sábado, julho 31, 2010

Crises of Capitalism



Um dos maiores obstáculos à compreensão do que nos rodeia tem origem não apenas nas cortinas de distorção mediática e ilusão impostas pelos verdadeiros conspiradores que mantêm o sistema, mas também na própria dificuldade intrínseca à exposição conceptual e narrativa dos problemas. David Harvey, um extraordinário intelectual, e Cognitive Media, conseguem-no de forma notável nesta inteligente e divertida simbiose. A união entre o conhecimento e a arte faz toda a diferença.

Originalmente publicado pela REUTERS.

quinta-feira, julho 29, 2010

Marx e a América



David Harvey é seguramente uma das vozes mais criativas do pensamento marxista actual. Vale a pena seguir cada uma das suas comunicações publicadas na Net. Por exemplo esta: The Urban Roots of the Fiscal Crisis — uma longa conferência especialmente esclarecedora das origens e consequências da actual crise sistémica global do Capitalismo na sua específica relação com o fenómeno da especulação imobiliária e a fuga do capitalismo avançado em direcção ao endividamento exponencial dos indivíduos, empresas e Estados.

Em The Crisis Today: Marxism 2009, Harvey faz, no essencial, uma rápida mas incisiva excursão ao pensamento de Karl Marx tocando aspectos cruciais da actual fase de pré-colapso económico, financeiro, social e ambiental da humanidade.

Curiosamente, o ponto central destas suas observações sobre o pensamento original de Marx é o da natureza ideológica intrínseca da tecnologia — que o filósofo alemão percebeu até ao âmago em pleno século 19.

Aquilo que somos levados a perceber como consequência neutra do conhecimento desprendido é afinal um fato à medida da própria lógica intrínseca de um determinado sistema social. Daí a pergunta pertinente de Harvey: como seria hoje a nossa relação com a Natureza se em vez de uma sociedade capitalista em grave crise tivéssemos uma autêntica sociedade socialista? Harvey refere-se obviamente à sociedade socialista de Karl Marx, e não a nenhum dos regimes ditatoriais que abusaram deste nome:  leninistas, estalinistas, maoístas, ou os vários oportunistas social-democratas.

À medida que as classes médias ocidentais forem sendo expropriadas dos seus bens, da possibilidade de trabalhar, dos direitos sociais conquistados, e sobretudo das ilusões e do imenso imaginário cultural que foram criando ao longo de mais de meio século de optimismo, começará muito provavelmente a acumular-se uma nova energia social —sobretudo urbana e suburbana—explosiva cujo desenlace só poderá ser o da transformação do capitalismo decadente actual noutra coisa qualquer.

Acontece que as classes médias actuais são intelectualmente desenvolvidas e conhecem as tecnologias. Não vai ser portanto fácil ludibriar-las, nem sobretudo confrontar tais comunidades em nome do enriquecimento maníaco-depressivo das corruptas elites que governam as várias regiões do mundo.

Stress tests: uma prova falsificada

The Triumph of the Financial World's Lobbyists

By Hans-Jürgen Schlamp in Brussels

[...] As things currently stand, Greece, Ireland, Portugal and several other countries are so deeply indebted that it is difficult to even imagine how they could ever emerge from their debt spiral. The more public revenues they are forced to divert to paying off the interest on their loans, the less they have to pay for schools, streets, soldiers and social services - which in turn forces them to take on more debt. It is no longer unthinkable that an EU member state might go bankrupt. — Spiegel Online.

A prova de esforço do euro foi uma monumental mistificação.

Desde logo porque os bancos cobram juros usurários nos poucos empréstimos que "concedem", nomeadamente aos governos, com dinheiro público que lhes é emprestado pelo BCE!

Pagam por este dinheitro público, largamente virtual, e por conseguinte inflacionista, 1,75%, tendo estado a inflação de Junho a 1,40%. Ou seja, recebem dinheiro praticamente gratuito dos bolsos dos contribuintes para posteriormente o emprestarem aos governos e aos mesmos contribuintes com juros usurários. Ou seja, estamos na presença de um dos maiores esbulhos de riqueza privada e pública de que há memória — em nome da salvação do nosso querido sistema financeiro.

Quando alguém se atrasa no pagamento de um empréstimo, por exemplo sobre uma conta-ordenado, os juros de mora chegam a ultrapassar os 26%! É esta a explicação mais verosímil para os famosos lucros bancários em tempo de crise.

Acontece, porém, que a espiral do endividamento soberano em boa parte dos países ocidentais vai dar como resultado, provavelmente já em 2011 ou 2012, a novo e mais catastrófico colapso financeiro, seguido de um agravamento da crise actual, a qual terá apenas algumas melhoras ligeiras nesta fase de alívio artificial.

As minhas recomendações continuam pois a ser as mesmas desde 2007: fujam das dívidas a todo o custo, invistam em propriedades agrícolas com solos em bom estado, comprem ouro, deixem as periferias desprovidas de transportes públicos,  aproximem-se dos centros urbanos e, finalmente, participem activamente em redes profissionais e grupos de interesses específicos cujos assuntos dominem ou queiram conhecer melhor: energia, alimentação, transportes, voluntariado e solidariedade.

Sacos azuis e horizontes eleitorais (2)

Sem precisar o montante da dívida às empresas portuguesas, Eduardo dos Santos referiu-se à dívida geral angolana a empresas, de 6,8 mil milhões de dólares (5,2 mil milhões de euros), estimando que “30 por cento deste valor” seja referente às empresas portuguesas. — Público.

