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domingo, maio 07, 2017

Quem se mete com o António, leva!

Alberto Gonçalves.
Foto: Diana Tinoco/ Sol

Em vez do lápis azul assumido, o despedimento cobarde pela porta do cavalo, com desculpas de mau pagador...


“As coisas – principalmente a imprensa e a televisão – começam a adquirir aquele tom uniforme e ruço, típico da tropa e do socialismo”—Vasco Pulido Valente.

Os zelotas da Geringonça agem por simples medo de perderem empregos que são cada vez mais escassos e mal pagos, não por qualquer convicção ideológica, que aliás há muito deixaram de ter. A miséria mediática que grassa entre nós e por esse mundo fora é preocupante e deve ser denunciada pelo que é: um estado de censura; no caso vertente, num país que a proíbe expressamente na Constituição. Não o fazer só poderá contribuir para que um qualquer aborto venezuelano acabe por medrar no ventre da nossa democracia.

Censura em democracia, eis como classifico a decisão do Paulo Baldaia sobre Alberto Gonçalves.

Que tem o Tribunal Constitucional a ditar sobre esta denúncia que torno pública e a que junto prova?

SOL: Paulo Baldaia admitiu não apreciar o seu estilo de escrita... 
ALBERTO GONÇALVES: Quando Paulo Baldaia falou comigo ao telefone, foi a única vez e foi para me despedir. Era diretor há cinco meses. Disse que eu confundia os leitores do “DN”: havia quem só fosse à página do “DN” por minha causa e ficasse confuso com o resto do jornal, e havia leitores “naturais” do “DN” que ficavam confusos com a minha crónica, e a culpa era minha. Segundo o próprio me disse, o objetivo dele era o de evitar confrontos e agradar “à corte de Lisboa”. Não queria chatices.
[...]
SOL: A comunicação social? 
ALBERTO GONÇALVES: Completamente controlada. Ou quase toda – ainda há um jornal que me paga para escrever. Mas a crítica a este governo é diminuta comparativamente ao governo anterior, face a ações semelhantes ou a ações muito mais gravosas. De resto, os jornalistas simpatizam com este governo, naturalmente, com esta ideia de governo, com esta aliança. Nem é necessária grande pressão exterior.

sexta-feira, janeiro 13, 2017

Jornalistas à beira dum ataque de nervos

Maria Flor Pedroso, presidente do Congresso de Jornalistas


Passados quase 20 anos desde o último congresso de jornalistas, a classe enfrenta “a mais grave crise das suas vidas profissionais”. Durante este período de tempo abandonaram a profissão duas mil pessoas e há jornalistas que sobrevivem graças ao Rendimento Social de Inserção, afirmou esta quinta-feira o presidente da Casa da Imprensa, Goulart Machado, na sessão de abertura do 4.º Congresso de Jornalistas, que decorre até domingo no Cinema São Jorge, em Lisboa. 
in Público

O mais preocupante desta crise tecnológica do jornalismo é a própria indigência que ameaça o meio, e a auto-censura que se instala a olhos vistos. Outro efeito grave da dependência extrema que as empresas de comunicação social manifestam de modo cada vez mais claro perante o poder político é o assalto de jornais e canais de televisão pela marabunta partidária e pelo futebol. A papa resultante é infumável.

A Internet mudou as regras do jogo da informação, da comunicação, da propaganda e da manipulação ideológica e cultural. Soube-o em 1994, quando pela primeira vez entrei no mundo das BBS, e uns meses depois na World Wide Web. Passei então a mensagem ao principal empório de comunicação social português. Mas não fui entendido. O dinheiro comunitário chegava com fluidez e abundância aos bolsos de políticos, empresários, profissionais, facilitadores e redações (eu era, então, colaborador de O Independente). Para quê pensar no futuro? O problema, como hoje se percebe tardiamente, chegou num ápice de tempo.

Em geral, as empresas de comunicação social do nosso país tardaram a perceber o impacto profundo que o mundo online iria ter nas suas vidas e possibilidades de sobrevivência. Quando as redes sociais explodiram, sobretudo no Facebook (2004) e no Twitter (2006), coincidindo a sua rápida expansão com a mais violenta crise económico-financeira mundial dos últimos oitenta anos (2008 - ...), o jornalismo convencional entrou numa espiral implosiva, com todas as consequências económicas, sociais e culturais que em 1994 já se podiam imaginar, ainda que sem a vertente dramática que desde então viemos a conhecer.

Mas o pior de tudo será crer que os média convencionais poderão salvar-se numa espécie de corrida populista de lémures em direção à mediocridade e à subserviência. A ideia é fraca e os resultados trágicos, como o Congresso dos Jornalistas acaba de o reconhecer.