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sexta-feira, agosto 16, 2019

E agora Costa?

in ECO

Uma nova estratégia para Portugal, já!


Juros negativos travam emissão de obrigações do Tesouro para as famílias 
Com os juros da dívida portuguesa abaixo de 0% até aos sete anos, maturidade das emissões de OTRV, IGCP poderá não avançar com a operação. Certificados vão tapar "buraco" de mil milhões de euros. 
As OTRV foram criadas para oferecer aos pequenos investidores uma forma de investirem diretamente nas obrigações do Tesouro, com as vantagens e desvantagens que tal oferece. Se nos últimos anos permitiu ter acesso a taxas atrativas, à luz das alternativas do próprio Estado, com o contexto de taxas negativas o interesse destes investidores desaparece. Em julho de 2018 — altura em que se realizou a única emissão de OTRV do ano passado–, a taxa a sete anos estava em 1,3% no mercado, tendo o IGCP oferecido 1% aos aforradores nas OTRV. Agora, a yield dos títulos com a mesma maturidade está em -0,05%. 
—in ECO

A Cristina Casalinho faz o que pode, mas pagar para emprestar ao Estado que, ao mesmo tempo, enveredou por uma espécie de fascismo fiscal, não dá!!!

Quando o sistema financeiro mundial der um novo grande estouro, quem irá governar este país de corruptos e tolos chamado Portugal?

É possível que haja um Reset do sistema financeiro ocidental, ou mesmo global, baseado na utilização do chamado blockchain (uma espécie de livro aberto e universalmente partilhado de contas e transações), o qual, porém, terá que ser indexado ao ouro, única medida universalmente assumida como válida (1). Por algum motivo desde há mais de uma década a China acumula reservas de ouro, enquanto outros, como nós, as desbarámos (das 800 toneladas deixadas pelo ditador Salazar, já vendemos 500) em nome de um socialismo que não conseguimos financiar com o que realmente produzimos e vendemos.

Resta-nos definir sem demora um agenda clara de ação:

1) exigir um Estado menos corrupto, economicamente sustentável e menos arrogante (privatizando tudo o que pode ser privatizado sem prejuízo do interesse da comunidade, acabando de vez com a proteção corporativa e partidária dos ditos setores estratégicos, a maioria dos quais faliu e foi alienada, nomeadamente para pagar a monstruosa dívida do Estado); racionalizar o estado social, estabelecendo, nomeadamente, uma pensão de reforma mínima e uma pensão de reforma máxima;

2) exigir a redução da classe política, e da sua obsessiva e omnipresente propaganda, à sua real (quer dizer, escassa) importância económica, social e cultural;

3) atacar politicamente de forma decisiva a voragem fiscal das elites e da partidocracia que têm arruinado o futuro do país;

4) manter a trajetória (imposta pela Alemanha e pelos credores) da redução do défice e da dívida públicos;

5) apoiar estrategicamente todas as indústrias exportadoras, a começar pelo turismo, indústrias tradicionais (têxteis e calçado e maquinaria), a horticultura, a vinha, a produção de fruta e a olivicultura, os serviços florestais certificados, a requalificação das fileiras do mármore, granito e outras rochas decorativas, a exploração sustentável dos metais raros, a aquicultura em mar aberto, e, finalmente, as indústrias de conhecimento e prestação de serviços cognitivos (nomeadamente na esfera das redes 5G, computação quântica, robótica e nanorobótica, e medicina molecular).




NOTA

States-gold-cryptos: the three pillars of the next international currency

...globalized human society is trying to find solutions between maintaining open participation in the world, refocusing on regions of economic activity, reinventing national added value, and optimizing the degree of anchoring to the reality that cities provide. Solutions capable of integrating all these levels exist thanks to new technologies and the networking model in general.

