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sábado, abril 07, 2018

Ruído da semana



Corruptos de todo o mundo, ponham as barbas de molho!


Tiradas populistas de Lula da Silva antes da prisão:
“Eu não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia”. 
“Os poderosos podem matar 1, 2 ou 3 rosas, mas não vão poder impedir a chegada da Primavera”. 
“Eu não os perdoo por ter passado para a sociedade de que eu sou um ladrão”. 
“Nenhum deles tem coragem ou dorme com a consciência tranquila, com a honestidade e inocência, como eu durmo.” 
“Aqui está um cidadão que já esteve preso, mas nenhuma prisão prende a mente e os ideais de uma cidadão”. 
“Eu vou sair dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente, porque eu quero provar que eles cometeram um crime de perseguir um homem que tem 50 anos de história politica”.

Arquivamento 


Estes gajos, Dias Loureiro, Oliveira e Costa, não inventaram um banco em Cabo Verde, que só existiu num laptop? Gente criativa é assim, demasiado esperta e escorregadia para as ferramentas primitivas do Mistério Público Português. A acumulação primitiva pós-ditadura deu nisto: uma turma de cleptocratas vindos da província que nem Eça conseguiu imaginar tão longe.

Austeridade


Como disse, mais de uma vez, no desaparecido programa Política Sueca (RTP3), e as mais recentes contas do atento blogue Dívida Pública confirmam, “a austeridade continua, traduzida na forma de um aumento da cobrança fiscal de 6,3%.”

Se há menos pessoas a trabalhar relativamente à crescente população jubilada que aufere pensões de reforma, e quem trabalha, ganha cada vez menos (uma tendência estrutural difícil de contrariar), o resultado é simples de imaginar: o Estado Social terá forçosamente que encolher—nas pensões, mas também na chamada despesa discricionária, a começar... pela Cultura. Chame-se-lhe austeridade, de direita, ou de esquerda, tanto faz. Veio para ficar. O que precisamos, pois, é discutir um novo modelo social de produção, rendimento e solidariedade. Sem os fantasmas do Manifesto do Partido Comunista.

A Mota-Engil vendeu a Autoestrada da Beira Interior, vendeu os portos, vendeu as pontes, e continua pressionando os partidocratas para que lhe dêm uma nova ponte sobre o Tejo, e um novo aeroporto na Margem Sul, de preferência uma cidade aeroportuária inteirinha, como advogou o adiantado mental Mateus. Para recuperar? Não, para aumentar o buraco negro!

A falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

O sistema de imparidades sistémicas instalado no nosso país é, na realidade, o resultado de uma espécie de capitalismo de estado (desenhado à esquerda) sem proletários (como na China), nem riquezas naturais (como na Arábia Saudita) para explorar. Ou seja, é um embuste que faliu o país durante gerações, mas mantém a salvo uma elite corrupta de partidocrats e rentistas, amparada por uma massa mole de funcionários e burocratas que, para mal dos embusteiros, empobrece, sem remédio, a cada dia que passa.

Catalunha


Seria um péssimo precedente considerar rebelião e crime o desejo de levar a cabo um processo referendário com vista à independência de uma das nações espanholas. Não foi a Alemanha o primeiro país do mundo a reconhecer a declaração unilateral de independência do Kosovo, em 2008? Não se autoproclamou em 2014 a República da Crimeia na sequência de um referendo? Não houve em 2014 um referendo na Escócia para a sua independência, que viria a ser derrotado? Não está em curso o Brexit? Não quer a União Europeia uma Europa das Regiões? Claro que estes processos podem redundar em guerras nacionais, ou civis (Independência ou Morte! - quem não conhece esta consigna), e assim tem sido ao longo História. Mas se, no caso da Catalunha, a população vota, ou quer votar, onde está o crime?

Não há lógica na decisão dos tribunais espanhóis. Se Puigdemont e os presos políticos que a Monarquia espanhola detem nas suas cadeias são culpados de promover uma rebelião, então a mesma acusação teria que recair sobre todos os que votaram pela independência da Catalunha. E sobre esses dois milhões de catalães haveria, seguindo a mesma lógica dos juízes espanhóis, que emitir mandatos de prisão e captura, não é verdade?

Todas as ditaduras em todos os tempos trataram as dissidências políticas como questões jurídicas, de infração às leis, e/ou às constituições, como estratagema para impor a discricionaridade que as caracterizam. A extradição de Puigdemont abrirá um precendente gravíssimo na União Europeia, deitando por terra os principais ideias de liberdade, autonomia e democracia que nos tem acompanhado desde a Revolução Francesa. A acusação de corrupção lançada sobre Puigdemont, até pode ser verdade, mas não é o que está em jogo na magna questão de haver ou não um estado federal, ou até uma união de estados no que ainda é a velha e autoritária Espanha católica de Fernando e Isabel. Francisco Franco Bahamonde (logo um galego!) foi apenas a face mais recente e brutal desta incapacidade de as Espanhas regressarem a um saudável e policêntrico federalismo. O centralisno constitucional imposto por Napoleão é uma cruz de que os meus queridos amigos espanhóis têm que se livrar quanto antes.

Menos mal que os tribunais alemães desconsideraram a tese absurda da rebelião. Entretanto, na Casa Real, rainha e ex-rainha não se entendem.

Comunistas


Marxistas do Sétimo Dia. Uma seita mundial cujos resultados no terreno provocaram sempre violência inaudita, ditaduras nada recomendáveis, e fracos, ou mesmo desastrosos, resultados económicos, sociais e culturais.

O dilema do PCP e do Bloco é este: só sobrevivem se se mantiverem na esfera do poder, mas para tal terão que tragar elefantes, girafas e crocodilos sempre que for preciso. O declínio eleitoral destes dois cadáveres adiados do marxismo-leninismo é uma questão de tempo. De pouco tempo.

Quando a fé é muita, a realidade não passa duma sombra. Daí a obscuridade pós-revolucionária em que ainda vivem tantos portugueses, pastoreados pelos vendilhões do templo m-l. Os que não têm fé nos Amanhãs Que Cantam, escrevem, ou emigram.

Catarina quer ser eixo da Geringonça. Mas já é, e com que resultados! Qual Eva tentada pelo Pecado (do poder), mordeu a maçã, e agora não lhe resta outra história que não seja a de ser expulsa do Paraíso, tornando-se uma vulgar mortal.

Notícia do Observador: “Parlamento decide voltar a abrir concurso para todos os professores dos quadros”. Afinal PCP, BE, PSD e CDS também fazem geringonças, quando lhes convém, claro.

Vivemos numa República Desmiolada de Sovietes Populistas!

Cultura


Não há caroço. Há austeridade. De esquerda, é certo, mas austeridade. E o pior é que os artistas mais jovens começam a ver os artistas mais velhos (sobretudo nos condados do Teatro, da Dança e do Cinema), não como exemplos a emular, mas como empecilhos. E o grande problema tem sido este: transformar artistas em funcionários públicos não passa de uma péssima ideia!

Ilha ferroviária


Enquanto por cá os políticos continuam a pastorear o rebanho, entretendo-o com as aflições dos artistas oficiais do Estado, em Espanha a ferrovia avança.

Combóios a Diesel e TIR formam a rede de transportres favorecida pelos DDT indígenas. Que futuro para estas opções numa Europa preparada para lançar-se na transição energética? A paisagem bovina local continua pasmada com o futebol!

04/04/2018) Del presupuesto global del Ministerio de Fomento para 2018, que asciende a 17.466 millones de euros, 8.908 se destinarán a inversiones, con una clara apuesta por el ferrocarril, al que se destinarán 4.301 millones. Esta cifra representa 877,6 millones más respecto a las inversiones ferroviarias del ejercicio anterior –en el que la inversión en el sector ascendió a 3.423,4 millones-, un 25,6 por ciento más.

Low Cost, até quando?


Há uma solução simples para a Ryanair: deixar de contratar portugueses. É isto que o Bloco quer? Estas esquerdas avariadas adoram falir empresas e países, para depois reclamarem a intervenção do Estado. Quando é que aprendem? Não lhes chega o exemplo recente da Venezuela? Até quando é que vamos continuar a alimentar o buraco da tecnicamente falida TAP? Porque será que não há compressas nos hospitais (públicos), nem papel higiénico nas escolas (públicas)?

Rentistas, Capitalismo de Estado, ou Cleptocracia?


Em 2017 consumimos menos energia elétrica do que em 2007. As taxas sobre o consumo, essas dispararam de 500 milhões/ano para os 2500 milhões de euros anuais. Metade da conta da nossa luz são taxas CIEG, que nada têm a ver com a produção e distribuição de energia elétrica. Consumo total de electricidade em 2017, segundo a REN, foi 49,638 GWh. Em 2007, foi de 50,059 GWh. Se vivêssemos em capitalismo neoliberal, como dizem, as faturas da luz tinham descido, e não subido, pois é a procura, e não a falta dela, que faz subir os preços!

Mexia ganhou mais dois anos na EDP. Foi o que resultou do braço de ferro entre Costa e o Governo de Pequim. Chama-se a isto salvar as faces de um (Costa) e de outro (Xi Jinping). Afinal, quem tem a massa manda. Entretanto, a preparar a transição e a vigiar Mexia, um comissário político cor-de-rosa: Luís Amado. Fraca escolha, a avaliar pelo passado da criatura no Banif!

Silvano é um boy da EDP. O mesmo que vendeu o vale do Tua à energética chinesa dirigida pelo cabotino Mexia, num negócio de barragens inúteis onde pontuaram o ido José Sócrates e o senhor Pinho do BES. Pobre PSD!

