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terça-feira, junho 10, 2014

Os falsos desmaios do Presidente

Presidente da República sofre ataque (epilético?) - 10/6/2014

O país deve ser informado sobre a doença de Cavaco Silva


O presidente da república foi vítima esta manhã, enquanto discursava, de um ataque epilético ou coisa parecida. As explicações até agora dadas oficialmente são uma treta e mais uma demonstração do secretismo, falta de transparência e autoritarismo burocráticos da nossa democracia.

Há quem suspeite que Cavaco Silva sofra de Doença de Parkinson, ou até de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), aparentemente evidenciada no tremor sempre disfarçado da mão esquerda. Mas o importante mesmo é esclarecer a dúvida que paira sobre o estado de saúde do presidente.

Dos dois episódios filmados, o primeiro, em 1995, na tomada de posse de António Guterres por Mário Soares, e o segundo, hoje, enquanto discursava nas cerimónias do 10 de junho, em nenhum deles há verdadeiramente desmaio, mas sim 'ausências' tipicas de episódios epiléticos: suspensão da fala, rigidez do olhar, perda de equilíbrio e recuperação da composturas alguns segundos depois. Ou seja, em nenhum caso houve reanimação, como ocorre quando uma pessoa desmaia.

Conheci dois casos familiares, um de Doença de Parkinson, e outro de Epilepsia. No primeiro, nunca obervei nem se teve conhecimento de qualquer desmaio, ou ausência; no segundo, os episódios epiléticos, atenuados por medicação adequada, eram frequentes e variavam de intensidade. Por vezes, ocorria uma quase impercetível interrupção (ausência) na conversação em curso, de não mais de um segundo, que era retomada normalmente. Outras vezes, sobretudo às refeições, estes episódios breves era muito notados, pois o ataque epilético paralizava, por exemplo, o movimento de transporte de uma colher de sopa até à boca. A colher não chegava a cair, mas virava e a sopa caia no prato, ou no colo da pessoa. Só uma vez assisti a uma queda na sequência de um ataque epilético. Este meu familiar caminhava sobre o muro de granito de uma leira. O ataque durou menos de um segundo. Mas foi mas intenso do que mera ausência, suficiente para um tombo de três metros de altura, para a leira de baixo! Em todos os casos que presenciei e foram muitos, a interrupção da fala, o olhar parado, a ausência, e o regresso ao presente duravam segundos.

Outra característica importante dos episódios de epilepsia que conheci: a frequência e intensidade dos mesmos estavam invariavelmente associados a momentos de ansiedade e tensão. No caso concreto que descrevo os ataques virtualmente despareceram depois da morte do pai deste meu familiar.

Nos dois falsos desmaios de Cavaco Silva nada vi que me parecesse o caso de Doença de Parkinson que vivi na família, mas observei todas as características comportamentais dos muitos episódios de epilepsia a que assisti.

A epilepsia, se sob obervação e tratamento médicos, não impede a vida normal e profisional de quem quer que seja. Se for este o caso, Cavaco Silva não está em nada diminuído para exercer as suas funções. Já se o que ocorreu é sintoma de outra enfermidade, então o país deve saber.


POST SCRIPTUM

A hipótse de Cavaco Silva sofrer de Alzheimer num estado avançado da doença

Recebi um texto que coloca a hipótese de a doença de que o presidente sofre, porque sofre obviamente de uma doença do foro neurológico, ser mesmo Alzheimer. Não tenho conhecimentos médicos para aceitar esta hipótese como boa, ou rejeitá-la por má. O que sim é certo é que Cavaco Silva sofre de uma doença que se manifestou já vezes suficientes para que a mesma seja analisada pelos médicos da presidência, e sobretudo para que o país seja informado sobre a saúde do presidente da república.

As exigências do cargo não são uma bricadeira, nem propriedade de nehuma Maçonaria ou Opus Dei —são um assunto de estado, e é dever de um estado democrático informar os cidadãos sobre o que é relevante e pode afetar o normal funcionamento das instituições.

Transcrevo o texto referido (de que desconheço o autor), apenas na parte que é relevante para esta dicussão.

Creio que poucos são os cidadãos portugueses que se interrogam sobre o que se passou ontem com o PR durante as comemorações do 10 de Junho.

Até porque a maioria apenas viu imagens tratadas pelas 3 cadeias de televisão, onde foram cortados os momentos em que supostamente o PR Cavaco Silva teria tido a tal "ocorrência vagal" indicada pelo médico oficial da Presidência.

Isso é propositado para que o povo português não perceba o que se está a passar e a gravidade da situação.

Mas, felizmente há cidadãos atentos que gravam em vídeo estes eventos e sem manipulações nem mentiras, partilham essas imagens para que não restem dúvidas e para que existam provas para memória futura.

Se há já 5 anos eu tive uma suspeita do que estava a acontecer à saúde do actual Presidente da República, ontem eu tive a certeza.

Refiro-me a uma ocorrência a que todos assistimos aquando do discurso do PR quanto ao novo Estatuto dos Açores há 5 anos.

Ver vídeo: http://youtu.be/buDyz025H6A

Aníbal Cavaco Silva, nesse dia entra hesitante na sala de imprensa e mantém-se durante quase 2 minutos num silêncio confrangedor, mastigando em seco e quase apático até que alguém lhe dá sinal para iniciar o discurso.

Se repararem bem, a expressão do rosto e o vazio total do olhar como quem não percebe onde está nem em que situação se encontra é evidente.

Ora se na altura muitos associaram esta ocorrência ao clima de tensão que se vivia então com as alegadas escutas e vigilâncias à Presidência, ontem houve quem tentasse associar o suposto desmaio às manifestações que ocorriam durante as cerimónias do 10 de Junho.

Ver vídeo: http://youtu.be/W2Nvs8sk0Yg

Se estiverem atentos, vão perceber que a voz de Cavaco Silva se torna arrastada que mostra enorme dificuldade na leitura e na compreensão das palavras e do contexto do discurso mas que nunca chegou a perder os sentidos.
Se repararem bem, ele pára de ler como se as palavras deixassem de lhe fazer sentido, ou deixasse de conseguir ler, hesita, tenta manter o equilíbrio balançando o corpo (perda de noção de espaço/tempo).
Quando o chefe militar da Casa Civil (pessoa da sua total confiança) se aproxima e o segura ele olha-lhe o rosto e não o reconhece.
Quando os seguranças o ajudam ele está apático (ataxia neurológica) mas nunca perde os sentidos.
Os olhos estão abertos mas sem expressão e estão fixos, como quem fixa um ponto no espaço e se prende a esse ponto perdido no tempo e a mente vazia!

Estes são os sintomas de um evento de ataxia neurológica, um dos muitos sintomas da doença de Alzheimer.

Cavaco Silva denota já uma tremenda dificuldade de se orientar no espaço/temporal, tem dificuldade até mesmo não só na articulação oral como fora dos discursos oficiais começa a demonstrar dificuldade em verbalizar emoções ou de comunicar de forma clara procurando as palavras adequadas porque não se lembra delas além da dificuldade de assumir decisões.

Para os menos atentos ou para quem não conhece os sintomas, tudo isto parece estranho ou é motivo de piadas e anedotas, mas para quem conhece estes sintomas, esta situação reveste-se de uma enorme gravidade.

E é grave não só do ponto de vista pessoal no que toca à dignidade do indivíduo Cavaco Silva mas muito mais grave nas implicações que estão envolvidas no exercício das funções inerentes ao cargo que o indivíduo ocupa.

Cavaco Silva sofre de Alzheimer há vários anos, a doença como devem saber não surge de um dia para o outro, é progressiva.

O irmão dele (que morreu há 4 anos) sofria de esclerose lateral amiotrófica e na família há todo um historial de doenças degenerativas neurológicas que sempre são escondidas do público porque como também sabemos, a ignorância do povo português é abissal e tudo o que é doença neurológica é de imediato associada a doença mental e a doença mental é ainda hoje muito mal percebida e descriminada como se o doente tivesse culpa de ser doente ou pudesse modificar comportamentos ou ter mesmo noção do seu mal.

[...]

As mudanças são tão evidentes que se tornam confrangedoras.
Continuam a existir nele os traços de arrogância e de inflexibilidade da sua antiga personalidade mas a desorientação, a apatia, as crises de ataxia são cada dia mais frequentes e vai chegar o momento em que não vão poder esconder mais a situação.

[...]
Atualização: 14/6/2014 15:51

terça-feira, julho 31, 2012

Brasil: TAV: Trem de Alta Velocidade

A Alta Velocidade ferroviária é um dos novos paradigmas de desenvolvimento sustentável

O “Trem de Alta Velocidade não tem apenas importância do ponto de vista da logística de passageiros” — é uma vantagem tecnológica de quem a aplica e desenvolve, estúpido!