It is in this context that we must place the reflections currently being carried out by the international bodies in charge of conceiving the next world monetary system – reflections made more urgent by the dollar’s return home. In monetary terms, if we combine new technologies (cryptocurrencies, virtual currencies), the mandatory global dimension, the need to re-anchor the system and the inevitability of states, some solutions emerge: a mix of monetary virtualisation offset by the support of gold, all guaranteed by the only level of governance connected to citizens i.e. the State. One can then imagine an international monetary system technologically unified by the blockchain, anchored in national gold reserves that are networked through it and embodied in national denominations: crypto-dollars/Swiss francs/yuan… supported by gold.

Let’s look now at the current events which seem to be heading in this direction...

[...]

In monetary terms, if we combine new technologies (cryptocurrencies, virtual currencies), the mandatory global dimension, the need to re-anchor the system and the inevitability of states, some solutions emerge: a mix of monetary virtualisation offset by the support of gold, all guaranteed by the only level of governance connected to citizens i.e. the State. One can then imagine an international monetary system technologically unified by the blockchain, anchored in national gold reserves that are networked through it and embodied in national denominations: crypto-dollars/Swiss francs/yuan… supported by gold.

Let’s look now at the current events which seem to be heading in this direction.

Beyond the various withdrawals, openness to the world remains (e.g. tourism)
Despite the many tensions at the international level, on an individual basis, the will to get together and interact with other cultures remains strong. In fact, away from the major conflicts, tourism on a global scale is experiencing strong growth, with about 100 million people moving from one country to another each month as visitors. In total, in 2017, 1.4 billion people made the decision, of their own free will, to experience another way of life. France and Spain are the most visited countries, with 87 million and 82 million international tourists respectively, followed by the United States (77 million tourists) and China (60 million tourists).
In 2017, tourism worldwide grew by 7%, well above the forecasts of the UNWTO (World Tourism Organisation), which forecasted a 3.8% growth.
These figures shed light on the dynamics being generated at a human level. They show that, beyond potential trade wars or other diplomatic tensions, there is a greater than expected appetite for abroad, near or far.

The current appetite for global currencies

In the same vein, beyond the populist and nationalist movements, we have seen over the past two years how fond people are of these de facto global currencies called cryptocurrencies. Although there are still few users in comparison to the world’s population, the fact remains that the trend is rising, thanks to the integration of cryptocurrencies within popular services. We can mention here the most emblematic projects already deployed or announced such as Reddit, Telegram, Facebook or even the browser Brave...

Read more in GEAB 132

Atualizado: 17/8/2019 20:41

terça-feira, maio 16, 2017

A propaganda do crescimento

Trading Demographics

Os ventos sopram a favor da Geringonça até 2018...


Desde que a Geringonça apareceu, fui dizendo (nomeadamente num programa de televisão entretanto extinto—Política Sueca) que a mesma beneficiava de uma conjuntura nacional (fim do momento mais áspero da austeridade) e internacional (queda dos preços do petróleo, crise na Síria e no Médio Oriente, e crise na União Europeia) favorável. Que António Costa, a Geringonça e o cesarismo bicéfalo instalado na sequência da derrota do PSD e da substituição de Cavaco Silva, tinham possibilidades objetivas e subjetivas de fazer um, ou até dois mandatos. Também sublinhei várias vezes que ou o PCP e o Bloco aproveitavam rapidamente o início da legislatura para forçarem uma coligação a sério, ou seriam forçados a engolir, com o tempo, todos os sapos que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa lhes servissem numa bandeja de encómios.

Dito isto, o crescimento homólogo do primeiro trimestre de 2017 (2,8%), que aliás se vê no turismo, nas exportações e no boom de requalificação e especulação urbanas em curso, sendo de saudar (e também fruto de uma austeridade de esquerda evidente) pode não passar duma euforia temporária. O temporário pode, no entanto, durar até 2018 ou mesmo 2019.

