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sexta-feira, outubro 29, 2010

PSD mais perto do poder — 2

Os moços de fretes da comunicação social voltaram a enganar-se em manada!

Ainda bem que Pedro Passos de Coelho me ouviu, e sobretudo ouviu uma pessoa honesta e experiente como é o fiscalista Diogo Leite Campos, actual vice-presidente do PSD — a única que fez um pronunciamento estratégico laranja em toda esta crise. Ao PS recomendou, não exactamente por estas palavras, que limpe a sua própria trampa, e que não tente despejar a diarreia despesista e corrupta que levou Portugal à bancarrota para cima de quem nada ou pouco teve que ver com o caso.

Mais certeiro ainda, e em plena sintonia com o que aqui escrevi a propósito das argumentações senis, irresponsáveis ou cínicas do PCP e do Bloco de Esquerda, Leite Campos sugeriu que a turma que apoia Manuel Alegre, e o próprio Manuel Alegre, deveriam, em coerência, votar o Orçamento de Estado ao lado do PS, não fazendo qualquer sentido que tal elefante branco venha a ser engolido —contra natura— por quem se posiciona claramente como próxima alternativa de governo, e óbvio opositor do triste Alegre.

Passos de Coelho, apesar de ter sido virtualmente destroçado pelo patarata António Nogueira Leite e pelo esgazeado que ajudou a entregar o BCP ao PS, ou de contar ainda com uma matraca insuportável chamada Miguel Relvas, na pose de ajudante de campo, a verdade é que acordou. E acordou bem!

Chamar um ex-ministro das finanças —Eduardo Catroga (que a manada das agências de comunicação e da comentarice indigente apenas leu como um ex-Cavaquista)— para liderar as negociações com esse desastre ambulante vindo das Antas chamado Teixeira dos Santos, foi um tiro na mouche. Para novatos sem biografia, já basta o próprio Passos de Coelho, que a todos prometeu aprender depressa. Ou seja, o Jota, se quiser chegar a primeiro ministro, tem que largar o lastro inútil que se pegou à sua candidatura e rodear-se de gente experiente, que não faça parte da nomenclatura do Bloco Central da Corrupção. Só assim poderá vencer o vigarista-mor do reino, José Sócrates Pinto de Sousa, e a prazo, essoutro traste nacional chamado Aníbal Cavaco Silva, que acaba de recandidatar-se à presidência da república numa cerimónia patética. A mensagem cifrada que enviou à matilha do BPN é virtualmente um caso de polícia. Se os indigentes lusitanos voltarem a votar nesta rainha de Boliqueime, então merecerão que lhes mijem em cima nos próximos cem anos! À medida que a gigantesca operação criminosa do BPN se for esclarecendo, e sobretudo à medida que o financiamento desse buraco negro insondável se traduzir num assalto sem fim à bolsa de todos nós, assistiremos então ao inevitável desmaio da incompetente e desajeitada criatura que em má hora colocámos em Belém.

Toda esta descrição só é relevante porque existe e é preciso denunciar uma verdadeira simbiose oportunista, que nos últimos anos se estabeleceu e não pára de consolidar, entre o actual primeiro ministro e o actual presidente da república. Estas criaturas de opereta (para quem Portugal não é a Grécia!) são os principais responsáveis políticos pela bancarrota do nosso país. Por este simples facto devem, antes de mais, ser levados a tribunal!

José Sócrates quis e continua a querer arrastar o PSD para a armadilha dum apoio irrefutável ao seu Orçamento de Estado pirata. Não aceita, claro está, a abstenção com demarcação política prévia proposta por Manuela Ferreira Leite. Não, Sócrates quer que o novato Passos de Coelho beba o copo do compromisso até à última gota! Negociar, ou dançar o tango, foi a maneira encontrada para atrair o líder laranja para a derrota. Uma vez firmado um acordo, nem que seja em volta de 10 euros, o PSD ficará atado à execução orçamental como seu co-autor, sem ter escrito uma linha do mesmo. Por outro lado, não terá a mínima influência na sua execução, mas será responsabilizado pelas suas consequências. A alternativa, repete José Sócrates, é a demissão do governo. Mero bluff? Ninguém sabe. A minha aposta é que este vigarista das Beiras só sairá se for empurrado — pelo PS, ou pelo presidente da república. Por decisão própria, não acredito.