Vale a pena ler o oportuno artigo do antigo secretário de Política Nacional de Transportes brasileiro, José Augusto Valente, sobre “Os frágeis argumentos contra o trem de alta velocidade brasileiro (TAV)”. E já agora medite-se no caso pioneiro de Espanha a este propósito: tem a segunda maior rede de Alta Velocidade ferroviária do mundo, logo depois da China, ganhou recentemente à França o concurso para ligar Meca e Medina (450 Km) por comboio AV, e está em todas as corridas onde se preveja construir linhas de TGV, AVE, TAV, HSR, ou como lhe queiram chamar, menos Altas Prestações — pois de prestações já bastam as que somos forçados a pagar pela obscena dívida acumulada, cortesia dos falidos ladrões e dos populistas que tomaram de assalto a democracia portuguesa.

En 2014 podrían iniciarse las obras para que en 2020 pueda entrar en servicio el primer tren de alta velocidad

Tras la constitución de ETAV (Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade), el Gobierno Federal de Brasil se propone lanzar antes de fin de año una licitación internacional para contratar a la empresa o consorcio que elaborará el proyecto de ingeniería de la primera línea de alta velocidad del país.Así, la elaboración del proyecto de la línea que enlazará Río de Janeiro, Sao Paulo y Campinas, 511 kilómetros para un tiempo de viaje máximo de 99 minutos entre Río y Sao Paulo, saldrá a licitación con un plazo de ejecución de alrededor de un año, y ETAV prevé que se presenten empresas brasileñas en consorcio con ingenierías extranjeras. Via Libre, 11 jul 2012.

Alta Velocidade liga São Paulo ao Rio de Janeiro (511Km) em 99 minutos

Será que em Portugal haverá força suficiente para travar de uma vez por todas a máfia do novo aeroporto da Ota em Alcochete? Que diz o Cavaquinho sobre isto? E o Passos de Coelho? E o beato Seguro? Afinal a quem devem obediência estas criaturas: aos eleitores, à racionalidade mais vulgar, ou aos salgados e melros desta praia à beira-mar plantada?

Já repararam no preço do petróleo? Ainda não ouviram dizer que o petróleo barato, e portanto o festim do crescimento indolor, acabou? Os aviões, tal como os TIR, autocarros e automóveis particulares não se movem a vapor de água. Que o diga o gaúcho da TAP, que o diga o rendeiro-mor das autoestradas. Até o corticeiro da GALP aprenderá depressa que o futuro está na mercearia de proximidade. Eu prevejo que, mais cedo ou mais tarde, e certamente antes de 2020, o preço do petróleo será regulado à escala europeia, ou mesmo mundial, o consumo racionado, e as margens de lucro severamente penalizadas.

Espanha será o protagonista de um dos principais consórcios concorrentes ao Trem de Alta Velocidade brasileiro. Por sua vez o Brasil, como escreve José Augusto Valente, “dominando a tecnologia dos trens de alta velocidade, será referência mundial em projeto, construção e manutenção das vias permanentes, como na fabricação de equipamentos para a indústria dos trens de alta velocidade. É disso que se trata e não de uma obra ferroviária, como alguns querem fazer crer.”

Portugal andou a dormir na Ota. Depois de destruir a Sorefame —hoje não temos quem faça uma chapa para os nossos comboios—, e depois de levar a canadiana Bombardier a deixar o país (não foi cherne Barroso?), as nossas brilhantes mentes políticas, económicas e financeiras apostaram tudo no novo-riquismo automóvel e aéreo. O resultado está a vista: só a TAP tem um endividamento e compromissos que chegam aos seis mil milhões de euros — ou seja, tanto como todo o valor previsto das privatizações anunciadas.

No Irão e na China os criminosos económicos já começaram a pagar pelas suas malfeitorias, e de que maneira! Nos EUA, no Reino Unido e na Suíça também, mas a procissão ainda vai no adro....

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Déjà vu

Bancarrota I (1890-1893), Bancarrota II (2010-2013)

Raphael Bordallo Pinheiro. "Exactamente como os filhos do Padre Simões", in António Maria, 1892

Enviaram-me há dias um LINK precioso para o António Maria de Raphael Bordallo Pinheiro, arquivado e já integralmente digitalizado pela Biblioteca Nacional. É absolutamente incrível a semelhança entre a corja partidária de então e a de hoje. Nada mudou!

Vale sobretudo a pena ler a prosa deliciosa da geração dos Vencidos da Vida, apesar da ortografia não ser aquella que os Sousa Tavares e Graças Mouras desta paróquia gostam.

E mais importante ainda é comparar a degradação da economia, das finanças e do sistema político de então, cuja bancarrota tinha já levado a safada Inglaterra a abocanhar sem cerimónias os portos e o ouro do Brasil, e mais tarde os territórios entre Angola e Moçambique (na sequência de um humilhante Ultimato), com a situação que hoje atravessamos. Houve então deputados que quiseram mesmo dar todos os territórios ultramarinos, menos Angola e a Índia portuguesa, à Rainha Vitória!

D. Carlos teve então um comportamento bem diverso daquele que Cavaco Silva revelou em circunstâncias muito semelhantes: enquanto a criatura de hoje se queixa do pouco que tem, e nem sequer coloca a hipótese de cortar nos gastos escandalosos da turma interminável de aves raras que habitam os corredores do Palácio de Belém, o rei D. Carlos prescindiu à época de 20% da sua dotação em nome da diminuição do défice. Não lhe valeu de muito, pois a conspiração maçónica e anarquista para o assassinar já estava em marcha. Mas fica a memória da diferença dos comportamentos.

Recolhi no Portal da história alguns dados de cronologia histórica que ilustram bem como o tempo que estamos vivendo começa a ser cada vez mais um déjà vu...

1890

Janeiro, 11  - Entrega de um Memorando do governo britânico fazendo um Ultimato a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe, a pretexto do incidente provocado entre os portugueses e os Macololos.

Maio, 1 - O 1.º de Maio é comemorado em Lisboa pela primeira vez.

Maio, 19 - Governo apresenta propostas financeiras, em que se prevê a entrega do monopólio dos tabacos por meio de licitação.

Julho, 1 - O escritor Camilo Castelo Branco suicida-se na sua casa em São Miguel de Seide.

Agosto, 20 - O Tratado de Londres é assinado entre Portugal e a Grã-Bretanha, definindo os limites territoriasi de Angola e Moçambique.

1891

Janeiro, 31 - Revolta republicana no Porto, com proclamação da República na varanda da câmara municipal.

Fevereiro, 5 - As Câmaras reabrem para votarem as bases do monopólio do tabaco e um empréstimo de 10 milhões de libras. O Conde de Burnay emprestará 3 milhões de libras, com a condição de lhe ser concedido o monopólio do tabaco.

Abril, 1 - Adiamento da reunião do parlamento. O governo anuncia que passará a governar em ditadura.

Maio, 7 - Bancarrota do Estado português. É suspensa por 90 dias a convertibilidade das notas de banco, o que provoca uma desvalorização do papel-moeda em cerca de 10%

Junho - Congresso do Partido Socialista Português, em Coimbra.

Setembro, 11 - Antero Quental suicida-se em Ponta Delgado, nos Açores, com dois tiros de revólver.

1892

Janeiro, 15  - O presidente do conselho João Crisóstomo confirma que o ministro da fazenda Mariano de Carvalho fez adiantamentos à Companhia Real dos Caminhos de Ferro sem conhecimento do governo.

Janeiro, 21  - O deputado Ferreira de Almeida propõe novamente a venda das colónias para se fazer face ao défice orçamental de 10 mil contos, excluindo da venda apenas Angola e a Índia.

Janeiro, 29  - D. Carlos cede 20% da sua dotação para diminuir o défice.

Fevereiro, 26 - Oliveira Martins apresenta a proposta de uma Lei de Salvação Pública.

Maio 10 - Nova pauta aduaneira, que termina com o livre-cambismo.

Junho, 15 - O processo de pagamento aos credores externos do estado é regularizado.

Junho, 27 - É assinado o contrato definitivo com a Companhia de Carris de Ferro de Lisboa.

Dezembro, 19 - Detonação de uma bomba em Lisboa, despoletada por anarquistas.

Maio, 14 - Ruptura das relações diplomáticas com o Brasil.

Junho - Conferência em Badajoz dos republicanos ibéricos.

Julho - Lei que restringe o direito de reunião.

