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sexta-feira, julho 04, 2014

Renegociar as dívidas soberanas, disse ela...


A esquerda piedosa é uma esquerda de burocratas oportunistas


Nunca a 'esquerda' foi tão oportunista e objetivamente acólita do odiado FMI como hoje. Tudo o que Louçã, Jerónimo de Sousa, Seguro e Costa reclamam como medidas justas e populares faz parte do programa de ação em curso e protagonizado por Christine Lagarde. A expropriação dos fundos de pensões, da poupança, do fruto do trabalho e dos rendimentos do capital caminha alegremente para uma espécie de fascismo fiscal cujo fim será inevitavelmente trágico. O casulo do monstro e do novo fascismo por vir chama-se taxas de juro negativas e prolongamento perpétuo das maturidades das dívidas soberanas. O principal beneficiário deste holocausto financeiro é a burocracia e os seus partidos.

“Socialism is no longer to help the poor against the rich, but to help the government against the people”— Martin Amstrong.

A agenda comunista e socialista no que toca aos ataques à propriedade privada e às poupanças perdeu oportunidade para a própria lógica dos grandes monstros que são os estados. Estando estes falidos até ao tutano, a alternativa que têm é sempre a mesma, roubar um estado vizinho, e quando não conseguem fazê-lo, assaltar os próprios súbditos, comer os próprios filhos! Daí que Louçã, Jerónimo de Sousa e António José Seguro estejam, desta vez, um passo ou dois atrás da realidade.

É por isto mesmo que Victor Bento e Passos Coelho puderam ontem explicar aos restantes conselheiros de estado que a famosa reestruturação da dívida, reclamada pelo quadrado Louçã, pelo simpático Jerónimo e pelo atordoado Seguro, antes de ser uma reivindicação da esquerda populista indígena, é um dictat do FMI!

Já escrevemos várias vezes sobre isto, mas é preciso insistir...

“The distinction between external debt and domestic debt can be quite important. Domestic debt issued in domestic currency typically offers a far wider range of partial default options than does foreign currency–denominated external debt. Financial repression has already been mentioned; governments can stuff debt into local pension funds and insurance companies, forcing them through regulation to accept far lower rates of return than they might otherwise demand.”

id/Page 8 (IMF-Sovereign-Debt-Crisis)
[...]

In January 2014, the Bundesbank joined the IMF project focusing on a “wealth tax”. In its monthly report they had announced: “In the exceptional situation of an imminent state bankruptcy a one-time capital levy could but cheaper cut than the then still relevant options” if higher taxes or drastic limitations of government spending did not meet or could not be implemented.

In the latest June 2014 working paper of the IMF, they have set forth yet another scheme – extending maturity. So you bought a 2 year note? Well, the IMF possible solution would be to simply extend the maturity. Your 2 year note now become 20 year bond. They do not default, you just can never redeem.
Possible remedy. The preliminary ideas in this paper would introduce greater flexibility  into the 2002 framework by providing the Fund with a broader range of potential policy responses in the context of sovereign debt distress, while addressing the concerns that  motivated the 2002 framework. Specifically, in circumstances where a member has lost  market access and debt is considered sustainable, but not with high probability, the Fund would be able to provide exceptional access on the basis of a debt operation that involves an extension of maturities (normally without any reduction of principal or interest). Such a “reprofiling” operation, coupled with the implementation of a credible adjustment program, would be designed to improve the prospect of securing sustainability and regaining market access, without having to meet the criterion of restoring debt sustainability with high probability.

(THE FUND’S LENDING FRAMEWORK AND SOVEREIGN June 2014)

in “Christine Lagarde – The Most Dangerous Woman in the World – IMF Advocates Taking Pensions & Extending Maturities of Gov’t Debt to Prevent Redemption”.
By Martin Armstrong, June 28, 2014, Precious Metals.

A intenção incialmente declarada pela chefe do FMI visava sobretudo atacar o monstro dos derivados e a especulaçao financeira fora de controlo. Por isso apoiámos a sua candidatura ao cargo. Mas volvidos três anos de dura e interminável crise, registamos esta deriva burocrática extremamente perigosa por parte de sucessivos estudos da instituição.

Em Portugal a deriva autoritária do ministério das finanças —forçada em parte pelos partidos, pela burocracia de estado e pelo pseudo tribunal constitucional— já aponta na direção destes estudos do FMI. Enquanto houver um cinto de segurança chamado BCE, a coisa talvez se aguente, apesar das injustiças e do sofrimento causado. Mas quando o BCE se vir abraços com grandes problemas de insolvência, por exemplo, em França, ou numa cascata de falências de estado na banda oriental do UE, e deixar de poder atender ao caso português, a probabilidade de vermos irromper uma guerra civil no nosso país é maior do que muitos creem.

