Mostrar mensagens com a etiqueta Joe Berardo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Joe Berardo. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, maio 21, 2019

Afinal de quem são os quadros?

Joe Berardo, 2019
Montagem, autor desconhecido

Os bancos são os últimos a poderem reclamar as obras da coleção Berardo


O Estado só tem que esperar... pois, tanto quanto sei, Joe Berardo não poderá vender nenhuma das obras de arte que fazem parte do acervo da coleção Berardo, nem o seu conjunto, propriedade da Fundação Berardo. Se o pobre milionário pretender vender a coleção a terceiros, o Estado exercerá o direito de opção, independentemente do valor eventual de uma qualquer oferta de compra, cujo montante poderá nunca ser aceite pelo Estado, e arrastar-se nos tribunais durante décadas. Entretanto, o Estado irá atrás de todas as ilegalidads e irregularidades da teia Berardo, podendo mesmo fazer duas coisas: resolver o contrato com o CCB e terminar a exposição pública das obras (é chato, mas lá terá que ser...), bem como declarar o acervo da Fundação Berardo património cultural inalienável. Poderá ainda retirar todas as regalias institucionais e rendas públicas às fundações e IPSS do comendador, com bons argumentos! Outro ponto importante diz respeito aos credores bancários (Caixa, etc.). Mas aqui, não é Joe Berardo que deve responder, mas os políticos do PS que promoveram a ruinosa PPP Berardo, na tentativa de ajudar a financiar o assalto ao BCP.

quinta-feira, janeiro 31, 2019

A caixa negra de um resgate

Caixa Geral de Depósitos (CGD) (3779646223)

Propaganda não é prosperidade, nem paga dívidas


Resgate a Portugal foi o terceiro maior de sempre na história do FMI 
O Jornal Económico. Mariana Bandeira, 03 Janeiro 2019, 14:09 
O resgate financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal foi o terceiro maior da história da instituição liderada por Christine Lagarde. O ranking das maiores injeções de capital do fundo é encabeçado pela Argentina e pela Grécia.

A venda de ouro português foi uma prática sistemática desde o fim da ditadura. Foi, aliás, esta venda que financiou, em primeiro lugar, os novos direitos sociais do Portugal democrático.

Tal delapidação só parou em 2010, quando o Banco Central Europeu proibiu o governo português de mexer nas 382,5 toneladas que ainda restam das 801,5 toneladas existentes em 1974 (Wikipédia).

Estas reservas são, pois, uma espécie de colateral dos 51,7 mil milhões de euros emprestados pelo BCE e pela UE, para evitar a bancarrota do país cor-de-rosa que temos.

Continuamos, ao fim de três anos de propaganda governamental e partidária responsável por uma divisão social e cultural crescente entre os portugueses, no top dos devedores mundiais:
  • quase 250 mil milhões de euros de dívida pública bruta (a líquida andará pelos 225 mM€) 
  • mais de 700 mil milhões de euros de dívida total. 
Existem mais ou menos dez milhões de contas bancárias em Portugal. Mas total do dinheiro depositado nos bancos não vai além dos 140 mil milhões de euros, ou seja, pouco mais de metade da dívida do Estado e das suas sinecuras.

Por outro lado, menos de 200 mil portugueses têm depósitos superiores a 100 mil euros.

É por estas e por outras que a recente decisão, do PS, PCP e Bloco, de forçar os bancos a comunicar ao fisco as contas com mais de 50 mil euros, se parece com a preparação para uma nova crise financeira indígena. Quando? Quando batermos outra vez à porta do FMI e do BCE, porventura na iminência de uma nova bancarrota nacional. O governo pretende, pois, saber em que bancos e contas estarão os montantes de depósitos e obrigações potencialmente sujeitos a perdas por efeito de um bail-in (resgate interno) em caso de nova crise bancária acompanhada de falência de bancos. A preocupação anunciada com fugas ao fisco não passa de uma cortina de fumo.