Julho, 10 - Apresentadas propostas de lei sobre os caminhos de ferro e as obras no porto de Lisboa.

Agosto, 30 - Reforma da polícia

Setembro, 30 - Decreto de Bernardino Machado para promover o povoamento do Alentejo.

Outubro, 17 - João Franco, em nome da ameaça anarquista, defende meios extraordinários de governo.

in O Portal da História


domingo, fevereiro 19, 2012

SMS Milénio afugenta Cavaco

PCP, a próxima revolução não é para velhos!

Alunos da António Arroio em protesto esperam por Cavaco Silva.
Uma visita programada para hoje [16 Fev 2012] de manhã por Cavaco Silva à Escola António Arroio, em Lisboa, foi cancelada à última razão por os elementos de segurança terem entendido que não estavam reunidas as condições necessária para garantir a presença do Presidente sem incidentes. 

Diário de Notícias, 16 Fev 2012.

 A meia-volta que Cavaco Silva deu ao saber que tinha uma turma de meninos e meninas protestando contra a subida dos transportes e sei lá mais o quê dá bem a medida do potencial revolucionário da juventude nos tempos que correm. Aos três anos já gatinham para cima dos teclados, aos seis dominam o SMS, e aos dez podem montar um golpe de Estado como se fosse um videojogo! 

Que tempos fantásticos nos esperam, e às velhas carcaças do poder. Barroso anda que nem uma barata tonta a pedir programas de emprego para os jovens dos 15 aos 24 anos. Mas estas não são idades de estudo, para que o país saia da iliteracia geral que o tolhe há décadas, para não dizer centénios? 

A par do envelhecimento populacional, um dos problemas da inércia política local e europeia deve-se, em meu entender, ao encapsulamento da juventude numa bolha protegida de consumismo, ao mesmo tempo que o prémio para aqueles que conseguem a qualificação académica que os pais nunca sonharam ter (licenciaturas, mestrados, doutoramento, pós-Docs...) tem sido a emergência de novas formas de escravatura laboral e desprezo social. 

Aconselhar as mulheres a terem filhos, quando nenhuma segurança institucional, económica, social e cultural lhes é dada em troca pelo serviço demográfico pretendido, só pode ser disparate de bispo iletrado e mais um suspiro presidencial. 

A primeira coisa que uma jovem sabe nos dias de hoje é que se quiser ter filhos vai ter que suportar, muito provavelmente, sozinha, o preço dessa decisão. Como se esta recompensa cínica pela química hormonal e pela memória cultural não fosse em si mesma um insulto à sua inteligência e independência, acresce que a sociedade, plasmada no Estado, não só não está disposta a pagar o preço mínimo da sua própria reprodução, como ainda sobrecarrega a progenitora com custos sucessivos — seja pela via das ameaças profissionais, seja nos preços da assistência médica e social, da alimentação, do vestuário, da educação e do próprio consumo estatutário dos filhos e das filhas à medida que vão crescendo.

Pela simples aritmética demográfica pode concluir-se que a geração milénio, isto é nascida depois de 1980, não vai ter quem lhe pague as reformas. Mas pior do que isto, esta mesma geração já hoje se confronta com um muro cada vez mais duro de vencer: por um lado, é muito difícil encontrar emprego, e por outro, os que neste momento têm trabalho, têm-no a título precário, mesmo quando ocupam postos profissionais altamente qualificados.

A chamada Primavera Árabe, a auto proclamada Geração à Rasca, Los Indignados e o movimento Occupy Wall Street nasceram há pouco mais de um ano. Seria precipitado dizer que acalmaram, que não tinham objetivos, ou que os poderes instituídos (de Washington ao Cairo), os movimentos fundamentalistas, e os partidos de esquerda, ou de direita (Tea Party, etc.), conseguiram anestesiar o ímpeto inicial desta verdadeira revolta à escala global, e que tudo regressará lentamente ao status quo ante. Não creio. Não creio mesmo nada!

A crise financeira, que é sistémica, está para lavar e durar. Começou em 2008 e sofrerá sucessivos episódios agudos ao longo, no mínimo, de toda a presente década. Na medida em que o colapso financeiro em curso é um sucedâneo —da crise energética, da crise de recursos, da crise climática, da crise demográfica, da nova divisão internacional do trabalho provocada pelo processo de descolonização, e das dramáticas assimetrias culturais existentes— só quando e se a humanidade for capaz de enfrentar com sucesso as causas de tantos dramas contemporâneos, começará então a estabelecer novas regras de reprodução social da espécie.

Os velhos partidos e os velhos sindicatos estão tão desfasados da realidade e dos desafios que temos pela frente quanto os partidos convencionais, as democracias populistas que temos, e as burocracias enquistadas nos aparelhos de poder. Já a imaginação juvenil, quando associada à dos jovens profissionais altamente qualificados, mas cujo futuro se afigura ameaçado, fazem um cocktail explosivo que, mais cedo ou mais tarde, rebentará com os alicerces das sociedades que ruem por toda a parte e à vista de todos, irrompendo então pelos bordéis dos poderes inconscientes, decapitando então, como sempre, os últimos tiranos.

A fuga do nosso imprestável presidente da república perante uma manifestação de jovens estudantes de arte é um verdadeiro sinal dos tempos!

domingo, outubro 23, 2011

A formiga e as cigarras europeias

A Alemanha tem razão, os bancos, não!

Sacrificar a poupança, nomeadamente de quem produz, em nome da rigidez dos direitos sociais adquiridos, de uma desmiolada cultura do consumo, e de um sistema bancário insolvente, será o caminho mais expedito para o colapso em cadeia do actual sistema capitalista. Não precisaremos de nenhum marxista para nos ajudar!

Se a cigarra triunfar, mais uma vez, sobre a formiga, em vez de uma transição pacífica para o pós-capitalismo teremos miséria e guerra nos próximos anos e décadas — OAM.

O fracasso redondo do Conselho Europeu deste fim-de-semana mantém em suspenso uma divergência fundamental entre a Alemanha, mais alguns países do norte da Europa, e a França, mais os endividados países do Sul:
  • Quem vai pagar as dívidas soberanas da Grécia, Itália, Bélgica, Alemanha, França, Reino Unido... ?
  • Quem vai pagar as dívidas externas do Luxemburgo, Suíça, Reino Unido, Noruega, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Áustria, França…, quando o colapso da bolha de derivados financeiros atingir o zénite? 
  • Quem vai reequilibrar as deterioradas balanças de pagamentos da Espanha, Itália, França, Reino Unido, Portugal, Grécia…? 
  • Quem vai salvar os bancos sobre expostos às bolhas especulativas (imobiliária, soberana e dos mercados cambiais) da sua cada vez mais grave crise de liquidez e de um dominó de insolvências? 
O GEAB deste mês fala da falência inevitável de 10 a 20% dos bancos ocidentais! As praças financeiras de todo o mundo, entretanto, tornaram-se os alvos compreensíveis de uma indignação à escala global que apenas começou a crescer, que dificilmente será neutralizada pelas polícias, e que poderá muito bem ditar o fim do capitalismo tal qual o conhecemos nos últimos quatrocentos anos.

Há basicamente duas posições:

Uma é a posição da França e de todos os demais países europeus sobre endividados, para quem a solução passa por monetarizar as dívidas nacionais, expandindo a liquidez do euro e emprestando assim sem limite aos governos e aos bancos, com a consequente desvalorização monetária e disparo da inflação, nomeadamente por via do preço acrescido das importações e pelo estímulo artificial do consumo privado e público. Esta solução significaria, pura e simplesmente, um novo assalto à robustez comercial e industrial da Alemanha, um ataque sem precedentes à produtividade e competitividade externa desta trave mestra da União Europeia, e uma destruição inexorável da poupança europeia, onde quer que a mesma se encontre — nos países, nos negócios equilibrados, e nas pessoas produtivas e prudentes. Esta solução implicaria promover o que não pode deixar de ser considerado um crime: financiar os bancos, os especuladores profissionais e os governos populistas da Europa, à custa de quem planeou, produziu e poupou!

A outra solução, propugnada nomeadamente pela Alemanha, e agora também por Durão Barroso, passa por envolver os especuladores e os bancos na reestruturação inevitável dos países simultaneamente sobre endividados e incapazes a prazo de pagar os serviços das respectivas dívidas públicas sem colapsar económica, política e socialmente — casos da Grécia, Portugal, Bélgica e talvez mesmo de países como a Itália, a Espanha, ou a própria França. O BCE e Sarkozy aceitaram em Junho passado um haircut das expectativas de retorno especulativo das bolhas imobiliária e soberana na ordem dos 21%, mas a Alemanha exige agora maior responsabilização por parte dos especuladores privados no colapso financeiro em curso: 50 a 60%.