Skripal


A história do envenenamento do ex-espião duplo Skripal e da sua filha faz-me sempre lembrar a da morte misteriosa do cientista britânico (David Kelly) que denunciou o embuste das armas de destruição maciça no Iraque.

Um liceu e dois professores


Tive dois professores no Liceu D. Manuel II em 1966-67 que seguramente marcaram o meu sentido crítico: um foi Óscar Lopes (1917-2013), professor de Português e Literatura; o outro foi o Padre Mário de Oliveira, professor do que então se chamava Religião e Moral. A minha crise religiosa viria mais tarde, em 1968. As discussões teológicas de que me lembro, com professores de Filosofia e Religião e Moral, ocorreriam só em 1969-70. Soube hoje do lançamento dum novo livro da autoria de Mário de Oliveira, o célebre Padre Mário da Lixa, Evangelho no Pretório. Irei certamente espreitar este Evangelho depois de Saramago. Mas, coisa curiosa, Óscar Lopes tornou-se uma referência lendária na minha formação, mas o Mário de Oliveira, não. Não me lembro, pura e simplesmente, dele. Ainda hei-de descobrir porquê.

Salazar


Salazar deixava passar alguma luz através das malhas apertadas da Censura. Mas da autocensura é mais difícil escapar, pois esta funciona à semelhança dos buracos negros.

Baile digital


O Senhor Robot, dança?
Sim, mas não sou feliz.

domingo, novembro 19, 2017

O Diabo veio mesmo para ficar!

Bungallow do INATEL (antiga FNAT) de Oeiras


A austeridade é real e vai andar por cá durante todo o século 21


Creio que insisti já bastante sobre o simples facto de a democracia portuguesa populista que temos ser, no essencial, estatista e neocorporativista, sendo que o beneficiário líquido desta espécie de fascismo legitimado nas urnas não é um ditador chamado Salazar, mas um regime partidário clientelar que, como Salazar, vive para si mesmo, em nome da propaganda diária sobre o bem estar do bom povo português (uma falácia evidente) e o bem estar real de uma nomenclatura de banqueiros, monopólios (públicos e privados), e serventuários mais ou menos palacianos do regime. C'est tout, malheureusement!

Querem uma prova singela: vejam como a Federação Nacional da Alegria do Trabalho se transformou em INATEL sem ouvirmos um pio do Partido Comunista. Sabem o que significa INATEL? Pois bem: "Instituto Nacional para o Aproveitamento (sic) dos Tempos Livres dos Trabalhadores". É desde 2008 uma fundação privada de direito público, mas foi instituída pelo estado democrático, e continua a ser controlada pelo rotativismo partidário. Uma espécie de fascismo eleitoral não é uma ditadura unipessoal, nem muito menos um regime policial, mas também não é uma democracia plena e adulta.

E o problema desta entorse democrática, ou desta má-formação genética da democracia nascida de uma revolta militar, é que na medida em que o paquidérmico estado partidário que temos vai inchando e fazendo despesa (1), sem riqueza suficiente para tributar, o resultado será caminharmos inexoravelmente para um próximo grande buraco económco-financeiro e social. Daqui sairá um novo conflito de classes e de poderes. Num país cada vez mais endividado e que esta democracia partidocrata é incapaz de gerir numa direção racional e justa, poderá não haver Diabo, mas lá que o Inferno está mais próximo, está.

Na ausência prolongada de trabalho e investimento produtivo, a população corre compreensivelmente em direção ao Estado. Mas se a democracia da liberdade e da razão não for capaz de vencer as tentações cleptocráticas, nepotistas e populistas cada vez mais visíveis no regime, as consequências poderão ser trágicas. Um Portugal falido que acabe por colapsar numa espécie de guerra civil democrática promovida pelos partidos será uma iguaria irresistível para os nossos credores, a começar pelos de Madrid. Os demónios de Franco andam outra vez por aí.

NOTAS

  1. O ritmo de endividamento público atingiu  pico em 2012, e desde então (salvo em 2014) tem vindo a abrandar gradualmente. No entanto, a dívida líquida continua e continuará a subir por mais algum tempo... antes de começar a recuar. Para termos uma ideia do gigantsmo da coisa, basta verificar que a dívida do Estado, bem contada, anda entre 9 e 10 x a totalidade dos depósitos bancários! Ou que a mesma (ler esta notícia no Jornal de Negócios) daria para comprar 1600 aviões Airbus da série A320 neo e A321neo!

terça-feira, abril 11, 2017

Ninguém pergunta nada...



O próximo resgate


Se não travarmos a despesa pública e o estado partidário, se não pusermos na ordem as rendas excessivas da EDP e das PPP, um novo resgate é inevitável—especialmente se a diminuição dos estímulos do BCE conduzir a uma mais do que provável subida das taxas de juro, e se Trump continuar a provocar a Europa, atiçando o fogo e o terrorismo no Médio Oriente.

Até agora a transição democrática e a democracia que temos custaram 435,8 toneladas de ouro e três pré-bancarrotas seguidas de três resgates internacionais e três períodos de austeridade forçada.
  • Em 1971, o Banco de Portugal tinha 818,3 toneladas de ouro.
  • Queda da ditadura: 25 de abril 1974.
  • Situação pré-revolucionária: abril 1974-novembro 1975.
  • Vendas ouro entre 1976-1978: 172 toneladas.
  • Resgates: 1977 (Mário Soares), 1983 (Mários Soares), 2011 (José Sócrates) [video RTP]
  • Em 2001, o BdP tinha 606,7 toneladas.
  • Vendas de ouro entre 2001-2006: 224 toneladas.
  • Em Abril de 2012 o BdP tinha 382,5 toneladas.
  • O BdP não vendeu mais ouro desde 2006 porque, felizmente, está impedido de o fazer pelo BCE.
À grande destruição da poupança nacional e de capital somou-se um endividamento público e privado assustador.

A economia cresce mais devgar que o serviço da dívida pública, e o estado paquidérmico e corrupto que temos continua por reformar—pois é há muito a coutada da partidocracia instalada, da intelectualidade indigente e dos rendeiros do regime.

O Bloco Central Alargado (PS-PSD-CDS), mas também as esquerdas, falharam redondamente aos portugueses.

O futuro só não será mesmo negro se a a União Europeia sobreviver ao ataque americano, e reforçar as suas legítimas aspirações e desiderato.

Um buraco negro chamado Estado


Os governos são hoje grandes máquinas de lavagem automática de dinheiro de proveniência dissimulada. Dois casos bem conhecidos e de dimensão astronómica: a City de Londres e o Luxemburgo. Lavam tudo: dinheiro da droga, dos refugiados forçados a emigrar em direção à Europa, da exportação de armamento, explosivos e armas químicas, da Máfia, da Camorra, da rapaziada de Marselha, e dos políticos corruptos, da prostituição e do futebol.

Para esconder esta realidade os 'mass media' têm sido paulatinamente transformados em instrumentos de guerra psicológica. Veja-se o caso mais recente da operação Trump contra o estado sírio.

Brexit


O Brexit pode ter sido um tiro que vai sair pela culatra, reduzindo a uma espécie de náufrago os piratas de sua majestade. O império britânico morreu há muito, e a pantomima a que a pomposa elite britânica se dedica, em nada apagará o facto de a velha Albion ter dado um grande passo em direção à sua insignificância no dia em que resolveu apoiar-se na sua ralé e nos seus líderes populistas para defender a sua City e os seus paraísos fiscais, julgando que assim e uma vez mais dividiria o continente europeu. Este artigo mostra que a reação dos europeus, ingleses e não ingleses, vai na direção de um reforço da União Europeia e do seu espírito democrático e culturalmente aberto. Trump, Le Pen, Erdogan, Boris Johnson, e os indígenas do PCP e do Bloco, entre outros, acabam de dar um safanão à utopia europeia que, parece, acordou para a sua excecionalidade histórica.

A Espanha, que vai ocupar o lugar dos Ingleses no diretório europeu, força a Alemanha a olhar para a Península Ibérica com outros olhos.

A leste e no Médio Oriente a balbúrdia que convém à Internacional Terrorista promete continuar.

Enquanto durar a carnificina no Leste no Médio Oriente e norte de África muito dinheiro voará para Portugal e Espanha. Se ao menos os indígenas soubessem aproveitar positivamente a desgraça alheia...

sexta-feira, dezembro 11, 2015

A areia do salário mínimo

Mário Centeno, 10 dez 2015.
Foto: Pedro Nunes/LUSA

O novo tempo da austeridade já chegou


Ainda antes da apresentação do próximo Orçamento de Estado, e depois de uma instrutiva viagem a Bruxelas, com direito aos proverbiais recados de Wolfgang Schäuble, Mário Centeno começou uma aterragem forçada na realidade. Faltam 200 a 500 milhões de euros para sair do procedimento por défice excessivo (1). E como não há tempo para lançar mais impostos, a única saída disponível passa por eliminar ou adiar despesas. Primeira curva apertada, portanto, para o governo de maioria parlamentar de esquerda.

Governo dramatiza défice e anuncia mais cortes orçamentais
Diário de Notícias, 11 DE DEZEMBRO DE 2015, 00:17
Luís Reis Ribeiro

Segundo apurou o DN/Dinheiro Vivo, a derrapagem em relação ao teto de 3% do Pacto de Estabilidade existe, mas também não é um descalabro. Deverá estar na casa dos 200 a 400 milhões de euros (cerca de duas décimas do produto interno bruto) acima dos 5,3 mil milhões de euros, que seria o défice nominal que corresponde a 3%.