O autarca de Gaia, naquele desvario intelectual que sempre o caracteriza, vangloriava-se, com se de feito próprio se tratasse, perante as câmaras do Mário Crespo (SCI-N), da verdadeira lança espetada por Cavaco Silva em África. O actual presidente da república teria garantido a sua reeleição nesta viagem africana, disse. Só não explicou como...

Eu prevejo que seja assim: se as empresas portuguesas recuperarem os cerca de 1560 milhões de euros entalados em Angola, à conta da intermediação do senhor Cavavo Silva —presidente da república portuguesa— não me custa nada a crer que os empresários aliviados estejam dispostas a alargar os cordões à bolsa entre 1 e 3% da massa recuperada. É um preço justo pelo resgaste, não acham?

Ora bem, pelas minhas contas, isso seriam qualquer coisa entre 15 e 46,8 milhões de euros.

Não há almoços de borla. Nem em Belém?

Sacos azuis e horizontes eleitorais

PT confirma venda da Vivo à Telefónica por 7,5 mil milhões pagos em três tranches

[...] A Portugal Telecom acordou com a Telefónica vender-lhe a sua posição na Vivo por 7,5 mil milhões de euros e vai fazê-lo em três tranches até Outubro de 2011.

A primeira tranche, de 4,5 mil milhões de euros, será paga o mais tardar dentro de 60 dias. Mais mil milhões de euros chegarão à PT a 30 de Dezembro de 2010 e os restantes dois mil milhões até 31 de Outubro de 2011. — Jornal de Negócios.
Em 11 de Maio de 2010 a Telefonica ofereceu 5700 milhões de euros pelos 50% da Brasilcel. Depois da ameaça iminente de uso da Golden Share por parte do governo a oferta foi subindo rapidamente até aos 7150 milhões de euros. Sócrates resolveu, como se esperava, accionar a Golden Share. A corda ficou a ponto de partir, mas era tudo a fingir.  Os espanhóis da Moncloa e da Zarzuela (espécie de Cavalo de Tróia dos americanos e ingleses na América do Sul, com o objectivo expresso de dificultar a emergência do Brasil) pagariam o que fosse preciso, e portanto pagaram a astronómica quantia de 7500 milhões de euros pelo controlo total da Vivo.

As contas de chico-esperto feitas na SIC-N pelo autarca da cidade falida de Vila Nova de Gaia, a par dos seus elogios trapalhões à famigerada inocência de Sócrates seja lá no que for, revela à saciedade a fibra da criatura. Mas a verdade é outra.

A pressão castelhana era uma pressão insistente há anos. O objectivo traçado pelas esferas políticas que controlam a "100% privada" Telefonica traduz claramente um dos vários movimentos estratégicos da política externa da Moncloa e da Zarzuela, isto é do PSOE e do PP, bem como do rei de Espanha: colaborar com o Reino Unido e com os Estados Unidos numa ampla manobra de contenção do Brasil e subsequente controlo do Atlântico, por cima dos interesses portugueses e dos resto da Europa — evidentemente. Para isso serviu a Cimeira das Lajes!

Pois claro, Durão Barroso, e o agora titubeante passos de coelho (que tem andado numa roda vida de viagens a Espanha) são provavelmente peças duma mesma engrenagem de traição aos interesses históricos de Portugal.

Creio que a Maçonaria e alguma gente patriótica deste país estará atenta a este jogo perigoso, de que a captura da própria economia e finanças portuguesas pelos piratas da Moncloa e da Zarzuela, vem emergindo de forma cada vez mais descarada e arrogante. A OPA da Telefonica foi um estrondoso e quase pornográfico exemplo do que opino.

Entretanto, temo que a corja partidária do PS esteja neste momento concentrada apenas na comissão do negócio da Vivo. Não nos esqueçamos que o regateio rendeu 1 800 milhões de euros em apenas dois meses e meio!

Se tomarmos como padrão de referência as percentagens usuais na intermediação imobiliária —entre 3% e 5%— podemos imaginar um saco azul para as próximas batalhas partidárias na ordem dos 54 a 90 milhões de euros. É tanto dinheiro que até daria para olear as finanças alquebradas das principais máquinas partidárias dos dois países ibéricos!

Não há pequenos-almoços grátis.

segunda-feira, julho 26, 2010

O fiasco das SCUT

Com custos elevadíssimos para todos nós!

Uma concessão Scut (Sem Custo para o Utilizador é o que significa a sigla) é uma auto-estrada em que o pagamento da portagem é efectuado pelo Estado com o dinheiro dos contribuintes. O Estado entrega a construção, financiamento, exploração e manutenção da auto-estrada a um consórcio privado, pagando a este uma tarifa por cada veículo que circula nessa via.

(... ) Os maiores beneficiários do sistema das PPP e das SCUT são as construtoras, bancos e sociedades de advogados. É um método que foi adoptado por países com dificuldades financeiras e que tem o grave risco de gerar forte endividamento, pois nunca é feito de acordo com o rendimento disponível. — Rui Rodrigues, Público (24 Jul 2010).

O senhor ex-ministro do governo de António Guterres, João Cravinho, actualmente alto funcionário do Banco Europeu de Investimentos, foi pela certa, porventura involuntariamente, um dos mais desastrosos ministros de obras públicos que Portugal teve na história recente. Queixou-se e queixa-se, com motivo atendível, da corrupção. Mas a verdade é que comprou pelo menos duas ideias absolutamente desastrosas aos incompetentes ou agentes corruptos que o instruiram em áreas que desconhecia e continua a desconhecer de todo: a destruição do aeroporto da Portela a favor da especulação imobiliária e das depauperadas finanças da corrupta Câmara Municipal de Lisboa, que daria lugar ao embuste do aeroporto da Ota; e a virtual destruição da actual ligação ferroviária entre Lisboa e Braga, em nome de uma nova linha de alta velocidade a que deu prioridade sobre as obviamente essenciais ligações em bitola europeia para pessoas e mercadorias, entre as regiões de Lisboa e do Norte, a Espanha e ao centro da Europa.

