa eleitoral de 2015. 

Rumo a Coimbra no próximo dia 5 de outubro!


Ao contrário do sargento-ajudante socratino que derrubou António José Seguro, afirmando um dia depois da sua indigitação como candidato do PS a primeiro ministro, que o seu mandato na CML só termina em 2017, e evidenciando por todos os neurónios que continua a ter uma cabeça oca de ideias, a Declaração de Princípios do Partido Democrático Republicano (PDR) é uma verdadeira pedrada no charco da nossa indigente e falida partidocracia.

A retoma do PS pela brigada do reumático cor-de-rosa não é solução.

Pior, é uma ameaça à democracia pela via do regresso ao poder da corja de rendeiros e devoristas que atirarou o país para a bancarrota e a desolação social.

As declarações de António Marinho e Pinto à Antena 1 sobre a nova direção do PS são de extrema importância, pelo modo como faz uma separação de águas clara entre o passado que nos corrompeu e arruinou, e o futuro que terá que ser distinto — ou não será.

Quanto a outro dos novos partidos que se perfilam no horizonte, o Nós, Cidadãos, se não encontrar, entretanto, uma voz de liderança visível e que convença, poderá ficar para trás nesta mais do que necessária e urgente refundação da democracia portuguesa, apesar das posições inegavelmente justas que defende. Eu daria a este novo partido um conselho: procure rapidamente um líder com voz e capacidade de sedução!

O PCP vai manter-se como o cadáver adiado que tem sido, podendo degenerar em breve numa espécie de nova tropa de choque arruaceira face aos poderes legítimos. O comportamento arruaceiro da CGTP e sobretudo do lider do sindicato dos professores, quer durante o anterior governo do PS, quer ao longo da presente legislatura, são preocupantes e devem preocupar a democracia.

Quanto ao Bloco e as sua frações, não passarão de migalhas quando chegarem às eleições de 2015.

A vitória dos socratinos foi, ao contrário do que alguns quiseram crer, o melhor que poderia acontecer a Pedro Passos Coelho e à nova liderança do PSD. Pela semelhança existente entre os que derrubaram Seguro e os que querem derrubar Passos Coelho, ficará demonstrado em algumas semanas que o regresso ao passado é, pura e simplesmente, um ato de suicídio político e democrático nas atuais circunstâncias de perda acelerada de autonomia do país face aos credores e a quem terá que continuar a emprestar-nos dinheiro.

Duvido que o PP de Paulo Portas resista às dinâmicas de mudança institucional atualmente em curso. Somando a esta circunstância o facto de o PP de Portas se ter posicionado até hoje como mero apêndice oportunista da estabilidade governativa do regime, o mais provável é que a próxima maioria relativa do PSD tenha que virar-se para outras paisagens. Quais? Tudo dependerá dos novos partidos que chegarem ao parlamento a eleger em 2015.

Lemos a Declaração de Princípios do PDR, que apoiamos sem reservas, seja pelo que tem de continuidade democrática, seja pelo que anuncia de alterações claras e definitivas nos maus hábitos criados pela partidocracia vigente.

Desde sempre este blogue assumiu posições e tomou partido.

Sem prejuízo das ideias próprias, fomos naturalmente navegando à vista no mar encapelado da nossa exangue democracia. Somos favoráveis a um Portugal onde predominem as liberdades, a democracia, a separação efetiva de poderes, a justiça social e a solidariedade entre quem vive neste país, mas também à ambição de colocar Portugal a par dos mais competitivos, democrátios e libertários países do mundo.

Há muito que defendemos a necessidade imperiosa da alteração do status quo do regime, bem como uma mudança profunda nas nossas metodologias democráticas. Com alguns amigos chegámos a desenhar um novo partido, a que chamámos, para simplificar e tornar clara a direção, Partido Democrata. Foi um exercício útil de pensamento, com uma mão cheia de ideias que podem ser consultadas. A Demo permanecerá disponível para quem desejar conhecê-la.

Até às próximas Legislativas iremos observar criticamente os dois novos partidos (Partido Democrático Republicano e Nós, cidadãos), os quais poderão, se trabalharem bem e convencerem os portugueses, fazer a diferença que tanta falta faz neste momento.