Como o governo quer sair da situação de défices excessivos (menos de 3%), terá de cortar o défice atual pelo menos num valor desse intervalo. Só assim chegará a 2,9%, por exemplo.

Face a este primeiro susto, a discussão sobre o salário mínimo nacional não passa de uma manobra de diversão. O impacto da medida na despesa pública é da ordem dos sete milhões de euros.

O chamado Salário Mínimo Nacional (mensalizado) é de 589 euros (505*14 /12), e abrange um universo de mais ou menos 400 mil trabalhadores por conta de outrem, 20 mil dos quais na órbita do estado. Em 2013 o SMN correspondia, mais ou menos, a 52% da média da remuneração base, mais horas extra, subsídios ou prémios. Entre 2008 e 2015, o SMN subiu no nosso país 19% (Eurostat). Na Grécia, no mesmo período, caiu 14%...

Reivindica o PCP, e reivindica a Intersindical, uma subida do SMN para 600 euros. Se o governo de António Costa avançar para os tais 530 de que se tem falado, a verdade é que teremos em 2016, do ponto de vista de quem paga, e do Eurostat, um SMN de 618,3 € (530*14/12).

Aparentemente, esta medida poderá ser facilmente acomodada. Não é por aqui que o Schäuble vai às filhoses!

Haverá todavia que ter atenção ao efeito multiplicador que esta subida poderá induzir nas restantes remunerações do trabalho, a começar, desde logo, no estado, e na esfera dos governantes e políticos.

Haveria também impactos potenciais significativos —na ordem dos 25 milhões de euros— na despesa do estado, se a jornada laboral dos funcionários públicos baixasse para as 35 horas, e o vazio horário assim criado viesse a ser preenchido por trabalho extra, ou novas contratações.

Para relativizar este tema, convém recordar que seis países da União Europeia recusaram aplicar até hoje uma medida social com estas características: Áustria, Chipre, Dinamarca, Finlândia, Itália, Suécia. E na Alemanha, que só este ano resolveu finalmente aplicá-la, o exercício é bem mais sofisticado do que o nosso (Wage Indicator).

NOTAS
  1. Basta contabilizar os atrasos das devoluções das ajudas de estado à banca para se perceber imediatamente onde está o busílis da questão. Mário Centeno descobriu buraco de 500 milhões? Mas estava a descoberto e reportado pelo BCE desde setembro deste ano! Principais bancos que não devolveram vultuosas ajudas de estado: BES/Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos, BCP, Banif, Montepio...

    As ajudas do Estado português aos bancos nacionais entre 2008 e 2014 representaram 11,3% do PIB [mais de €18 mil milhões], segundo dados divulgados ontem no boletim mensal do BCE.

    E Frankfurt destaca pela negativa a capacidade do Estado português em recuperar esses apoios.

    Na zona euro, apenas a Irlanda, Grécia, Chipre e Eslovénia destinaram valores, em relação ao PIB, mais elevados que Portugal para resgatar bancos. A média da zona euro foi de uma ajuda equivalentes a 4,7% do PIB. Além do montante destinado a apoiar a banca, o BCE destaca que "até à data, as taxas de recuperação são particularmente baixas na Irlanda, Chipre e Portugal e relativamente elevadas na Holanda". As ajudas à banca levaram a uma subida adicional equivalente a 11% do PIB na dívida pública portuguesa. Na Irlanda, Chipre e Grécia, esse impacto rondou 20%, tendo sido a média da zona euro de 4,8% do PIB. Já o feito acumulado no défice português, entre 2008 e 2014, das ajudas à banca foi de 2,9% do PIB.

    Económico (16 Set 2015)


    Bancos consumiram 18 mil milhões de euros em cinco anos


    ...aos aumentos de capital terá de se acrescentar as ajudas de Estado no caso do BCP, CGD, BPI e Banif. O BCP foi quem mais recebeu de apoios do Estado, 3 mil milhões, seguido do BPI, cuja ajuda ascendeu a 1,5 mil milhões de euros, o Banif (1,1 mil milhões de euros) e a Caixa (900 milhões de euros). Parte já reembolsada: o BPI já pagou 1, 080 mil milhões, o BCP 400 milhões de euros e o Banif 275 milhões de euros.

    Expresso (02.06.2014 às 13h21)

Atualização: 11 dez 2015 11:57 WET

domingo, maio 03, 2015

Buybacks: o embuste do mercado de capitais

Réplica da Torre Eiffel numa urbanização chinesa

Não há crescimento, há bolhas que incham e outras que rebentam

O principal mecanismo do embuste financeiro em curso desde 2008 tem origem nos bancos centrais e apoia-se em dois pilares principais:
  1. monetização das dívidas públicas (QE e EQE), através da criação de dinheiro meramente contabilístico, i.e. sem contra-valor real, para emprestar aos governos, adiando-se assim colapsos sociais iminentes e potencialmente catastróficos (os tumultos na América e os fogos de rua que precederam a inauguração da Feira de Milão revelam que os barris do desespero social estão prontos a explodir à menor faísca);
  2. empréstimo de dinheiro contabilístico, criado pelos bancos centrais (QE e EQE), aos bancos comerciais e de investimento para que estes financiem as grandes empresas cotadas em bolsa, ajudando-as a manter a ficção do mercado de capitais e de futuros, através da alavancas de crédito orientadas para a prática generalizada da compra de ações próprias ('buybacks').
Vivemos pois, à escala global, numa economia de ficção.

As fugas em frente de matriz keynesiana tiveram e continuam a ter lugar na China, na América e na Europa. A experiência portuguesa deu o que deu: forrobodó socratino, pré-falência do país, entrada dos credores pelo país dentro e uma década de austeridade aflitiva. As réplicas sucedem-se: BPN, BES, TAP, etc.

É por estas e outras que o documento macroeconómico para a década, para já, não passa de um exercício de cenografia sem conteúdo.

For those who require still more proof that the rally in US equities has become inextricably linked with corporations leveraging their balance sheets to repurchase their own shares, JPM is out with an in-depth look at buyback trends which strongly suggests — unsurprisingly —that buyback activity has indeed been very supportive of US shares over the last several years.

The US Equity Bubble Depends On Corporate Buybacks; Here's The Proof
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 05/02/2015 09:56 -0400

According to a recent report from the management consulting firm McKinsey & Company, China’s total debt in 2007, counting that of private households, independent firms, and government institutions, equaled 158 percent of the country’s GDP. In 2014, it reached 282 percent of GDP—among the world’s highest levels for a major economy.

China's Dangerous Debt
Why the Economy Could Be Headed for Trouble
By Zhiwu Chen / Foreign Affairs


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quarta-feira, abril 08, 2015

O programa de António Costa

François Hollande

Hollande mandou traduzir o seu programa para oferecer a António Costa


OECD: France must reform labour market and cut spending

Labour market rigidity and excessive public spending are among the issues holding back France’s economic recovery, according to an OECD report. EurActiv France reports.

Life may be good in France, but in terms of economic reform, there is still a long way to go. This was the OECD's conclusion in its "Economic Survey of France 2015" published on 2 April.

EurActiv, 06/04/2015 - 08:20.

O que António Costa critica em Portugal é precisamente o que o seu camarada Hollande está a fazer em França: diminuir a segurança de emprego, com a promessa falsa do apoio aos desempregados (a treta da formação profissional), e abrir as portas à desorganização social que vemos na Grécia, ou em Portugal.

A Europa tem que repensar o embuste das chamadas reformas estruturais. Há certamente um longo caminho de transição a que o mundo já não pode fugir, mas devemos discutir abertamente os novos desafios e as alternativas que temos pela frente.

O candidato do PS não faz mais do que fugir dos jornalistas. Mas para sabermos rapidamente o que tenciona fazer se um dia chegar ao governo, basta ler a imprensa francesa!


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sábado, março 07, 2015

O fim da prosperidade


Esqueçam as promessas de crescimento.
Tempo de nos prepararmos para um longo inverno de austeridade.


2009-2010: o fim da financiarização da economia. O que virá depois ninguém sabe ao certo. Mas a prosperidade dos últimos 50 anos acabou. E a longa era de crescimento rápido e inflacionário sustentado por energia e recursos abundantes e baratos, iniciada por volta de 1887, também.

The One Chart You Need to Predict the Future
Charles Hugh Smith, Friday, March 06, 2015

We are witnessing a profound secular sea-change: the failure of expanding debt and leverage to lift the real economy of wages and household income.

[...] something changed around 2009. Expanding debt and leverage no longer boosted wages. For the first time in 30 years, juicing debt and leverage did not push wages higher--rather, wages declined or stagnated, despite trillions of dollars of Fed stimulus, near-zero interest rates and all the other tricks of financialization.

The returns on additional debt and leverage have diminished to near-zero. This is the endgame of financialization: expanding debt and leverage no longer move the needle on wages and household income. Rather, adding more debt is weighing on wages.


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terça-feira, janeiro 27, 2015

A austeridade na China



Carros oficiais e motoristas, só mesmo para alguns


Até na China a austeridade ataca sem piedade... desta vez eliminando 50% das despesas com carros oficiais. Carros e motoristas para burocratas, acabaram! E na Lusitânia corrupta e falida que temos? Quando é que ganhamos juízo e pomos a corja devorista na ordem?