As SCUT não foram desenhadas como se desenham autoestradas. Mas sim, como os espanhóis desenham as suas chamadas autovías. Isto é, estradas de andamento rápido, mas com perfis menos exigentes do que os das autoestradas.  Os ângulos das curvas são mais fechados, os declives são mais acentuados, há um número de acessos e de saídas mais elevado, praticamente não têm nós de acesso e apresentam-se quase sempre sem vias de suplementares para a aceleração e a desaceleração das velocidades das viaturas que entram ou saem destas vias rápidas que não são, de facto, autoestradas. O custo da sua construção é pois muito menor, nomeadamente porque não comportam os caríssimos, em expropriações e obras, nós de acesso, ao mesmo tempo que permitem uma maior proximidade das povoações que ficam no seu alinhamento. Enquanto que as SCUT foram construídas sobre ou mesmo ao lado de antigas estradas nacionais e/ou municipais, distando 1 a 3 Km das povoações que quase atravessam, as saídas das autoestradas chegam a estar afastadas 15 Km das cidades e vilas!

Ou seja, as autovias, ou vias rodoviárias rápidas, estão mais próximas das cidades e vilas, são menos caras de construir, e por tudo isto não têm portagens! Alterar as regras do jogo nesta altura é um embuste monumental.

Os governos e os partidos parlamentares alinham em tudo isto porque sabem que levaram o país à falência. Mas pior do que isto, o verdadeiro escândalo das SCUT é este: o sector financeiro especulativo e as grandes empresas do Bloco Central da Construção Corrupção (BCCC) têm vindo a usar as grandes obras públicas como um estratagema de expropriação ilegal e criminosa da poupança pública e privada nacionais, usando os políticos como mandantes! É isto mesmo, com outras palavras, que o Tribunal de Contas tem vindo a denunciar perante a passividade da corja partidária.

O resultado das SCUT, se não forem paradas, ou se não renacionalizarmos já a Brisa, vai ser este:
  • os encargos impostos ao Estado pela máfia da construção e da especulação financeira serão de tal modo gravosos que não restará aos governos outra solução que não passe pela subida paulatina do IVA, do IRS, do Imposto Automóvel e das portagens, ao mesmo tempo que eliminam um número crescente de benefícios sociais;
  • o IVA, por exemplo, estimo que chegue aos 25% antes de 2015;
  • finalmente, quando o barril do petróleo estabilizar acima dos 100 dólares, os preços dos cereais dispararem de forma consistente em consequência do aquecimento global (secas, falta de água e pragas), e o endividamento público atingir níveis incomportáveis e inadiáveis, as autoestradas esvaziar-se-ão, as receitas das portagens cairão a pique, e as Brisas deste mundo irão à falência, tendo então o Estado que nacionalizar todos os prejuízos acumulados e futuros!
Se é fácil antever este cenário, porque esperamos para exigir do Estado a imediata renacionalização dos principais recursos vitais que hoje servem de plataforma especulativa para um bando de piratas viciados na corrupção e no crime?

Demografia


"[...] all governments, everywhere, are increasing taxes, and will continue to do so in the coming years. But most of them are denying that they are doing this. How can one hide raising taxes? There are multiple ways to do this."

"Whose Taxes Are Going Up?", by Immanuel Wallerstein (LINK)

A primeira coisa que há a fazer em Portugal é olhar para a demografia. O vórtice de qualquer política ajuizada ou desastrosa para os próximos 40 anos deve começar por aqui. Política fiscal, investimento público, sistema educativo, saúde e segurança social, sistemas de mobilidade e transportes, tudo deve ser analisado à luz dos horizontes demográficos que temos pela frente. E, claro está, não nos devemos deixar embalar pela mistificação populista permanente dos governos e respectivas oposições parlamentares. As suas declarações e estatísticas não têm passado ultimamente de engenharias da mentira. Somos nós, o povo, que devemos estar especialmente atentos e exigir que aqueles a quem pagamos os ordenados e as pensões vitalícias façam de forma séria o seu trabalho.

POST SCRIPTUM — (26JUL2010) Chamaram a minha atenção para o programa Plano Inclinado deste Sábado. Não vi. A verdade é que o Medina Carreira se transformou numa maçada, demasiado repetitivo..... deixando de fora assuntos importantes...., e abusando dos convidados como mero pretexto para fazer passar a sua mensagem monocórdica.

A classe política desqualificada é uma consequência, e não a principal causa da situação actual. No Canadá, Alemanha ou China, as coisas não são muito diferentes.... os amigos que por estas bandas tenho, ou os artigos que leio, afirmam e mostram exactamente a mesma deterioração das classes dirigentes...

Os melhores emigram ou fazem revoluções! Por enquanto emigram; ou seja, além de vermos encolher a nossa população activa, esta perde qualidade a um ritmo muito preocupante.