A crescente agitação sindical é um sinal claro de que a reversão da austeridade não aconteceu, e que o governo, aflito, se prepara para novas emergências. E você, já se preparou?

O grande buraco da Caixa tem uma cor dominante: a cor da rosa. Parece assim evidente que Geringonça rosa-e-vermelha tudo fará para esterilizar o novo inquérito e os possíveis processos judiciais que entretanto surjam à superficie. Basta investigar Joe Berardo e o que levou Elisa Ferreira (e Francisco Louçã...) para o Banco de Portugal, para que mais este esclarecedor artigo de Helena Garrido abra uma nova e mais negra Caixa de Pandora.
Se os deputados quiserem, haverá culpados na CGD 
Helena Garrido. Observador, 31/1/2019, 7:44 

Com a informação disponível neste momento já é possível concluir que o período que gerou mais perdas para a CGD foi o que vai de 2005 a 2007, quando Carlos Santos Ferreira era presidente do banco e Armando Vara e Francisco Bandeira faziam parte da sua equipa. No relatório e contas de 2016 conclui-se que 39,5% das perdas apuradas nesse ano (imparidades) vieram de financiamentos concedidos entre 2005 e 2007. 
É nesse período que se inicia o processo da Artlant com a espanhola La Seda; é nesses anos que se financia Vale do Lobo; é nesses anos que se concedem empréstimos que envolvem indirectamente a CGD na guerra pelo controlo do BCP e é nesse tempo que se dá crédito para controlar a Cimpor. Quando Carlos Santos Ferreira passa para o BCP, a administração seguinte da CGD, liderada por Fernando Faria de Oliveira e que vai até 2010, gera igualmente perdas significativas (23,6% dos 5,6 mil milhões de euros de perdas apuradas em 2016), mas já estamos perante erros por omissão, por não decidir acabar com alguns projectos.
Joana Amaral Dias: “A Caixa é um poço sem fundo” 
Jornal i, 01/02/2019 12:09 
Injetámos mais ou menos 20 mil milhões de euros na banca nos últimos dez anos; destes, seis mil milhões de euros foram para a Caixa. Recordo que, em 2012, a Caixa não fez parte do escrutínio da troika e logo nesse ano foram injetados pelo governo de Pedro Passos Coelho 1,5 mil milhões de euros sem qualquer auditoria. Agora não há imparidades no banco? Vão justificar esses 6 mil milhões como? E esta auditoria da EY é de 2000 a 2015 porque é óbvio que antes de 2000 exatamente a mesma promiscuidade se passou na Caixa Geral de Depósitos, não há dúvidas. Teve momentos melhores, teve momentos piores, talvez este momento tenha sido pior, sobretudo depois de 2005, mas isso não foi um vírus ou um bug do milénio. A Caixa sempre foi este poço sem fundo, serviu como braço forte do poder político para basicamente comprar aliados, para arquitetar uma perigosa rede clientelar que contribui para que Portugal seja campeão da corrupção.

Atualizado em 02/02/2019, 16:08 WET

sexta-feira, abril 30, 2010

Portugal 185

Grécia corta 13º e 14º meses aos funcionários públicos

Por cá, talvez chegue transformar metade destes subsídios em poupança forçada, sob a forma de certificados de aforro não cobráveis antes de 2014.

Entretanto, há que investigar o que andam os piratas do Bloco Central a fazer com o sobe-e-desce do PSI 20!

E há que exigir de Sócrates que explique ao país para onde foram os 300 milhões de euros que usou para recomprar dívida soberana previamente emitida. A quem recomprou esta divida? Qual foi exactamente a operação? Exigimos transparência!

O senhor Joe Berardo, tal como o BCP, já para não mencionar os escândalos do BPN e do BPP, têm sido objecto de sucessivas operações de resgate dissimulado (nomeadamente via Caixa Geral de Depósitos), ao mesmo tempo que o banco público executa hipotecas a centenas/milhares de famílias que deixaram de cumprir com os seus compromissos. Não pode haver uma lei para os testas de ferro e para os bancos, e outra para o comum dos cidadãos.

