Mostrar mensagens com a etiqueta pico petrolifero. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta pico petrolifero. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, agosto 06, 2015

Sem energia barata não há crescimento

Figure 12. World GDP in 2010$ (from USDA) compared to World Consumption of Energy (from BP Statistical Review of World Energy 2014)

O petróleo continua muito caro!


What we really need is more high wage jobs. Unfortunately, these jobs need to be supported by the availability of large amounts of very inexpensive energy. It is the lack of inexpensive energy, to match the $20 per barrel oil and very cheap coal upon which the economy has been built that is causing our problems. We don’t really have a way to fix this [Gail Tverberg].

Em vez de ouvir os desvarios geopolíticas sobre energia do senhor Partex (António Costa Silva) seria bem melhor ler o que escreve Gail Tverberg.

A queda dos preços do petróleo não é uma consequência do excesso de oferta e de produção, mas sim da queda agregada da procura motivada pelo preço demasiado alto do petróleo e das commodities em geral.

Neste momento, o preço do petróleo está abaixo do seu custo real uma vez descontado o efeito inflacionista do mercado especulativo que é por definição o seu. Deste modo a indústria petrolífera tenta responder à estagnação económica induzida, precisamente, pelo preço insustentável da energia e das matérias primas—do petróleo, do gás natural, da terra fértil, da água potável, das sementes e dos metais comuns, preciosos e raros.

Em suma, o petróleo está a ser vendido abaixo do seu preço de custo (deflação) porque se tornou demasiado caro. O petróleo barato acabou em 2006 (Peak Oil).

Sem crescimento do consumo energético não há crescimento. Sem crescimento, o endividamento gera instabilidade económica, financeira, social e política.

Ponto.

E agora?

Figure 1. Oil as a percentage of total energy consumption in 2006, based on June 2015 Energy Information data. (Inverted order from chart originally shown.)

Nine Reasons Why Low Oil Prices May “Morph” Into Something Much Worse
by Gail Tverberg
Posted to Our Finite World on July 22, 2015

[...]

4. The way workers afford higher commodity costs is primarily through higher wages. At times, higher debt can also be a workaround. If neither of these is available, commodity prices can fall below the cost of production.

If there is a significant increase in the cost of products like houses and cars, this presents a huge challenge to workers. Usually, workers pay for these products using a combination of wages and debt. If costs rise, they either need higher wages, or a debt package that makes the product more affordable–perhaps lower rates, or a longer period for payment.

Commodity costs have been rising very rapidly in the last fifteen years or so. According to a chart prepared by Steven Kopits, some of the major costs of extracting oil began increasing by 10.9% per year, in about 1999.

In fact, the inflation-adjusted prices of almost all energy and metal products tended to rise rapidly during the period 1999 to 2008 (Figure 7). This was a time period when the amount of mortgage debt was increasing rapidly as lenders began offering home loans with low initial interest rates to almost anyone, including those with low credit scores and irregular income. When debt levels began falling in mid-2008 (related in part to defaulting home loans), commodity prices of all types dropped.

Figure 6. Figure by Steve Kopits of Westwood Douglas showing trends in world oil exploration and production costs per barrel. CAGR is “Compound Annual Growth Rate.”


O que aí vem

O RUÍDO PARTIDÁRIO EM VOLTA DOS ÚLTIMOS NÚMEROS DO EMPREGO É UM RUÍDO POPULISTA QUE DEVE SER DENUNCIADO E DESPREZADO.

Sem uma disponibilidade crescente de energia barata (sobretudo petróleo e combustíveis líquidos em geral, abaixo do 40USD/b) não há crescimento; sem crescimento não há emprego, há desemprego e há substituição de emprego caro por emprego barato e mais eficientemente servido por máquinas e sistemas inteligentes. Esta espiral descendente é de natureza recessiva e deflacionista, sobretudo à medida que a capacidade de endividamento e de monetização das dívidas se esgota nos Estados Unidos, na Europa, na China...

Os governos têm cada vez menos controlo sobre esta dinâmica, e na luta entre capital e trabalho, desta vez, ambos empobrecem: número crescente de falências industriais e bancárias, empobrecimento das classes médias e colapsos financeiros de grande magnitude, com consequências terríveis, por exemplo, na bancarrota iminente de vários países, regiões e cidades.

Onde melhor podemos antever o nosso futuro, se nada fizermos e nos deixarmos embalar pelo populismo estridente das nomenclaturas partidárias instaladas, é nas vagas de migração de África para a Europa. Os níveis de rendimento destes países é há muito totalmente incompatível com o custo da energia e matérias primas disponíveis... Quando o barril de crude desce abaixo dos 60USD a maioria dos países exportadores de petróleo e gás natural deixam de obter as gigantescas receitas e margens de lucro e de rapina que têm alimentado as suas altíssimas taxas de crescimento e os investimentos e a especulação financeira nos Estados Unidos e na Europa.

quarta-feira, março 04, 2015

Grexit ou quarentena?


LINK

Warren Buffett acha que a Alemanha deve colocar um ponto final na tragédia grega


Buffett On Europe: Germany Must Stop Greek Dog Peeing On Its Carpet
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/03/2015 20:00 -0500 

Quarentena, já ouviram falar? Uma saída parcial e temporária da zona euro é o que, na minha opinião, acabará por acontecer à Grécia, o mais tardar em 2016, mas é possível que venha a ocorrer ainda este ano.

Se e quando ocorrer, países como Portugal e Espanha terão que decidir se acompanharão ou não o Syriza, ou mesmo se poderão, ou não, evitar uma quarentena forçada fora do euro. Se decidirem e conseguirem prosseguir na Eurolândia, muita coisa terá que mudar nestes países, e não vai ser bonito de ver.

Greece taps public sector cash to help cover March needs - sources
By George Georgiopoulos
REUTERS. ATHENS Tue Mar 3, 2015 4:28pm GMT

(Reuters) - Greece is tapping into the cash reserves of pension funds and public sector entities through repo transactions as it scrambles to cover its funding needs this month, debt officials told Reuters on Tuesday.

É possível que a Alemanha e a França façam todos os esforços para ajudar Portugal e Espanha a evitarem becos sem saída como o da Grécia.

Por um lado, a degradação da situação grega prossegue a tal velocidade que a probabilidade dos eleitorados espanhol, e sobretudo português, copiarem a aventura do Syriza deverá cair a pique a partir de junho, o seja, à medida que se for observando a incapacidade do novo governo helénico reverter o plano inclinado da austeriade, da corrupção e da crise financeira sistémica responsáveis pela miséria crescente e convulsão social que se vivem no país. Não sei mesmo se o PS, apesar da propaganda marcelista que transporta António Costa no andor dominical da TVI, conseguirá sequer uma maioria relativa.

Por outro, a mini-cimeira energética que hoje teve lugar em Madrid, entre Juncker, Hollande, Rajoy e Pedro Passos Coelho, mostra que já há uma estratégia europeia de resposta às manobras energéticas da Rússia, a qual passa pela Península Ibérica. Putin sugere a substituição do corredor de gás russo-ucraniano por um corredor russo-turco-grego. Mas a União Europeia prepara legislação para o impedir. Como temos vindo a sugerir, os portos atlânticos de Espanha e Portugal, no caso de complicações maiores no Mediterrâneo, tornar-se-ão críticos para toda a Europa, dada a saturação conhecida dos portos no Mar do Norte e a instabilidade climática e geo-política do Báltico.

O leste da Europa, o Médio Oriente e o norte de África ao longo de todo o Mediterrâneo estão sob enormes tensões geo-políticas, as quais têm a sua principal origem no Pico do Petróleo e na disputa em curso pelo controlo da geografia do gás, de onde virá a fatia de leão do mix energético deste século.