Soluções? É sobre isto que gostaria de me concentrar nesta segunda série do António Maria.

domingo, julho 25, 2010

Luis Amado

O homem certo no lugar certo

Seria bom que houvesse uma política externa estável, ou melhor que a "direita" e a "esquerda" portuguesas afinassem por um mesmo diapasão estratégico em matéria de diplomacia, nomeadamente energética e económica (e que deixássemos de parte o infantilismo oportunista da caldeirada ideológica que é o Bloco de Esquerda e dos órfãos comunistas do PCP). As nossas prioridades passam, como bem esclarece Luís Amado —numa importante entrevista dada ao Expresso deste fim-de-semana— por uma atitude cosmopolita, sem complexos de inferioridade, fazendo valer um património histórico muito relevante em tudo o que se reporta à ideia de globalização e cooperação internacional.

Estou 100% de acordo com o desenho estratégico de Luís Amado.

Prioridades: América do Sul (e América em geral), África (sobretudo Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde) e Ásia (China, Índia, Vietname, Malásia, ...) Isto e uma política de diálogo permanente com o mundo árabe muçulmano, distanciando-nos claramente da agenda Sionista, parece-me ser o essencial. Como dá a entender subtilmente Luís Amado, o ciclo dos fundos comunitários chegou ao fim. Os alemães voltam-se claramente para Leste, o nosso destino sempre foi o Atlântico, e os luteranos nunca nos compreenderão completamente. Ainda bem!

Há umas semanas actualizei a minha visão do mapa da estratégia diplomática portuguesa. Ora vejam o que apontei no Mapa Google (usar todo o écrã).

Gazeta do Dia

Não sei se já repararam, mas o António Maria - Série II, contem funcionalidades novas e interessantes. Uma delas é a Gazeta do Dia, uma coluna de referências sindicadas que permite uma consulta sistemática sobre uma vasta gama de temas do dia a dia, a qualquer hora, e permanentemente actualizada. O idioma escolhido foi naturalmente o Português, e pretende-se saber o que se diz e escreve neste idioma —na maioria dos países que a têm como língua mãe. Resumindo: uma ajuda de leitura com propósito estratégico.

sexta-feira, julho 23, 2010

Stress test não convence

Euro cai com "falta de transparência dos testes",  relata o Económico

Já se comentava há algum tempo nos "mentideros" da análise estratégica que a prova de esforço engendrada por Bruxelas tinha fortes possibilidades de ser vista como uma engenharia de supervisão. Na realidade, falta-lhe um critério de base: independência!

De qualquer modo, o cancro existe. E não vale a pena substituir a cura por pensos rápidos. Se algo o BCE não pode continuar a fazer é defender a expropriação da riqueza dos cidadãos europeus em nome da salvação dos piratas banqueiros, dos banqueiros anarquistas, e dos paraísos fiscais da decadente realeza europeia!

Plataforma colaborativa

Na nova versão do António Maria —desejavelmente colaborativa— seria porventura útil para todos nós mimá-la com widgets úteis a uma mais certeira filtragem da informação e partilha de ferramentas de disseminação conceptual em rede.

Façam pois o favor de me manter actualizado neste supremo mundo virtual. Conhecem certamente o PORDATA. E SHAPES OF PORTUGAL, conhecem? Dois caminhos demonstrativos de que o país não é só a indigesta sopa partidária e burocrática que nos querem fazer engolir.

Isso é uma forma de celebrar os 500 milhoes de utilizadores do Facebook

Parabens Antonio por ter regressado ao Antonio Maria, depois de sua catastrófica comunicação anterior....Como sempre fostes um precursor, não é surpresa que tenhas optado por regressar ao Blogger, no momento exacto do anúncio do "half billion users" do Facebook, o qual esta acompanhado dum aviso de desinteresse crescente pela rede social em questão.
As análises mais profundas às quais nos tem acustumado não se padecem muito com o Facebook, é melhor deixa-lo para os anúncios espanpanente do CR7. Vou contribuir na medida do possivél, e enquanto os outros leitores não se chatearem demasiado com o meu Portugnol abrasileirado:)

Banca portuguesa suspira de alívio!

Bancos portugueses passaram a prova de esforço realizada por Bruxelas a 91 bancos europeus. Cuidado com os foguetes!

Os quatro bancos portugueses, que hoje conhecem os resultados dos testes de resistência efectuados pelo Comité Europeu de Supervisores da Banca, apresentam-se sem stress e com elevado optimismo. As quatro instituições não estão à espera de chumbar nem receber nota negativa e o Diário Económico diz mesmo, na sua edição desta manhã, que já teve acesso aos resultados e que a nota é mesmo positiva. — RTP
Stress tests: Banca lusa passa com «elevado grau de resistência»

A solidez dos quatro instituições financeiras portuguesas (BCP, BPI, CGD e Espírito Santo Financial Group) analisadas pelo Comité de Supervisores Bancários Europeu (CEBS) foi avaliada com nota positiva, revelou hoje o Banco de Portugal. — Diário Digital.

O António Maria, série 2

Após 700 artigos publicados entre 2003 e 2010 decidi parar a publicação de textos que em geral me levavam várias horas de leituras prévias e outras tantas de escrita, e por vezes, ainda pesquisa de imagens.

Entretanto alguém sugeriu e eu ponderei a hipótese de o António Maria regressar, ainda que sob outro formato.

A verdade é que não deixei de publicar comentários, embora breves, agora no Facebook. Talvez seja, pois, o momento de regressar ao blogue e torná-lo uma plataforma de discussão de ideias e propostas de soluções. Mas desta vez, participada pelos "bloguistas" que não deixaram de se manter activos na blogosfera e comigo trocam diariamente informações e ideias. Com nomes próprios, pseudónimos ou heterónimos, convido-os a usarem esta plataforma para escreverem— responsavelmente. Enviarei de imediato convites aos novos, que espero sejam suficientes, colaboradores.