A continuarmos por este caminho, não se admirem os partidos da actual nomenclatura se um dia destes alguém exigir o regresso à ordem! A democracia não pode ser uma desculpa para a institucionalização de um Estado mafioso.


POST SCRIPTUM —  O Bagão Félix engasgou-se. Porquê? No lugar de ministro das finanças passámos a ter uma banana. Porquê?


OAM 692—30 Abril 2010 17:48

sábado, novembro 29, 2008

Portugal 52

Banco Privado: demasiado pequeno para falir

2008-11-28 ( DN Sapo) — O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".

2008-11-28 (Agência Financeira) — Para o empresário Joe Berardo as garantias disponibilizadas pelo Banco de Portugal, no valor de 20 mil milhões de euros com vista a dar liquidez ao sistema financeiro, só deviam ser usadas para «salvar» os bancos de crédito, refere em declarações à Agência Financeira (AF).

O também accionista do BCP mostra-se desta forma contra o plano de salvamento do Banco Privado Português (BPP). «O banco de João Rendeiro é um banco de investimento e não um banco comercial. Se começam a ajudar os bancos de investimento então vão ter a começar a ajudar outras pessoas, como aquelas que investem na bolsa», revela à AF.

Quando todos pensávamos que os 20 mil milhões de euros inscritos no Orçamento de Estado 2009, a título de "Passivos contingentes: Avales Concedidos e Dívidas Garantidas", se destinavam a socorrer bancos em dificuldades, ficámos a saber que não, nomeadamente depois de o BES anunciar que recorreria a empréstimos garantidos pelo Estado português, apesar de não precisar, apenas para não ficar atrás da concorrência!

Entretanto, com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças embrulhados em mais uma aventura de duvidosa legalidade, desta vez para salvar o Banco Privado Português (BPP), promovendo um sindicato de banqueiros que usará as garantias de Estado a que o BPP, por si só, não tem acesso, fica todo o país a saber que o potencial aumento do défice orçamental para uns astronómicos 13,7% (1), o qual se traduzirá inevitavelmente numa exploração fiscal sem precedentes, já está à disposição de uma bolsa de ricos incapazes de assumir as contingências das suas próprias decisões financeiras.

A história recente do Banco Privado Português conta-se em quatro penadas de susto:

Junho de 2008, in BPP, Publicações Obrigatórias (0089-BTI-200806.pdf)
  • Capital = 125.000.000 (total do capital = 193.438.253)
  • Crédito a clientes = 954.095.194
  • Recursos de clientes e outros empréstimos = 740.253.375
  • Recursos de outras instituições de crédito = 707.118.883

Ou seja, uma sociedade gestora de fortunas de média dimensão (Capital = 125.000.000 euros) e risco moderado (2) descobriu no passado Verão que iria ter muitas dificuldades em recuperar boa parte dos seus investimentos especulativos, ou melhor dito, boa parte dos investimentos dos seus accionistas e demais clientes (~954.095.194 euros) realizados sob sua orientação técnica.

Presumo que a totalidade dos investimentos especulativos veiculados pelo Banco Privado foram realizados com dinheiro emprestado aos accionistas e outros clientes pelo próprio BPP (~954.095.194 euros), que para tal teve que se endividar, nomeadamente junto da banca comercial (707.118.883 euros). Quando finalmente a crise financeira atingiu a Europa em cheio, os accionistas e clientes, que detinham recursos depositados no BPP na ordem dos 740.253.375 euros, perceberam que a bolha de Derivados (3) rebentara, que os lucros especulativos esperados se tinham evaporado, e que, portanto, o melhor seria retirar quanto antes as "poupanças" à guarda do Private Banker. E assim foi: os accionistas e outros clientes retiraram nas últimas semanas mais de 500 milhões de euros da sociedade chefiada por João Rendeiro e de que são accionistas de referência e/ou membros dos corpos sociais, entre outros, Francisco Pinto Balsemão (presidente do Conselho Consultivo), João Vaz Guedes (vice presidente do Conselho Consultivo), Stefano Saviotti (vice presidente), José Miguel Júdice (presidente da Assembleia Geral), Fundação Luso-Americana (representada por Rui Machete, também presidente do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios), João de Deus Pinheiro (vogal do Conselho Consultivo), Álvaro Barreto (vogal do Conselho Consultivo), António Viana Baptista (vogal do Conselho Consultivo), Jorge Braga de Macedo (vogal do Conselho Consultivo) e João Cravinho (vogal do Conselho Consultivo).