Joint gas buying on EU leaders' summit agenda
EurActiv. Published: 04/03/2015 - 13:47 | Updated: 04/03/2015 - 15:58

EXCLUSIVE: EU leaders will discuss how best to strengthen the bloc’s bargaining power, including the collective buying of gas, when they debate the European Commission communication on Energy Union.

(...)
The Commission communication called for member states' energy deals with non-EU nations to be vetted by the executive, before being signed.  That is up for debate by heads of state and government.

A discussão em curso sobre a urgência de criar uma União Energética Europeia com cláusulas protecionistas claras, ajuda a consolidar a nossa análise sobre o que aí vem, ou seja, grandes investimentos energéticos na Península Ibérica: rede ibérica de gasodutos, reforço da frente portuária, e aposta decisiva na nova rede ferroviária ibérica de bitola europeia, quer orientada para o transporte de mercadorias, quer para o transporte de passageiros.

Seria pois de grande utilidade afastar desta zona crítica todos os piratas e idiotas que nos sucessivos governos têm tido os dossiês da energia e dos transportes nas unhas.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

sábado, fevereiro 14, 2015

Esqueçam o petróleo!

Boa parte do petróleo que alimentou o séc. 20 e alimentará talvez metade do séc. 21 vem da era dos dinossauros, i.e. de há 250 milhões de anos atrás. E está no fim!

Peak Oil is the “new normal”


A euforia fabricada em volta do petróleo e do gás de xisto obtidos por fratura de rochas de xisto —fracking— não passa de uma e derradeira tentativa de esconder o impacto tremendo que o Pico do Petróleo terá (já está a a ter) na evolução humana. Todos os conflitos militares atualmente em curso, de que o terrorismo é apenas a sua face mais horrendamente visível, têm origem nas disputas geoestratégicas para controlar o que resta de reservatórios naturais de petróleo e gás natural de boa qualidade e relativamente acessíveis. É que abaixo dos 60-80 dólares o barril as explorações são pura e simplesmente deficitárias, e acima dos 100 dólares as economias deixam de crescer saudavelmente, i.e. sem recurso a formas de endividamento insustentável e especulativo.

The global “new normal” é isto: crescimento débil, queda persistente dos rendimentos do trabalho, elevado desemprego estrutural e estagnação da criação de novos empregos, pelo menos enquanto não mudarmos de paradigma económico, social e cultural.

No entanto, dada a correlação existente nos EUA entre petróleo barato e crescimento de salários é possível que o fracking seja uma tentativa desesperada de inverter a queda imparável dos rendimentos de 99% dos americanos à custa de uma mistificação necessariamente temporária e precária.

Oil, the economy’s central power source, is now insufficient for 3% economic growth
Aleklett’s Energy Mix. Posted on January 28, 2015

“If we look back to 2004, the International Energy Agency (IEA) stated that increased economic growth of 3% per year required increased oil consumption of around 1.5%. Looking forward, the IEA predicted that, due to economic growth, in 2030 oil production would need to be 122 million barrels per day (Mb/d). Some weeks later I did an analysis that showed that their predictions could never be realised, i.e. the fuel for the expected economic growth could not be supplied at the rate required (TheUppsalaCode).

Now the IEA has adjusted its prognosis so that, for 2030, it describes a rate of oil production (without processing gane) of 92 Mb/d, i.e. a reduction of 30 Mb/d compared to its earlier forecast. Historically, we have never seen global economic growth without increased consumption of oil. During the 1960s the rate of increase in oil use was 8% per year. From the mid-1980s until 2005 we saw an increase of 1.6% per year. In November 2014 the IEA stated that it was optimistic that there would be an increase in oil use of 0.5% per year until 2035. This is a very significant contraction from earlier forecasts but the significance of this has so far not been understood by politicians and economists.

Our economy is not configured to cope with decreased oil use. We still need oil to transport the goods we wish to purchase/consume (including food) and to drive the vehicles that take us to where those goods are sold. If the coupling between economic growth and oil use is similar now to as it was during the 1980s and 1990s then we cannot expect more than 1% annual economic growth in future, and maybe less.”

Alguns gráficos e referência que merecem atenção

Correlação entre preço do petróleoe salários nos EUA
“A new theory of energy and the economy – Part 1 – Generating economic growth”. By Gail Tverberg, in Our Finite World, Posted on January 21, 2015.



“World Energy Consumption Since 1820 in Charts”. By Gail Tverberg, in Our Finite World.


quinta-feira, janeiro 15, 2015

Guerra e Gás

A corrida do gás está ao rubro!

A mudança de paradigma energético é o principal responsável pelas guerras e pelo terrorismo em curso na Europa.


A guerra pelo gás substituiu a guerra do petróleo(clicar para ampliar)

A bolha financeira do petróleo começou a desinchar. Quer dizer, o Pico do Petróleo é hoje um facto adquirido, e a migração para a principal alternativa, que irá dominar o século 21, ou seja o gás natural, está na origem dos principais conflitos geoestratégicos em curso.

A Rússia, que detém as maiores reservas comprovadas de gás natural do mundo (Wikipedia), quer proteger o seu monopólio no fornecimento à Europa, mas cometeu um erro ao desafiar, de forma brutal, a estratégia europeia de segurança energética. A Alemanha, por sua vez, também cometeu um erro, privilegiando a integração apressada da antiga Cortina de Ferro na União Europeia, nomeadamente em detrimento da Turquia, e uma vez mais praticando jogo duplo com a Rússia e com a Eurásia em geral, tendo por esta via provocado desnecessariamente os países do Mediterrâneo, onde predominam as religiões católica, ortodoxa e muçulmana. O trio Merkel, Hollande, Netanyahu, que vimos na linha da frente da manifestação de Paris, contra os ataques terroristas reivindicados pela Al-Qaida do Iémen, é todo um gráfico dos jogos de guerra em volta do Corredor Sul de abastecimento de gás à Europa. Não me admiraria nada que, neste momento, Obama esteja a apoiar discretamente o Syriza, e até o Podemos! (1)

A Grécia e a Itália tem uma carta na manga...
(clicar para ampliar)

Os principais produtores de petróleo começaram a fazer regressar em massa os petrodólares a casa, e a China estancou o ritmo especulativo e perigosamente tóxico do seu crescimento.

O crescimento mundial está a caminhar rapidamente para uma longa era de crescimento zero (0-1%), à medida que as bolhas especulativas e a financiarização da economia vão implodindo, e as dívidas públicas insustentáveis vão forçando os governos a abandonar o endividamento sistémico e a economia virtual.

A falta de liquidez proveniente dos petrodólares vai necessariamente rebentar com muitas empresas e bancos, sobre-endividados, e/ou sobre-expostos, nomeadamente, ao buraco negro dos derivados financeiros, e/ou ao negócio, cada vez menos rentável, das dívidas soberanas.

O fim do petrodólar é a principal origem da falta de liquidez(clicar para ampliar)

Os casos da PT e do BES estão aí. A EDP poderá ser a próxima vítima. Até porque é mais barato produzir energia elétrica com gás natural do que com ventoinhas e paineis solares dependentes do tempo e de bolsas de capital especulativo que estão a encolher, ou dos subsídios públicos indecorosos em países à beira da explosão social.

A proteção que os rendeiros até agora gozaram dos políticos desmiolados, ou corruptos, acabou.

A guerra pelo gás natural substitui as anteriores guerras do petróleo.