Post scriptum

O FMI recomendou sempre que Portugal renegociasse os ruinosos contratos PPP, e que reduzisse as rendas excessivas, nomeadmente dos piratas da EDP (que andaram a fazer inside trading com o Ricardinho do BES e os homens da mala do PSD!) Nisto, coincidimos sempre com a posição do FMI na Troika. Mas a crise das dívidas soberanas parece estar fora de controlo. Daí a ideia, ventilada pelos gabinetes de estudo do FMI, de uma taxa única de 10% sobre a riqueza das pessoas e empresas europeias (ou até de todo o mundo que faz parte da OMC e do FMI). Aparentemente é uma coisa boa e  justa, mas a verdade é que, a ser aplicada universalmente, em vez de outras especificamente dirigidas à especulação ociosa dos hedge funds, aos contratos de derivados especulativos OTC, e ao despesismo das burocracias alimenntadas por impostos, uma tal medida acabaria por transformar-se numa expropriação em massa das poupanças e rendimentos legítimos das pessoas e das empresas não escondidas em paraísos fiscais, a somar à expropriação fiscal fascista já em curso em vários países, beneficiando outra vez as burocracias partidárias instaladas e os 1% de sempre. A ideia é, como se vê, péssima! Em vez desta expropriação, que condenamos e contra a qual devemos lutar, é necessário e urgente estudar um mecanismo de eliminação recíproca das dívidas à escala global, condicionando porém esta espécie de Jubileu das dívidas a profundas reformas das administrações e orçamentos públicos, sistemas bancários e financeiros, e instaurando uma política de preços, rendimentos e concorrência justa e equilibrada, à escala regional e global. O mundo é só um. Os paradigmas da mentira sistémica deixaram de funcionar. Ou mudamos, ou entramos todos numa corrida de lémures em direção ao precipício.

Atualização: 5/6/2014, 10:39

terça-feira, junho 12, 2012

E agora PPP?

Hock — “mio gps” (2008)

As estradas não vão para o lixo. Logo há que renegociar!

Aproveitar o tremendo e duplo erro que foi o excesso de investimento e a sua implementação numa modalidade de contratação cara e não adequada à realidade portuguesa para – fazendo das fraquezas forças - ajudar a consolidar um conjunto de empresas de um sector em grandes dificuldades, mas com enormes potencialidades de expansão no exterior, é uma oportunidade que seria imperdoável não aproveitar.

Poderia ser aproveitada esta ocasião para, além de reduzir as responsabilidades financeiras do Estado, também para inovar, procurando novas modalidades de redução do envolvimento económico do Estado.

Tomar como critério único ou principal a redução dos encargos financeiros do Estado pode parecer uma necessidade de curto prazo, mas prejudica claramente a perspectiva de médio e de longo prazo de desenvolvimento da economia nacional.

Deveriam ser consideradas outras hipóteses. Pelo menos duas não deverão ser excluídas. Uma: prolongar a duração dos contratos para um horizonte de muito longo prazo, por exemplo, 100 anos. Outra: a venda plena das infra-estruturas ao sector privado.

in “Como renegociar as PPP”, por Avelino de Jesus (Jornal de Negócios, 10 jun 2012)

Avelino de Jesus vem ao terreiro da renegociação das PPPs com duas ideias construtivas: prolongar o prazo das concessões, ou privatizar totalmente as infraestruturas. Friamente, há que pensar nestas duas propostas, e ainda numa terceira: manter portagens mas ajustando-as de forma dinâmica à procura e com descontos controlados para os residentes em regiões mais desfavorecidas.

Ou ainda, sugere um ex-ministro,

“... tipicamente os contratos PPP/concessões têm uma opção para o Governo pagar tudo e ficar com a infraestrurura. Se o contrato for enviesado, o Governo deve pagar à cabeça já o que custou a infraestrutura. Logo de seguida privatiza com um contrato equilibrado. Isto funciona se existir a tal opção e se a Troika perceber de finanças! Nada disto está garantido.”

Trata-se, em suma, de salvar a obra feita, e até terminar aquelas que trazem mais-valias ao país, mas corrigindo os excessos e malfeitorias que os processos das PPP foram sofrendo ao longo da desvairada temporada do pimpão que vive refastelado em Paris sem ninguém lhe perguntar quem paga as contas!