Acontece, porém, que este contra-ataque alemão à lógica insaciável do capital financeiro vem colocar em causa a situação já de si extremamente frágil de dezenas, se não mesmo centenas de bancos e fundos de investimento por essa Europa fora e ainda onde quer que haja sociedades financeiras e bancos atolados de obrigações soberanas europeias: Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Abu Dhabi, Brasil, etc. A pressão sobre Angela Merkel não pode, pois, deixar de ser brutal.

Conseguirá a União Europeia sair deste dilema?

Os preços da alimentação tendem a acompanhar os preços do petróleo. Ler Gail Tverberg.

No decurso das décadas de 1950 até meados da de 1970, o fim do colonialismo e uma redistribuição mundial menos desequilibrada e menos injusta dos recursos disponíveis, sobretudo do petróleo, do gás natural, dos metais e das matérias primas alimentares, acabaria por induzir uma desindustrialização acelerada dos Estados Unidos e da Europa ocidental, com a subsequente deslocalização de sectores industriais inteiros para países com contingentes aparentemente infindáveis de trabalho barato e socialmente desprotegido. O consequente desequilíbrio resultante do aumento e encarecimento progressivo das importações, e a ameaça do abrandamento económico resultante da diminuição da actividade industrial nos países mais ricos do planeta, conduziram sucessivamente os Estados Unidos e a Europa ao desenvolvimento de uma estratégia de compensação apoiada em três pilares:
  1. a expansão do consumo interno, desenvolvendo para tal toda uma ideologia cultural apropriada (a sociedade de consumo);
  2. o crescimento do campo tecnológico e cognitivo, de que resultaria uma expansão sem precedentes nos sectores da educação, da investigação e do desenvolvimento de produtos inovadores (tecnológicos, mas também culturais);
  3. e a inovação financeira, sobretudo orientada para o desenvolvimento de estratégias de financiamento virtual de economias cujas rentabilidade e deterioração dos termos de troca com o exterior se prefiguraram desde muito cedo nos radares dos estrategas mais atentos.
Foi precisamente a aceleração contínua destes três factores que conduziu o capitalismo mundial à crise sistémica anunciada em 2005-2006, declarada em 2008, e que viria a mergulhar os Estados Unidos, a Europa e o resto do mundo na grande complicação em que agora se encontram. A bolha especulativa da China que acompanha a previsão, para 2012, do primeiro défice comercial chinês dos últimos vinte anos, mostra até que ponto estamos perante uma crise global, e até que ponto os países emergentes são incapazes de sustar o poder destruidor do buraco negro financeiro responsável por esta prolongada e profunda crise sistémica do capitalismo.

O paradigma do consumismo e do consumo conspícuo chegou ao fim, nomeadamente por efeito da inflação crescente, dos limites explosivos do endividamento, e ainda por causa do crescimento demográfico que de uma forma ou doutra implica um melhor aproveitamento e redistribuição dos recursos disponíveis à escala mundial. A tecnologia, por sua vez, evoluiu para uma rede geograficamente dispersa e desnacionalizada, diminuindo progressivamente a densidade dos antigos centros de ciência e tecnologia americanos, japoneses e europeus. A inovação financeira, por fim, acaba de esbarrar nos limites materiais da deteriorada hegemonia monetária da América, renovando o debate sobre a sustentabilidade do actual sistema bancário e financeiro global, desenhado à imagem e semelhança de um modelo que parece ter dado resultados desastrosos na China imperial, e volta agora a mergulhar a Europa numa sucessão catastrófica de bolhas especulativas.

É possível que os Estados Unidos estejam a preparar uma nova moeda, ou até a retoma da indexação do dólar ao ouro, através de uma operação súbita, surpreendente e sem precedentes de decuplicação do valor da onça de ouro. Para aqui chegar teria, porém, que lançar sucessivos pacotes de Quantitative Easing e afogar praticamente o planeta em notas verdes e inflação. Num cenário desta grandeza, que faria a União Europeia?

Uma parte da União Europeia, viciada no bem-estar gratuito, no consumismo, na corrupção, e no endividamento especulativo, não quer sofrer, quer continuar a satisfazer os seus caprichos sem pagar o preço justo das coisas, exige, portanto, dinheiro grátis, que alguém pague as contas, e que se esse alguém não aparecer (e for impossível sangrar mais o indefeso contribuinte europeu), então, que não se pague e pronto! A solução protagonizada nomeadamente por Cavaco Silva é portanto esta: que o contribuinte refinancie os bancos e que estes, depois de refinanciarem os governos, as nomenclaturas e as burocracias, e depois de pagarem os dividendos aos especuladores (nomeadamente do BPN), que retomem paulatinamente as operações de crédito à economia e ao consumo. Haverá riscos elevados de cairmos numa inflação galopante, e de uma desvalorização imparável do euro? Sim, há! Mas não faz mal, diria um qualquer assessor de Belém — os alemães, os árabes, os chineses, os iranianos, os russos e os brasileiros que paguem a crise!

A Alemanha já por duas vezes viu o seu sucesso industrial e económico ser desbaratado pelo resto de uma Europa, ou decadente e com maus hábitos difíceis de perder, ou simplesmente indolente. Será que iremos assistir a um terceiro suicídio colectivo?

Juntei a este escrito uma selecção de factos, observações e opiniões que me parecem de grande oportunidade para melhor compreendermos o que está em causa. De algum modo complementam as minhas reflexões sobre a nova e perigosa disputa entre as cigarras e as formigas desta velha Europa.


REFERÊNCIAS

Esta pirâmide entrou em modo especulativo (Ponzi) a partir da decisão de descolar o USD do ouro. Os CDO, CDS, e toda a parafernália de produtos financeiros criados para segurar/especular com o endividamento exponencial, privado e público, são as causas próximas do colapso sistémico actualmente em curso — OAM.
  1.  The European Financial Crisis in One Graphic: The Dominoes of Debt   (October 24, 2011)
    “After 19 months of denial, propaganda and phony fixes, the political and finance leaders of the European Union are claiming a "comprehensive solution" will be presented by Wednesday, October 26-- or maybe by the G20 meeting on November 3, or maybe on Christmas, when Santa Claus delivers the gift global markets are demanding: a "solution" that actually pencils out and that forces monumental writeoffs of debt and thus equally monumental losses on European banks and bondholders”.

    in Charles Hugh Smith.

  2. German Parliament Slows Euro Rescue Decisions
    “Europe’s leaders had only just presented themselves to their guests as a picture of unity, amid speeches praising the outgoing president of the European Central Bank (ECB), Jean-Claude Trichet, before the sparks began flying in another part of the building. Unfortunately, the German chancellor told a group of stunned men, she would not be able to make a decision on the euro bailout fund at the European Union summit on the following Sunday, because she needed the approval of the German parliament, the Bundestag, first. But because this approval was not to be expected, Chancellor Angela Merkel, a member of the center-right Christian Democratic Union (CDU), proposed postponing the meeting of the 27 heads of state and government.

    European Council President Herman Van Rompuy protested, saying a postponement was absolutely out of the question, if only out of consideration for the other member states. “This is the last exit on the highway,” French President Nicolas Sarkozy said excitedly. “If we don’t reach a decision now, we’re dead.”

    But it was of no use. By the end of last week, it was clear that the decisions would be postponed. Grudgingly, the majority of the EU was forced to follow the Germans’ lead.”

    By Ralf Neukirch, Christian Reiermann and Christoph Schult, in Der Spiegel (23-10-2011)
     
  3. M3 has ceased to be published by the US Federal Reserve
    The world is left without any reliable data on the dollar-value.

    As announced last February 15 by Leap/E2020, yesterday March 23, 2006, the US Federal Reserve has ceased publishing M3, the most reliable indicator of the amount of USDs circulating in the world.

    The Fed has also ceased publishing a number of less important indicators (such as the amount of EuroDollars, large-denomination time deposits, and repurchase agreements) which could have been used to calculate M3 on the basis of other aggregates.

    It is important to bear in mind that the Fed continues to calculate M3 and the other indicators. It doesn’t cease to gather these data, but it no longer shares the information with US citizens and the rest of the world. To use a simple image, it is as if, on the eve of a war, the Pentagone suppressed GPS guidance, including for its own allies.