A superação da crise profunda em que estamos precisa de uma luz ao fundo do túnel e precisa de uma esperança credível.

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DO PARTIDO DEMOCRÁTICO REPUBLICANO

1. O Partido Democrático Republicano (PDR) funda-se nos princípios constitucionais da democracia e da República e visa defender e aprofundar os correspondentes valores, na base da dignidade humana, da liberdade, da igualdade, da justiça e da solidariedade.

2. O PDR defende o aprofundamento da democracia política, económica e social.

3. No plano da democracia política, o PDR defende a democracia representativa e parlamentar, baseada em eleições livres e justas, na proximidade entre eleitores e eleitos, num sistema misto de representação proporcional personalizado e de maioria, na plena responsabilidade parlamentar do Governo e, em geral, na responsabilidade política dos eleitos perante os eleitores.

4. O PDR defende a democracia participativa através da intervenção dos cidadãos e das organizações sociais no debate político e no controlo das decisões politicas em todos os níveis do poder político e defende o recurso ao referendo nos termos da Constituição e da lei. Defende também a possibilidade de os cidadãos poderem candidatar-se em listas próprias a todos os órgãos políticos.

5. No domínio da democracia económica, o PDR pugnará por um modelo de economia de mercado estruturado em torno dos cidadãos que respeite os seus direitos, quer enquanto trabalhadores inseridos no processo de produção, nomeadamente o direito de intervenção na vida das empresas, quer enquanto consumidores, protegendo-os dos abusos do mercado. Um tal modelo económico deve assentar, naturalmente, na concorrência, na liberdade de empresa e de investimento, na regulação dos excessos e das insuficiências do mercado e na protecção do ambiente e do ordenamento do território. Pugnará também pela real subordinação do poder económico ao poder político democrático, por um controlo político da concentração do poder económico e por uma efectiva responsabilização social das empresas.

6. No plano da democracia social, o PDR defende um Estado social avançado, baseado na realização dos direitos sociais (nomeadamente dos direitos à educação, à habitação, à saúde, à protecção e à segurança social), na garantia dos serviços públicos essenciais (designadamente água, energia, serviços postais e comunicações, transportes públicos), na progressividade fiscal e na tributação das grandes fortunas herdadas.

7. Na sua vertente republicana, o PDR defende a igualdade cívica, sem privilégios de nascimento nem discriminações de qualquer espécie, a proibição de uso oficial de títulos nobiliárquicos, a temporariedade e a limitação do número de mandatos políticos, a transparência e a responsabilidade no exercício dos cargos políticos, a estrita incompatibilidade entre a causa pública e os interesses privados, a laicidade do Estado e a não confessionalidade do ensino público, o estrito controlo das finanças partidárias, a luta efetiva contra a corrupção e o tráfico de influências e em geral contra todas as formas de enriquecimento à custa do interesse público.

8. O PDR defende a rigorosa observância dos princípios do Estado de direito, baseado na constitucionalidade das leis e na legalidade da Administração, na garantia dos direitos e liberdades individuais reconhecidos na Constituição, na Convenção Europeia de Direitos Humanos e na Carta de Direitos Fundamentais da UE, no acesso universal à justiça e ao patrocínio judiciário, na plena independência dos tribunais e dos juízes (incluindo a exclusão do exercício de cargos governamentais, a proibição de filiação partidária ou de filiação em outras organizações susceptíveis de atentar contra a independência e imparcialidade judicial, a proibição das greves e de manifestações de juízes) e na responsabilidade do Estado pelos danos causados por acções ou omissões ilícitas.

9. O PDR defende uma reorganização administrativa do território nacional com vista ao aprofundamento da democracia local, descentralização e regionalização, combatendo os caciquismos e os feudos locais. O PDR pugnará pelo desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional, com especial atenção para as zonas mais esquecidas e abandonadas do interior do país, reforçando a presença do estado, nomeadamente nos domínios da educação e ensino, da justiça e da saúde.

10. O PDR defende a integração europeia, como factor de paz, de liberdade e de prosperidade compartilhada, na base dos princípios da igualdade dos Estados-membros, da legitimidade democrática e da transparência das instituições europeias e da solidariedade entre todos os europeus sem discriminações nem hegemonias. Defende também, com firmeza, a consolidação de cidadania europeia que garanta uma igualdade de todos os cidadãos, independentemente da sua nacionalidade, no acesso aos benefícios do progresso e do desenvolvimento.