Os tempos são difíceis e as asneiras dos partidos, de bradar aos céus, além de aparentemente incuráveis.

O meu papel vai ser agora mais modesto, quer dizer menos dispendioso! Tenho outros projectos entre mãos, nomeadamente editoriais, e o António Maria enquanto blogue especialmente político precisará dos atentos, apaixonados e pacientes observadores do país que somos. Só assim daremos resposta ao desafio do bispo auxiliar de Lisboa que ontem fez um inesperado e corajoso desafio aos portugueses em geral, e em particular aos políticos, à gente rica e aos católicos deste país: ou partilham agora, solidariamente, 20% do que vos sobra, com os vossos irmãos em dificuldades, ou alguém partilhará por vós. A Política é hoje uma prioridade de cidadania, disse desassombradamente Carlos Azevedo.

Enquanto os novos ignaros e perfumados messias do PSD se estatelam contra a sua própria avidez e escandalosa ignorância, e o resto da Política fenece na mixórdia das suas pequenas e corrompidas ambições, o país caminha inexoravelmente para um longo ciclo de miséria, material e sobretudo moral. Ouço dizer que o país está já literalmente a saque dos que sabem onde e como roubar.

Cavaco Silva, lá para Setembro, perceberá que não tem condições para continuar. Foi tão responsável como os demais políticos da sua geração pela actual bancarrota de Portugal. A pseudo nacionalização do BPN foi um roubo de propriedade pública sem precedentes! E o jogo de sombras com o BPP, um financiamento público ilegal a uma sociedade de especulação financeira descarada. Escusa o actual presidente da república de se contorcer em risos forçados que lhe saem sempre mal. O seu lugar, como os dos demais responsáveis pela crise actual, é o caixote do lixo da História de Portugal.

Eu aposto há muito na implosão do actual sistema partidário. Está corrompido, é composto na sua maioria de gente sem neurónios e espiritualmente vazia, em suma precisa de levar uma grande volta. Pois então que se cindam ao meio PSD e PS. Que fiquem onde estão as micro-minorias oportunistas do nosso parlamento. E que no voto em branco da maioria de nós nasça a tempo uma rede de poderes dispersos na forma, mas coerente nos ideais. A democracia portuguesa ou é refundada ou morre noutra ditadura.

Queremos um Portugal transparente, solidário, exigente, trabalhador e com imaginação.

Por menos do que isto não chegaremos a parte alguma.

Por menos do que isto deitaremos o país a perder nos bolsos e nas alcovas sórdidas do populismo partidocrático dominante — isto é, dos responsáveis pela bancarrota de Portugal!


OAM 701 — Série II, 23 Julho 2010 15:48

segunda-feira, maio 03, 2010

Portugal 190

Não estamos sós

BIS — Public debt/GDP projections

"...a decision to raise the retirement age appears a better measure than a future cut in benefits or an increase in taxes. Indeed, it may even lead to an increase in consumption..." — BIS, Março 2010.

The future of public debt: prospects and implications
Stephen G Cecchetti, M S Mohanty and Fabrizio Zampolli
© Bank for International Settlements 2010.  [PDF]

"Since the start of the financial crisis, industrial country public debt levels have increased dramatically. And they are set to continue rising for the foreseeable future. A number of countries face the prospect of large and rising future costs related to the ageing of their populations. In this paper, we examine what current fiscal policy and expected future age- related spending imply for the path of debt/GDP ratios over the next several decades. Our projections of public debt ratios lead us to conclude that the path pursued by fiscal authorities in a number of industrial countries is unsustainable. Drastic measures are necessary to check the rapid growth of current and future liabilities of governments and reduce their adverse consequences for long-term growth and monetary stability."

"According to the OECD, total industrialised country public sector debt is now expected to exceed 100% of GDP in 2011."

"From this exercise, we are able to come to a number of conclusions. First, in our baseline scenario, conventionally computed deficits will rise precipitously. Unless the stance of fiscal policy changes, or age-related spending is cut, by 2020 the primary deficit/GDP ratio will rise to 13% in Ireland; 8–10% in Japan, Spain, the United Kingdom and the United States; and 3– 7% in Austria, Germany, Greece, the Netherlands and Portugal."


Educação

Ao ouvir uma vez mais Medina Carreira vociferar contra o estado do país, desta feita no reiterativo, proclamatório, mas já um pouco arrastado Plano Inclinado da SIC-N, abordando neste fim-de-semana as supostas causas da degradação do ensino, percebi duas coisas: que não podemos simplificar demasiado o que não é simples, nem devemos exagerar o alarido. Ambas as atitudes comportam uma redução do pensamento e da compreensão dos fenómenos, e por conseguinte, insistir num tal estilo de retórica acaba por estiolar a motivação primeira, porventura generosa, do aviso à navegação.

A massificação do ensino caminha desde a década de 1970 ao lado do que poderíamos chamar, para facilitar, um ensino de qualidade, diversificado, cada vez mais especializado e sujeito a critérios exigentes de avaliação, tanto do lado de quem aprende, como do lado de quem ensina. Há por conseguinte um ensino de massas orientado sobretudo para as estatísticas e para a ocupação de exércitos crescentes de indivíduos sem lugar no mercado de trabalho, nem sequer nas actividades de diversa índole, burocrática, educativa, médica, social, ambiental, etc., que os governos têm vindo a promover no rescaldo das crises estudantis ocorridas nos Estados Unidos e na Europa na década que vai sensivelmente de meados de 1960 até meados de 1970. Mas também houve, há e haverá sempre um ensino reservado à formação das elites dirigentes e à produção efectiva do saber, onde a exigência e a competição são cada vez maiores.  Curiosamente, cresceram ambos a ritmos verdadeiramente exponenciais! Para entender com alguma consistência a complexidade deste fenómeno recomendo sempre a leitura do muito elucidativo The End of Work, escrito por Jeremy Rifkin.