Por outro lado, se olharmos para as tendências de médio-longo prazo,, a situação portuguesa continua a ser muito frágil. Basta reparar no gráfico do crescimento anual do país desde 1996 (Trading Economics), e na média desse crescimento (1,2%), ou nos valores (130%) e preço da dívida pública (3,33%), ou na relação entre as taxas de juro de referência do BCE (0%) e a inflação em Portugal (2%), ou na balança comercial (-821 milhões de euros), para percebermos que o comentador presidente tem razão: não é preciso embandeirar em arco. Nem muito menos ir atrás dos parasitas do orçamento.

POST SCRIPTUM

Como me referiu um amigo atento, e li no ECO, Dinheiro Vivo, e Jornal Económico, as receitas líquidas do Turismo em 2016 subiram para 12,6 mil milhões de euros. Por sua vez, as despesas dos portugueses no estrangeiro andaram pelos 3,82 mil milhões, no mesmo ano. Ou seja, as receitas líquidas geradas pelo turismo em 2016 devem ter rondado 8,78 mil milhões. Por comparação, no mesmo ano de 2016, a despesa pública em Educação foi da ordem dos 6 mil milhões, e o serviço da dívida pública custou cerca de 8,4 mil milhões. Já em termos líquidos, o aumento da receita do turismo terá sido da ordem dos 1,2 mil milhões de euros.

Por sua vez, no imobiliário, o investimento externo disparou para cerca de 4 mil milhões de euros em 2016 (3,3 em 2015). A subida foi, portanto, da ordem dos 1,1 mil milhões de euros.

Somando imobiliário e turismo (embora não saiba se posso fazer esta soma tão simplesmente) o montante é da ordem dos 16,6 mil milhões de euros.

Já no que se refere ao saldo da balança comercial, embora tenha melhorado, continua negativo e acima dos 900 milhões euros.

À pergunta sobre o que realmente contribuiu para o desempenho favorável da economia portuguesa em 2014, 2015 e 2016, e sobretudo para o otimismo que reina nalguns setores da sociedade desde 2015, a resposta é clara: foi o investimento externo. E este deve-se, em primeiro lugar, à conjuntura decorrente da queda dos preços do petróleo, e da disputa pelo fornecimento de gás natural à Europa entre a Rússia e vários paises do Médio Oriente. Os governos portugueses, de Pedro Passos Coelho, como de António Costa, tiverem nesta matéria um comportamento comum, procurando atrair pessoas e capitais para um país que, como sabemos, foi completamente descapitalizado pela estupidez e pela corrupção indígenas.

TURISMO UM CASO DE ESTUDO

“O Turismo de Portugal está a incentivar a parceria financeira entre o sistema público e a indústria privada de turismo. Eu gostaria muito de ouvir que isto acontece nos outros países e que é comum, mas não é, e Portugal mostra que é possível.” Dinheiro Vivo, 19/05/2017
O seu a seu dono, e neste caso chama-se Adolfo Mesquita Nunes, do governo 'da direita', de Passos Coelho e Paulo Portas. Cometeram um erro: deveriam ter anunciado o fim da austeridade e das medidas mais gravosas da mesma na campanha eleitoral que lhes retirou a maioria absoluta. A recuperação económica já tinha começado, nomeadamente nas exportações, no turismo e no investimento externo. Lembram-se dos Vistos Gold?


Atualizado em 19 maio 2017 08:20 WET

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Alemanha exportou demais


source: tradingeconomics.com

A Alemanha sofre de uma dependência obsessiva das exportações. Provavelmente esta dependência levou-a a cometer um erro fatal: subsidiar os seus clientes, nomeadamente através da criação do euro (uma moeda com duas caras muito diferentes, como viemos todos a constatar), e do laxismo orçamental induzido por uma política de destruição das taxas de juro e créditos de risco muito para além do razoável.

À medida que este modelo artificial de crescimento foi começando a dar de si, a Alemanha e em geral o sistema financeiro europeu, mais os indigentes governos democráticos que controla de cima abaixo, embarcaram na grande aventura dos contratos de futuros especulativos (OTC), destinados a aumentar indefinidamente a capacidade de investimento e de comércio de bens e serviços, sem cuidar se a liquidez artificial gerada e a velocidade do dinheiro traduziam uma criação efetiva de valor.