11. O PDR defende no plano da política externa a aplicação dos princípios da Carta das Nações Unidas em favor da paz e da segurança colectiva, o controlo e a regulação da globalização económica e financeira, a extinção dos paraísos fiscais, o apoio ao desenvolvimento, a erradicação da pobreza, a luta contra as mudanças climáticas e o combate ao terrorismo e aos fundamentalismos atentatórios da dignidade e da liberdade humanas.

terça-feira, setembro 30, 2014

A partir de 2015 comboios internacionais ficam na fronteira!

Eixos ferroviários prioritários da TEN-T financiávei pela UE


O boicote promovido pelo Bloco Central da Corrupção contra o 'TGV' vai transformar Portugal numa ilha ferroviária. Cortesia da cleptocracia que temos e da indigente imprensa que a apoia


A ofensiva da Brigada do Reumático do Bloco Central fez a sua primeira vítima (pôs-se a jeito, é certo). E agora irá virar toda a sua artilharia, que é muita, contra Passos Coelho. Aguentará este o embate ou não?

Eu acho que este governo tem que anunciar durante o debate do próximo Orçamento algumas ideias fortes, se não quiser morrer na praia. Aqui vão algumas, de borla.

  1. Porto de águas profundas na Trafaria com fecho da Golada do Tejo e proteção garantida da Costa da Caparica (seriamente ameaçada pelo mar...)
  2. Aeroporto Low Cost no Montijo, com ligação ferroviária entre o Montijo e Pinhal Novo (já existe, é só reativar...)
  3. Lançamento imediato da linha ferroviária de duas vias em bitola europeia (UIC) entre Pinhal Novo e Caia, com ramais na mesma bitola para Setúbal (cidade e porto) e Sines. IMPORTANTE: Ana Pastor anunciou esta semana mais investimentos na ligação Madrid-Badajoz (Caia). Quando esta ligação estiver terminada, antes de 2020, a ligação ferroviária Lisboa-Madrid será inexoravelmente interrompida em Elvas, obrigando ao transbordo de pessoas e mercadorias para a nova linha de bitola europeia com estação em Caia.
  4. Lançamento da linha ferroviária de duas vias em bitola europeia entre Aveiro e Salamanca. IMPORTANTE: Salamanca e Zamora estarão ligadas à rede espanhola de bitola europeia (UIC) em 2015, ou seja, a partir desta data os comboios portugueses da linha Aveiro Salamanca terão que fazer transbordo de mercadorias no porto seco de Salamanca, para onde os transitários rodoviários portugueses (Luis Simões, etc.) já estão a mudar-se!
  5. Lançamento de uma política de 'flat rates' para consumos mínimos de água e energia, garantidas gratuitamente pelo estado aos cidadãos mais necessitados. Esta medida deverá ser acompanhada por uma redução drástica das rendas da REN, EDP, GALP-Energia, Iberdrola, Endesa e das Águas de Portugal.
  6. Atribuição de novas competências e responsabilidade administrativas e sociais às Juntas de Freguesia que, em consórcio institucional com as Paróquias, as Misericórdias e os Agrupamentos Escolares do Ensino Básico e Secundário deverão passar a ter uma função crucial no combate ao flagelo social desta crise. A necessidade de encolher o estado paquidérmico e partidocrata que temos e a complexidae tecnológica crescente das sociedades exigem novas soluções, simultaneamente criativas, eficazes, e compatíveis com a economia que temos.
  7. Anúncio de uma iniciativa legislativa sobre a diminuição do número de deputados da AR (para o mínimo previsto na lei) sem perda da diversidade ideológica do parlamento — o que seria conseguido por uma mudança das regras da representação e de proteção das minorias ideológicas.
Em suma, quem for amigo do homem que ainda nos governa, faça-me o favor de lhe fazer chegar estas ideias bem intencionadas.

Sem transportes competitivos não há economia, nem recuperação possível


É urgente cumprir o que foi prometido, assinado e está previsto pela União Europeia: ligar as capitais portuguesas (do Norte e do Sul) e os portos marítimos portugueses (do Norte e do Sul) à Rede Transeuropeia de Transportes (TEN-T), apostando ao mesmo tempo no transporte aéreo low cost.