A procura excedentária e especulativa do ouro negro vai provavelmente deixar muito crude nas profundidades do pré-sal brasileiro, nas areias betuminosas do Canadá, e nas rochas de xisto por fraturar na América de Obama. Os países exportadores de petróleo, sobretudo os que dependem de petróleo pesado e muito caro (60-80 USD/bbl.), perante a queda da procura e a queda prolongada dos preços, serão forçados a diminuir a exportação de capital oriundo da venda do crude (petrodolares), e nalguns casos até, a importar capital. A seca nos mercados bolsistas não se fará esperar, e a falta global de liquidez, nomeadamente para investimentos produtivos, também não.

O Quantitative Easing, quer no Japão, quer nos Estados Unidos, chegou ao fim, com resultados miseráveis. O ensaio que Mario Dragi promete na União Europeia (2), e que servirá apenas para impedir o colapso das dívidas soberanas de países como a Grécia, Portugal, Espanha, Itália, França, ou Reino Unido, e que jamais chegará à economia, terá provavelmente a mesma má sorte.

A produção de petróleo estagnou, dando lugar a uma bolha financeira (clicar para ampliar)
A especulação terminou, por agora. Logo...(clicar para ampliar)


E no entanto, porque precisamente estamos no início de uma metamorfose energética da economia mundial, que implicará necessariamente mudanças de paradigma na economia (eficiência, eficiência, eficiência), nas tecnologias, nas sociedades, nas democracias e na cultura, as oportunidades começarão também a surgir, apesar do horror das guerras assimétricas em curso e da manipulação mediática permanente.


NOTAS
  1. ÚLTIMA HORA (16/1/2015 10:18): A Guerra do Gás está ao rubro!
    A Rússia anunciou anteontem que desviará o abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia! O Syriza abre hoje uma garrafa de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

    EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

    According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.
  2. ÚLTIMA HORA: Enquanto escrevíamos este post a Suíça (i.e. o SNB) anunciou que desligava a sua moeda do euro. E catapum! Na iminência de uma diarreia de euros destinada a salvar governos e bancos, a libra suíça bate com a porta; coloca a taxa de juro de referência nos -0,75%, e mostra que vai deixar de ser um fiel comprador de euros... depois de a moeda única ter decidido alinhar com os lémures japoneses e americanos... em direção ao precipício. Tempo de comprar francos suíços e ouro (se tiver francos suíços, claro!) 
REFERÊNCIAS
Russia Just Pulled Itself Out Of The Petrodollar
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 01/14/2015 12:45 -0500

Back in November, before most grasped just how serious the collapse in crude was (and would become, as well as its massive implications), we wrote “How The Petrodollar Quietly Died, And Nobody Noticed”, because for the first time in almost two decades, energy-exporting countries would pull their “petrodollars” out of world markets in 2015.

This empirical death of Petrodollar followed years of windfalls for oil exporters such as Russia, Angola, Saudi Arabia and Nigeria. Much of that money found its way into financial markets, helping to boost asset prices and keep the cost of borrowing down, through so-called petrodollar recycling.

We added that in 2014 “the oil producers will effectively import capital amounting to $7.6 billion. By comparison, they exported $60 billion in 2013 and $248 billion in 2012, according to the following graphic based on BNP Paribas calculations.”

“Oil May Drop To $25 On Chinese Demand Plunge, Supply Glut, Ageing Boomers”
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 12/17/2014 11:45 -0400

By Paul Hodges of International eChem via Russell Napier’s ERIC

We have forecast since mid-August that Brent oil prices would fall to “$70/bbl and probably lower”, and the US$ would see a strong rise. As Chart 1 shows, Brent has now reached our target, falling 40%, whilst the US$ has risen 10%. We believe this represents the first stage of the Great Unwinding of policymaker stimulus that has dominated markets since 2009. This Note now takes our oil price forecast forward into H1 2015.

Astonishingly, most commentators remain in a state of denial about the enormity of the price fall underway. Some, failing to understand the powerful forces now unleashed, even believe prices may quickly recover. Our view is that oil prices are likely to continue falling to $50/bbl and probably lower in H1 2015, in the absence of OPEC cutbacks or other supply disruption. Critically, China’s slowdown under President Xi’s New Normal economic policy means its demand growth will be a fraction of that seen in the past.

This will create a demand shock equivalent to the supply shock seen in 1973 during the Arab oil boycott. Then the strength of BabyBoomer demand, at a time of weak supply growth, led to a dramatic increase in inflation. By contrast, today’s ageing Boomers mean that demand is weakening at a time when the world faces an energy supply glut. This will effectively reverse the 1973 position and lead to the arrival of a deflationary mindset.
Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico
O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria
O António Maria. Por José Manuel Castro Lousada

End of Nabucco – end of Southern Gas Corridor?

Energy Post. June 27, 2013 by Agata Loskot-Strachota and Janek Lasocki

TAP—Trans Adriatic Pipeline

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
Global Research

sexta-feira, dezembro 19, 2014

O petróleo virtual da Galp

Dois anos e o petróleo a caminho dos 30 dólares poderá ser demais...


Gráfico das cotações da Galp desde dez 2008
Gráfico: Jornal de Negócios

Galp e Eni vão explorar petróleo na costa alentejana (act.)
18 Dezembro 2014, 17:30 por Wilson Ledo - Jornal de Negócios

A Galp Energia assinou um acordo com a multinacional italiana Eni para a exploração de petróleo na região de fronteira portuguesa. A parceria abrange três áreas de concessão, com cerca de 9.100 quilómetros quadrados.

"O programa exploratório compreende a perfuração de um poço de exploração durante o próximo período exploratório", concretiza a informação enviada esta quinta-feira, 18 de Dezembro, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A Eni "passará a deter uma participação de 70%, tornando-se operadora e promotora, sendo que a Galp Energia mantém uma participação de 30%", informou a petrolífera portuguesa.

Esta notícia, ao preço que está o crude, e com operações a borregar em todo o mundo, só pode servir para lançar água salgada aos olhos da opinião pública e de algum 'investidor' tapadinho de todo.

A Galp Energia não tarda a entrar no mercado de saldos. Estará a Eni a posicionar-se para este saldo, mostrando uma pinça marota atrás deste banquete virtual de mariscos, com Lavagantes, Santolas e Lagostas?

Lembram-se quando a Galp inundou a imprensa indígena com notícias sobre o pré-sal da Baía de Santos? Cadé o famoso petróleo brasileiro então anunciado para inchar as cotações? Cadé a rentabilidade de quem entrou no jogo em 2009-2011 e não saiu a tempo?

Bastou-me olhar ontem para a cara de coelho do Oliveira da Figueira para perceber que não passava dum bluff de péssima qualidade.

Cotações da Petrobras desde 2009
Gráfico: Nasdaq

quarta-feira, novembro 05, 2014

Atenção a Angola e... Timor!

Primeiro cai a economia, depois cai o petróleo


Entretanto, os petrodolares deixam de andar por aí

Não há petróleo a mais, mas economia a menos


Os dois gráficos que publicamos neste post pouparão muitas horas de disparates televisivos e crónicas absurdas sobre quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. É evidente que foi a economia!

Uma das consequências há muito prevista relativamente ao Pico do Petróleo —o período de transição em que sensivelmente metade das reservas petrolíferas mundiais, por sinal a metade mais acessível e menos cara de produzir, foi consumida— é que a partir deste patamar, ou pico, verificado em 2005, as tensões entre a procura expansiva do petróleo e seus refinados e a inflação inevitável do seu preço conduzem a uma espécie de pára-arranca na economia mundial: acima dos 100-120 dólares o barril a economia mundial caminha rapidamente para a recessão, mas depois, a recessão, ao diminuir a procura de crude, provoca a queda do respetivo preço, o qual, por sua vez, caindo abaixo do limiar dos 80 dólares por barril, começa a desequilibrar gravemente as balanças de pagamentos dos principais exportadores de petróleo, retraindo a descomunal circulação mundial de petrodólares, para desgraça das principais praças financeiras e de dezenas de governos sobreendividados que, embora vejam os preços da energia importada descer, a verdade é que são tremendamente afetados pela seca de uma liquidez normalmente alimentada pela reciclagem dos petrodolares e dólares dos principais exportadores líquidos mundiais. Por fim, vários países exportadores de petróleo, como a Venezuela, o Canadá, a Rússia, o Irão, etc., veem as suas balanças comerciais a degradarem-se rapidamente, com implicações políticas internas potencialmente catastróficas.