A corrida foi de tal modo radical que o BPP acabaria por bloquear as operações de levantamento no fim desta semana. Quem soube e teve oportunidade, rapou o tacho do BPP até ao ponto em que este, exangue, teve que suspender os pagamentos. Ao que se sabe agora, os bancos comerciais estarão ainda a arder em 350 milhões de euros, e um número desconhecido de clientes ficou impedido de levantar os 200 milhões de euros que lá depositou na esperança de bons negócios e juros acima dos oferecidos pela banca comercial.

Os accionistas e grandes clientes, depois de perderem as apostas especulativas realizadas com dinheiro emprestado, que pelos vistos não tencionam devolver (!), retiraram a quase totalidade dos seus depósitos no BPP, deixando esta sociedade virtualmente falida nas mãos dos credores e de alguns clientes mais lentos, fracos ou distraídos. Se isto não é uma vigarice gigantesca, então não sei o que é!

O volte-face do BPI tem pois uma moral: os bancos, se quiserem recuperar o dinheiro que emprestaram aos especuladores do BPP, para que estes comprassem as sofisticadas fichas do grande casino mundial de Derivados, terão que voltar a soltar mais crédito ao BPP. Doutro modo, não voltarão a ver a cor do dinheiro emprestado.

Dois dos bancos disponíveis para salvar o BPP — a Caixa Geral de Depósitos e o BES — já anunciaram pedidos de aval pessoal ao Estado português no montante de 3.500 milhões de euros. Ou seja, o buraco do BPP (550 milhões) multiplicado por seis. Perceberam?


REFERÊNCIAS

Queixas contra João Rendeiro no Banco de Portugal

30-11-2008 - 00h30 (Correio da Manhã). Várias denúncias de clientes do Banco Privado Português (BPP) contra João Rendeiro estão a ser analisadas pelo Banco de Portugal. As queixas, que são anteriores às actuais dificuldades financeiras do banco, têm por base diversos actos de gestão da administração de Rendeiro à frente do BPP. Estas denúncias terão precipitado a renúncia do banqueiro, que foi conhecida na sexta-feira à noite após reunião dos principais accionistas.

Bancos nacionais têm 350 milhões reféns do BPP

2008-11-29 (DN.Sapo) — O encontro de ontem à noite entre os principais accionistas do Banco Privado Português (BPP) terminou com a renúncia de João Rendeiro à presidência da instituição e com a disponibilidade dos accionistas - nomeadamente Rendeiro, que permanece como tal - para acompanhar um provável aumento de capital, fundamental no plano de salvação da instituição. Isto porque mantêm-se as dúvidas sobre a qualidade das garantias a dar ao Estado para que este assuma o risco das injecções de liquidez no BPP que os seis bancos envolvidos na operação irão disponibilizar.

O montante destas injecções deverá ser ligeiramente superior a 500 milhões de euros. Este dinheiro servirá para o BPP cobrir insuficiências de liquidez, quer nas linhas de crédito que estão a vencer, quer para pagar aos clientes que estão à espera de uma solução para resgatar os seus investimentos (bloqueados desde o início desta semana).
...