Sub-anchor: More restrictions on government cars - CCTV News - CCTV.com English

Sub-anchor: More restrictions on government cars
CCTV.com
01-26-2015 04:19 BJT

The number of cars reserved for government officials has been a cause of public discontent in the past. Austerity measures have been aimed at addressing this concern. Now for more on the issue, we're joined in the studio by my colleague Jin Yingqiao.

Q1: Tell us more about the guidelines issued last year to regulate this. Specifically, who can no longer use tax-payers' money on a government car?

A: Well, it's a massive scale operation going on around the country. So who's affected? According to a 2014 State Council directive, all officials below the rank of deputy minister no longer have a car and a driver. They can still use official vehicles, but only for special reasons, such as emergencies and law enforcement. What do they get instead? Transport subsidies ranging from 500 to 13-hundred yuan per month depending on their rank. Now this system is more in line with countries that have stricter policies, like the United States. There, only the President, vice president and ministers can use government cars to commute from home and work. Some others are permitted to drive government cars from their work place to bus stops, provided that there's no public transport or shuttle bus on that route. So China is making progress. At the national level, 3,000 cars are on auction now. At the local level, reforms have to be enforced by the end of this year.

Read more
China removes Audis and BMW cars from official list
The Telegraph
11:45AM GMT 28 Feb 2012

When driving in China, it is easy to spot government officials: they are the ones in the luxury German saloons, usually with blacked-out windows.

quarta-feira, abril 23, 2014

PIIGS sem emenda :(

No Reino Unido, como cá, o fascismo fiscal instala-se.

A dívida pública da Eurolândia não pára de crescer desde 2011 


Euro area and EU28 government deficit at 3.0% and 3.3% of GDP respectively
Government debt at 92.6% and 87.1%
In 2013, the government deficit of both the euro area (EA18) and the EU28 decreased in absolute terms compared with 2012, while the government debt rose in both zones. In the euro area the government deficit to GDP ratio decreased from 3.7% in 2012 to 3.0% in 2013, and in the EU28 from 3.9% to 3.3%. In the euro area the government debt to GDP ratio increased from 90.7% at t he end of 2012 to 92.6% at the end of 2013, and in the EU28 from 85.2% to 87.1%.
Eurostat, 23/03/2014 (pdf)

2011: 87,4%; 2012: 90,7%; 2013: 92,6%. Segundo Reinhart e Rogoff, acima dos 80% a dívida pública torna-se um fator de perturbação estrutural das economias. Por sua vez, e apesar de toda a brutal austeridade, a dívida pública dos PIIGS continua a crescer em % do PIB e nominalmente. Em grande medida, isto acontece porque a austeridade salarial e a seca do crédito à economia, e o desemprego e falta de emprego subsequentes, trouxeram recessão, e a recessão trouxe menos PIB, e portanto menos receitas fiscais, e portanto maiores necessidades de endividamento, e portanto maior peso do serviço da dívida nos orçamentos públicos, e portanto mais défice e mais dívida — aqui, sobretudo, porque nada se fez em matéria de reforma estrutural da burocracia instalada.

O PS teria feito o mesmo ou parecido, porque quem dita a macroeconomia portuguesa são os credores, ou seja, o FMI, Bruxelas e o BCE. Os governos indígenas não passam de teatros de fantoches rodeados de cagarras parlamentares e de um coro de corporações e sindicalistas aflitos. Ainda assim, o que o governo cada vez mais esfrangalhado de Passos Coelho se recusou a fazer, apesar das insistentes recomendações formais da Troika, foi sempre em prejuízo da população, da economia e da classe média. Exemplos: não atacou as rendas excessivas da EDP, não suspendeu o ruinoso plano nacional de barragens, não renegociou a sério dezenas de PPP, não avançou na nova rede ferroviária europeia para mercadorias e passageiros (tendo deixado em Bruxelas e Londres mais de 800 milhões de euros que nos eram destinados a custo zero) e não acabou com a subsidio dependência dos rendeiros e devoristas protegidos do regime. A nomenclatura partidária e suas organizações semi clandestinas (bancos e banksters, Opus Dei, Maçonaria, União das Misericórdias, fundações obscuras, etc.) prevaleceram contra o interesse público.


Eurostat: informação sobre défices na UE em 2013, 23-03-2014.


Resultado: aproximam-se tensões sociais enormes, pois é de prever que a 'democracia' populista, neo-corporativa e cleptocrata instalada volte a preferir atacar pela via da criação e subida de mais impostos, e em cortes diretos e indiretos na massa salarial (1), pensões, reformas e subsídios de desemprego, em vez de travar os rendeiros do regime ou fazer uma reforma estrutural do estado, mantendo e reforçando o essencial, entregando à iniciativa privada e comunitária independente o acessório e o que não sabe fazer sem gerar ineficiência e corrupção.

A crise continua: mais austeridade e sofrimento a caminho.

Explosões sociais e graves crises políticas adivinham-se no horizonte. A extrema direita sobe na Europa.

E as alternativas democráticas à partidocracia liberal e social-democrata instalada, onde estão?


Há gráficos que falam verdade, sem qualquer sofisme. O das vendas da CAT é um deles. Esqueçam a propaganda dos governos e dos bancos!


NOTAS
  1. A deflação, que é uma consequência da queda da procura agregada mundial e o resultado do fim da longa era de crescimento inflacionário —artificialmente estimulado nas últimas décadas (Quantitative Easing, "Whatever It Takes", etc.)— da oferta agregada de bens e serviços (PIB, comércio mundial, etc.), em larga medida estimulado pela disponibilidade de energia fóssil barata (petróleo, gás natural e carvão) prejudica gravemente os devedores, e sobretudo os grandes e muito grandes devedores: bancos, gigantes e carteis sobre alavancados em modelos de capital intensivo, e ainda... governos de todo o mundo!

    Os bancos e os governos precisam de inflação (até inventaram um novo monstro semântico chamado "reinflação") como de pão para a boca, pois é a única forma, para além de uma deriva pelo fascismo fiscal declarado, que conhecem para diminuirem o peso das suas crescentes responsabilidades financeiras, e nomeadamente os gigantescos serviços de dívida que pesam como cutelos sobre estes monstros de ganância e burocracia.

    No entanto, inflação e reinflação, associados à destruição das taxas de juro (coisa que a 'esquerda' imbecil adora promover) significa uma coisa simples: expropriação da poupança sob a doce ilusão do facilitismo financeiro.

    Em suma, a chuva dourada que conduziu ao endividamento global, público e privado, das economias e das pessoas, ao longo dos últimos vinte anos (foi em 1994 que surgiram os famosos CDS—credit default swaps), e depois ao colapso do sistema financeiro mundial, que se mantém na Unidade de Cuidados Intensivos conhecida por Quantitative Easing e Whatever It Takes, perdeu a pica. Por mais papel de Monopólio e zeros que acrescentem à massa monetária, as economais não arrancam porque não podem arrancar), e o buraco negro dos derivados financeiros OTC e do endividamento bancário e soberano continuam a ampliar-se, tal como o seu potencial destrutivo.

    Esta é, aliás, a única explicação para a última e desesperada recomendação do FMI: roubem diretamente nos salários o que não podem roubar através do teatro da inflação! Nos rendimentos de capitalas taxas já são negativas...

quinta-feira, março 27, 2014

Governo presta contas sobre equidade

Salvo melhor opinião...

O governo publicou, obviamente em vésperas das eleições europeias, o seguinte:

REPARTIÇÃO EQUITATIVA DOS SACRIFÍCIOS

O Governo tem feito uma justa repartição dos sacrifícios pelos diversos sectores da sociedade, protegendo sempre os mais desfavorecidos e os que menos têm. Em todas as medidas restritivas, o Governo protegeu sempre os que menos ganham, seja nas medidas de redução da despesa ou nas de incidência fiscal, fazendo com que os contribuintes com maior capacidade contributiva contribuam mais. Também as PPPs rodoviárias, o sector energético e a banca, foram chamadas a contribuir mais neste período de emergência nacional, como facilmente se pode comprovar através dos factos enumerados a seguir.

Pediram-me um comentário, e eu dou. Em primeiro lugar, vale a pena ler este quadro publicado no sítio do governo. Em segundo lugar, devo dizer que concordo com todas as medidas pontuais enunciadas e contabilizadas. Falta, no entanto, o essencial, isto é, as mudanças estruturais e de cultura:
  1. falta reformar o estado e o sistema político, tornando ambos mais leves, menos onerosos, mais transparentes e menos corruptos — menos governo, menos parlamento, menos governos municipais, redução do pessoal do ministério da educação para metade, concentração do ensino público em setores estratégicos e libertação do resto da educação, deixando à sociedade civil toda a iniciativa, autonomia e responsabilidade; apoiar sem reservas Paulo Macedo na reforma do setor da saúde que vem fazendo com grande sabedoria, transformando o SNS num instrumento estratégico de crescimento e de solidariedade, em vez de ser mais um dos potes onde tanta gente se serviu, prejudicando doentes, contribuintes e a economia; aumentar drasticamente a transparência das IPSS e de tudo o que recebe subsídios, isenções e outros tipos de proteção pública nesta democracia populista atulhada de chico-espertos;
  2. falta alterar radicalmente o plano nacional de barragens (apostando no reforço de potência das barragens existentes, e parando a construção de novas barragens, nomeadamente a da foz do Tua); 
  3. falta reindustrializar tecnologicamente o país, começando por criar uma nova rede ferroviária de bitola europeia ligada aos portos, com ligação imediata entre Lisboa-Setúbal-Sines e Madrid-resto da Europa; criando-se ao mesmo tempo a oportunidade para a construção do futuro gasoduto de que a Alemanha e a França, entre outros países europeus, necessitam, o qual deverá sair de Sines, onde, por sua vez, deverá preparar-se terreno para grandes operações logísticas de transhipment energético e de matérias primas, dos mercados africano e sul-americano, para a Europa;
  4. falta, entretanto, desmantelar o poder da burocracia e das corporações (profissionais, empresariais e sindicais) aninhadas no Orçamento de Estado;
  5. e falta, finalmente, uma geoestratégia mais afirmativa, que faça de Portugal um dos nós vitais da nova divisão do mundo que se aproxima, na qualidade do honest broker que pode e deve ser. O Atlântico volta a ser crucial para o Ocidente—e é bom que os povos que falam português aprendam rapidamente esta nova realidade.
Nada disto prejudica, antes pelo contrário, a necessária melhoria e eficiência do estado social.