Se olharmos para esta realidade desta maneira simples e verdadeira, perceberemos então com facilidade a corrida desesperada dos americanos em direção à exploração criminosa do petróleo e gás de xisto (presos nas chamadas rochas-mãe), a crise do Médio Oriente e as tensões entre a Euro-América e a China-Rússia, o tiroteio nos corredores do parlamento canadiano, a próxima diminuição abrupta da presença angolana na nossa economia, ou a ridícula crise de Timor em volta duns juízes, de um procurador e de um polícia.

É o petróleo, estúpido! É a economia, estúpido!

A Europa caminha, ao que parece, para uma nova recessão, ou para a terceira queda num ciclo que os anglo-saxónicos chamam triple-dip recession. Falar de crescimento e de mais emprego é, pois, uma previsão demasiado arriscada.

quarta-feira, outubro 29, 2014

Total War over the Petrodollar | Casey Research

Se os Estados Unidos fossem a nova Arábia Saudita não andariam preocupados com o petróleo dos outros


Não é, Prof. António Costa e Silva?

The conspiracy theories surrounding the death of Total SA’s chief executive, Christophe de Margerie, started the second the news broke of his death. Under mysterious circumstances in Moscow, his private jet collided with a snowplow just after midnight. De Margerie was the CEO of Total, France’s largest oil company.

He’d just attended a private meeting with Russian Prime Minister Medvedev, at a time when the West’s relationship with Russia is fraught, to say the least.


Total War over the Petrodollar | Casey Research: snow plow

segunda-feira, outubro 13, 2014

Para 2035 faltam só vinte anos

Na berma. Encontrado por Carlos Gomes nos caminhos insondáveis da Net

 

Vamos ter que mudar quase tudo em menos de uma geração


Mais do que continuarmos imersos na interminável guerra de palavras em volta das causas e efeitos que trouxeram a humanidade à presente crise financeira, económica, social, humanitária e cultural de que têm resultado epifenómenos conhecidos, como a proliferação do caos institucional e social, a instabilidade crescente dos sistemas políticos, as guerras civis e a crescente fricção bélica mundial, chegou o momento de olharmos para a geografia dos problemas, percebendo que há tendências objetivas de fundo, e que todos ganharemos em partilhar conhecimentos e soluções, pondo de lado o maniqueísmo social e os divisionismos locais e regionais. Estes, por melhores que sejam as razões, face à dimensão estrutural dos problemas em causa, não nos levarão a lado algum, salvo ao agravamento e extensão da tragédia coletiva que aflige já milhões de pessoas, se persistirmos na cegueira das causas imediatas do natural egoísmo de cada um e de cada grupo de interesses.

Sem percebermos a crise do paradigma energético não entenderemos nada do que se passa.

World primary energy consumption is projected to peak in 2035, when the world primary energy consumption rises to 15,914 million metric tons of oil-equivalent. By 2050, world primary energy consumption is projected to fall to 14,906 million metric tons of oil-equivalent. Peak Oil Barrel.

World carbon dioxide emissions from fossil fuels burning are projected to peak in 2027, with total emissions rising to 39,385 metric tons. Total carbon dioxide emissions are projected to fall to 29,309 million metric tons by 2050 and to 8,371 million metric tons by 2100. Peak Oil Barrel.

Não vale a pena irmos muito longe, nem sobretudo demasiado perto, procurar as causas da austeridade que caiu repentinamente sobre a maioria das pessoas. A população humana cresceu para lá da capacidade de satisfazer as suas necessidades materiais e culturais, e por isso envelhece agora como modo de adaptação à insustentabilidade coletiva, em vez de continuar a reproduzir-se exponencialmente.

A origem deste fenómeno encontra-se no esgotamento do próprio modelo de crescimento demográfico que assentou ao longo dos últimos duzentos anos no uso de técnicas de produção revolucionárias baseadas em fontes de energia que até então o homem não conhecia, ou conhecia mal, ou não dominava suficientemente:
  • o carvão usado nas locomotivas, barcos e outras máquinas alimentadas a vapor de água sob pressão, e ainda na produção da eletricidade aplicada à iluminação, alimentação de máquinas e exploração dos invisíveis, etéreos e virtualmente inesgotáveis campos eletromagnéticos; 
  • o petróleo necessário aos motores de ignição/explosão de vapores, que tornaram possível a expansão da indústria automóvel, náutica, aeronáutica e espacial, mas de onde sairia também a vasta e complexa indústria petroquímica imbuída no fabrico de quase tudo o que hoje usamos e consumimos; 
  • a energia hidroelétrica oriunda de centenas de grandes barragens; 
  • mais tarde a energia nuclear, 
  • e ainda os geradores eólicos, 
  • a energia fotovoltaica, etc. 

Sem carvão, sem petróleo e sem gás natural, porém, não haveria petroquímica, nem mais de 70% da energia elétrica hoje produzida e da qual depende criticamente o funcionamento das sociedades industriais e tecnológicas contemporâneas.

Pois bem, é este paradigma de energia abundante, transportável, armazenável e relativamente barata que tem vindo, desde 1973, a aproximar-se rapidamente do auge e do subsequente período de declínio. A observação dos quatro gráficos seguintes poupa muita retórica!

O peso do petróleo no PIB mundial cresce há mais de 40 anos


O consumo aumenta mais depressa do que a produção

Os produtores de petróleo precisam de vender cada vez mais caro...

Este mapa, em conjunção com os anteriores, mostra os limites temporais objetivos da globalização equitativa

No primeiro gráfico é clara a tendência para o encarecimento no petróleo e para a fatia crescente do PIB mundial dedicado à sua produção.

No segundo gráfico mostra-se que o mundo consome neste momento mais petróleo do que produz, ou seja, que a despensa das reservas começa a encolher.

No terceiro gráfico mostra-se até que ponto os principais países produtores de petróleo dependem cada vez mais dos elevados preços do mesmo para manterem os seus orçamentos públicos equilibrados. Na realidade, o chamado fiscal break-even oil price variava, em 2012, entre os 53,6USD por barril (no Kwait) e os 153,1USD pb (na Venezuela). Mesmo no caso da Arábia Saudita, o valor mínimo a que têm que vender o crude, para não afetar a respetiva estabilidade orçamental (e polítics!), encontra-se, desde 2012, acima dos 90USD. Ou seja, abaixo dos 80 dólares o barril, a maiorira dos países produtores de petróleo colapsa, e acima dos 120 dólares, é a economia mundial que estagna ou entra em recessão.

Finalmente, no quarto quadro, um mapa-mundo da distribuição do consumo do petróleo per capita em 2013, ficamos a saber que a tendência para um consumo geograficamente mais equilibrado e equitativo do petróleo está definitivamente comprometido, suscitando uma situação extremamente perigosoa no mundo, pois a expansão económica acelerada de países como a China, Rússia, Índia, Indonésia, Brasil, África do Sul, Angola, etc., pode ter chegado ao fim, pois a produção petrolífera em todos estes países já atingiu o pico. A China é agora o primeiro importador mundial de petróleo, tendo ultrapassado os Estados Unidos, e a Índia o terceiro. É pois difícil imaginar como o movimento de equalização económica que o fenómeno dos chamados países emergentes permitiu antever chegará a bom porto, sendo certo que tal aproximação é de todo impossível sem exportações maciças de petróleo do Médio Oriente e da Rússia para a Ásia. Mesmo a África e a América do Sul não tardarão a ver os limites dos gigantescos recursos de que ainda dispõem e que exportam já para lá do limiar da sustentação futura das suas economias.