Como não correspondia, o endividamento público e privado foi crescendo sem parar, e a par deste descalabro outro houve ainda maior: a especulação financeira criminosa que nos trouxe ao colapso para que caminhamos como lémures.

Escreve a AICEP:

Embora tenha vindo a perder quota de mercado nos últimos anos, a UE27 continua sendo o principal parceiro comercial da Alemanha, tendo, em 2013, absorvido 55,5% das exportações e fornecido 55,4% das importações, destacando-se a França como principal parceiro comercial do lado das exportações (9,0% do total) e os Países Baixos do lado das importações (8,9%).

Alemanha. Ficha de Mercado.
AICEP, fevereiro de 2015

Tudo isto é verdade, mas se a Alemanha andou a subsidiar as importaçoes nos países destinatários através de estímulos financeiros aos orçamentos, nomeadamente públicos, dos seus clientes, então pode talvez afirmar-se que andou a brincar com o fogo.

Basta ver o gráfico da exposição do Deutsche Bank aos derivados especulativos.



terça-feira, fevereiro 10, 2015

Alemanha e o cliente europeu

Porsche Cayenne—são bons, mas não invencíveis

Sem euro, como seria?


Exportações alemãs em alta: €217 mil milhões de saldo líquido positivo. O último máximo, verificado em 2007, de €195,3 mM, foi ultrapassado em 2014. Já que o tema do dia é a Grexit, convém lembrar a este propósito que este crescimento provém sobretudo das expotações alemãs para o resto União Europeia, e que se está produzindo, desde a criação do euro, à custa do decréscimo contínuo das balanças comerciais do resto da Europa!

German exports hit record highs in 2014, despite international crises
EurActiv. Published: 10/02/2015 - 07:48 | Updated: 10/02/2015 - 08:59

“The main driver of growth was our core market, the European Union. However, more attention must still be paid to the eurozone, which only marginally contributed to growth. Apparently the results of exports to third countries were only able to be shown in a positive light due to the solid outcome from US exports.”

Com o euro forte como está, apesar da queda face ao dólar, e conhecidas as medidas chinesas de ataque ao despesismo público e à corrupção, incluindo um corte de 50% na aquisição de viaturas ao serviço dos dirigentes do estado, é de prever que a dependência económica alemã dos seus parceiros comunitários permaneça, pelo que fustigá-los diariamente com lições hipócritas de ética protestante não será o melhor caminho.

A Alemanha beneficiou claramente com o euro

Alemanha: o desvio do comércio externo para fora da Zona Euro, após o início da crise de 2007-, é evidente, mas não compensa em volume o que poderia perder se perdesse o mercado europeu

Percebe-se, à luz destes números e gráficos, e da ameaça de colapso do euro, que Berlim e Washington andem numa lufa-lufa para fechar o muito polémico e obscuro Transatlantic Trade Investment Partnership (TTIP) (1) (2).

No fundo, estamos a caminho de uma espécie de Tratado de Tordesilhas 2.0. Ou seja, de uma nova divisão da globalização em duas metades. Uma metade euroatlântica, que inclui o máximo do continente europeu, o máximo dos recursos energéticos fundamentais do Médio Oriente, metade de África e as Américas. E outra metade, euroasiática, pivotada pela China, cujos contornos são ainda confusos e elásticos.

Para aumentar as tensões deste processo está, como tem estado desde a era Napoleónica, a Rússia—um país transcontinental que, pela sua extensão, tem o coração e a cabeça divididos entre o Ocidente e o Oriente.

Ora é precisamente na gestão deste dossiê que tanto a França, como a Alemanha, se têm saído bastante mal ao longo da História, remetando invariavelmente as pesadas faturas das suas asneiras ao resto dos europeus.

Veremos o que sucede desta vez.