Imbróglio jurídico

Neste momento, o plano está definido, mas falta dar-lhe um enquadramento legal. É que a lei das garantias do Estado só prevê 45 milhões de euros para o BPP, já que está indexado à quota de mercado de crédito. Embora seja ao abrigo dessa lei que os outros bancos vão financiar-se para contribuir para a solução do BPP, o Banco de Portugal terá de encontrar outra solução jurídica, já que o regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras não prevê que o Estado assuma os riscos de injecções de capital feitas por entidades privadas. Ou seja, no caso de o BPP falhar o pagamento dos 500 milhões injectados, será o Estado a assumir o risco de contraparte. O enquadramento jurídico desta operação pode mesmo, segundo apurou o DN, obrigar o Governo a legislar, provavelmente através de portaria.

Os activos a dar como garantia são outro problema. É que, tendo em conta que o banco perdeu 500 milhões de euros em depósitos nas últimas semanas (os restantes 200 milhões estão bloqueados) sobra, como activos, o capital (daí a necessidade de o aumentar) e os veículos de investimento com participações no BCP, Brisa, Cimpor e Mota-Engil. Só que estes veículos perderam muito valor nos últimos meses, colocando uma dificuldade adicional ao Estado. Refira-se que, com a saída de Rendeiro, entrarão novos gestores na instituição. A Lusa avançava ontem que um deles pode ser Manuel Alves Monteiro, membro do conselho consultivo.

Berardo pede "bom senso"

Uma das questões que tem levantado algumas dúvidas prende-se com a eventualidade de o Estado assumir riscos para "salvar" más decisões de investimento dos gestores do BPP. Segundo apurou o DN, o banco conquistou clientes este ano com produtos de juros mais altos que a concorrência, a qual já procurava protecção da crise financeira em curso.

O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".


Banca: Futuro do Banco Privado Português poderá ser decidido hoje
28 de Novembro de 2008, 06:51 (Notícias.Sapo/Lusa)

Lisboa, 28 Nov (Lusa) - O futuro do Banco Privado Português (BPP) poderá ser decidido hoje, com o Banco de Portugal a coordenar uma operação de salvamento que pretende impedir o colapso da instituição liderada por João Rendeiro.

Tendo-lhe sido vedado acesso às garantias do Estado para poder obter um empréstimo de 750 milhões de euros no Citigroup - devido ao seu reduzido peso no financiamento às empresas e às famílias - o BPP poderá agora ser salvo da falência por um grupo de seis outros bancos: a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Millennium BCP, o BPI, o Santander Totta, o Banco Espírito Santo (BES) e o Crédito Agrícola.

Estes bancos estão a negociar com o Banco de Portugal e com o BPP as condições de um empréstimo, entre os 500 e 600 milhões de euros, de modo a que a instituição possa resolver os problemas de liquidez causados pela crise internacional.

No entanto, o Estado vai servir de fiador do BPP neste empréstimo, recebendo como penhor vários activos detidos pelo banco liderado por João Rendeiro, que opera no segmento da gestão de fortunas.

Fontes do sector, contactadas pela Lusa, afirmaram que o principal objectivo da operação de salvamento é impedir que o colapso do BPP afecte os financiamentos dos restantes bancos portugueses junto da banca internacional.

Se um banco português falir, ainda que seja de reduzida dimensão, como é o caso do BPP, o risco do sistema bancário nacional aumentará, tornando mais difícil às restantes instituições obterem financiamentos.

Para prevenir este cenário, os advogados dos seis bancos estiveram reunidos quinta-feira ao final do dia com responsáveis do Banco de Portugal e do Banco Privado Português, com vista a definir as condições da operação de salvamento, não tendo sido anunciado um acordo.

Contactada pela Lusa na quinta-feira à noite, fonte oficial do Banco de Portugal não quis fazer comentários sobre as negociações em curso.

Por sua vez, fontes de bancos envolvidos na operação confirmaram à Lusa que as negociações poderão conduzir, entre outras mudanças, à saída de João Rendeiro da liderança do BPP, tal como o jornal Público noticiou na quinta-feira.

Certo é que, independentemente do futuro de João Rendeiro, a administração da instituição vai passar a contar com dois administradores do Banco de Portugal, ao abrigo da lei que regulamenta as operações de saneamento e recuperação de instituições bancárias.