O que falta para que andemos rapidamente nesta direção é a mudança urgente da obsoleta Constituição que temos. E para isto será preciso exercer uma gigantesca pressão sobre o regime partidocrata populista que usurpou a democracia portuguesa. A corja partidária, os rendeiros sem vergonha, e os piratas banqueiros tratam os portugueses como carga de exportação (os malandros, só em 2013, enviaram mais de 3 mil milhões de euros para Portugal — ver notícia do Jornal de Negócios). Precisam, por este inqualificável atrevimento, de uma grande coça democrática. A qual deve começar por uma GREVE MASSIVA ÀS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.

Além do mais, ainda ninguém me explicou porque é que não podemos ter uma democracia sem partidos.

POST SCRIPTUM

Em resposta a alguns comentários que apontam confusão e contradição no que temos escrito sobre o regime e a resposta que deve ser dada para corrigir as suas gravíssimas distorções, mais uma achega:

Os dados do governo publicados são objetivos, embora insuficientes, como defendo neste post. A prova é que o PS não tem nada a contrapor, salvo propaganda populista barata.

Por outro lado, responsabilizo os partidos do regime, todos eles, pela incapacidade comprovada de emendarem a mão em questões essenciais.

Logo, creio que a abstenção é a única maneira de os acordar. Eles pretendem jogar à cabra-cega com o eleitorado. Eu defendo que o eleitorado deve acordar e agir com cabeça fria, defendendo através do NÃO VOTO uma reforma a sério desta democracia falida, populista e corrupta.

Idealmente, preferiria ver emergir um novo partido político capaz de alterar os pratos da balança deste regime bloqueado. Mas, de momento, tal desiderato não emergiu ainda, nem é provável que surja. Por outro lado, os partidos minoritários do arco parlamentar —PCP, BE, Verdes— foram comidos pelo sistema eleitoral em vigor e não têm credibilidade para governar, além de que continuam em estado de pura negação da realidade que se desfaz diante deles e ameaça subir as escadarias do parlamento, entrando por ali adentro. Querem prova mais cabal de um colapso de regime anunciado?


Num plano mais teórico, considerando a crise geral do sistema de representação democrática na Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia (no resto do mundo, nem se fala, pois não há se não caricaturas democráticas, ou ditaduras plenas), coloco a necessidade de pensarmos em democracias sem partidos, ou onde o poder dos partidos seja reduzido muito fortemente, dando maior protagonismo à transparência estrutural das democracias e muito mais poder de representação na gestão da coisa pública a outras instituições da sociedade civil.

Não há contradição alguma no que tenho escrito. Ou, pelo menos, assim penso.

Infográfico: Repartição equitativa dos sacrifícios


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 28/3/2014, 01:41 WET

terça-feira, janeiro 21, 2014

2014: mais austeridade

A divergência entre a Alemanha e a periferia, incluindo França, é evidente.

Portugal e Espanha irão perder 40-50% do poder de compra salarial.

União Europeia prometeu, mas não cumpriu. O pior vem aí.

Comissário do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão reconhece que as promessas da União Monetária Europeia não foram cumpridas e que há o sério risco de todo o projeto descarrilar!

Commissioner for Employment, Social Affairs and Inclusion, László Andor:

Social dimension of the EMU

The still growing macroeconomic, employment and social divergences threaten the core objectives of the EU as set out in the Treaties, namely to benefit all its members by promoting economic convergence and to improve the lives of citizens in the Member States. The latest review shows how the seeds of the current divergence were already sown in the early years of the euro, as unbalanced growth in some Member States, based on accumulating debt fuelled by low interest rates and strong capital inflows, was often associated with disappointing productivity developments and competitiveness issues.

In the absence of the currency devaluation option, euro area countries attempting to regain cost competitiveness have to rely on internal devaluation (wage and price containment). This policy, however, has its limitations and downsides not least in terms of increased unemployment and social hardship, and its effectiveness depends on many factors such as the openness of the economy, the strength of external demand, and the presence of policies and investments enhancing non-cost competitiveness.

Declaração integral hoje publicada (21/1/2014) 

Segundo o observador atento ZeroHedge,

Most European countries (including France) face a desperate need for external devaluation, which is impossible under a monetary union, leaving only internal devaluation as an option. This is where the much maligned concept of austerity comes in:  from a macroeconomic perspective, austerity is not so much an exercise at moderating the pace of debt increase (as neither Spain nor Italy have reduced their rate of debt issuance), but of gradually becoming more price competitive with Germany: a key outcome that will be needed for the Eurozone to have any chance of survival, i.e., lowering sticky unemployment rates from levels that virtually assure social "disturbances" in the months and years ahead.
ZeroHedge: Europe Finally Admits A Monetary Union Leads To "Increased Unemployment And Social Hardship".

Para agravar este panorama sombrio, veja-se a antevisão dos pagamentos da dívida pública constante do Relatório do Orçamento de Estado:

Clicar para ampliar

Epílogo: quando dizem que 'as exportações' (na realidade, trata-se da balança corrente) estão a portar-se bem, isso deve-se não só às exportações, mas também e até em grande parte à quebra brutal do consumo, à diminuição dos salários, ao aumento das remessas dos emigrantes e ainda, pontualmente, ao elevado preço dos refinados de petróleo exportados. A recente decisão do governo de isentar de taxas portuárias os exportadores é um sinal do esgotamento da solução pela via do saldo da balança corrente. O aumento das remessas dos emigrantes estabilizou, a procura de refinados petrolíferos estabilizou ou diminuiu, o consumo aumentou ligeiramente, o investimento externo (que é dívida perante o exterior) diminui abruptamente, e o aumento das exportações de bens materiais e serviços está a abrandar.

Pergunta ao governo: onde vai arranjar os mais de 20 mil milhões de euros necessários ainda este ano e no ano que vem para pagar dívida pública contraída?

E senhor Seguro, onde pensa ir buscar os mais de 17 mil milhões necessários para corresponder aos compromissos assumidos para 2016?

Não haverá resgate, nem programa cautelar. Mas haverá seguramente um empobrecimento brutal das pessoas, em particular das classes médias, virtualmente em extinção. É por esta razão, aliás, que Cavaco Silva anda desesperadamente à procura de uma nova União Nacional. Desta vez com o PS, PSD e CDS.

Cuidado, pois, com o que escreve a imprensa e dizem as televisões indigentes deste pobre país sobre a recuperação económica e outras fantasias.

sábado, dezembro 21, 2013

País de sonâmbulos

Quem é esta gente?
Foto: Nuno Ferreira Santos/ Público

Os lémures do regime precipitam-se e precipitam a democracia para nova ditadura...

A ideia de que a redução de 10% de uma pensão pode afectar gravemente os "planos de vida" de uma pessoa, mesmo que se trate de valores elevados (no sector público há muitas pensões acima de 5000 euros) e mesmo que o titular tenha outros rendimentos (o Tribunal Constitucional não fez excepções nem qualificações), é uma tese pelo menos desproporcionada — Vital Moreira in Causa Nossa.

Todos ralham, ninguém tem razão. Os filhos e netos emigram, enquanto os que levaram o país à bancarrota se agarram aos direitos que terão que ser pagos pelos mesmos filhos e netos que emigram. Os velhos dormitam no conforto do seu histórico egoísmo e irresponsabilidade. Os neurónios estão rígidos, a vista cada vez mais cansada. Que fazer de um país em que as pessoas se querem reformar aos 55 anos e morrer aos 90?

Como boa parte do lixo soberano, ou seja, da dívida vendida à Alemanha e a ouros países europeus já regressou a Portugal, isto é, ao balanço de ativos tóxicos dos bancos locais, a Europa deixará calmamente aos portugueses a liberdade de repartiram o dito lixo entre o TC e a nomenclatura do regime, por um lado, e o resto dos indígenas, por outro. Daí a recente e não esclarecida compreensão de Schäuble e de Merkel pelo Tribunal Constitucional indígena. Por cá, a algazarra em curso vai agravar-se, pois vamos ter que comer o lixo que alegremente deixámos fazer. Para a partidocracia e para a nomenclatura, quem vier depois que feche a porta. O último que a fechou e voltou a colocar as finanças em dia chamou-se Salazar. Com uma diferença: desta vez não haverá nenhum resto de império colonial a ajudar. E como os jovens saíram do país, restará aos juízes do TC voltarem ao trabalho depois de se reformarem!

O Crato será uma besta, mas a manada que pretende conduzir ainda não percebeu que tem cabeças a mais. Para que serve a formação superior, criada para satisfazer as congregações partidárias e autárquicas (e raramente o exíguo mercado de emprego que temos), se o que de lá sai se dirige imediatamente para o desemprego, para profissões com salários que não vão além do salário mínimo, ou para a emigração? Quem financiará, de ora em diante, mais este desperdício num país que envelhece e perde população a ritmo acelerado? Eu só vejo uma hipótese: a malta do Constitucional e similares!