Poderemos viver sem orçamento aprovado? Creio que não, pelo simples motivo de que o BCE fechará a torneira, e o governo deixará de ter dinheiro para pagar aos funcionários públicos — a começar já no próximo subsídio de Natal. Se aqui chegarmos, e porque quem teme sair do circo da política não se demite, terá que ser Cavaco Silva (porventura com a ajuda do Conselho de Estado de 29 de novembro) a fazê-lo, chamando o PS de novo a indicar uma personalidade da sua confiança para formação de novo governo, eventualmente de coligação alargada (PS-PSD-CDS_PP). Tudo isto ocorrerá antes das eleições presidenciais se, entretanto, Passos de Coelho rejeitar, como é sua obrigação democrática, a vigarice orçamental que lhe puseram diante da vista e a pantomima de mais negociações. Pedro, não te esqueças: basta uma escorregadela para dentro do buraco negro do orçamento, para que a tua carreira política se evapore num ápice.

Existirão forças dentro do PS para acudir a esta emergência? Eu penso que sim, apesar do estado de destruição nefasta do partido operada desde que Jorge Coelho tomou conta do aparelho e depois o entregou à tríade de Macau. Tal como no caso do PSD, o PS terá que recorrer a gente com experiência governativa, deixando de lado as ilusões pueris em volta de candidatos como Francisco Assis ou António José Seguro. Luís Amado pode ser um figura chave na delicada operação de remoção do líder, que é urgente praticar, se não se quiser condenar o PS a uma ou duas décadas de inexistência e vergonha. Luís Amado poderá até vir a ser o próximo primeiro ministro de um governo de coligação. Mas será sempre e apenas um líder transitório, até ao próximo congresso do PS. E aqui as pessoas inteligentes terão que ser pragmáticos e procurar rapidamente alguém com experiência de governo, formação académica acima de qualquer suspeita, personalidade forte, e uma visão para o país. Eu tenho as minhas opiniões, mas para já nada direi.

domingo, outubro 24, 2010

O dilema

Cortar nos vencimentos da Administração Pública, ou aumentar impostos?

Que é preferível: baixar os vencimentos da Administração Pública, do sector empresarial do Estado, e das entidades e associações subsidiadas pelo Estado, em 30%, fazendo um ajustamento instantâneo da despesa ao estilo de vida que podemos suportar, ou aumentar os impostos, aumentando, por exemplo, o IVA, para 23%, 24% ou mesmo 25%?

Em ambos os casos trata-se de substituir a desvalorização impossível da nossa moeda (o euro) pela diminuição instantânea do nosso poder de compra, e por conseguinte das importações, o que vem a dar em algo parecido.

A diferença entre uma solução e outra é basicamente esta:
  1. como o sector privado ajusta continuamente os salários à procura de emprego (quanto mais esta cresce, mais os salários diminuem...), estes têm vindo a baixar paulatinamente de há uns anos a esta arte, e continuarão a descer, sendo já hoje claramente inferiores, em média, aos vencimentos pagos directa ou indirectamente pelo Estado, isto é, pelos impostos, taxas e outras cobranças por serviços públicos prestados...
  2. se nivelarmos os vencimentos da Administração Pública e entidades, organismos e associações dependentes do Orçamento de Estado, para valores próximos dos salários reais do sector privado, haverá uma mais justa distribuição da riqueza disponível, e dos sacrifícios, sendo que os funcionários públicos continuarão a gozar de vantagens comparativas face ao sector privado, nomeadamente no que toca a esse bem precioso e cada vez mais escasso, chamado estabilidade e durabilidade da relação de emprego;
  3. porém, se aumentarmos o IVA e outros impostos e taxas, seguindo uma espiral de pilhagem fiscal dos contribuintes, afectar-se-à de forma desigual os rendimentos individuais e familiares, além de tornar instantaneamente a economia portuguesa menos competitiva. Exportaremos menos, dezenas de milhar de empresas irão à falência (com o consequente aumento do desemprego duradouro), e a nossa dívida externa, em suma, continuará a crescer.
Qualquer das soluções será dolorosa para os assalariados deste país, com particular incidência nas classes médias urbanas, cujo empobrecimento relativo se acentuará rapidamente. Continuar como estamos é, porém, impossível, pois os credores fecharam a torneira dos empréstimos. A possibilidade de uma suspensão de pagamentos por parte do Estado português é cada vez mais verosímil. Em que ficamos? Qual é a sua preferência?

domingo, outubro 17, 2010

Bancarrota - 2

Contra o Orçamento, marchar! marchar!

O súbito conformismo de Medina Carreira



Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos entretanto  surpreendidos (Plano Inclinado, 16 outubro 2010) pela capitulação do fiscalista perante a chantagem governamental. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava o desembarque daqueles senhores no Figo Maduro para salvar o país?! E se eles não vierem, pode o país salvar-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua esclarecedora pregação anti-sistema. (1)

A partidocracia e a nomenclatura estão inteirinhas com Sócrates e Cavaco!