Este mapa permite ainda perceber claramente porque motivo a Europa de Leste e o Médio Oriente se transformaram ao longo das últimas duas décadas nas duas zonas militarmente mais explosivas do planeta. O aumento de tensão e a probabilidade de guerras nos mares da China, Amarelo, do Japão e das Filipinas decorre da dependência crescente dos países do Oriente e Extremo Oriente (Índia, Indonésia, Filipinas, China, Coreia e Japão) dos recursos energéticos do Médio Oriente, África e América do Sul.

As soluções não estão à vista, mas é provável que as situações na China, no Japão e na Índia, cada vez mais dependentes de recursos essenciais que são forçados a importar em larga escala, venha a complicar-se num futuro relativamente próximo. A Revolução dos Guarda-chuvas, em Hong Kong, tal como as revoltas no Brasil, a Primavera Árabe, a nova crise na Crimeia e na Ucrânia, a guerra pela fragmentação da Síria e o cerco ao Irão depois da destruição do Iraque, são sinais mais do que evidentes da crise aguda de crescimento instalada à escala global.

Vamos ter que consumir menos energia e mudar radicalmente os paradigmas valorativos da prosperidade e do desenvolvimento. Tal como a economia digital caminhou rapidamente para modelos de consumo gratuito e garantido, tirando o máximo partido das economias de escala e das mais valias proporcionadas por serviços de valor acrescentado, também a economia tradicional, sobretudo aquela que diz respeito ao acesso básico à água, alimentação, energia e mobilidade e transportes terá que passar em breve por uma verdadeira revolução económica e social.

Mas para que esta metamorfose possa ocorrer de forma ordenada precisaremos de abrir as janelas da razão, da criatividade, da ética e do amor, e desligar os perigosos motores do maniqueísmo.


REFERÊNCIAS

  1. Fiscal break-even oil prices for major OPEC members
    April 3, 2014
    Dr Abhishek Deshpande and Nic Brown
    Oil&Gas Financial Journal


    Estimates point to a reduction of 200,000 barrels per day (b/d) in oil output and exports during 2014, which will sharply increase Saudi Arabia’s fiscal break-even oil price to approximately $97 per barrel (bbl). Coupled with mounting domestic fiscal pressure, tensions among OPEC members could be amplified as the debate over individual country output quotas is put in the spotlight.
    [...]
    Lower forecasts for 2014
    Collectively, these five key OPEC crude oil producers [Saudi Arabia, Iran, Iraq, Kuwait, UAE] have an output-weighted fiscal break-even oil price of around $93.3/bbl for 2014. Kuwait and the UAE have the lowest fiscal break-even oil prices, owing to high levels of oil production and exports relative to the size of their population.
  2. Deutsche Bank AG
    Commodities Outlook

    Supply momentum, supply curtailments and supply shock
    July 2014
     
  3. What is Fiscal Breakeven for Oil States?
    Posted on 19 April, 2014    by alfin2101
    When a national government depends upon income from oil & gas to balance its budget, the prices of oil & gas become very important to the economic health of that country. When oil-state governments grow financially over-extended through greed, corruption, ambition, or desperation, fiscal breakeven oil prices rise — even if market oil prices fall.
  4. BP Statistical Review of World Energy, June 2014
    BP-pdf

Atualização: 13/10/2015, 11:23 WET

domingo, setembro 28, 2014

Rússia destapa mil milhões de barris de petróleo no Ártico

The oil production platform at the Sakhalin-I field in Russia, partly owned by ONGC Videsh Ltd., Rosneft Oil Co., Exxon Mobil Corp. and Japan's Sakhalin Oil and Gas Development Co. on June 9, 2009.

As sanções de Obama e dos caniches europeus foram um tiro no pé


Rússia confirmou, a 27 de setembro, a descoberta no Ártico de uma nova reserva petrolífera que poderá chegar aos nove mil milhões de barris de crude. O furo entretanto aberto promete mil milhões de barris. O mundo, porém, produziu mais do triplo desta quantidade em 2013, algo parecido com: 27.740.000.000 barris. A estrutura geológica que alberga este novo e importante achado petrolífero, Universitetskaya, faz parte de uma região petrolífera ainda por explorar e que poderá, dizem, ser maior que a parte que os Estados Unidos detêm no Golfo do México. A Exxon, no entanto, corre o risco de perder os direitos ali negociados, por causa das sanções contra a Rússia impostas pelos falcões de Washington.

Russia Discovers Massive Arctic Oil Field Which May Be Larger Than Gulf Of Mexico
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/27/2014 16:52 -0400

In a dramatic stroke of luck for the Kremlin, this morning there is hardly a person in the world who is happier than Russian president Vladimir Putin because overnight state-run run OAO Rosneft announced it has discovered what may be a treasure trove of black oil, one which could boost Russia's coffers by hundreds of billions if not more, when a vast pool of crude was discovered in the Kara Sea region of the Arctic Ocean, showing the region has the potential to become one of the world’s most important crude-producing areas, arguably bigger than the Gulf Of Mexico. The announcement was made by Igor Sechin, Rosneft’s chief executive officer, who spent two days sailing on a Russian research ship to the drilling rig where the find was unveiled today.

Russia Says Arctic Well Drilled With Exxon Strikes Oil
By Ilya Arkhipov, Stephen Bierman and Ryan Chilcote Sep 27, 2014 8:02 PM GMT+0100 - Bloomberg

“The announcement was made by Igor Sechin, Rosneft’s chief executive officer, who spent two days sailing on a Russian research ship to the drilling rig where the find was unveiled today. The well found about 1 billion barrels of oil and similar geology nearby means the surrounding area may hold more than the U.S. part of the Gulf or Mexico, he said.”

[...]

“The Arctic well will be among the most expensive Exxon has ever drilled, costing at least $600 million. The spending is justified by the potential prize. Universitetskaya, the geological structure being drilled, is the size of the city of Moscow and large enough to contain more than 9 billion barrels, a trove worth more than $900 billion at today’s prices.”

Rosneft and ExxonMobil strike oil in Arctic well
By Jack Farchy in Moscow and Ed Crooks in New York. Financial Times.

“The $700m well has been one of the most closely watched projects in the oil industry, as geologists believe that the Arctic is the last great unexploited resource. The discovery of “liquids” – industry terminology for oil and condensed gas – is positive since there had been concerns that the drilling campaign may have hit only natural gas, a far less profitable find.”

[...]

“Mr Sechin said the field would be called Pobeda -- meaning Victory. He added that the estimated resource base of the “trap” that the drilling had discovered was over 100m tonnes (about 750m barrels) of high-quality light oil and 338bn cubic metres of gas.”

Basta, no entanto, olhar para o mapa do petróleo para percebermos a questão de fundo que está a agitar os grandes países produtores e os grandes países consumidores e explica em grande parte a emergência do Estado Islâmico na sequência da programada desestabilização militar e política do Médio Oriente: Iraque, Afeganistão, Irão, Líbia, Síria, Egito, Gaza, bem como de alguns dos países e regiões chave para a proteção estratégica da Rússia: Ucrânia, Cáucaso, por exemplo.