A Espanha está a construir linhas com os parâmetros da RTE-T (bitola UIC, eletrificação, sinalização e segurança). Não irão, por conseguinte, construir vias únicas ou vias únicas com diferentes bitolas para servir a ronha do ex-BES+Mota-Engil e do Bloco Central que ameaça regressar, pela mão do sargento-ajudante Costa. O novo troço Évora-Badajoz, prolongando a via única existente Évora-Lisboa (ideia apresentada na Sociedade de Geografia de Lisboa pelo célebre engenheiro Matias, o mesmo que defendeu com unhas e dentes o famoso embuste da Ota) é mais um embuste de milhões de euros para o lixo. Desde logo porque nada tem que ver com a RTE-T, prioridade europeia, e que como tal não receberá um cêntimo de Bruxelas, do BCE ou do BEI. A CP tem desempenhado neste particular um papel de subserviência indigente merecedora de total condenação e exposição pública. Propalar junto dos ignorantes ministros que podemos continuar parados porque a Espanha só chegará a Badajoz e Salamanca em 2030 é um parecer criminoso cuja autoria deve ser esclarecida imediatamente e remediada sem apelo nem agravo.

As provas do novo embuste


Madrid-Galiza: 2018

Galicia repite en 2015 como tercera comunidad en inversión por el AVE
EL País. David Reinero Santiago de Compostela 30 SEP 2014 - 14:15 CEST

...Además de la línea a la Meseta, Adif también prevé 111 millones para terminar el Eje Atlántico entre A Coruña y Vigo, que entrará en servicio el próximo año.

Thales y Siemens logran un contrato de 512 millones en el AVE a Galicia
El País, Madrid 26 SEP 2014 - 19:47 CEST

...Asimismo, Adif ha adjudicado a Isolux Corsán la construcción de otro tramo del AVE extremeño a su paso por la provincia de Badajoz, por un importe de 16,50 millones de euros.

Las inversiones en infraestructuras crecen un 8,8% respecto al proyecto de 2014
Alejandro Bolaños Madrid 30 SEP 2014 - 12:15 CEST

Adif, ente público titular y promotor de la red ferroviaria, anunció recientemente que en 2015 se pondrán en servicios 1.000 kilómetros de líneas AVE, con lo que la Alta Velocidad llegará a Zamora y Ourense, a Burgos, a Palencia y León, además de a Murcia.

Madrid-Salamanca: 2015

La Alta Velocidad unirá Salamanca y Zamora con Madrid en abril de 2015
02.12.13 - 14:41 - EL NORTE | VALLADOLID

La Alta Velocidad ferroviaria unirá las ciudades de Salamanca, Zamora y Madrid en abril de 2015, lo que reducirá los tiempos de viaje entre la capital de España y Medina del Campo a una hora y hasta los 86 minutos con la ciudad del Tormes, según explicaron hoy el director general de Explotación y Construcciones de Adif (Administrador de Infraestructuras Ferroviarias), Antonio Gutiérrez, y la ministra de Fomento, Ana Pastor.

Madrid-Badajoz: 2015-16

Moncloa echa un cable a Monago e impulsa el AVE a Extremadura a menos de un año para las autonómicas
Voz Populi, 16-05-2014

El trazado entre Madrid y la frontera portuguesa no estará entre los afectados por la revisión de los planes de Fomento en lo que se refiere a la alta velocidad. Para muestra, sólo en esta semana se han licitado contratos valorados en más de 400 millones de euros.

El Ministerio de Fomento va despejando dudas sobre el futuro de la red de alta velocidad que aún está por desarrollar y cuya viabilidad está siendo objeto de estudio. Entre los proyectos que seguirán adelante estará el AVE entre Madrid y Extremadura, que en los últimos días ha sido impulsado por el Administrador de Infraestructuras Ferroviarias (Adif) con licitaciones para este trazado valoradas en más de 400 millones de euros.

A rede europeia privilegia a ligação Irun - Madrid - Sevilha - Algeciras - Marrocos

Infrastructure - TEN-T - Connecting Europe
News (11/09/2014)

€11.9 billion to improve European connections

The European Commission has on 11 September 2014 invited Member States to propose projects to use €11.9 billion of EU funding to improve European transport connections. This is the largest ever single amount of EU funding earmarked for transport infrastructure. Member States have until 26th February 2015 to submit their bids.