POST SCRIPTUM

Eu tb cheguei a pensar que a culpa principal era dos PIIGS, e muita culpa têm certamente pela situação de bancarrota a que chegaram. Mas é preciso ver tb o que quer a Alemanha, e o que querem os americanos —coisas opostas, claro.

A situação é mais complexa do que parece. Os PIIGS terão que redesenhar os seus sistemas políticas e adaptar as suas democracias ao que produzem e exportam. Mas o que produzem e exportam não pode ser objeto de uma clara manipulação financeira e cambial (na realidade continuam a existir euros fortes e euros fracos) por parte da Alemanha. Sobretudo da Alemanha! Basta ver como evoluiram as balanças comerciais na Europa antes e depois da criação do euro.


NOTAS
  1. L'impact du TTIP dans les pays en développement oppose gouvernement et ONG en Allemagne
    EurActiv. Published: 10/02/2015 - 10:18 | Updated: 10/02/2015 - 10:36

    Une étude menée sur le TTIP par le ministère allemand du Développement affirme que l'accord commercial profitera aux pays pauvres. Une hypothèse jugée « irréaliste » par l'ONG Foodwatch. Un article d'EurActiv Allemagne. 

    Le partenariat transatlantique pour le commerce et l'investissement (TTIP) présente des opportunités de croissance inattendues pour les pays en développement, affirme une étude menée par l'Institut IFO pour le ministère allemand du Développement. 

    Des conclusions avec lesquelles l'ONG de défense des droits des consommateurs Foodwatch est en désaccord. « L'étude est basée sur des hypothèses utopiques et irréalistes. Sous sa forme actuelle, le TTIP est et reste un programme de paupérisation pour les pays en développement. Quiconque affirme le contraire fait circuler des informations biaisées », assure Martin Rücker, porte-parole de Foodwatch à EurActiv Allemagne.
  2. Stop TTIP! 
Atualização: 10/2/2015 22:02 WET

quinta-feira, setembro 06, 2012

Corrida portuária no Atlântico

Espanha, Arteixo, Porto Exterior da Corunha, concluído em 2012.

Portos de águas profundas, precisam-se!

Sines andou mais depressa depois do Terminal XXI ter sido entregue à Autoridade Portuária de Singapura, mas falta espevitar todo o potencial que este porto de águas profundas e a sua área de actividades complementares oferece, a tempo de evitar que algum tráfego essencial de grandes navios, nomeadamente da classe Post-Panamax e Suezmax, ou ainda da classe Mærsk E e Maersk Triple E, todos eles exigindo profundidades de acostagem acima dos 15 metros, acabe por eleger a Galiza como preferida porta de entrada na Europa, ou fugir para os portos do Mediterrâneo.

É que em Ferrol, onde se construiu o único porta-aviões que a Espanha tem, já existe desde 2005 (Acciona) um novo porto de águas profundas, o chamado Porto Exterior de Ferrol, cujas ligações à rede ferroviária espanhola foram recentemente anunciadas pela ministra galega Ana Pastor. E a Corunha deverá inaugurar ainda este ano o seu Porto Exterior, de águas profundas, situado na Punta Langosteira, na mesma localidade que alberga o quartel-general da Zara (Inditex), e que passará a processar todas as cargas sujas e perigosas que hoje colocam em risco a saúde dos habitantes da bela e sempre muito animada cidade galega.

Na realidade, o Porto de Sines tem dimensão, gestão e potencial de crescimento para continuar a ser a principal porta de entrada atlântica de mercadorias contentorizadas na Europa, mas não pode andar a dormir na forma, em compassos de espera partidários para favorecer os rendeiros, as corporações e as clientelas do costume. Se crescer como deve, e se for capaz de criar uma infraestrutura de transhipment adequada, a par de se tornar também um porto de exportação a sério (pois nenhum navio gosta de regressar a casa vazio...), então os novos portos de mar batido da Galiza, para além de servirem sobretudo a região, poderão tornar-se parte dessa frente atlântica economicamente forte de que a península ibérica precisa para ser Europa.