Portugal apenas chegou tarde à educação de massas, cuja competição estatística externa estimula precisamente a substituição do ensino baseado no funil do numerus clausus, nos TPC (Trabalhos Para Casa), nos exames e nos chumbos por faltas ou mau comportamento, por um ensino tolerante, sobretudo destinado a ocupar os tempos livres da juventude enquanto cresce, proporcionando-lhe ambientes cognitivos e criativos tendencialmente imersivos. Tudo o que as mais recentes e escandalosas reformas educativas têm vindo a introduzir no nosso sistema de ensino tem que ver com esta adaptação a uma tendência pedagógica geral no Ocidente pós-industrial. A rápida expansão desta tendência no âmbito do que poderíamos chamar a reprodução pós-moderna da força de trabalho conduziu a uma degradação dos níveis de aptidão pedagógica dos milhões de professores que foi preciso preparar ao longo deste processo de massificação educativa — cujo perímetro, por sua vez, foi sendo sucessivamente alargado, desde o infantário até às universidades da terceira idade, passando pela criação de níveis sucessivos (e de acesso alargado) de pós-graduação: mestrado, doutoramento, pós-doutoramento.

De um ponto de vista estatístico, a base de recrutamento profissional, nomeadamente para as áreas avançadas de conhecimento, aumentou exponencialmente. Mas o resultado paradoxal desta massificação é o desemprego estrutural crescente entre licenciados, mestres, doutores e pós-doutores! Outro resultado, ainda mais nefasto para as economias, é a insustentabilidade orçamental desta fuga em frente perante os desafios da destruição tecnológica do trabalho humano. O que hoje se esconde na demagogia dos discursos políticos, corporativos e sindicais sobre a educação, é a motivação original do projecto da sua massificação. Enquanto não formos capazes de pensar numa sociedade pós-capitalista, onde a actividade humana substitua a exploração do trabalho, ou pelo menos possa caminhar a seu lado como horizonte possível de libertação, sem se ver castigada por regimes irracionais e improdutivos de sujeição disciplinar ao Estado fiscal, a discussão sobre a crise educativa será sempre um tumulto de vozes sem sentido. Olhai para os artistas livres, apreciai o perfume de um botão de rosa prestes a desabrochar, e só depois falai de educação! Não é trabalho, aquilo de que precisamos no futuro. Mas sim de arte, de partilha de bens e serviços, de festas e de um novo horizonte amoroso. É muito mais difícil do que disputar as migalhas minguantes dos orçamentos. Mas é sem dúvida muito mais estimulante para a nossa sensibilidade e para a nossa inteligência.


Economia

Quem navega pela Net, lê os jornais e vê televisão, terá reparado que os discursos sombrios sobre Portugal não param de aumentar em quantidade e intensidade. Há bons motivos para tal. Mas seria útil entendermos que a nossa crise, apesar das suas peculiaridades, não é particularmente original, e pelo contrário reflecte uma crise geral, ou sistémica, do capitalismo, com contornos aliás comuns em todos os países industrializados.

Os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Canadá estão confrontados desde o início das guerras anti-coloniais na Índia e na Indochina, e depois em África, com a perspectiva de uma dramática adaptação a um mundo efectivamente multipolar, assente no direito internacional, onde o uso da força militar para impor vantagens de um país sobre outro se foi tornando cada vez menos tolerável.

Nem por isso, no entanto, deixou a generalidade dos países desenvolvidos saídos da Segunda Guerra Mundial, de tentar dividir o mundo a seu favor. O resultado foi, como se sabe, um estado de guerra e conflito, intermitente e assimétrico, nos quatro cantos do planeta. Mas foi também, e paradoxalmente, a transferência progressiva dos centros de produção industrial para os países mais populosos do planeta, onde também existe a mão-de-obra mais barata e com menos direitos do mundo. Enquanto esta alteração da geografia económica tinha lugar, Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental tentaram manter sob mão militar pesada o controlo dos principais centros de recursos energéticos, minerais e alimentares do planeta, causando por este motivo guerras civis, golpes de Estado e uma permanente ingerência e manipulação de dezenas, para não dizer uma centena de estados soberanos, incluindo o apoio logístico, diplomático e militar a algumas das mais selváticas ditaduras que existiram no século 20.

Em suma, à medida que o poder puro e duro das armas foi sendo obrigado a ceder à força diplomática, o império dos Estados Unidos da América imporia a circulação da sua nota verde como uma espécie de sistema de vasos comunicantes da sua supremacia económico-financeira, bem como do seu famoso Soft power. Hollywood, a Coca-Cola e o Dólar tornaram-se assim os grandes embaixadores da Propaganda (Edward Bernays) do American Way of Life, cujo financiamento assentou, ao longo de 60 anos, na supremacia da moeda americana, imposta em Bretton Woods como meio de pagamento internacional para todos os indígenas do planeta. A ameaça a este predomínio viria precisamente dos países que primeiro repudiaram e acabaram por afastar norte-americanos, ingleses e holandeses da verdadeira espoliação dos recursos petrolíferos do Médio Oriente. À medida que as Sete Irmãs do Petróleo (as célebres Seven Sisters) foram sendo progressivamente substituídas por um novo cartel de companhias petrolíferas soberanas, o declínio ocidental seria uma questão de tempo. Não demorou, de facto, mais de 50 anos a transição de poderes iniciada pela constituição da OPEP (1960) até à consolidação das chamadas Novas Sete Irmãs: Saudi Aramco (Arábia Saudita), JSC Gazprom (Rússia), CNPC (China), NIOC (Irão), PDVSA (Venezuela), Petrobrás (Brazil), Petronas (Malásia).