O que dizem dois especialistas independentes


PP
  1. A estratégia marroquina-francesa tem sido o motor do desenvolvimento do Y basco e da linha de alta velocidade do sudoeste europeu (Algeciras-Madrid-Irun). Os franceses e os marroquinos querem criar uma espécie de "ponte" por cima de Espanha que ligue o mais rapidamente possível a França a Marrocos. E já perceberam que a melhor ligação é por Irun (e não por Barcelona, nem por qualquer outro ponto).
  2. Para contrariar esta estratégia francesa-marroquina, Madrid tentou fazer um 3º canal a ligar a Espanha a França, atravessando os Pirinéus por Zaragoza. A ser feita esta linha, ela morreria do lado francês, no meio de nada. Os franceses querem privilegiar a costa ocidental francesa, mais desenvolvida. Para esta tolice, a proposta madrilena do 3º canal, que nos afetaria seriamente porque se afastava do eixo Vilar Formoso-Irun, contou com o apoio do governo português e até de alguns professores universitários (já nada me espanta...). Contudo, os franceses opuseram-se e privilegiaram o canal Algeciras-Madrid-Irun, que depois se prolonga pela linha do TGV Paris-Bordéus. Esta foi a razão das obras no Y basco.
  3. Não vale a pena ter em consideração os disparates que têm sido defendidos pelos governantes, pela ADFERSIT e outros apêndices do poder, sobre as obras e os prazos de conclusão das linhas que interessam a Portugal. Geralmente é gente que nada percebe do assunto, mandam bocas e falam no ar e passam pelas cadeiras do poder, mas nada fazem de concreto e de positivo. Os espanhóis até agradecem que os nossos governantes e seus apêndices digam que não se vai fazer nada nas ligações a Portugal. Assim Portugal ficará perfeitamente dependente de Espanha daqui a meia dúzia de anos, o que não deixa de ser lamentável...

RMVS
  1. Salvo melhor interpretação, a estratégia baseia-se em fazer eventualmente alguma coisa mas só depois de 2025, porque se espera que em 2025/30 o Aeroporto da Portela (e o do Montijo) atinjam os seus limites máximos. Ora se só lá para 2030 é que voltaremos a falar do NAL, o melhor, por agora, será não fazer nada que perturbe os investimentos nos terrenos de Alcochete.
  2. Alguns supostos responsáveis alegam falta de informação para poderem decidir. Esse deve ser o discurso oficial para nada fazer. Ora estando Espanha (França) e Portugal em competição aberta por financiamentos comunitários, não acredito que a Espanha abra o jogo com Portugal. Espanha tem respondido à verborreia dos governantes portugueses com uma arma simples e eficaz: o facto consumado!
  3. Com um ano de antecipação alertou-se para o facto de que Espanha estar a preparar o encerramento das linhas de bitola ibérica junto à fronteira portuguesa, situação que foi, aliás, comprovada pelo documento entregue pela Pastor ao Álvaro.
  4. Já relativamente à situação da linha da Beira Alta, alertamos com 15 dias de antecedência, sendo certo que em Salamanca irão entroncar as linhas vindas da Galiza, com a que se destina a Irun e Madrid. Só mesmo um cego é que terá dificuldades em chegar a esta conclusão. Presumo que Portugal não irá fazer nada, certamente porque ainda não viu provas e/ou documentos oficiais do que está efetivamente em obra e pode ser comprovado por quem tem a obrigação de se informar em matéria estratégtica de tamanha relevância. A Espanha, primeiro faz, e depois inicia o serviço, dispensando-se de nos entregar qualquer tipo de provas ou documentos oficiais, dada a volatilidade do posicionamento oficial de Lisboa.
  5. Parece-me claro que a Base do Montijo já terá sido aceite (entre dentes) para as Low Cost. 
  6. Por outro lado, a estagnação do país e o seu endividamento excessivo obrigam a adiar o NAL, contra o gosto de quem tanto 'investiu' já em Alcochete. O bode expiatório para nada se fazer em matéria de UIC é, porém, o enxame das Low Cost. Tanta desgraça junta é devida às Low Cost, pois se estas não existissem, já haveria NAL na Ota ou na Ota em Alcochete. E no entanto, a ligação AV entre Lisboa e o resto de Espanha (Madrid, Córdova, Sevilla, Valladolid, etc.) seria capaz de roubar metade do negócio que ainda é a ponte aérea Lisboa-Madrid. Outro motivo para boicotar o TGV, claro!
  7. Relativamente à questão portuária, Espanha faz muito bem em defender os seus interesses, acertando posições com França e Marrocos. Por cá, e salvo melhor opinião, anda tudo a ver navios.
  8. Quanto à dependência em que ficaremos relativamente a Espanha ela é incontornável — e já não só no setor financeiro! Não acredito que Espanha mantenha duas bitolas só para nos satisfazer caprichos. Têm que racionalizar e poupar. E mais importante ainda, qualquer sistema ferroviário assenta na segurança. E libertar-se de qualquer fator de entropia que possa beliscar essa segurança é ponto assente em qualquer planeamento estratégico feito com pés e cabeça — além de que, o desastre ferroviário de Santiago serviu de lição a quem tenha andado a facilitar, eventualmente por motivos de agenda eleitoral. Estou a referir-me, por exemplo, à carga de entropia como barragem ao eventual uso do 3º carril na linha Beira Alta. Por sua vez, da experiência existente da Linha do Norte, era bem mais económico fazer ao lado da actual linha uma linha (mesmo única) em bitola UIC — estilo vai-e-vém de alta velocidade.
  9. Finalmente, li ainda há pouco que Espanha vai iniciar em breve os serviços comerciais de AV em mais 1000 km de UIC. A Espanha terá dificuldade em discriminar uma região em detrimento de outra. Ora estando a ligação Galiza / Madrid / Hendaye em bom ritmo, não estou a ver os manchegos da Extremadura a ficarem para 2º plano.