Resumindo, a situação é esta:
  • Os campos gigantes e super-gigantes da produção petrolífera, cerca de 1% de todos os poços existentes, mas que representam 65% das reservas recuperáveis, estão em declínio, com decréscimos anuais na ordem dos 4%, para as explorações em terra, e 9% para os campos offshore (1).
  • Estes grandes campos petrolíferos estão concentrados em três regiões: Golfo Pérsico, Rússia e Américas (Alasca, Golfo do México, Brasil e Venezuela). O Golfo da Guiné é também uma região importante, mas onde não existem campos petrolíferos gigantes.
  • O crescimento da China e da Índia, e em geral o crescimento relativamente acelerado de muitos países que foram deixados para trás ao longo de todo o século 20, colocam um problema praticamente insolúvel: o petróleo 'barato' acabou em 2005, e em dez a quinze anos deixará de haver petróleo 'abaixo dos 100, 120, 150 USD por barril) suficiente para alimentar a economia global, mesmo que os Estados Unidos, a Europa e o Japão consigam adaptar as suas economia a um novo paradigma de 'crescimento zero'. O gráfico abaixo mostra como sem o petróleo de xisto produzido nos Estados Unidos teria havido em 2013 um declínio da produção global semelhante ao de 2006/07, e uma subsequente alta de preços semelhante à de 2008 no ano que vem (2).
A geografia dos povos de religião muçulmana deve fazer-nos pensar. Crer que poderão ser deixados de lado ao mesmo tempo que são espoliados das suas reservas naturais é uma ilusão criminosa que começamos a pagar em sangue e lágrimas. Se não olharmos para o problema energético de frente e de uma forma integrada, tudo começará inevitavelmente a piorar entre os países, entre as religiões, e a humanidade acabará por mergulhar em mais um prolongado inferno.


NOTAS
  1. Aging oil fields can turn the Arabian Peninsula into a powder keg
    By Kjell Aleklett
    Posted on September 1, 2014

    The world’s largest conventional oil field is Ghawar in Saudi Arabia and there are also many other gigantic oilfields in the region. Since the 1950s it is mainly oil from the Arabian Peninsula that has been decisive for the economic growth of the global economy. The problem at the moment is that the fields are old and mature and production is beginning to decline in some of them. What will happen in the future with these fields? At the end of October I am invited to Dubai to give a presentation at the “Monetising Mature Fields 2014 Summit – How to enhance post-peak production assets whilst ensuring cost efficiency”. It will be quite a technical conference and it will be exciting to participate with the other speakers. Here is the title of my presentation and three bullet Points:

    “Production from Giant Oilfields in the Twenty-first Century”.

    • Around one percent of oilfields globally are giant, but these have around 65 percent of global URR, Ultimately Recoverable Resources.
    • Production from giant oilfields is around 40 million barrels per day and decline rates for land-based fields are around 4 percent per year while offshore fields decline by 9 percent per year.
    • Giant oilfields are mature and they will all soon be in their decline phase. With an average decline rate of 5 percent per year the world will, within 10 years, lose production from giant oilfields of the order of 20 million barrels per day.
  2. World crude production 2013 without shale oil is back to 2005 levels
    By Matt Mushalik, originally published by Crude Oil Peak  | Mar 13, 2014

    Unnoticed by the mainstream media, US shale oil covers up a recent decline of crude oil production of 1.5 mb/d in the rest of world (using data up to Oct 2013). This means that without US shale oil the world would be in a deep oil crisis similar to the decline phase 2006/07 when oil prices went up. The decline comes from many countries but is also caused by fights over oil and oil-related issues in Iran, Libya and other countries which can be seen on TV every day.
Última atualização: 4/10/2014, 18:21 WET

domingo, junho 15, 2014

Solução mágica para crescer?

Bombardeiro nuclear americano B-1


O estado de negação predomina entre os ignorantes economistas


Tal como o tardo-keynesiano Paul Krugman, Tyler Cowen acha que uma grande carnificina mundial poderia espevitar o crescimento! Escreve este patusco no NYT (what else?):
“An additional explanation of slow growth is now receiving attention, however. It is the persistence and expectation of peace.”
O pletórico Cowen está, porém, teoricamente errado no seu execrável raciocínio. E por uma razão muito simples: o crescimento rápido do Ocidente e parte do Oriente nos séculos 19 e 20 deveu-se à abundância, acessibilidade e baixo preço de duas fontes de energia hoje em declínio: carvão e petróleo. Basta empurrar um automóvel sem gasolina para perceber o valor inestimável de um litro de gasolina!

As duas grandes guerras mundiais e boa parte das guerras posteriores andaram sempre à volta disto: carvão, petróleo, gás natural e alguns minérios essenciais. Sem isto, nem sequer há maneira de pagar novas guerras mundiais, salvo se algum suicida no poder optar uma guera nuclear, ou biológica, cuja contenção, nomeadamente geográfica, ninguém pode assegurar — basta refletir um pouco sobre as consequências catastróficas do desastre nuclear de Fukushima (ver este vídeo impressionante). Por outro lado, depois de uma guerra nuclear, ou biológica, que seria necessariamente acompanhada de ataques químicos, guerra convencional e operações especiais de guerra assimétrica (terrorismo), causando certamente dezenas de milhões de mortos em pouco tempo, o crescimento que tantos anseiam, à direita e à esquerda (basta ouvir o que diz Jerónimo de Sousa), só mesmo alavancado em minhocas!

The Lack of Major Wars May Be Hurting Economic Growth
By Tyler Cowen, The Upshot/The New York Times, JUNE 13, 2014


The continuing slowness of economic growth in high-income economies has prompted soul-searching among economists. They have looked to weak demand, rising inequality, Chinese competition, over-regulation, inadequate infrastructure and an exhaustion of new technological ideas as possible culprits.

An additional explanation of slow growth is now receiving attention, however. It is the persistence and expectation of peace.

sábado, junho 07, 2014

A caminho do colapso: 2030




O pico do petróleo convencional ocorreu em 2005


Entre 1998 e 2005 o investimento realizado de 1,5 biliões de dólares permitiu incrementar a produção de petróleo convencional em 8,6 mihões de barris/dia. Já entre 2005 e 2013, apesar do investimento na exploração e produção deste mesmo segmento de petróleo e gás convencionais ter subido para 3,5 biliões de dólares (equivalente ao PIB da Alemanha), a produção caiu 1 milhão de barris/dia.

Esta é a prova cabal de que o chamado Pico do Petróleo, previsto em 1956 por M. King Hubbert, foi mesmo atingido, ainda que com uma década de atraso relativamente aos seus cálculos (PDF).

E agora?

A resposta a esta situação tem seguido algumas estratégias complementares, orientadas sempre para o aumento da produção de energia:
  1. energia nuclear
  2. energias fósseis não convencionais: areias betuminosas e outros petróleos pesados e extra-pesados, petróleo encapsulado a grandes profundidades submarinas, liquefação do carvão, etc.
  3. bio-combustíveis a partir de sementes e plantas, resíduos orgânicos, etc.
  4. reforço da capacidade das centrais hidroelétricas
  5. energia eólica
  6. energia solar
  7. eficiência energética
A verdade, porém, é que estas estratégias revelaram-se incapazes de suprir minimamente as gigantescas necessidades energéticas —sobretudo em combustíveis líquidos— potenciadas exponencialmente desde que a civilização capitalista industrial começou a usar intensivamente o carvão (antracite e hulha) —desde o século 19 até hoje— e mais tarde acrescentou ao mix energético o uso de uma fonte de energia ainda mais poderosa, versátil e revolucionária: o petróleo/ gás natural.