Esta alteração profunda dos termos de troca internacionais, que se caracteriza sobretudo pelo controlo nacional das principais reservas energéticas e recursos minerais e alimentares do planeta, acompanhada por uma migração em larga escala dos centros de produção industrial do Ocidente para a Ásia e para o México e América do Sul (embora em muito menor escala), viria a provocar um processo de endividamento progressivo dos principais países industrializados: Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e Japão. A globalização acabou pois por conduzir os países ricos e desenvolvidos a este resultado paradoxal: como o seu crescimento assentava cada vez mais no consumo de serviços e bens importados, e cada vez menos na produção de bens transaccionáveis e portanto exportáveis, só a imposição de moedas fortes e o domínio do sistema financeiro mundial poderiam compensar os desequilíbrios crescentes nas balanças comerciais entre consumidores compulsivos e produtores diligentes. Daqui à criação inflacionista de moeda, e à invenção de uma economia financeira cada vez mais virtual, foi um passo. O passo que vai do conforto económico aparente ao colapso das contas públicas e privadas de países inteiros!

Europe's Web of Debt, New York Times, May 1, 2010

Vale a pena ler o estudo publicado pelo Bank for International Settlements —essa espécie de banco central dos bancos centrais, como lhe chama John Mauldin—, para compreender até que ponto Portugal é apenas uma roda encalhada do casino avariado da especulação internacional. Este casino, conhecido por mercado de derivados financeiros, é um incomensurável buraco negro para onde boa parte da economia mundial se precipita como um verdadeiro suicida. Se a Alemanha se mantiver no euro, as medidas de rigor orçamental, que passarão sobretudo por uma diminuição efectiva da dimensão dos aparelhos e responsabilidades dos estados, acabarão por se impor de um modo mais ou menos uniforme, embora em doses variáveis, à generalidade dos países afectados pelo endividamento excessivo. Se, pelo contrário, a Alemanha regressar ao marco, a agitação europeia será imprevisível. Teremos, em todo o caso, uma década muito difícil pela frente.


Voar para outras paragens

Completo hoje 700 artigos, escritos regularmente desde 30 de Julho de 2003. Foi, por assim dizer, uma obra de arte conceptual que levou sete anos a realizar (a Gioconda levou oito!) Procurei nestes anos fazer um ponto da situação geral do mundo, e ler o futuro do meu país. Se consegui ou não, compete a outros avaliar. Tudo o que escrevi continuará à disposição de todos os muitos leitores, alguns deles fieis colaboradores que por aqui passaram, às vezes diariamente. Se aparecer um editor interessado, haverá, quem sabe, um livro. Mas o mais importante foi feito: parar algum tempo para ler o espaço e o tempo onde me encontro, contribuindo, se possível, para o tornar mais interessante, dialogando com os meus semelhantes. Obrigado.


OAM 700 — 3 Maio 2010 19:43

Portugal 189

PRACE, um programa ambicioso controlado pela nomenclatura partidária

"O PRACE foi o maior programa de reestruturação da Administração Central desde o Mouzinho da Silveira e custou 150 mil euros, porque foi feito por técnicos da Administração. Isto mostra que é possível fazer-se sem ir ao exterior."

"… o então ministro da Administração Interna [António Costa] dizia que não fazia sentido que na direcção nacional da PSP os polícias servissem à mesa. Nem isto se conseguiu mudar." — João Bilhim, sobre o PRACE, in Público (05 Abril 2010).

O PRACE, que mal aplicou as orientações técnicas traçadas, só incluiu o sector da Administração Central. E as Empresas Públicas? E as parcerias público-privadas? E as mordomias não nomeadas: cartões de crédito, carros, motoristas, telemóveis, etc., etc? Provou-se que é possível poupar centenas de milhões de euros em estudos que as práticas corruptas das últimas décadas têm desviado sistematicamente para os escritórios clandestinos dos partidos. Mas também verificamos, ao ler o testemunho desencantado de quem nele investiu o seu melhor, que a burocracia e a voracidade partidária trucidaram boa parte das aplicações recomendadas.

O grande problema da democracia populista que temos foi a transformação do Estado numa coutada privada dos partidos políticos e a hipertrofia que se lhe seguiu. Desfazer este novelo de dispêndio injustificado (financiado pela via fiscal à custa do empobrecimento geral do país e duma barreira burocrática erigida permanentemente contra a produtividade económica), tem-se revelado uma missão impossível. Ultrapassar a ineficiência administrativa, o concubinato,  a endogamia, e a corrupção endémica do actual sistema político, de que o Estado é emanação orgânica, vai ter que ser obra para outro regime. O que temos, já entrou em fase de putrefacção irreversível.

Valha-nos a sorte de a Alemanha empobrecida, em boa medida por causa dos mares de dinheiro que fez chegar a muitos países europeus, estar farta. O actual presidente da Eritreia (ler artigo na Monocle) pode ser um doido, mas tem razão numa coisa: a ajuda financeira internacional corrompe os povos!


OAM 699 — 3 Maio 2010 12:51

Bloom Energy

Vem aí a nova rede energética! Barragens para quê?