Hollande dá último empurrão para o colapso da França

Um gráfico demonstrativo das causas estruturais do colapso que se avizinha

Dívida pública francesa supera os dois biliões de euros (2E12€)


Pour la première fois, la dette publique de la France dépasse les 2000 milliards d'euros
Réunion 1ère avec Francetv info
Publié le 30/09/2014 | 11:10, mis à jour le 30/09/2014 | 11:10

La dette publique de la France s'est établie à 2 023,7 milliards d'euros à la fin du deuxième trimestre, dépassant pour la première fois la barre symbolique des 2 000 milliards, a annoncé, mardi 30 septembre, l'Insee. Rapportée à la richesse nationale, cette dette, mesurée selon les critères de Maastricht, atteint 95,1% du PIB (Produit intérieur brut).

A agência noticiosa pública Lusa e o DN anunciam esta manhã que a dívida pública francesa superou os 'dois mil milhões de euros'. Enganaram-se só em 1 998 000 000 000€, uma quantia equivalente a 1998 pontes Vasco da Gama!

Se há coisa de que não precisamos é de uma agência noticiosa pública, a LUSA, generosamente paga com os nossos impostos, que nem sequer para traduzir uma notícia serve. Um MILLIARD são MIL MILHÕES, i.e 10E9. Logo, a dívida pública francesa acaba se superar os DOIS BILIÕES DE EUROS e não, como diz a analfabeta Lusa, "dois mil milhões de euros"*. Não haverá na dita agência, nem no DN, ninguém que saiba, ao menos, distinguir um milhão de mil milhões e mil milhões de um milhão de milhões, ou seja, de um bilião? Já bem bastam os nossos políticos e boa parte dos econometristas que temos, que continuam a confundir milhões com biliões. O resultado está à vista :(

Mas vamos ao que interessa: o gráfico acima mostra que a notícia de hoje estava escrita nos gráficos há muito, mesmo antes de o 'socialista' Hollande ter sido eleito com base na promessa populista de que iria levantar a França. A mesma ideia demagógica e populista que o sargento-ajudante da corja rendeira e devorista lusitana, o cabotino Costa, também promete prosseguir se um dia os portugueses, de cabeça perdida, resolvessem apostar nesta criatura sem ideias mas com uma tarimba partidária que vem dos bancos do Secundário!

