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sexta-feira, abril 18, 2014

Vegetal argelino eleito com 81,53% dos votos e uma abstenção de 48,3% (números oficiais)

Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, vota na sua reeleição. Abril, 2014.

Um retrato fiel da decadência das democracias


Argélia: Bouteflika vota em cadeira de rodasEuronews, 18-03-2014.

Numa eleição onde a única incógnita parece mesmo ser a taxa de participação, Abdelaziz Bouteflika, o presidente cessante da Argélia – e presumível vencedor do escrutínio – compareceu na mesa de voto em cadeira de rodas.

Esta é a primeira aparição pública de Bouteflika desde que sofreu um acidente vascular-cerebral que lhe causou problemas de fala e de mobilidade.

Mourad Boukhelifa. Ancien candidat à la présidentielleAbdelaziz Bouteflika IV : les réactions — Écrit par  El Watan 2014, 18/04/2014 19:06.

« C'est juste une grande plaisanterie ! Il y a eu fraude, c'est ce qui nous fait douter des chiffres avancés. J'ai personnellement remarqué que les gens ne se sont pas rendus en masse pour aller voter, et on nous annonce des chiffres improbables qui nous laissent frustrés. J'ai moi-même remarqué des anomalies sur les bulletins de Benflis. C'est la raison pour laquelle que je dis que la fraude est incontestable ».

A criatura há quase um ano que não aparecia em público. Sofreu um AVC que lhe tolheu, nomeadamente, a fala. Esteve internado 80 dias. E no entanto, foi de novo candidato à presidência da república argelina e ganhou com 81,53% dos votos (os números oficiais são, no entanto postos em dúvida por vários candidatos, podendo a abstenção ter superado em muito os 50%). Ninguém contestou o que anunciou a comissão eleitoral deste país que apenas interessa ao Ocidente por causa das suas enormes reservas de gás natural. A nossa condescendência e hipocriaia estão, pois explicadas.




Este episódio degradante apenas nos deve levar a refletir sobre o que inquinou de forma tão miserável o projeto democrático que o Ocidente não se tem cansado de promover e abastardar.

Tal como nos casos vegetativos de Salazar e Franco, e antes destes, de muitos outros ditadores, o que mantém os seus cadáveres adiados no topo do poder não os corpos algaleados e amarrados às Unidades de Cuidados Intensivos, mas a corja que os rodeia e teme o colapso que sempre ocorre nos regimes aurocráticos incapazes de aceitar verdadeiramente a lógica democrática.

Podemos, no entanto, olhar para as democracias da Europa e da América neste findar de era como perversões institucionais análogas à de Salazar, Franco e Bouteflika. De democracia, têm ainda a forma e sobretudo a propaganda e os instrumentos legais fortemente controlados pelas partidocracias vigentes. Mas de miolo, já quase nada. Pior ainda: tal como Bouteflika, o estado vegetativo das democracias ocidentais é incapaz de mudar pelos seus prórpios.

A sorte destes regime falidos e sem moral, imagino qual seja. É tudo uma questão de tempo.

Atualizado: 18/04/2014 22:53 WET