Até o Economist percebe estas coisas, e opina sobre o que falta fazer para tornar os portos portugueses competitivos, tendo sobretudo presente que Roterdão está praticamente saturado, e que um dia destes, quando menos esperarmos, os russos podem pregar uma partida à Alemanha, ou a estupidez americana e israelita poderão conduzir ao fecho do Canal do Suez, ou mesmo do Golfo Pérsico!

Ports in the storm
Portugal needs to privatise its ports to reap the full benefits of its location. The latest in our series on reforming Europe’s economies

The bulkiest vessels can carry 14,000 twenty-foot containers—a cargo that would require a train 85km (53 miles) long if transported by rail. The result is huge economies of scale: the cost per container on an Asia-to-Europe trip has fallen from around $1,000 to below $300, according to one study.

Big ships will stop at only four or five destinations in Europe, raising the stakes for ports trying to win their custom, according to Neil Davidson of Drewry Shipping Consultants. To lure them, ports need deeper harbours and bigger cranes to unload the cargo. They also need to offer an attractive onward route to final customers. This can be overland using trucks, or by sea if the port offers connections with lots of smaller ships. For Portugal, this means competing to serve the cities of Seville and Malaga by lorry or train, or acting as a shipping hub by battling with rival ports in Spain and Morocco.

in Economist, Mar 24th 2012 | Sines | from the print edition

Visto o panorama, até um idiota percebe que a frente portuária da Portugaliza só terá pleno e estratégico êxito se for capaz de ligar o transhipment, não só a uma moderna e versátil navegação de cabotagem pelas costas europeias, por forma a chegar ao maior de número de portos preparados para contentores, como também a boas redes de estradas (já temos!), e à rede ferroviária de bitola europeia que, sem roturas de carga, chegue rapidamente e a preço competitivo aos quatros cantos de Ibéria e aos quatro cantos do resto da Europa!

É assim tão difícil compreender?  Quando é que os políticos aprendem a tratar do que é importante?


COMENTÁRIO

Adapto para esta publicação a observação oportuna e clarificadora de Luís Cabral da Silva:

Cabe aqui um comentário à referência feita no texto do Economist sobre a descarga completa de um porta-contentores de 14.000 TEUs (em Portugal, só possível em Sines), a qual careceria de um comboio de cerca de 90 km de comprimento para o seu transporte! Não existem comboios com tal comprimento. Na Europa, a referência são composições com um comprimento máximo de 750m, o que significaria no caso apontado pelo Economist algo como 127 comboios para um super porta-contentores. No entanto, se o transporte optasse pela via rodoviária, seriam necessários de 10.000 a 14.000 camiões, dependendo da sua capacidade e dos limites das vias rodoviárias percorridas!

Claro que só num porto terminal poderá ocorrer a descarga da totalidade de um navio das dimensões referidas, mas, no limite, teria então também que se equacionar um movimento equivalente e de sentido contrário para a sua carga, ou o negócio seria pouco menos do que ruinoso.

No caso de Sines, a acessibilidade ferroviária de que dispõe nada tem que ver com estes números, pelo que urge conferir-lhe novos acessos ferroviários "profissionais", que não poderão ignorar as redes transeuropeias já desenhadas e decididas por Bruxelas e, consequentemente, a bitola europeia.  A velha e limitada bitola ibérica não serve! Apesar de contar ainda com fortes apoios em membros do actual Governo.

ATUALIZAÇÃO
Pastor califica de “espectacular” el comportamiento de los tráficos portuarios en los últimos meses

“…Pastor se refirió a la necesidad de conectar España con Europa a través del ancho ferroviario UIC como una de las principales prioridades y al mismo tiempo, retos a alcanzar, ya que ello permitirá la conexión de los puertos y en definitiva, la intermodalidad, elemento “clave” en el modelo de eficiencia y rentabilidad que persigue el ministerio.”

in Diario del Puerto, 6 set 2012.