Já a estrutura accionista vai manter-se inalterada, uma vez que não se trata de uma nacionalização, como sucedeu recentemente com o BPN.

O BPP tem como principais accionistas o próprio João Rendeiro, através da Joma Advisers (com 12,5 por cento do capital), bem como Francisco Pinto Balsemão (com 6,02 por cento), Stefano Saviotti (com 5,83 por cento) e a família Vaz Guedes (com 5,81 por cento).

O banco conta ainda com investidores como Joaquim Coimbra e a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD), com 2 e 2,19 por cento, respectivamente, que têm em comum o facto de serem também ambos accionistas da Sociedade Lusa de Negócios, a 'holding' que era proprietária do BPN.

Segundo o Relatório e Contas de 2007, os capitais próprios do BPP ascendiam no final do ano passado a 250 milhões de euros, ao passo que os activos sob gestão somavam 2 mil milhões de euros.

Além destes activos, o BPP possui vários veículos de investimento - tendo alguns clientes como investidores - que controlam posições em empresas cotadas como o BCP, a Brisa e a Mota Engil, entre outras.

A desvalorização de alguns destes activos, nos últimos meses, contribuiu para as dificuldades de liquidez vividas pelo banco liderado por João Rendeiro.

No ano passado, o resultado líquido do banco ascendeu a 24 milhões de euros, tendo sido distribuídos pelos accionistas dividendos no valor de 12 milhões de euros.

FAL
Lusa/Fim.

NOTAS
  1. Aos anunciados 2,2% do PIB, de défice orçamental, assumidos por José Sócrates, há o risco de um acréscimo até 11,5% do PIB, no dito défice, caso o "passivo contingente" de 20 mil milhões de euros se transforme num passivo efectivo. No cenário previsível para 2009, 2010, 2011 e 2012, esta hipótese, apesar de improvável, e sobretudo indesejável, não é de todo impossível, conhecendo-se como já se conhecem os elevados graus de exposição de praticamente todo o sector bancário português (CGD, BCP, BES, etc.) ao risco de incumprimento, nomeadamente por efeito dos montantes das dívidas por saldar e das crescentes dificuldades de sobre-endividamento.
  2. O BPP tinha em Junho de 2008 o seguintes ratings: BBB (Fitch Ratings) e Baa3 (Moody's), assim definidos:
    • BBB (Fitch Ratings) : medium class companies, which are satisfactory at the moment. (Wikipedia);
    • Baa3 (Moody's): Obligations rated Baa are subject to moderate credit risk. They are considered medium-grade and as such "protective elements may be lacking or may be characteristically unreliable". (Wikipedia)
  3. O colapso financeiro em curso, e que continuará durante todo o ano de 2009, não é apenas o rebentamento de uma bolha especulativa. Nas palavras do Prémio Nobel da Economia deste ano, Paul Krugman, trata-se mesmo da implosão escandalosa de uma das maiores vigarices financeiras em cadeia de que há memória. Os chamados Veículos Estruturados de Investimento (SIV), os Credit Default Swaps (CDS) e demais contratos de Derivados (Opções, Futuros e Swaps), não foram se não disfarces sofisticados de um gigantesco esquema Ponzi de investimento fraudulento.
    2008-11-27 (The New York Times). While the housing bubble was still inflating, lenders were making lots of money issuing mortgages to anyone who walked in the door; investment banks were making even more money repackaging those mortgages into shiny new securities; and money managers who booked big paper profits by buying those securities with borrowed funds looked like geniuses, and were paid accordingly. Who wanted to hear from dismal economists warning that the whole thing was, in effect, a giant Ponzi scheme? — in "Lest We Forget", by Paul Krugman (2008 Nobel Memorial Prize in Economic Sciences)

OAM 481 29-11-2008 19:09 (última actualização: 30-11-2008 17:25)

domingo, dezembro 02, 2007

Crise Global 5

Jardim Gonçalves, Presidente do BCP
Jardim Gonçalves, Presidente do BCP, a máquina de lavar da Opus Dei Lusitana?