    Such measure, which has had no equivalent since 1945, when the dollar imposed itself as the global monetary reference, is a major break in the confidence contract between the US and its Allies.

    in GEAB
    (March 24, 2006)
     
  4. The Seeds of Our Destruction Were - And Still Are - Sown in the Bond Markets

    Paul Brodsky:  All the way through 2006, where a monetary aggregate called M-3 -- which was the only aggregate that included repurchase agreements, which is the process by which banks fund themselves with each other -- grew almost 12% a year. It is an enormous amount, and that basically tells you that this overnight lending among banks provided the fuel from which all of the term credit, or the 30-year mortgages ultimately, and the auto loans, and revolving consumer credit that, of course, has never paid down from whence that came. So in effect, we knew that the system became highly susceptible to any hiccup.

    And what we were looking at was an economy where, according to recent data, we have got $53 trillion dollars in dollar-denominated claims, according to the Fed. Well, I actually think it is higher than that, significantly higher than that, but let us just take their figure. On top of a $2.7 trillion dollars in actual money, or M-zero, or to put it another way, currency in circulation plus bank reserves held at the Fed.

    So the system is levered at least 20 to 1, and there is effectively 20 times more debt than money with which to repay it. And so that is a long-winded way of setting the table for where we come down in our macro views. Clearly, it has great ramifications, negative ramifications, for the currency, and given that the dollar is the world’s reserve currency, we think it has significant ramifications for the global monetary system in general.

    [...]

    I think debt is still probably marked too high on balance sheets. Certainly at banks. And so I think it is still out there; it is still lurking. It does not necessarily have to be recognized, ever, frankly, if the Fed produces enough inflation that takes them out in nominal terms. But it is still out there, and I would argue it is not only sub-prime, but as we are seeing now, it is turning into prime as well.

    [...]

    Chris Martenson:  [...] Suppose, for the moment, though, that somehow things do get away from the Fed, they find themselves following, not leading the market. It has happened to them before. It has not happened recently, but certainly, that used to be the case. So I do not know, so there are all these people who have bond funds that are levered up 20 times, 10 times, some big giant number, and all of a sudden the rumor comes through the grapevine that China has decided enough is enough and they are quietly liquidating their custody account into what ever bids they can find. Would we not find that those levered bond funds would potentially get caught in the equivalent of a long squeeze, in essence? I mean, they would have to get out there and start liquidating into this madness. Is that a possibility? Let us admit that it is a possibility; how probable it is, is another question. Do you think the Fed has, with its infinite capability, can really step in and battle that?

    Paul Brodsky:  Well, functionally, yes, they can. Because again, let us say China has three trillion in dollar reserves (just to pick a round number). Yes, the Fed could print five trillion if they wanted to. They would always have more money than bonds outstanding, number one. And they could always assume anyone else’s debt, because there is literally no limit.

    [...]

    ...if we anger them for whatever reason and they decide as retribution, and maybe it is an economic decision that they just do not want to own Treasurys any more and they decide to liquidate. I would suspect at that point, you would see a, maybe even a formal devaluation, of dollars. And we could go into that in a bit if you would like, but I would think that is the point at which you would see obviously the Fed would have to come and buy a bunch and monetize a lot of debt. But my guess is that would see something more formal. And you would go into a weekend and you would come out of the weekend with a completely different new monetary system.

    Chris Martenson:  Okay, interesting. So where I am, what I am hearing here, is a fairly simple story then, had a very long, very protractive credit bubble, it ran up pretty hard. And the Fed has nearly infinite or probably infinite capability to just manufacture credit, or what we call "money," out of thin air. All U.S. debt is denominated in U.S. dollars in this point in time, so there is really no external forcing function. So, guess what, printing can always happen. You started all of this by saying that when you peered through this landscape, what you saw was actually a currency risk. Let us go there for a second, if we could. What do you, how would that play out, if it does not really play in a big bond market route, something has to give in this story. You are saying it is the currency; what does that play out like?

    Paul Brodsky:  I think the Fed is going to have to continue printing. They are going to go significant QE3 at some point; I do not know exactly what form it will take, but they are going to have to monetize debt. The process of doing that is, I am sure your listeners know, is when you buy debt, you print money with which to buy it. And which moves new money out, ostensibly into the system, but as we have seen, it only goes into banks as excess reserves. This process is the exact process of inflation, so if you print a dollar, you are diminishing the purchasing power of that dollar through dilution. And it is a very easy thing to understand more dollars chasing, let us say, the same amount of goods and services and assets, must drive the price level higher for those goods services and assets. And so what we see happening is, through this process of money printing, we will have rising prices that rise much faster than wage growth or income growth, and it is going to make the ability to service debt that much harder.

    [...]

    Chris Martenson: Uh-huh

    Paul Brodsky: So it looked as though we have output growth and in nominal terms, we did. However, I had to fire someone who was a consumer and so on and so forth and a taxpayer. And so the real economy actually shrunk while nominal growth grows. And so this is what has already been happening. The pressure is the fundamental economic pressures that build, through this juggling act of trying to keep all the balls in the air by printing money and giving the appearance of growth, and trying to instill confidence among consumers and among factors of production, and among manufacturers and so on and so forth. It really can’t last if there is no fundamental reason for it to continue. So in reality we think that they will print a lot of currency, the real economy will shrink. However, the good side of this whole thing, in an aggregate sense, and I am not judging the merits or whether or not it is moral or anything along those lines, but since the U.S. and Western Europe and Japan, the great majority of our populations are indebted. By printing all this money, the prices will rise and eventually even our wages will rise, but the only thing that won’t rise, is the amount we owe. And so this process of inflation reduces the burden of repaying debts. Both in the private and the public sector. While it does not reduce the debt at all but it does act as a de-leveraging. You can de-lever either by letting credit deteriorate and that has all terrible ramifications because you actually do have real contraction in the economy. Or you can print money up to meet the notional value of the debt. And those are the two ways to de-lever and I think they are clearly going to print money and that is the process of de-leveraging they are going to take. Thereby inflating the way the burden of paying the debt.

    Chris Martenson: Yeah, there is all kinds of reasons that, there is really no opposition to the idea of printing. At the political sphere, they love it. Politicians tend to get tossed out during deflationary episodes. Inflation you know, they tend to hold their jobs. So there is a job, job’s creation act for political people buried in there. And also, government cannot tax deflation. Meaning if I hold an asset like a house, and it inflates 100%, some of that is taxable, depending on the size, or any asset that inflates, that is a taxable moment. A deflating asset is not a taxable amount. So you cannot tax deflation. There is another reason why we hate deflation, because it does not perpetuate the entire model of continued growth. But you know at some point, in every credit bubble - and this has been true through all of history and Reinhart and Rogoff certainly proved that - at some point, you just hit the limit, you cannot go any further. Even leaving aside that we remove the natural resource pressure from peak oil or from other resources or that there are natural limits being hit, forget about all of that. There is always a moment when your credit bubble just cannot go any further. There are no more noses that can fog mirrors, that can take out a loan. In your estimate, you are looking at all of this, they have been pulling on the ripcord of the chain saw as hard as they can trying to get this thing started again. Have they? And if they cannot, do we not just face some sort of deflationary outcome anyway?

    Paul Brodsky: I think before we ever get to a truly deflationary outcome, meaning output contraction, shall we say. The Fed will formally devalue the currency, which will solve all these problems. They can do it tomorrow if they chose.

    Chris Martenson: Isn’t everybody trying to devalue their currency?

    Paul Brodsky: Well, they would devalue it to gulp and not against the Euro, or not against the Yen or the Renminbi. That alternating currency devaluation tag team, whack-a-mole, beggar-thy-neighbor  policy, works obviously for exporters and it works in the very near term but it really does not solve the problem which is all of these currencies are baseless and are losing their purchasing power versus the goods and services with inelastic demand properties. Such as natural resources and things of scarcity.

    Chris Martenson: Uh-huh

    Paul Brodsky: So it makes perfect sense that while they are trying to politically, through policy, devalue their currencies versus other fiat currencies. That is not a long-term solution. When I say devaluation, I mean against the currency that is scarce and that policy makers cannot manufacture because ultimately it comes down to if I have a widget that I want to exchange for money, no matter where I am in the world, the money I want in exchange, I want to know that that’s going to have. I want to have confidence in it that that is going to retain its purchasing power. And it will get to the point ultimately where the one I am going to want is something other than what you are offering. There is precedent obviously, that gold has backed money. And we happen to think that that is the end game. Ultimately, you will see probably the Fed formally devalue the dollar versus gold. After 40 years of it being untied, and that is all. This is just the pendulum swinging back we think. And they will do it at a price, a gold price, in dollar terms, that will reflect the amount of past monetary inflation that we have seen.

    Chris Martenson: Yikes

    Paul Brodsky: Or something close to that.

    Chris Martenson: That is a big number.

    Paul Brodsky: It is a big number, we think it is about little north of $10,000 currently.