O governo de coligação está a reduzir tudo o que pode na despesa pública que diz respeito à maioria dos seus beneficiários. E no que diz respeito às minorias devoristas e rendeiras protegidas, está? Não, não está! Aliás, não está, em plena conformidade com o bando de indigentes que forma o governo. Mas a pergunta crucial é esta: e o Tó Zé do PS tem planos diferentes deste? Se tem, porque não os mostra? Eu acho que não tem, que a criatura é feita da mesma massa apodrecida e, assim sendo, ou mudamos de Constituição e de regime, substituindo a DEMOCRACIA FALHADA que temos por uma DEMOCRACIA DECENTE, ou o 28 de maio de 2016, ou de 2026, verá chegar um novo castigador com pronúncia de província para recolocar outra vez as finanças na ordem.

Estamos fartos de suburbanos!

quarta-feira, maio 08, 2013

Gaspar Keynes

Diz o roto ao nu...

Consumo não é crescimento
What’s the typical life of an unassisted expansion? Based on the data presented here, I’ll call it two years. (1)
O problema do euromilhões keynesiano é que está no fim da linha. E não no princípio, como sugerem os discursos populistas aflitos do PS, PSD, CDS/PP e PCP. Ou seja, o aumento da massa monetária, através do aumento das dívidas soberanas, não só não chega à economia, não só não cria emprego, não só não diminui o ritmo das falências e do crescimento do desemprego, como vem piorando todos esses índices, com a agravante maior de, depois de toda esta diarreia keynesiana, transformando o dinheiro em meras notas de Monopólio, o que vemos é uma expropriação sem limites da classe média, e uma destruição de capital produtivo sem precedentes. Os únicos beneficiários do colapso em curso —o colapso de uma era de crescimento rápido dos preços, iniciada em 1896 (Fischer, D. H.)— circunscrevem-se a 1% da população americana, e a percentagem semelhante na Europa. Os restantes 99% (ou 90%, para sermos mais precisos) têm vindo a sofrer uma erosão de rendimentos imparável.
It's worth understanding the mechanisms of this wealth transfer: in essence, the Fed extends low-cost credit (i.e. "free money") to the financier class which then uses this free money to buy rentier assets, that is, assets that generate economic rents for the owners, who add no value and create no wealth.

This is of course the neofeudal model: the financial aristocracy in the manor house own the rentier assets and the debt-serfs toil away to pay the rents and taxes. The financier class (i.e. those that benefit from the financialization of the economy) are as unproductive as feudal lords; they skim the profits generated by the debt-serfs while adding no productive value to the economy. (2)
A criação monetária em curso (Quatitative Easing, LTRO, OMT, etc.) só pode servir, neste declinar de era —a era do enorme e rápido crescimento a que o mundo inteiro assistiu, sobretudo por efeito da descoberta e uso tecnológico intensivo de fontes de energia poderosíssimas e baratas (um ciclo que atingiu também e globalmente o seu pico de expansão)—, para mitigar a Grande Contração do Crescimento, dos Preços e do Consumo que aí vem. Segundo David Hackett Fischer, se a história dos últimos oitocentos servir para alguma coisa, seguir-se-à uma nova era de 'equilíbrio' dos preços, de recessão demográfica, crescimento entre 0-1%, mas também de uma nova e provável era de explosão de criatividade — científica, tecnológica e social. Estaremos eventualmente no pior momento da transição. Quanto tempo faltará ainda para entrarmos na próxima era 'estacionária' (Adam Smith/Niall Ferguson) de crescimento e desigualdade relativa extrema? Pouco tempo, ou mesmo nenhum!

O sucesso da ida aos mercados e o chico-esperto Sérgio Monteiro
Investimento dos maiores bancos em dívida pública subiu 46% em 2012 — i online.

Sérgio Monteiro diz que economia beneficia da emissão da dívida — i online.

"The Carrot's in Reach:" The Myth of a Self-Sustaining Recovery —  Charles Hugh Smith Of Two Minds (April 5, 2013)
A banca indígena financia-se a 0,5% junto do BCE e vai buscar aos nossos bolsos 5,7% e mais, na forma de cortes nas pensões, reduções de salários e vencimentos, despedimentos e desemprego (é a 'austeridade' que paga os subsídios de desemprego, por exemplo), e ainda na forma de subida dos juros a retalho (se e quando raramente emprestam dinheiro!)

O chico-esperto das PPP diz que isto é bom 'indiretamente' para a 'atividade económica', porque melhora a perceção do país. Veremos o que diz este chico-esperto daqui a 12 meses, quando todos descobrirmos o óbvio: i.e. que o dinheiro continua a circular entre o BCE, os 'banksters' indígenas e os governos, que por sua vez continuam a endividar criminosamente os povos que dizem representar.

É este o motivo de júbilo do governo, do PSD, e do CDS? Está na altura de interrogar seriamente os bancos que operam em Portugal.

Gaspar Keynes

Gaspar adianta o passo e reclama menor 'fragmentação financeira' no seio da UE, i.e. igualdade de oportunidades no acesso aos mercados financeiros e rejeição de um Euro a duas velocidades. Algo começou a nascer do 'input' político de Poiares Maduro. Menos mal. A Oposição é que já arranca cabelos por causa desta inflexão pré-eleitoral — 'just in time'!
Novidade, novidade, foi o discurso do ministro das Finanças português, que defendeu que “a fragmentação financeira que existe actualmente exacerba o custo associado ao ajustamento e funciona como um choque de competitividade negativo para o pais sob ajuda externa”, acrescentando que a “UE tem de respeitar o que eu considero um princípio: permitir aos Estados que assegurem aos seus cidadãos os direitos sociais que estes exigem”. (3)

QREN 2014-2020 escapa (aparentemente) à captura dos rendeiros do costume.

Retirar a 'coordenação, supervisão e distribuição dos fundos' das mãozinhas untadas dos estados-maiores partidários, dos poderosos e insaciáveis lóbis que dormem no Terreiro do Paço (BES, EDP, Mota-Engil, empresas públicas falidas, dinossauros autárquicos,  etc.), foi uma boa decisão do PM. Vamos ver até que ponto Poiares Maduro entende a questão crucial dos portos e sobretudo das ligações ferroviárias em bitola europeia (para mercadorias e pessoas) entre as cidades-região portuguesas, Lisboa e Porto, e as grandes cidades espanholas e do resto da União Europeia. Talvez fosse bom começar por despedir o Sérgio das PPP...

Geração S(em emprego)
Generation J(obless): A Quarter Of The Planet's Youth Is Neither Working Nor Studying, in ZerHedge.
25% da população jovem do planeta em idade ativa não trabalha, não estuda, nem tem treino profissional. Precisamos de menos verborreia populista, e de muita imaginação e bom senso para minimizar esta verdadeira tragédia social.

NOTAS
  1. Debunking the Keynesian Policy Framework: The Myth of the Magic Pendulum — F.F. WILEY, in Cyniconomics, May 7, 2013.
  2. Bernanke's Neofeudal Rentier Economy, in Charles Hugh Smith Of Two Minds, May 6, 2013.
  3. Vítor Gaspar transfigura-se em Bruxelas e já fala de direitos sociais, in i online.

sábado, fevereiro 09, 2013

A impotência dos devoristas

Francisco de Goya, Saturno devorando a un hijo (1819-1823)

Corte-se na fazenda que os devoristas roubam dia a dia!

Entre os subsídios a instituições sem fins lucrativos cuja prestação pública de resultados é inexistente, a roubalheira das PPP, tão caras ao Sérgio Monteiro (que antes era o esperto que as desenhava, e agora é o esperto que finge policiá-las), o excesso de generais e almirantes sem tropas nem espingardas, a abundância inútil de gralhas e cagarros parlamentares, e o desperdício evidente na saúde e na educação públicas, há fazenda que chegue para cortar sem condenar à morte os velhos e os pobres deste país, e sem expulsar centenas de milhar de jovens e famílias portuguesas inteiras para a emigração, que é que o fascismo fiscal de Vítor Gaspar, a corrupção dos banksters, o devorismo da partidocracia e dos rendeiros do regime, e finalmente a imbecilidade dos líderes partidários, estão a conseguir.