De bancário a banqueiro a ladrão?
Subprime Made in Portugal


"...se um criminoso quer assaltar um banco, abre uma conta lá primeiro. Depois, é sigilo bancário." -- Joe Berardo, in Correio da Manhã.

"O BCP perdoou uma dívida de 28,5 milhões de euros ao accionista Goes Ferreira, amigo próximo de Jardim Gonçalves. De acordo com a edição desta semana do jornal Expresso, o banco concedeu um crédito a uma off-shore de José Goes Ferreira, a Somerset Associates Limited.

"A Somerset Associates Limited era propriedade José Manuel Goes Ferreira - líder do grupo IPG, accionista histórico do BCP e amigo pessoal do presidente do conselho geral e de supervisão, Jardim Gonçalves - e Carlos Luís Bessa Monteiro. A empresa já tinha beneficiado de uma redução de cerca de 15 milhões de euros nos juros de empréstimos contraídos para comprar acções do BCP.

"A 31 de Agosto passado, os donos da off-shore pediram a extinção da sociedade e o encerramento das contas no banco. De acordo com o Expresso, "este foi precisamente o dia em que Paulo Teixeira Pinto abandonou a presidência do banco em ruptura com a maioria dos administradores e com Jardim Gonçalves".

"As dívidas foram, entretanto, vendidas por 320 mil euros a uma empresa especializada em crédito malparado. Este caso já foi alvo de queixas por parte dos accionistas que denunciaram a situação aos reguladores financeiros e às Finanças, por considerarem que se está perante um caso de favorecimento." -- Público.

Em Portugal, só os tolos e desgraçados assaltam bancos de pistola na mão. Em primeiro lugar, porque levam pequenas quantias, em segundo, porque quando são apanhados, ninguém duvida da sua qualidade de ladrões de baixo quilate. Um ladrão de colarinho branco é outra coisa!

Imaginem que eu sou meio dono de um banco, ou que sou o boneco de serviço de alguém que me pôs lá para gerir a instituição. Entretanto, no horizonte, vejo aproximar-se uma tempestade financeira, mais tarde baptizada com o nome Subprime. Ou seja, imaginem que me apercebo do aproximar de um tsunami de crédito mal parado oriundo, numa primeira fase, de milhões de operações de crédito imobiliário de alto risco, e mais tarde, de uma autêntica pandemia de operações de complexos empacotamentos das mais diversas dívidas, produzidas por inúmeros, confidenciais e extraordinariamente elaborados fundos de investimento especializados em obter lucros astronómicos da turbo-circulação das mais variadas formas de endividamento privado e público. Conhecendo eu bem a natureza destes Esquemas de Ponzi, que por serem tão bem desenhados pelos génios de Wall Street e de algumas famosas universidades americanas, e terem nomes tão extraordinariamente opacos (Edge Funds, CDO, SIV, Super SIV, etc.), todos crêem ser sofisticados instrumentos de investimento, fiquei aterrado!

Apercebi-me que o tsunami do empacotamento em cascata de créditos mal parados teria, como todos os maremotos, dois movimentos: uma maré destruidora, alastrando pelos mercados financeiros mundiais, com epicentro no rebentamento da bolha imobiliária norte-americana, que inundará de lixo financeiro as principais praças norte-americanas e europeias; e depois, no refluxo da tormenta, a evaporação da liquidez virtual criada durante a Ponziástica orgia.