    [...]

    What I am saying is, the government will want to retain control, the only way they will be able to do that, is through going back, is devaluing. As they devalued it in 1971, the irony is, they will be going back to a gold standard or a quasi gold standard. I think that the method that they will do that, you know they will print a lot of money with which to tender gold at some big number. That will be highly inflationary. And then they will probably make a market, target a gold price as today they target Fed funds and interest rate. They will target a gold price. You know we will buy your gold at $10,000 we will sell you our gold at $10,200 and if too many people tender, then they will take the price down and vice versa. And what I think that would do, that is not a gold standard by the way, that is maintaining a credit market in effect. However, what it would still place a little more pressure on lenders to watch their backs in terms of the unreserved credit that they are carrying. And it would probably, more than anything, just instill confidence.]

    in Chris Martenson, Transcript for Paul Brodsky
     
  5. The collapse of paper money & the vertical move of gold

    It is the charging of interest on money issued as loans from a central bank that is the foundation of capitalism. It should be noted that prior to capitalism, charging interest on money lending was considered immoral by Christians, Muslims and Jews alike.

    Outlawed by Islam, considered by the Catholic Church to be a sin and contrary to the Law of Moses, because of William Patterson’s combination of money and debt, money lending is now the basis of all modern economies.

    Jews, barred from all trade guilds in Medieval Europe, were allowed only two avocations in the Middle Ages, that of money lending and the selling of used clothing. It is not without irony that the once shunned practice of money lending has now catapulted Jewish bankers to their pre-eminent position of power and wealth in the world today.

    [...]

    When capitalism—institutionalized money lending in debt-based economies—became the world’s predominant economy, bankers found themselves temporarily on top. The operant word is temporarily because where credit and debt is concerned, that which goes up always comes down.

    [...]

    In 1971, capitalism began to unravel when the US was forced to suspend the convertibility of the US dollar to gold. Without gold’s constraint on the money supply, governments—especially the US—began printing and borrowing money virtually without limit. Today, that limit has been reached.

    William Patterson’s 300 year-old house of cards and credit is now collapsing as defaulting debt consumes what’s left of savings. Despite the efforts of governments to save the system that allows them to spend money they don’t have, the end of the banker’s reign is near.

    By Darryl Robert Schoon, in Goldsurvival, July 18, 2011.
É por isto que os bancos querem que os governos tapem o buraco dos derivados especulativos com a expropriação fiscal do cidadão comum — OAM.
act. 24-10-2011 01:38

quarta-feira, outubro 19, 2011

A Brigada do Reumático II

Cavaco Silva, o Insurrecto? Armou-se, ao que parece, em chefe de fila de uma vasta coligação de privilegiados e senis que não desistem de arruinar Portugal



Cavaco, o Insurrecto
Vítor Bento, economista, presidente da SIBS e Conselheiro de Estado do Presidente da República garante que a única forma de conseguir financiamento é mesmo fazendo os sacrifícios que são pedidos.

[...]

Cavaco Silva sinalizou que o seu entendimento é que o corte dos subsídios de Natal e de férias, em exclusivo para a Função Pública e pensionistas, traduz uma violação ao princípio da equidade consagrado na Constituição Portuguesa.

O Presidente da República mostrou também ter dúvidas sobre o princípio da protecção da confiança, igualmente consagrado na Lei Fundamental, ao revelar preocupação quanto à admissibilidade da amplitude da redução de rendimento que estas medidas provocarão, já que, para 2012, o Governo reconduz também o corte médio de 5% nos salários mensais do sector público — in Jornal de Negócios (19-10-2011).

Cavaco Silva, que esteve muito caladinho durante o consulado pirata de José Sócrates, deixando-o culminar o processo de contínuo desfalque do país, nomeadamente permitindo que o anterior governo concretizasse esses verdadeiros crimes económicos em que se transformaram as PPP rodoviárias e hospitalares, as SCUT do lunático Cravinho, as barragens do cabotino Mexia, Jorge Coelho e Sócrates (e respectivos acólitos: Paulo Campos e Carlos Zorrinho), e ainda as tropelias do BES e da TAP em volta da PGA, já para não falar das centenas de milhões de euros pagos às consultoras e gabinetes de advogados corruptos do Bloco Central, nomeadamente para empurrar o embuste da Ota para o embuste de Alcochete, ou fantasiar sobre, e depois construir, um aeroporto às moscas em Beja, ou ainda negociar os contratos leoninos que conduziram à falência das Estradas de Portugal, ou colocaram todos os portugueses e as suas empresas a desembolsar mais de 2,5 mil milhões de euros (duas pontes Vasco da Gama e meia!) anualmente para alimentar as rendas escandalosas da EDP e o despesismo da RTP/RDP/Lusa. Tudo isto, e ainda os casos de polícia do BPN, BCP e BPP, passou incólume por baixo do nariz do senhor Aníbal Cavaco Silva, presidente de Portugal.

Entretanto, o país está literalmente na bancarrota, e o grande macro economista Aníbal Cavaco Silva, reeleito presidente da República por uma escandalosa minoria dos portugueses, em vez de nos pedir desculpa pela sua óbvia e grande quota-parte de responsabilidade no descalabro financeiro, económico e social do país, resolveu atacar cobardemente o governo de maioria em funções, que não é obviamente culpado da actual situação, suscitando objecções constitucionais sobre temas que nunca, noutras ocasiões, o atrapalharam!

Foi este medíocre professor de economia e finanças quem afinal criou o monstro da administração pública que temos, e quem, ao mesmo tempo, permitiu que medrasssem as condições para o restabelecimento de um regime capitalista burocrático e rentista, retardatário e corrupto, hoje falido, mas que continua a pretender sobreviver a Pão de Ló e Beluga à custa da miséria dos demais.

Aníbal Cavaco Silva, esta mesma miserável criatura de Deus, vem agora ameaçar Pedro Passos Coelho, do alto da sua presidência, com um golpe de Estado, ou pior ainda, com uma insurreição burocrática, a partir do já sugerido uso do veto presidencial, certamente com o apoio dos conjurados conselheiros de Estado capitaneados pelo jornalista-conselheiro Marcelo Rebelo de Sousa. Menos mal que Vítor Bento manifestou e espero que também Ramalho Eanes e Bagão Félix manifestem opinião diferente e não alinhem nesta Brigada do Reumático II.

As alternativa aos cortes temporários de subsídios quais são? Despedir 70 mil funcionários públicos? Atrasar pagamentos como acontece a centenas de milhar de trabalhadores nas empresas privadas? Aumentar o IVA para 25% e mais? Desde quando é que a tarefa de uma rainha de Inglaterra, ainda por cima desterrada em Belém, é governar? Não lhe chegou o monstro que criou quando foi primeiro ministro?

POST SCRIPTUM

A Brigada do Reumático II e a Esquerda Empalhada apostam numa falência, dita controlada, de Portugal (a chamada "reestruturação"), copiando assim o exemplo da Grécia. O objectivo é óbvio: manter os privilégios da nomenclatura. É uma manobra de esperteza saloia típica, na medida em que, por um lado, atacam o governo pela via populista, e por outro, se este cair na armadilha, atirarão as responsabilidades da bancarrota assumida para cima de Passos Coelho!

É por isso que a posição de Angela Merkel é uma vez mais bem-vinda, ao recusar abrir os cordões à bolsa em nome desta corja. Os bancos e os especuladores que paguem a crise — ou pelo menos 60% das perdas especulativas. E os Estados que façam dieta, sobretudo uma severa dieta de privilégios!
Resposta global e "ambiciosa" adiada para quarta-feira.
Nicolas Sarkozy e Angela Merkel agendaram uma nova cimeira para dia 26 de Outubro. Acompanhe aqui todos os desenvolvimento sobre a Cimeira Europeia de 23 de Outubro. Jornal de Negócios, 21-10-2011.


act. 21-10-2011 12:24

terça-feira, outubro 11, 2011

Dexia vende lixo a preços de luxo

Terceira grande falência bancária europeia, paga pelos contribuintes!

E a pergunta que ocorre fazer é esta: se a mesma receita for aplicada aos países e bancos falidos que estão na lista escondida da insolvência europeia, quem impedirá uma mais do que certa insurreição democrática contra o assassínio fiscal da Europa?

Uma insolvência de mais de 100 mil milhões de euros, mas como é um banco, não se fala mais nisso!