Demonstração:

OE2013

PIB = 178.500.000.000€
Dívida Direta do Estado, 2012: 196.146.000.000€ (+21,3 mil milhões q em 2011)
PAEF (Programa de Ajustamento Económico e Financeiro): 63.447.000.000€ (em 2011: 35.862.000.000€)

Desemprego em 1974: abaixo dos 2%
Desemprego em 2010: 11%
Desemprego previsto em 2013: 17%
Emigração formal registada (2011): 43.998
Emigração real (2011): ~100.000


OE2013, Rendimento de inserção social (RSI): 303.900.000€
OE2013, Encargos do Estado com a Administração Local: 2.121.207.562€
OE2013, IPSS e outras entidades "sem fins lucrativos": 2.008.768.424€
OE2013, garantias concedidas a empresas públicas ascendiam a 9.254.500.000€, em junho de 2012.
Encargos plurianuais previstos com PPP rodoviárias (2013-2030): 19.166.300.000€

IPSS*
Registadas (2011): 4860 (ver lista)
Utentes por IPSS (2011): ~ 157
Utentes abrangidos (2011): 761.400
Apoios diretos do estado (OE2013): 2.008.768.424€

* — 46% das suas receitas provêm de transferências do estado: ou seja, este terceiro sector já representa um volume económico na ordem dos 4.366.887.878€, praticamente isento de impostos (nomeadamente IVA, IMI e IMT)

OE2013
Segurança Social: 8.876.800.000€
Transferências correntes + subsídios + despesas de capital relativas a instituições sem fins lucrativos (IPSS): 2.008.768.424€ **

**
— Transferências correntes instituições s/ fins lucrativos: 24.313.453€ + 1.426.102.177€
— Subsídios inst s/ fins lucrativos: 465.769,000€ + 123.764,00€ + 16.135.326€ + 463.886.246€
— Despesas capital inst s/ fins lucrativos: 31.865.368€ + 45.876.321€

Total: 2.008.768.424€

O escândalo de que ninguém fala

IPSS, Igreja e Vaticano têm uma fatia reservada do Orçamento de 2013 no montante de 2.008.768.424€. Ou seja, quem trabalha e desconta em Portugal paga mais de 400 euros por ano em solidariedade social sem qualquer supervisão, nem transparência.

quinta-feira, novembro 08, 2012

Totó inSeguro acordou

António José Seguro acordou!
Imagem: WHKITG

A dita Esquerda só tem um passo seguro a dar: exigir uma distribuição mais justa da austeridade, como aliás a Troika propõe, e insiste que seja levada a cabo!

Seguro prepara socialistas para a queda prematura do Governo

Económico, Márcia Galrão
07/11/12 00:05

Comissão Política pressionou líder para que o PS apresente propostas concretas.

A reunião da Comissão Política do PS da última segunda-feira serviu para António José Seguro deixar duas mensagens: é preciso preparar o partido para a hipótese cada vez mais alargada de a legislatura não chegar ao fim e assumir perante os portugueses que muitas das coisas que lhes têm sido retiradas não poderão ser restituídas mesmo que os socialistas assumam o poder.

Segundo várias fontes presentes na reunião, o secretário-geral do PS reconheceu que a situação do país tem mudado muito nos últimos meses e que, se quando foi eleito pensou que estaria na oposição até 2015, o "alarmismo social" e a fase crítica que o país vive sugere que essa ideia seja "revista". No entanto, Seguro também terá dito que não sabe se o PS já está preparado para fazer esta análise.

Numa reunião muito participada, com muitas intervenções das várias alas do partido, terá ainda sido unânime a pressão para que o PS assuma propostas concretas na praça pública e tome a dianteira do debate inevitável que tem que ser feito de renegociação da dívida e do próprio memorando de entendimento com a ‘troika'.

A partir do momento em que António José Seguro aceitou retomar o diálogo institucional com o Governo, os socialistas consideram que é preciso ser agora consequente e participar activamente nas próximas avaliações da ‘troika' com propostas concretas. Da ala mais à direita, coube a Ricardo Gonçalves pressionar a direcção nacional para sugerir reformas profundas, tal como tem sido assumido por vozes como Manuela Ferreira Leite ou Miguel Cadilhe. Do lado oposto, Pedro Nuno Santos considerou que o PS tem que liderar o debate de renegociação do memorando e dizer o que propõe que se altere. Resumindo: as duas alas pediram uma "clarificação", como assumiu fonte presente na reunião ao Diário Económico. [...]

Apesar de questionado sobre o conteúdo da carta que o primeiro-ministro lhe enviou, Seguro manteve firme a decisão de não revelar o seu teor. Quanto às pressões de que foi alvo, lembrou que este não é o momento de olhar para o PS, mas para o país, e que é preciso manter um relacionamento institucional sério com o Governo.

Fonte socialista adiantou, ainda, que grande parte da intervenção do líder foi dedicada à situação do país, com exemplos de situações dramáticas de famílias e de empresas nacionais - casos de todo o país que disse chegarem ao seu conhecimento diariamente.

Quem andou a comprar dívida portuguesa não foi a Alemanha, foi a banca portuguesa e a Caixa (que se sobre endividaram junto do BCE, e a quem deixaram umas cautelas de risco elevado), assim como —pasme-se— o principal fundo de pensões do estado... português!

Desafio, pois, o PS do inseguro Seguro, o PCP do megafone Jerónimo, e o Bloco do reciclado Mao, a desfazerem este nó! Quem pagará a reestruturação que defendem para a gigantesca dívida pública portuguesa? Se a dita dívida está em boa parte sentada ao colo dos bancos indígenas à beira da falência, do banco público, igualmente insolvente, e do fundo de pensões do tal estado social, cuja liquidez dá para oito meses, a quem servirão as vossas desmioladas alternativas ao memorando da Troika assinado pelos três partidos do arco da desgovernação?

Se quiserem não pagar, ou pagar menos, já sabem quem ficará com o calote ao colo, não é? E então?

A Autoeuropa, a SAP e a Simens são algumas das empresas que funcionam bem em Portugal há décadas, ao contrário de tudo o que vem dos piratas do PS, dos piratas do PSD, dos piratas do BES, da Mota-Engil, do Grupo Mello e do resto da corja de imbecis e de ladrões que levaram o país à bancarrota e insistem em roubar o que resta.

Usar a Alemanha, a tia Merkel, e a Troika, como bodes expiatórios da pirataria local é mais uma prova de demência de uma parte dos indígenas da Tugolândia, que assim bem merece a má sorte que lhes caiu em cima.

Há uns séculos atrás a mesma corja de então expulsou sucessiva e alegremente os judeus, culpando-os da bancarrota do país. Expulsou os Jesuítas da Lusitânia do oeste e do Brasil. E, algumas décadas depois, extinguiu as ordens religiosas, para depois vender a pataco conventos e igrejas, cujas pedras foram usadas para fazer muros, casotas e tanques de água, deixando à vista até hoje cicatrizes escandalosas na paisagem de ruínas de pedra que abunda pelo país. Em todos estes casos citados o objetivo foi o mesmo: obter liquidez para tapar as finanças públicas arruinadas. Os criminosos de então são os mesmos de hoje: a corja dos rendeiros e dos burros com poder a soldo dos primeiros.

Ou seja, expulsámos, sucessivamente, gente que sabia fazer dinheiro, mas sobretudo gente culta e que sabia pensar. Ficaram, já então, a maltratar este pobre país, os burros do poder, os cretinos assessores, os rendeiros de sempre e os putos e putas da corte. A comandar ficaram e estão, lançando milho à populaça estupidamente agradecida — como galinhas.

Uma vez mais, a mesma corja de burros dominantes, incultos e criminosos, lança o povo contra os credores, no preciso momento em que estes enviam o dinheiro que paga mensalmente os vencimentos da função pública, dos governantes, e os lucros usurários dos banqueiros e dos rendeiros protegidos desta cloaca da Europa.

Há porém uma diferença: desta vez, não conseguirão expropriar os credores externos. Apenas podem roubar a Previdência Social e rebentar de vez com o estado social — o que têm estado a fazer nas costas dos eleitores.

E assim, não pagar é assunto muito sério também, cujo preço só poderá ser o fim deste imprestável regime, desta democracia populista, desta partidocracia sem concerto nem conserto, de mais uma cleptocracia disfarçada.

Espero bem que, desta vez, esta bancarrota arruíne boa parte da corja que matou, uma vez mais, Portugal. Os portugueses pobres e remediados estão a ser arruinados diariamente, pelo que nada têm que temer da ruína dos ricos que assaltam o país cantando e rindo.

quinta-feira, outubro 04, 2012

Austeridade II

Francisco Louçã não mudou: continua a pensar que vai crescer à custa do PS

Menos burocracia, menos partidocracia, menos cleptocracia e menos Estado!

Na realidade, quem lê a imprensa económica internacional com alguma regularidade notará que Portugal saiu dos radares da desgraça — seja porque melhorou rapidamente a sua balança de pagamentos, ou porque conseguiu fazer crescer as suas exportações em plena recessão europeia e crise financeira mundial, ou porque o Banco de Portugal tem sabido gerir com discrição e resultados a difícil situação dos bancos nacionais, ou ainda porque conseguiu hoje mesmo trocar uma pesada dívida que vencia em 2013 por novas obrigações a custos razoáveis com maturidades mais estendidas.

A mobilidade profissional dos portugueses (1), buscando rapidamente trabalho fora do país, nomeadamente através das ligações familiares que têm em todo o mundo, a par da paz social que durou até aqui, têm sido ainda argumentos fortes a favor da confiança que lentamente regressa ao país. Mas também a determinação com que este governo e o anterior (é verdade, já vem do tempo de Sócrates) têm procurado estabelecer pontes diplomáticas e comerciais com a China, Angola e Brasil, e as respostas que não se têm feito esperar, é algo que deve ser pesado a nosso favor.

Nada disto quer dizer que estejamos bem — muito pelo contrário! Na verdade, vamos continuar a ganir até 2015, pelo menos. No entanto, quanto mais depressa encolhermos a burocracia, a partidocracia, a cleptocracia e o Estado, menos violento e duradouro será o terrorismo fiscal em curso.

As pessoas vão ficar, em breve, muito mais sensíveis ao gasto público, às mordomias, às tríades e às máfias que destruíram o país e querem continuar a sugá-lo. Mas também serão cada vez mais sensíveis às greves burocráticas das empresas públicas que prejudicam milhões de portugueses —apenas para garantir privilégios salariais, sociais, sindicais e partidários de que a esmagadora maioria de quem trabalha não usufrui— e que são financiados desde sempre e quase exclusivamente pelos impostos pagos por todos nós.