O pico petrolífero foi atingido em 2005, ou seja, acabou nesse ano, à escala global, o petróleo barato. Em março de 2006, depois de uma viagem a Paris, onde conheci e assisti ao nascimento do GEAB, um boletim mensal de prospetiva idealizado pelo já desaparecido Franck Biancheri, escrevi neste mesmo blogue o seguinte:
Os investigadores e analistas do LEAP/E2020 identificaram 7 crises convergentes que as decisões da última semana de Março de 2006 catalizarão e transformarão numa crise geral, afectando todo o planeta nos campos político, económico e financeiro, bem como, muito provavelmente, no campo militar:

1. Crise de confiança no dólar
2. Crise dos desiquilíbrios orçamentais norte-americanos
3. Crise petrolífera
4. Crise da liderança norte-americana
5. Crise do mundo Árabe-Muçulmano
6. Crise de governabilidade mundial
7. Crise de governabilidade europeia

O António Maria, 2/3/2006 - "2006 crise mundial 1"  

Desde então que não nos cansámos de chamar a atenção de quem nos lê para as consequências catastróficas potenciais do encarecimento irreversível e escassez a prazo dos motores energéticos das sucessivas revoluções industriais e tecnológicas iniciadas com a máquina a vapor, o comboio, a eletricidade, o saneamento básico e a distribuição doméstica canalizada de água, gás e eletricidade.

É impressionante verificar a rapidez com que o Pico do Petróleo desencadeou sucessivas crises financeiras e económicas em todo o planeta. O investimento global na produção de energia é cada vez maior, e por conseguinte o custo da energia e o respetivo preço não param de aumentar.

Acima dos 100-120 dólares o barril, o efeito recessivo desta carestia energética é automático. As bolhas especulativas e o sobre endividamento dos governos, das empresas e das famílias são algumas das consequências previstas cuja confirmação se tornou dramática a partir do colapso do Lehman Brothers, em 2008.

Nós vamos ter que discutir publicamente aquela que é a mãe de todas as crises.

Quanto mais tempo perdermos nos jogos políticos e partidários tradicionais pior será para todos, porque mais tempo precioso perderemos na percepção, reconhecimento e estudo focado da situação energética nacional, europeia e mundial, e na definição de um caminho de adaptação à inevitável metamorfose energética, económica e social que se aproxima do mundo a grande velocidade.

Nós estamos, de facto, no meio dum turbilhão, do qual só sairemos se começarmos imediatamente a discutir o essencial e pusermos de lado o acessório.

Curiosamente, os partidos políticos, que poderiam ter um papel crucial nesta fase crítica do fim de um modelo de crescimento e de civilização, e na inevitável transição para algo ainda desconhecido, meteram as cabeças na areia.

Até quando?


REFERÊNCIA
Peak Oil Revisite...
by Brian Davey, Jun 03, 2014 - Feasta


“In a lecture to the Columbia University Center on Global Energy Policy in February of 2014 Steven Kopits, who is the Managing Director of the consultancy, Douglas Westwood explains how conventional “legacy” oil production peaked in 2005 and has not increased since. All the increase in oil production since that date has been from unconventional sources like the Alberta Tar sands, from shale oil or natural gas liquids that are a by-product of shale gas production. This is despite a massive increase in investment by the oil industry that has not yielded any increase in ‘conventional oil’ production but has merely served to slow what would otherwise have been a faster decline.

More specifically the total spend on upstream oil and gas exploration and production from 2005 to 2013 was $4 trillion. Of that $3.5 trillion was spent on the ‘legacy’ oil and gas system. This is a sum of money equal to the GDP of Germany. Despite all that investment in conventional oil production it fell by 1 million barrels a day. By way of comparison investment of $1.5 trillion between 1998 and 2005 yielded an increase in oil production of 8.6 million barrels a day.

Further to this, unfortunately for the oil industry, it has not been possible for oil prices to rise high enough to cover the increasing capital expenditure and operating costs. This is because high oil prices lead to recessionary conditions and slow or no growth in the economy. Because prices are not rising fast enough, and costs are increasing, the costs of the independent oil majors are rising at 2 to 3% a year more than their revenues. Overall profitability is falling and some oil majors have had to borrow and sell assets to pay dividends. The next stage in this crisis has then been that investment projects are being cancelled – which suggests that oil production will soon begin to fall more rapidly.”

[...]

“According to Kopits the vast majority of the publically quoted oil majors require oil prices of over $100 a barrel to achieve positive cash flow and nearly a half need more than $120 a barrel. But it is these oil prices that drags down the economies of the OECD economies.”

[...]

“Over the last few years central banks have had a policy of quantitative easing to try to keep interest rates low – the economy cannot pay high energy prices AND high interest rates so, in effect, the policy has been to try to bring down interest rates as low as possible to counter the stagnation. However, this has not really created production growth – it has instead created a succession of asset price bubbles. The underlying trend continues to be one of stagnation, decline and crisis.”

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Até Madrid, de burro!

“A l’occasion de l’ouverture à venir de l’exposition «La planète mode de Jean Paul Gaultier, de la rue aux étoiles à Rotterdam, un train à l’effigie du couturier français a été inauguré ce mercredi.”
Foto@Reuters/ Gonzalo Fuentes — in Parismatch.com

Está na altura de correr com o Relvas, com o Álvaro e com o desorbitado Sérgio

O comboio de alta velocidade Thalys é chic no norte da Europa (ver vídeo TVI), mas entre os grunhos devoristas da falida Lusitânia, não :( Ainda não perceberam que em breve a generalidade dos portugueses, e as mercadorias também, ou viajam de barco e de comboio, ou ficam em casa. E pelo ar, só mesmo as Low Cost irão resistir por mais uma ou duas décadas no máximo à subida imparável dos combustíveis líquidos. A globalização está a dar as últimas, se é que ainda não perceberam!

A corja do ministério da economia e o Passos de Coelho ainda não perceberam que o petróleo barato e abundante acabou, e que a rede europeia de alta velocidade ferroviária veio para para substituir -pelo menos em parte- os TIR e os aviões movidos por um combustível que acaba de ultrapassar aos 117 dólares o barril (1). Acima dos 86-90 dólares está comprovado que as economia ocidentais param de crescer e caminham rapidamente para a recessão...

Alguém em Bruxelas explicou ao Gasparinho a situação, e alguém explicou ao Gasparinho que roubar dinheiros comunitários indexados a projetos estratégicos fundamentais para os fazer desaparecer nos bolsos sem fundos da falida e inviável TAP é não só ilegítimo, como, provavelmente, uma fraude!

Está na hora de despedir o pirata Relvas, o ‘condottiero’ Sérgio Monteiro, e o improvável Álvaro (que não há meio de deixar de dar pontapés na gramática!)

O que o governo e o Bloco Central da Corrupção (que continua a mexer) têm vindo a fazer, i.e. rasgar candidaturas comunitárias aprovadas, deitar pela janela da verborreia mediática fora compromissos sucessivamente assinados com Espanha (2003,..., 2011) e, em última análise, criar barreiras ilegais à livre circulação de pessoas e mercadorias no espaço comunitário, vai acabar por desencadear uma resposta justa e oportuna da comunidade europeia. Foi isso, creio, que o Gasparinho tentou evitar esta semana.

Os indígenas, pelos vistos, não perceberam. A humilhação será, pois, servida fria.

Os indígenas da Tugalândia ainda não encasquetaram naquelas mioleiras vazias que não existe nenhuma aberração no universo chamada alta velocidade ferroviária para mercadorias! O que existem são linhas ferroviárias (que não transportam coisa nenhuma) onde os comboios de mercadorias andam à velocidade habitual, 90Km/h, ou quanto muito, 100-110Km/h, as quais, se estiverem desenhadas para tal, podem permitir que outros comboios (espanhóis, franceses, alemães, ingleses, irlandeses, mas não portugueses, pois o país está falido e não tem cabeça) transportando uma mercadoria particular chamada passageiros circulem a 200, 220, 250, 300, 350 Km/h. Cappice?!