Última atualização: 6 set 2012 13:35

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Balança comercial avariada!

Exportações encalham na recessão mundial

O porta contentores Rena após encalhar no recife Astrolabe Reef (Nova Zelãndia) em Outubro de 2011. Foto © New Zealand Defence Force via Reuters. MSN, PhotoBlog.
Crescimento das exportações trava a fundo no final de 2011

O único sector que tem impedido uma recessão mais profunda entrou em franca desaceleração no final de 2011. As vendas para os países da União Europeia tiveram mesmo a primeira queda homóloga em Dezembro, depois de, ao longo do ano, terem sempre registado crescimentos de dois dígitos. Jornal de Negócios online, 9 Fev 2012.

O abrandamento das exportações portuguesas confirma o que já se sabia à escala global da análise dos últimos dados do Baltic Dry Index :( A confirmação dada pelo INE é péssima para o barómetro da austeridade, sobretudo se tivermos em conta que o endividamento de Portugal é o pior da União, logo depois da Grécia, ao contrário do que a propaganda governamental quis fazer-nos crer há dias. Nas contas portuguesas continua fora do perímetro orçamental o buraco negro das PPPs.
E ainda isto:
Dívidas Portuguesa e Irlandesa: o Dr. Passos Coelho Engana-Se Ou Engana-Nos - O Economista português, 7 Fev 2012.
 


quarta-feira, outubro 06, 2010

Rumos — 4

A solução está na melhoria da nossa balança comercial

Esgotaram-se em Portugal os bilhetes e as entradas para exposição automóvel de Paris. Tal como já Saint-Exupéry escrevia sobre a Lisboa dos anos 40 — Carta a um refém (Lettre à un Otage)—, verificam-se por aqui perigosos fenómenos de alheamento.

Os principais pecados originais que nos assolam são o facto de consumirmos muito mais do que produzimos e também importarmos substancialmente mais (20%) do que exportamos. Todas as outras falhas dependem destas primeiras, com a agravante de 80% das nossas trocas comerciais se concentrarem em 5 países europeus onde será evidentemente quase impossível aumentar a penetração dos respectivos mercados.

Se por algum momento nos absorvermos apenas na obsessão orçamental cairemos rapidamente no abismo. Qual a prioridade estratégica? Diminuir o deficit comercial, conter as importações, aumentando as exportações, mas seleccionando as que impliquem alto valor acrescentado. A resposta oficial alude sempre à indústria automóvel e de componentes mas o engano é profundo. A Autoeuropa é, agora, a maior exportadora com mais de 10% do total nacional, contudo é também a maior firma importadora e de cada 110.000.000€ que exporta, importa  100.000.000€ de componentes.

Devemos identificar e apoiar firmemente os sectores como sejam o têxtil técnico, malhas, couros, calçado e mobiliário, casos em que para cada 10 que se exporta, apenas se importam 6, logo com muito maior valor acrescentado.

Para substituir as importações note-se o caso das frutícolas, hortícolas e oleaginosas que continuamos a importar em tão alta escala, quando há tanta potencialidade de produção nos raios próximos de Lisboa e Porto. Há total urgência no apoio e desenvolvimento às redes logísticas dos produtos frescos. Vejam e trabalhem o exemplo dos produtos lácteos, quase já integralmente portugueses. A via das cooperativas logísticas agrícolas tem de ser imediatamente fomentada com apoio estatal já que o seu retorno fiscal seria rápido. A zona Oeste e o vale do Sorraia, para Lisboa, poderiam quase que imediatamente substituir, com todas as vantagens para o consumidor e economia nacional, as absurdas importações de Espanha. O aumento de produtividade só pode ser encontrado nos sectores em que temos, desde sempre, as maiores vantagens competitivas e em que sobretudo contamos com o nosso próprio mercado.

Frederico Brotas de Carvalho