O ponto nodal do equilíbrio precário até agora conseguido é a atual equipa de governo, apesar do PM de plástico!

Parece-me fundamental barrar o caminho aos piratas que todos os dias clamam contra os ministros e pedem remodelações de governo. Só contendo os padrinhos do regime, nomeadamente Cavaco e Almeida Santos, haverá espaço suficiente para reformar o estado antes que a hipertrofia deste destrua por completo o país.

As lideranças miseráveis do PS, PCP e Bloco não oferecem quaisquer alternativas concretas aos planos do governo. Limitam-se a gritar frases inconsequentes, oportunistas e populistas, com o único fito de prosseguirem os seus pequenos jogos partidários e eleitoralistas. Já só pensam nas autárquicas. Querem lá saber do país e das pessoas!

Jerónimo de Sousa é um fóssil estalinista da era frente populista. Louçã é um fóssil trotskista oriundo de uma seita dos anos sessenta do século passado. Só Arménio Carlos parece ter aprendido a falar num português político mais inovador à sua base sindical e partidária de apoio. Pena é que continue fechado no armário das relíquias comunistas, e não tenha ainda percebido que o seu querido proletariado morreu, que a sua base de apoio é essencialmente formada por trabalhadores e burocratas do Estado, e que o mundo que hoje conta e pode forçar a mudança é essencialmente composto por classes médias profissionais e por um imenso precariado!

A esquerda populista quer tudo: quer pleno emprego, quer mais regalias sociais, quer mais dinheiro, quer mais escolas e universidades, quer mais hospitais e centros de saúde, quer mais tribunais, quer mais câmaras e mais freguesias, em suma, quer mais Estado. E acima de tudo não quer saber de contas. Os ricos, como dizem, que paguem!

No entanto, os efeitos inevitáveis da Austeridade II vão fazer pensar os portugueses sobre o preço da RTP, sobre o preço da TAP, sobre o preço da CP, sobre o preço dos barcos que atravessam o Tejo, sobre o preço de tantos deputados inúteis, sobre o preço de tantos governos municipais que nos casos evidentes das cidades-região de Lisboa e Porto há muito deveriam ter sido concentrados, sobre o preço dos juízes e procuradores improdutivos que temos, sobre o preço da corrupção, sobre o preço de uma constituição que já só serve os beneficiários especiais do regime — em suma, sobre o preço da nossa pobreza. E vão querer mudar!

Quando esta tensão subir, a esquerda deverá olhar para trás e meter a mão na consciência. Que papel tenciona desempenhar à medida que a contestação do monstro estatal subir de tom?


GREVES CORPORATIVAS
A propósito da campanha de greves promovida pelo PCP e pela CGTP

Nesta altura do campeonato as greves da CP (2) e em geral no setor público são intoleráveis.

O pessoal da CP, da Carris, Metro, etc, ganha em geral mais do que os usuários dos serviços que deveriam prestar com qualidade, eficiência e rentabilidade, e não prestam.

Os sindicatos portugueses do setor público começam a parecer-se cada vez mais com máfias extrativas.

Defendo que as greves no setor público devem ser objeto de medidas restritivas temporárias e em todo o caso de requisição civil sistemática em todos os casos em que o oportunismo sindical e partidário prejudique visivelmente os portugueses que pagam, quase sempre através de passes mensais, os insubstituíveis meios de transporte que utilizam para trabalhar.

Os senhores deputados se começassem a usar regularmente os transportes públicos, e pagassem o estacionamento dos seus automóveis na AR, como os lisboetas pagam para estacionar no espaço público que é a sua cidade, talvez passassem a ter uma maior sensibilidade relativamente aos milhões de portugueses que são prejudicados por este tipo de greves corporativas e partidárias. O PCP tem que aprender a ganhar eleições, e não a prejudicar o povo em nome das suas tropas de choque sindicais!

Não há nada que impeça o governo de ter mão dura com os sindicatos corporativos do setor público. Deixar apodrecer a situação só pode conduzir ao desastre. Os democratas não podem ficar prisioneiros de silogismos oportunistas sobre o direito à greve. Pois o preço de semelhante cobardia é normalmente o aparecimento e alastramento rápido de forças de extrema direita.

Olhem para a Grécia !!!


ÚLTIMA HORA

E é bom que se perceba que isto não vai ficar por aqui!

“O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, avisou esta quinta-feira que o BCE só voltará a realizar compras de obrigações portuguesas depois de o país ter reconquistado o acesso total ao mercado, algo que ainda não aconteceu.” Público, 4 out 2013.

Gaspar falou de um aumento brutal de impostos. Eu chamo-lhe terrorismo fiscal. No entanto, a coisa não vai ficar por aqui, sobretudo se a corja instalada continuar a boicotar o saneamento estrutural das finanças públicas.

2014 será ainda pior...
  • a menos que se reduzam drasticamente as rendas leoninas dos monopólios naturais e das PPPs, ou mesmo, em caso extremo, se recuperem para a órbita pública as autoestradas, hospitais, barragens, redes elétricas e redes de águas e saneamento negociados contra o interesse público, podendo mais tarde estas grandes obras regressar ao mercado das privatizações;
  • a menos que se acabem com todas as fundações e empresas pública municipais e regionais, fazendo regressar estes centros de má despesa aos perímetros orçamentais de onde nunca deveriam ter saído;
  • a menos que se privatizem a 100% a RTP, a Caixa Geral de Depósitos, os CTT, a CP, a ANA e a TAP;
  • a menos que se concentrem os municípios e freguesias das cidades-região de Lisboa e Porto, substituindo o Carnaval atual por verdadeiros governos metropolitanos, como existem em Madrid, Londres, Xangai, Pequim, etc;
  • a menos que se estabeleça um ensino 100% gratuito, do pré-escolar até ao último ano do secundário, mas ao mesmo tempo se privatizem todas as universidades e se atribuam bolsas de estudo para os 10 melhores alunos em cada 100 e ainda aos estudantes com médias acima dos 75% manifestamente sem recursos económicos próprios ou familiares;
  • a menos que se imponha um teto às reformas e pensões pagas pelo Estado, por exemplo de 1700 euros (caso Suíço), cabendo às pessoas procurar pelos seus próprios meios e hábitos formas de poupança complementares;
  • a menos que se reduza substancialmente a proporção de funcionários públicos e equiparados relativamente à população ativa nacional;
  • a menos que se despartidarize a administração pública com a introdução de um regime de admissão por concurso nacional obrigatório, cuja elegibilidade deverá passar pela frequência de cursos de administração pública a cargo de uma Escola Nacional de Administração e Trabalhos Públicos;
  • a menos que as nomeações políticas, obrigatoriamente temporárias, fiquem restringidas, sem exceção, aos gabinetes dos ministros e secretários de estado;
  • a menos que se reforme e reduza a Assembleia da Republica;
  • e a menos que se escreva uma Nova Constituição, breve, simples, não partidária, discutida e votada por uma nova assembleia constituinte alargada à cidadania não partidária e, por fim, ratificada em referendo.

NOTAS
  1. 100 mil portugueses em Angola
    Segundo a Monocle deste mês, a população portuguesa residente em Angola passou de cerca de 30 mil, em 2003, para mais de 100 mil em 2012.
  2. Recebi este comentário de alguém bem informado sobre a aristocracia sindical, que transmito na íntegra:

    As corporações que dão pelo nome de "sindicatos" já há muito perceberam que o seu poder advém da capacidade de prejudicar os outros trabalhadores e todos os demais que precisam de fazer a sua vida diária.

    Dito de outro modo, só as greves nos transportes têm impacto e dimensão para prejudicar os outros (não a entidade patronal, que até beneficia com a breve) em escala suficientemente visível para terem direito de acesso à lamentável comunicação social que temos.

    Especialista nestas artes, o PCP desde sempre dominou a FESTRU, mas, que se saiba, e felizmente, não controla o Sindicato dos Maquinistas da CP (SNAQ), que defende os seus interesses corporativos autonomamente (é a FESTRU que costuma colar-se ao SNAQ e não ao contrário).

    De qualquer forma, as empresas que prestam serviço público estão obrigadas a garantir os serviços mínimos, sejam eles quais forem, não sendo, pois, admissível o seu encerramento "por motivos de greve". Se as respectivas Administrações não são capazes de defender o interesse público, deveriam abandonar os cargos e respectivas mordomias.

    Acresce que, embora não pareça, existe um Secretário de Estado dos Transportes que deveria meter na ordem as Administrações que dele dependem. Por onde é que ele anda? Não tem tempo para acautelar os interesses dos utentes, nomeadamente dos que já pagaram no início do mês por um serviço que não lhes está a ser prestado na íntegra e que não irão ser reembolsados por esta falta? O desconto nos salários dos grevistas deveria servir para isto, não? Para onde é que ele vai?

    Repare-se que a Fertagus não é empresa pública nem depende de subsídios estatais e nunca fez uma greve. Por que será?

    O estado comatoso do País obriga a que o esforço financeiro tem de ser de todos, independentemente das armas reivindicativas de cada grupo de pressão, pelo que todos, sem excepções, terão mesmo de ter alguma redução salarial e ou de privilégios.

    No caso dos maquinistas da CP, que reclamam quanto à redução do valor pago pelas horas extraordinárias, a solução parece-me simples:

    — a CP reorganiza as escalas de serviço para não haver horas extraordinárias nenhumas, mesmo que tenha que ajustar alguns horários dos comboios ou até admitir maquinistas, e acaba-se com o problema (para não dizer com a mama).

    De que é que está à espera ? 


Última atualização: 5 out 2012 11:43