Todos os partidos com assento parlamentar, sem excepção, isto é, de Louçã e Jerónimo de Sousa, ao inefável Portas, estão interessados na aprovação do cheque em branco que permitirá ao governo de piratas que elegemos (a culpa também é nossa, obviamente!) prosseguir a sua tarefa deletéria de delapidação económica e financeira do país. A consequência será, não havendo já, como se sabe, mais colónias para penhorar ou vender ao desbarato, a própria e acelerada perda da nossa soberania a favor dos nossos principais credores.

A aldrabice pegada apresentada pelo sem vergonha ministro das finanças, Teixeira dos Santos, resume-se a isto: manutenção do status quo na arquitectura, peso e natureza endogâmica, partidária, intrusiva e omnipresente do Estado —qual burocracia Estalinista vestida de cor-de-rosa—; e um criminoso saque fiscal sobre a generalidade da população e agentes económicos indefesos — ou seja, sobre os mais pobres, sobre a classe média profissional, sobre o funcionalismo púbico, e sobre o pequeno empresariado, deixando de fora, claro está, a poderosa classe parasitária dos monopólios e oligopólios que financiam e têm no bolso a generalidade dos partidos políticos e meios de comunicação de massas, mais as bases partidárias que, como metástases dum cancro letal, invadiram o estado e minam a sustentação da própria sociedade, degenerando assim a democracia, e criando todas as condições para a transformação desta numa cleptocracia

O negócio sujo proposto pelos piratas do PS aos piratas do PSD, para que estes deixem passar o orçamento, é este: vocês deixam-nos fazer o TGV e a TTT (Jorge Coelho/Mota-Engil oblige!), e nós deixamos que vocês prossigam com a aeroruína de Alcochete (Cavaco/BPN-SLN oblige!) As PPP, que interessam a ambos, seguirão também de vento em popa, não é verdade?

A seringa dos impostos é grossa e comprida. E quanto ao povo, como o que quer é circo, telenovelas e batatas fritas, nós para isso ainda temos. E se não gostarem, que emigrem! Até nos daria jeito... ahahahaaaa ;)

A desonestidade intelectual de Francisco Louçã

Francisco Louçã é um economista, e professor universitário, e por conseguinte tem obrigação de saber o que realmente se passa na economia e nas finanças internacionais e portuguesas. Se não fosse um intelectual desonesto, jamais se permitiria alimentar a estratégia permanentemente demagógica do saco de gatos a que chamaram Bloco de Esquerda.

Há uma verdade simples, que Louçã, por ser intelectualmente desonesto, finge ignorar: a nossa economia não produz suficiente riqueza para sustentar o Estado paquidérmico que tem; e este estado tentacular, burocrático, incompetente, caríssimo, enfim, hipertrofiado, se aguentou até agora, tal deveu-se exclusivamente às remessas europeias provenientes dos sucessivos quadros comunitários de apoio, e, por incrível que pareça, dos emigrantes!

A mama, porém, acabou, e agora resta-nos uma de duas alternativas: ou racionalizar drasticamente o assistencialismo social, e encolher o aparelho tentacular e intrusivo do Estado, libertando 30 ou mesmo 50% das suas actividades para a sociedade civil (indivíduos, empresas e associações cooperativas); ou continuar a punção fiscal sobre os produtores efectivos de riqueza.... levando a prazo o país à ruína completa.

Louçã, um burocrata pequeno-burguês típico, e um partidocrata, tal como todos os demais partidocratas, preferem cegamente a segunda opção, ignorando o desastre inevitável que daí advirá.

A boca voraz dos impostos já morde a própria cauda!

Se medirmos os encargos totais da administração pública improdutiva, verificamos que os mesmos superam já a riqueza efectivamente produzida no país. Ou seja, uma parte crescente dos impostos pagos não deriva já sequer da riqueza produzida, mas tão só e tristemente do empobrecimento geral do país. Ou seja, temos uma economia ficcional em marcha que, na realidade, só consegue evitar o colapso à custa de um endividamento externo imparável. Acontece, porém, que os nossos credores, sejam eles especuladores ou estados soberanos, perceberam a gravidade da situação das finanças portuguesas e decidiram travar a sua subsidiação. Daí que a cobra dos impostos, que começou a devorar furiosamente a sua própria cauda, tenha que ser dominada. E só há uma forma de o fazer: libertar a economia real da canga fiscal, libertar a sociedade civil da canga estatal, reduzir a dimensão do Estado e atacar as raízes partidocratas da corrupção e da cleptocracia instalada.

Para aqui chegarmos, porém, nada podemos esperar da corja acomodada em São Bento. Só mesmo Bruxelas, o BCE, e mesmo o FMI poderão aplicar a austeridade eficaz de que efectivamente precisamos para nos salvar da ruína e da humilhação.

NOTAS
  1. Apesar do que supostamente transcreve hoje o Económico, ouvi Medina Carreira dizer ontem à noite que seria de deixar passar o orçamento. No entanto, se emendou a mão, felicito-o!