A Europa, tal como os Estados Unidos, o Japão, e agora a China, cuja bolha imobiliária rebentou em sincronia com o sit-in de Hong-Kong (a já chamada Primavera dos Guarda-chuvas), estão enredados num problema global chamado pico do crescimento. Trata-se de uma longa era (1896-2008*) que já chegou ao fim, cuja crise se manifesta desde meados dos anos 70 do século passado, mas que só agora começamos a perceber, quando olhamos pelo retrovisor das estatísticas.

Deixou de haver petróleo barato, a inflação dos preços das outras matérias primas é estrutural, mesmo quando há flutuações em baixa motivadas pelos jogos de derivados ou pela queda da procura causada, sobretudo, pela queda do poder de compra, por sua vez causada pelo deemprego, por sua vez causada pela falência de milhões de empresas e serviços públicos sobre endividados a que os bancos só conseguem acudir através de uma fraude sistémica do sistema monetário, por sua vez induzida pelos governos em bancarrota financeira, social e política. O desespero a que os demagogos chamam 'crescimento' não é mais do que a tentativa desesperada de reinflacionar as economias. O intento está condenado ao fracasso,  mas pior do que isso, ao darmos largas à demagogia populista dos Hollande, dos pseudo Sócrates e dos Costinhas deste mundo, estamos a deixar promover o sobre endividamento público e privado dos países para lá de todos os limites da racionalidade. O resultado só poderá ser catastrófico, quer dizer, uma implosão em cascata das grandes economias, eventualmente precedido de dezenas de bancarrotas nos países periféricos. É o que estamos neste momento a ver: depois da Islândia, Irlanda, Grécia, Espanha, Chipre e Portugal, ou da Venezuela (apesar de ser o 9º produtor mundial e o 10º exportador mundial de petróleo) e da Argentina, etc., seguir-se-ão países como a França, o Reino Unido e os Estados Unidos da América.

Será uma III Guerra Mundial suficiente para restabelecer o equilíbrio?

Não creio que tenhamos pela frente uma nova guerra mundial como as duas famosas guerras de destruição maciça que o século 20 conheceu. O mais provável é assistirmos a uma espécie de guerra global assimétrica durante décadas a fio, basicamente centradas na distribuição mundial do petróleo, do gás natural e de algumas matérias primas essenciais.

É por tudo isto que o patamar ultrapassado pela dívida pública francesa —dois biliões de euros— é um sinal de alarme que devemos levar muito a sério. Lá como cá, temos que deixar de dar ouvidos às sereias disléxicas da partidocracia, e temos que partir para uma refundação racional do sistema de liberdades públicas e de democracia ajustado à nova era de contenção e criatividade potencial que se abre diante de todos nós. António Costa não é nenhum Sebastião 2.0, e se fosse, seria a nossa completa desgraça coletiva.



* Em português de Portugal um BILIÃO são 10E12, ou seja, um MILHÃO DE MILHÕES. No Brasil, que segue acriticamente o sistema americano nesta matéria, como noutras, usam o termo BILHÃO para 10E9, o nosso MILHAR DE MILHÃO. Portanto, é fácil: UM BILIÃO = 10E12, e UM BILHÃO=10E9. Seja como for, uma vez que em Portugal os nossos analfabetos políticos e jornalistas já aprenderam a dizer MIL MILHÕES, então, em coerência, e sobretudo por respeito pelo tipo de escala aritmética entre nós usada, terão que dizer BILIÃO quando querem enunciar um valor de 10E12, como é o caso da dívida francesa.


** Sobre isto ler The Great Wave, Price Revolution and the Rhythm of History, de D H Fischer (1996). Segundo Fischer a era inflacionária do século 20 transcorreu entre 1896 e 1996. No entanto, o ano 2008, doze anos depois de publicado este importante estudo, marca definitivamente o início de uma nova longa era de baixa inflação, quebra progressiva dos rendimentos do trabalho, desemprego estrutural e crescimento real da economia global entre 0 e 1%. Curiosamente, ao longo dos tempos, estes períodos longos são geralmente propícios à invenção. Não nos esqueçamos que boa parte das descobertas científicas que permitiram o desenvolvimento tecnológico do século 20 decorreram nos séculos 17, 18 e sobretudo 19.