Boa parte da liquidez norte-americana e europeia tem sido, de há umas décadas para cá, puramente virtual (a dívida como liquidez a prazo), ou inflacionista (produção de papel dinheiro sem equivalente em nenhuma forma de riqueza efectiva), pelo que se houver uma corrida geral aos depósitos bancários e uma venda maciça de títulos, os bancos e demais instituições financeiras ficarão com as calças na mão, indo boa parte deles parar ao charco da falência. É o que tem acontecido desde Agosto, e só não se produziu até agora uma depressão nos países ocidentais, porque a Reserva Federal dos EUA e o Banco Central Europeu têm emprestado a juros ridículos milhares de milhões de dólares e de euros (dos contribuintes!) aos mais imediata e escandalosamente afectados protagonistas do sistema financeiro. Mas eu, que sei muito bem o que pode ocorrer no banco que dirijo, vou tirar os cavalos da chuva! Como? Pois bem, fazendo empréstimos fictícios a entidades expressamente criadas para o efeito, que depois falham a restituição dos mesmos, desaparecendo misteriosamente no éter impenetrável dos paraísos fiscais criados pela rainha de Inglaterra.

A famosa globalização deslocou boa parte da capacidade industrial norte-americana e europeia para a América Latina e para uma Ásia (Coreia do Sul, India e sobretudo China) que não beneficiara ainda das transferências de tecnologia e éticas sociais que permitiram ao Japão chegar onde chegou, induzindo por aqui o desequilíbrio cada vez mais dramático das trocas comerciais entre as velhas e as nova placas tectónicas da riqueza mundial. Como se isto não bastasse, a escassez relativa e absoluta de recursos energéticos vitais como o petróleo e o gás natural, a par da pressão crescente sobre as demais matérias primas e recursos agrícolas, conduziu a esta curiosa situação: a riqueza real é gerada principalmente nos países produtores de petróleo e gás natural, nos países produtores de matérias primas e recursos agrícolas, e ainda nos países produtores de mercadorias manufacturadas com grande incorporação de trabalho barato e capital. Sucede que tudo isto ocorre cada vez mais fora dos EUA e da Europa Ocidental. E assim sendo, são os referidos produtores de energia, matérias primas e produtos manufacturados, quem acaba por deter as maiores reservas mundiais de liquidez real e de divisas. Fica pois a pergunta: com que valor pagamos nós, cidadãos dos EUA e da União Europeia, o valor que diariamente alimenta as nossas afluentes sociedades? Parece que, cada vez mais, com retórica humanista e contos de vigário!


Post-scriptum -- No caso que motivou esta divagação --a bagunça que vai no BCP--, parece que os gerontes que se arrastam ainda pelo cockpit da instituição, têm usado o banco como coisa inteiramente sua, sem dar cavaco a ninguém, gozando inexplicavelmente da complacência dos organismos reguladores do Estado, Banco de Portugal e da CMVM, de quem ainda não ouvimos um pio relativamente a esta opereta Haitiana. Por outro lado, segundo vozes recentes (Joe Berardo e Luísa Bessa), os 28,5 milhões de euros "emprestados" ao senhor Goes, serviram, afinal, para comprar ilegalmente acções do BCP para o BCP, com o objectivo de manter artificialmente altos os valores bolsistas da papelada especulativa do banco. O velho Jardim disse que são ossos normais do ofício. Pois são. E é por isso que temos diante de todos nós a maior crise financeira desde o crash de 1929. Esta gentinha tem uma mão cheia de nada, e pensa que com isso pode destruir pessoas, bens e países, sem pagar pelo crime. Mas não é assim. Um dia os inventores desta economia virtual e os acólitos que sempre lambem tais criaturas terão que pagar!
..."As operações com as off shores de Goes Ferreira e o subsequente write off de dívidas de 28,5 milhões de euros (que somam a 15 milhões de juros perdoados noutras operações do mesmo investidor) põem a nu práticas que fontes do banco dizem que são correntes na banca. Se assim é ainda mais afectam a credibilidade do BCP e da generalidade dos bancos, confirmando que quando alguém deve mil euros a um banco tem um problema, quando deve um milhão quem tem o problema é o banco. A menos que o cliente – leia-se Goes Ferreira – tenha servido apenas para camuflar a compra de acções próprias pelo BCP, como se depreende de documentos a que o Jornal de Negócios teve acesso." -- Luísa Bessa, Jornal de Negócios.

OAM 286 02-12-2007, 20:59