Há uma coisa chamada derivados financeiros “over-the-counter” (OTC), isto é, contratos de futuros realizados fora de qualquer escrutínio público, e que na sua maioria estão albergados nas caves incógnitas dos bancos! O valor nocional destes negócios imperceptíveis, segundo o Bank of International Settlements (BIS), era em 2010 da ordem dos 600 biliões de dólares (1), e o valor comercial bruto destes mesmos contratos andava pelos 21 biliões de dólares. Ou seja, há um mercado de apostas agressivas, em grande medida especulativas, ou fazendo mesmo parte de gigantescos esquemas Ponzi, que vale qualquer coisa entre 1/3 e 10x o PIB mundial. Este enorme buraco negro financeiro, para onde se precipitam as várias bolhas especulativas depois de rebentaram (bolhas imobiliárias, bolhas soberanas, bolhas cambiais, etc.),  é o principal vórtice da crise sistémica em curso. Não há, pura e simplesmente, liquidez suficiente no planeta para tapar este buraco. E no entanto, é preciso tapá-lo antes de se poder reabrir a janela do crescimento.

Over-the-counter (OTC) derivatives are contracts that are traded (and privately negotiated) directly between two parties, without going through an exchange or other intermediary. Products such as swaps, forward rate agreements, and exotic options are almost always traded in this way. The OTC derivative market is the largest market for derivatives, and is largely unregulated with respect to disclosure of information between the parties, since the OTC market is made up of banks and other highly sophisticated parties, such as hedge funds. Reporting of OTC amounts are difficult because trades can occur in private, without activity being visible on any exchange. Wikipedia.



Enquanto a gritaria se focaliza nos suínos soberanos do sul da Europa (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), alguns bancos (BPN, Dexia, Erste?) abrem colossais crateras no sistema financeiro europeu sem suscitar, paradoxalmente, qualquer alarido. Os bancos colapsam e os governos criam espontaneamente do nada a liquidez virtual necessária para serenar as situações. Mas será que conseguem sarar estas enormes feridas abertas, ou apenas estancam momentaneamente a sangria, rezando para que a hemorragia fique por ali?

Dizem que o problema é tão só um problema de confiança dos agentes, e de retoma do crescimento. Sem a primeira, a circulação monetária abranda, aumenta o risco de emprestar e de investir, e aumentam também as dúvidas sobre a rentabilidade dos investimentos e a consistência dos projectos económicos; sem crescimento, por sua vez, a riqueza estagna, não se reproduz, e portanto seca a fonte de alimentação da própria liquidez do sistema (ainda que, ao contrário do que o obreirismo serôdio de Cavaco Silva quer fazer crer, o crescimento americano e europeu das últimas quatro década tenha sido muito mais estimulado pelo consumo e pelo endividamento do que pela produção de bens transaccionáveis!)

Como sair deste círculo vicioso?

Uma vez que o panorama da crise não é uniforme à escala mundial, uma das soluções possíveis é levar os países excedentários nos respectivos orçamentos públicos, comércio, produção industrial e reservas financeiras e cambiais, a absorverem, ainda que indirectamente, parte das dívidas soberanas e parte dos activos especulativos envenenados que ameaçam destruir o sistema bancário americano e europeu. Esta solução, acompanhada de um corte de cabelo de 50-60% nas expectativas de rendimento de uma boa mão cheia de especuladores privados e institucionais, e de brutais programas de austeridade, bem como da reforma dos grandes governos ocidentais, é talvez o único caminho que poderá estancar o cancro e criar espaço para uma reestruturação ordenada da globalização.

Este caminho implica, porém, uma transferência inexorável de poder para os BRIC, sem o que estes países considerariam o resgate dos Estados Unidos e o resgate da Europa como derradeiras manifestações imperiais de colonialismo. Estará o Ocidente disposto a passar por esta espécie de inesperada humilhação? Só para satisfazer os planos imediatos da Alemanha, creio que não. Mas neste caso...

Tendo em vista as actuais tendências demográficas mundiais, o pico do petróleo e o fim da energia barata, e ainda os efeitos crescentes das alterações climáticas, parecem-me evidentes quatro coisas:
  • a hegemonia do dólar chegou ao fim;
  • o modelo especulativo do capitalismo financeiro também chegou ao fim;
  • o modelo de crescimento baseado no consumo e no endividamento implodiu;
  • a globalização neoliberal fracassou e perdeu legitimidade.
Vamos pois ter que verificar a origem efectiva das dívidas e pagar apenas as que foram legitimamente contraídas. Vamos ter que negociar prazos razoáveis para a liquidação das dívidas justas e repudiar as dívidas especulativas, impondo aos especuladores o tal haircut de 50-60%. Finalmente, depois de repartir os prejuízos da crise com alguma equidade, teremos que exigir uma refundação global da economia e do direito dos povos à felicidade.

Entre uma fase e outra os governos, como o nosso, têm basicamente três obrigações:
  • honrar os contratos soberanos com os credores;
  • reformar drasticamente o Estado e rever todos os contratos leoninos feitos contra o interesse público;
  • lançar um vasto programa de emprego público temporário orientado para as prioridades estratégicas da nossa economia. 
Não se trata de criar mais burocracia, mas de esvaziar o Estado do excesso de burocracia, criando ao mesmo tempo oportunidades temporárias de trabalho para centenas de milhar de cidadãos. O tempo do governo ou do Estado como lender-of-last-resort esgotou-se na própria crise do endividamento soberano. A única missão construtiva que neste momento dramático só o Estado poderá desempenhar com sucesso é a de empregador de última instância (employer-of-last-resort). É por aqui, e não conspirando contra o actual governo como o têm vindo a fazer o actual presidente da república, a oposição parlamentar e os milhares de parasitas desta democracia populista (de que um Expresso cada vez mais indigente se arvorou em megafone), que chegaremos a algum porto minimamente seguro.





NOTAS
  1. Apesar das confusões sistemáticas que Cavaco Silva faz entre milhares de milhão e biliões, em Portugal (e não só) é assim: um bilião é um milhão de milhões, ou seja 10E12, enquanto que mil milhões, como a expressão indica, são 10E9. No entanto, sempre que vemos escrito billion (EUA, RU, etc.) ou bilhão (Brasil), o número em causa é um milhar de milhão 10E9. Para mais informação sobre esta confusão frequente na nossa imprensa e entre os nossos economistas (!) ver este artigo na Wikipédia.

ACTUALIZAÇÃO: 11 Out 2011 16:22

domingo, setembro 04, 2011

Menos burocracia, e mais emprego!

Aposto no IVA a 25% em 2012!


Vejam como da Europa se vê a Alta Velocidade em Portugal!


Palpita-me que teremos o IVA principal a 25% a partir de Abril de 2012. Talvez com novas medidas de protecção aos mais pobres, mas sem por isso deixar de por os cabelos da classe média em pé, e de enfurecer ainda mais a nomenclatura até agora refastelada nos sofás do orçamento.

Os cortes na despesa vão doer e agitar as corporações e a nomenclatura, que aliás já criaram uma Frente Popular (presidida por Mário Soares e Cavaco Silva) contra o actual governo de estrangeirados (pensam os dois, mas ainda não dizem...)

A verdadeira solução, porém, está em compensar o desemprego público que aí vem, com a criação de novos empregos de iniciativa pública e novos apoios à infância (regresso do abono de família, cheque-nascimento, etc.) Os novos empregos criados directamente pelo Estado, com carácter temporário, deverão ser expressamente destinados à realização de tarefas úteis ao país que exijam, por natureza, o uso de mão-de-obra e massa cinzenta intensivas — preparando-se assim o país para o período pós-crise.


Toyota Prius, adoptado pela polícia de trânsito de Nova Iorque. O Estado e as autarquias devem dar o exemplo...


Seis áreas de crescimento potencial (imediato) do emprego:
  1. turismo urbano (não toquem na competitividade das nossas tascas!) 
  2. requalificação nacional da floresta, reaproximação urbana ao cultivo familiar e comunal de alimentos e criação dum forte sector agrícola orientado para a produção orgânica
  3. requalificação e sustentabilidade urbanas (eficiência energética)
  4. lançamento da nova rede nacional ferroviária de bitola europeia 
  5. formação, certificação e exportação de competências no sector da construção civil e militar.
  6. criação de uma indústria marítima ligeira de tecnologia intensiva

A este tipo de acção responsável e estratégica dos governos, Minsky chamou Employer of Last Resort — ou seja, um Estado como Empregador de Último Recurso. Os governos deixaram de poder desempenhar como antes a função de para-quedas financeiro de último recurso (pois também estão falidos, como todos nós). Ou seja, é preciso emagrecer a burocracia (e calar com argumentos certeiros a Esquerda Empalhada) para criar, de facto, o novo emprego produtivo que permitirá o país sair da crise (não sem antes engavetar, claro está, alguns piratas).