Como os astrólogos da nossa falida economia continuam a opinar parvoíces sobre este assunto,  convido-os a emigrarem para.... Marte!


À medida que a rede de bitola europeia cresce Portugal vai-se reduzindo a uma ilha ferroviária.


POST SCRIPTUM
Este secretário de estado ou é completamente imbecil, ou julga que somos todos parvos. Como, na realidade, não somos todos parvos...




Ainda a propósito das afirmações do yuppie de estado Sergio Monteiro, leia-se este artigo de Rui Rodrigues, publicado no Público. Escreve Rui Rodrigues: 
No dia 7 de Fevereiro de 2013, o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, fez uma conferência de imprensa histórica que pode ser comparada às célebres declarações do ex-Ministro Mário Lino quando afirmou “Alcochete Jamais”.

NOTAS
  1. No dia 8 de fevereiro de 2013 o petróleo volta a estar acima dos 117 dólares (US$117,24/bbl), mas desta vez por causa do euro.

    O preço do petróleo subia e descia até agora com o dólar. No entanto, desta vez, subiu com a desvalorização do euro face ao dólar, em curso desde 4/2/2013 para cá.

    Ou seja, podemos talvez dizer que o preço do petróleo passou a estar indexado simultaneamente à moeda de reserva americana e à moeda de reserva europeia.

    Quer isto dizer algo muito simples: o preço do petróleo vai continuar acima dos 100 dólares, pelo menos ao longo de 2013. E em 2014, 2015, etc..., veremos...

    Segunda conclusão: a recessão vai manter-se, e porventura acentuar-se nos EUA e na Europa, por mais malabarismos estatísticos que nos tentem atirar à cara.

    Desemprego, não criação de novos empregos, falências, agravamento das dívidas soberanas, fascismo fiscal, e convulsões sociais e políticas são alguns dos contornos do futuro imediato :(

    Na realidade, o período da camuflagem financeira da rápida aproximação do Pico do Petróleo acabou. Esta máscara de falsa prosperidade deu origem à maior bolha de crédito de sempre, suportada por uma inimaginável montanha de ativos virtuais tóxicos que continua a desabar perante o pasmo de todos. Aquilo que agora sabemos é que o Pico do Petróleo foi na realidade precedido, em uma década ou menos, pelo Pico Financeiro do Capitalismo. O crescimento acabou, e por mais dinheiro falso que se crie e injete na economia, nada acontece e o colapso continua.

    Não haverá assim em Portugal nenhum novo crescimento consistente e durável, e as nossas exportações irão cair tanto mais depressa quanto menos capacidade tivermos de diminuir os seus custos energéticos. A conjugação portos-ferrovia-transporte ferroviário intercidades é a única alternativa que poderá mitigar ao longo desta e das próximas décadas o declínio económico que temos pela frente. Só os indígenas do governo e a mérdia lusitana é que ainda não perceberam esta verdade elementar.
 ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 10fev2013 17:02

sexta-feira, agosto 17, 2012

É o petróleo, estúpido!

O petróleo está mais caro hoje do que em 2008 :(
Gráfico: Bloomberg, in ZeroHedge

Crescer 3% ao ano é altamente improvável :(

Em 3 de julho de 2008 o petróleo de Brent custava 145,66 dólares, ou 92,76 euros. Em 16 de agosto de 2012 custava 116,90 dólares, ou 94,9835 euros. Recessão? Pois claro!

Estes dados, de que a nossa imprensa não tem dado suficiente conta, e sobre cuja origem venho alertando os meus leitores desde 2005, são tanto mais alarmantes quanto boa parte dos cenários de avaliação e investimento público (Banco de Portugal, Caixa Geral de Depósitos, PPPs rodoviárias e hospitalares, TAP, transportes públicos, autarquias, fundações e observatórios, etc.) foi sendo programada, nomeadamente durante o consulado criminoso de José Sócrates, tendo por referência do custo da energia um preço médio do barril de crude na casa dos 60-70 euros!

Não só não cresceremos a 3%, como alvitra Medina Carreira quando afirma que abaixo desta fasquia o estado social irá à falência (já foi), como nos espera uma longa e assassina depressão. 

Estou convencido que o melhor negócio que aí vem é a importação de fornos de cremação, pois o espaço nos cemitérios começa a faltar por essas aldeias e vilas fora, já para não falar em Lisboa e Porto, onde a cremação se tornou moda e necessidade de há uma década para cá. É bom não esquecer que, segundo a ONU, Portugal poderá ver a sua demografia reduzida em 3,9 milhões de almas até ao fim deste século.


E a verdadeira má notícia é esta: não vai baixar abaixo dos 60-70 euros, nunca mais!

On a euro basis, the spot price for Brent crude oil, a global benchmark, has surpassed its prior record high and set a new record high of 96.53 euros per barrel on March 13, 2012, as the currency exchange rate has declined (see chart above). The prior record of 92.76 euros per barrel was set on July 3, 2008. However, on a U.S. dollar basis, the spot price for Brent crude oil remains under the prior record high of $145.66 per barrel, which was set on July 3, 2008. On March 13, 2012, the Brent crude oil spot price was $126.30 per barrel. 
in "On a euro basis, Brent crude oil spot price surpasses prior record high",  march 28, 2012, eia
As consequências do fim da energia barata, induzida pelo esgotamento há muito previsto do petróleo fino e acessível, e o regresso de múltiplas formas de energia, velhas, novas e super-novas, todas elas caras, são inexoráveis:

  • mudança profunda do paradigma de desenvolvimento da humanidade, 
  • novas vagas de destruição do consumo e do excesso de capacidade produtiva (i.e. desemprego estrutural crescente e duradouro), 
  • depressão económica e episódios de inflação empinada,
  • racionamento de bens essenciais, 
  • empobrecimento acelerado das classes médias, nomeadamente profissionais, 
  • enfraquecimento das democracias, 
  • subida do autoritarismo fiscal, judicial, burocrático e policial, 
  • militarização cibernética de vários países, nomeadamente europeus,
  • conflitos bélicos em larga escala.

Hoje, abaixo dos 60 USD/Brent temos o colapso imediato das economias dependentes da exportação de crude, e acima dos 100 USD/Brent começa a recessão em toda a parte.

Uma das consequências da crise insuperável do modelo de crescimento e desenvolvimento assente numa energia tão poderosa e barata quando foi o petróleo, é o endividamento público e privado das nações, e o provável colapso de muitas delas. Ao contrário do que as minhas imprecações sugerem, a causa da tragédia que se desenrola diante de todos é sistémica, e só em parte pode ser agravada ou mitigada pelas abomináveis criaturas que nos governam. Esta derrocada, de que estamos a conhecer desde o despedimento de Sócrates a fase de falência anterior à bancarrota, irá desorganizar o aparelho do Estado, convocando cenários previsíveis de colapso social, seguidos de respostas que poderão, uma vez mais, assumir contornos militares. É o que sucederá quando os tribunais, as repartições de finanças e as polícias deixarem de funcionar em termos minimamente aceitáveis.

Embora sejamos impotentes para sustar a tragédia que se aproxima como um ciclone devastador, depende de nós, e só de nós próprios, unir ou dividir ainda mais a sociedade na frente que é urgente criar para resistir ao impacto global que o pico do petróleo terá em todo o mundo. Uma cidade com construções anti-sísmicas bem feitas e regulamentos rigorosos a que ninguém se pode eximir resistirá sempre melhor do que uma tribo dividida, corrupta e desorganizada.

É disto que se trata quando proponho com carácter de urgência uma Nova Constituição e uma sociedade simultaneamente mais coordenada e descentralizada.