Edifício da ebay alimentado pelos servidores da Bloom Energy.

Em termos de paradigma, faltava ao sector energético o parceiro tecnológico homólogo da micro computação e da Internet. Parece que vem a caminho. Chama-se Bloom Energy!

Ou seja, faltava uma fonte de captura, transformação, conservação e distribuição de energia simultaneamente limpa, independente das grandes e ineficientes redes eléctricas convencionais (de alta e muito alta tensão) e dos monopólios da era industrial (de que a EDP é o cadáver adiado), sendo ao mesmo tempo menos cara do que as opções convencionais, e muito menos cara do que a actual energia oriunda dos parques eólicos e das herdades foto voltaicas (cujo financiamento fiscal gerou uma bolha especulativa prestes a rebentar).

Os servidores de energia da Bloom Energy, que já funcionam em fase experimental em instalações da Coca-Cola, Walmart, FedEx, ebay, Staples, Google, COX e Bank of America, entre outros gigantes da indústria americana, parece ser a revolução por que todos esperávamos.

Lembram-se do que sucedeu aos jornais e televisões quando surgiu a Internet? Lembram-se do que mudou na Portugal Telecom e na generalidade das empresas de telecomunicações depois da criação do Voice Over IP, de que a Skype é hoje líder? Conhecem os impactos na economia mundial, de empresas como a Amazon, ebay, Paypal, Google e Facebook? Sabem porque é que o senhor da Microsoft, Bill Gates, se reformou? Pois é, a EDP do pedante Mexia que se cuide! E nós, pagadores de impostos, o melhor que temos a fazer é exigir em uníssono aos governantes e políticos que conduziram o nosso país ao estado lastimável em que está, que, pelo menos, não façam mais asneiras! Parem imediatamente a construção da barragem assassina do Baixo Sabor, e os processos conducentes à construção das barragens do Fridão e do Tua!

O mundo da energia eléctrica está à beira de sofrer uma revolução pelo menos tão grande como aquela que a Internet trouxe ao mundo.

Rejeite-se, pois, a vigarice dos contratos de venda de energia à rede. O governo de piratas que tomou conta do nosso país andou por aí a impingir pacotes foto voltaicos alimentados pelo endividamento de Estado, ou seja, com impostos pagos por todos nós, que em breve irão aumentar. Para quê? Pois para alimentar monopólios velhos e inviáveis, como a arrogante (e a prazo falida) EDP do pedante Mexia.

Em vez de dar prioridade à eficiência energética, à inovação e ao desenvolvimento de soluções locais e independentes (off the grid), a nomenclatura indolente, inculta e corrupta que tomou conta da exangue democracia portuguesa, preferiu insistir na destruição ambiental, no desperdício e no assalto à poupança e produtividade nacionais através do vampirismo dos vários monopólios e oligopólios que exploram os recursos estratégicos do país.

A EDP quer barragens, que nada acrescentam à produção eléctrica nacional, única e exclusivamente para aumentar ficticiamente o valor dos activos e garantias próprias que tem que oferecer para conseguir os financiamentos gigantescos da sua aventura na bolha especulativa das energias renováveis. Esta, no entanto, está a esvaziar-se rapidamente e a estocada final poderá surgir antes de qualquer das anunciadas barragens assassinas da EDP estar concluída, com a assinatura de uma empresa californiana chamada Bloom Energy!

OAM 698 — 3 Maio 2010 2:24

domingo, maio 02, 2010

Crise Global 79

Atenas: 1º de Maio



As democracias populistas da América e da Europa caminham rapidamente para o colapso financeiro e social. A procissão, porém, anda vai no adro.


OAM 697 — 2 Maio 2010 0:52

sábado, maio 01, 2010

Portugal 188

Fantástico, Gaúcho!

    A Parpública, ‘holding’ que agrega as participações do Estado em empresas como a TAP, REN e EDP, vai ao mercado para emitir mais dívida.

    A Parpública, ‘holding' que agrega as participações do Estado em empresas como a TAP, REN e EDP, entre outras, anunciou ontem uma emissão de papel comercial de 100 milhões de euros, que tem como objectivo responder a necessidades de tesouraria. — in Económico, 1 Maio 2010.

A TAP é seguramente a empresa em ruptura! Embora a EDP vá precisar também, um dia destes, de emitir papel higiénico comercial (do preto, da Renova, claro!!) para acudir ao seu monumental endividamento (18 mil milhões de euros, certo?)

Esta é mais uma prova provada de que também em Portugal as estatísticas oficiais vivem num salão de massagens contabilísticas muito criativas. O castelo de cartas começou a ruir. Vai ser lindo!

É por estas e por outras que o FMI e Bruxelas desembarcarão inevitavelmente na Portela (e não em Alcochete!) antes do fim deste ano para colocar o país na ordem, já que os imbecis, fracos e corruptos políticos que temos estão de mãos e pés atados.

Estudemos o plano de emergência espanhol. Vamos ter que os copiar... sobretudo na limpeza étnica que é urgente fazer no bordel da administração pública e das empresas públicas e participadas pelo Estado. Lastro inútil ao mar, já!


OAM 696—1 Maio 2010 12:38

Crise Global 78

Civilização ou barbárie?



A decadência do Ocidente pode ser irreversível. E o que vier depois, algo muito diferente do que imaginámos durante a recente caminhada sonâmbula em direcção a nenhum lugar.

Thousands Swarm To Massive Protest On Wall Street (PHOTOS) —  LINK


OAM 695—1 Maio 2010 0:08