A despesa em percentagem do PIB irá diminuir todos os anos, até passar de 50,6% em 2010 para 43,5 em 2015”, adiantou [Passos Coelho] 
Perante a insistência dos jornalistas sobre se ainda há margem para numa situação excepcional agravar a carga fiscal, Passos Coelho assegurou que, perante um país “tão cansado e tão extenuado com os aumentos” que já ocorreram, não lhe iriam “arrancar a ideia de que se calhar ainda vamos ter que aumentar mais impostos” — Jornal de Negócios.

A despesa pública total era nos EUA, em 1950, de 14,3% do GNP, 23,8% em 1975, e 39,97% do GDP em 2010. Em Portugal, o governo gastou em 2010, por baixo, 46% (ou 50,6%, segundo Passos de Coelho) da riqueza produzida dentro do país (PIB)

É esta tendência, detectada por Hyman Minsky, que tem que ser corrigida e não pode continuar a agravar-se, pelo simples facto de ter dado origem a um facto novo na história económica: uma epidemia de Dívidas Soberanas que poderá atirar o Ocidente para um movimento de empobrecimento caótico, muito perigoso do ponto de vista social e político.


ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 05 SET 2011 10:45

sábado, maio 28, 2011

Um presidente de sal

A dimensão do próximo governo será um indicador fundamental das intenções de Passos Coelho. Cavaco não existe!

Cavaco Silva continua a projectar uma sombra ambígua sobre o país
Passos admite ter que negociar dimensão do Governo
Se tiver maioria absoluta mantém os 10 ministros e insiste que será "eficaz". Se não a tiver, Passos admite "ter que negociar" a dimensão de um executivo. Portas quer 12 — Expresso.

Desde quando é que uma estátua de sal pode imiscuir-se no formato do próximo governo de Portugal? A rainha de Boliqueime fala quando devia estar calada, e não diz nada quando devia falar. Não temos presidente, temos um traste presidencial, aliás com um orçamento muito exagerado para os tempos de austeridade que aí vêm. Primeira medida do próximo governo: diminuir o peso e o custo do governo, do parlamento e... da presidência da república!

Sócrates foi logo atrás das hienas presidenciais, seguido de Portas. Todos acham, em coro, que Passos Coelho é imaturo por exigir um governo mais leve, mais eficiente e menos caro. O silêncio do PCP e do Bloco são a este propósito sintomáticos dos males de que padecem — no fundo, vivem acomodados nos respectivos nichos partidários e parlamentares, comendo lentilhas e debitando orações que já ninguém escuta.

Mas há factos que arrumam qualquer polémica num ápice. Aqui vai:
Ora digam-me lá se a estátua Cavaco Silva, o mentiroso compulsivo Sócrates e o Paulinho das feiras não perderam uma boa oportunidade para estarem calados.


ÚLTIMA HORA (28.05.2011 20:50)

Cavaco desmente crítica a Governo com 10 ministrosTVi24 (28.05.2011 19:41). Ora bem! Ainda bem!! Está na altura de Cavaco Silva por alguma ordem no seu falanstério.

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 30.05.2011 10:11

sexta-feira, março 11, 2011

Presidente subliminar

Cavaco Silva aponta estratégia ordoliberal para Portugal
Como tem a faca e o queijo na mão... Sócrates acabará por ser demitido.

Por mais que Francisco Assis e Miguel Macedo tentem dourar a pílula, a verdade é que Cavaco Silva colocou José Sócrates a caminho do cadafalso. Suspeito, aliás, que Passos de Coelho se veja forçado a seguir, encapuçado, no mesmo auto de fé que começou a ser instaurado à degenerada democracia que empurrou Portugal para uma bancarrota que poderá escravizar-nos ao longo dos próximos noventa anos!

As palavras de posse do actual presidente da república foram demasiado claras, cortantes e audíveis, para que este regime indecoroso, corrupto e incompetente, dure muito mais. Cavaco ontem fez um discurso tipicamente cesarista, iniciando assim o processo de uma nova relação institucional com o povo português, cujo futuro está em aberto. O que lhe faltou em votos para uma legitimidade substancial no mandato que ontem iniciou, poderá em breve recuperar como resultado de um programa político que é seu. Muito acima dos partidos acossados por uma opinião pública cada vez mais impaciente, as palavras de Cavaco tiveram o sopro supra partidário de um autêntico programa de salvação nacional — a que o formalismo da actual democracia indecente acabará por sucumbir.

Sócrates jamais se demitirá por livre vontade e iniciativa própria. Nisto não difere de nenhum dos ditadores que recentemente têm vindo a provar o sabor amargo da poeira da ira popular. Não lhe desejo a mesma a sorte, mas todos sabem que a paciência tem limites. Em suma, acabará por ser demitido por Cavaco Silva, quando já nada nem ninguém der um cêntimo pelo mitómano.  O cronómetro da crise está efectivamente nas mãos do presidente, que ontem premiu o botão.

A manifestação da Geração à Rasca, que traduz o tal direito à indignação que tanto agrada a Mário Soares, é a próxima estação do calvário de Sócrates. Pudesse ele, e faria o mesmo que José Eduardo dos Santos. Mas não pode...

Hoje, em resultado da cimeira extraordinária dos chefes de estado e de governo da Eurolândia, outro grande prego será porventura martelado no caixão do actual governo. A agonia, sob o olhar atento de Cavaco, prosseguirá nua e crua, até que não reste qualquer dúvida sobre a necessidade imperiosa de demitir o desgraçado pirata a que a súbita fuga de Guterres, do pântano "socialista", abriu caminho.

Um dos motivos por que suspeito que a demissão de Sócrates estará, no cronómetro de Cavaco Silva, sincronizada com o afastamento de Passos de Coelho, e a sua substituição por um líder mais social-democrata, é que o discurso de tomada de posse do novo presidente afasta liminarmente qualquer apoio ao actual líder laranja.

Cavaco Silva sabe que a receita neoliberal está nos antípodas do que é necessário e é possível fazer nas actuais circunstância de explosão da bolha das dívidas soberanas. Nem neoliberalismo, nem socialismo burocrático. A única receita que poderá fazer algum efeito no corpo exangue da nossa economia chama-se ordoliberalismo, vem da Alemanha do pós-guerra, e encontra nas economias emergentes, nomeadamente a da China, ecos cada vez mais convincentes. Sem um efectivo direito à propriedade privada, sem liberdade empresarial, e sem circulação internacional de pessoas e mercadorias, regressaríamos a uma qualquer forma de Idade Média. Mas, por outro lado, sem equilibrar estes direitos com os direitos, igualmente inalienáveis, ao bem público e ao bem comum, as sociedades tendem a precipitar-se numa fatal espiral de egoísmo individual, de grupo e de geração. Ou seja, a liberdade individual, e a liberdade dos grupos de interesses, têm ou devem ter na teleologia republicana um princípio moderador imperativo, de que a propriedade pública (nomeadamente dos recursos estratégicos) e o bem comum são constituintes democráticos inalienáveis. Há, pois, um trilho por explorar entre o socialismo corrompido do PS, do PCP e dos trotsquistas-e-estalinistas-unidos do Bloco de Esquerda, e o liberalismo imberbe, colado com cuspo, de Passos de Coelho. O estimável Eduardo Catroga que se cuide, pois, quando recomenda ou aceita a ideia louca de entregar as autoestradas, os aeroportos e a saúde a uma única família do nosso desgraçado e incestuoso capitalismo (o Grupo Mello), está, consciente ou inconscientemente, a tentar apagar um fogo com gasolina!


Discurso presidencial comentado
Pela minha parte, pode contar o Governo com uma magistratura activa e firmemente empenhada na salvaguarda dos superiores interesses nacionais.
Não disse com a “minha colaboração leal”, mas sim magistratura activa e firme...
...serei rigorosamente imparcial no tratamento das diversas forças políticas, mantendo neutralidade e equidistância relativamente ao Governo e à oposição.
Ou seja, o PSD que não espere tratamento deferente, pelo menos enquanto mantiver o incapaz Passos de Coelho a fazer de chefe partidário e putativo candidato primo-ministerial.
Os indicadores conhecidos são claros. Portugal vive uma situação de emergência económica e financeira, que é já, também, uma situação de emergência social, como tem sido amplamente reconhecido.
Quer dizer, estão criadas as condições para a presidencialização do regime.
Nos últimos dez anos, a economia portuguesa cresceu a uma taxa média anual de apenas 0,7%, afastando-se dos nossos parceiros da União Europeia. Esta divergência foi ainda mais evidente no caso do Rendimento Nacional Bruto, que constitui uma medida aproximada do rendimento efectivamente retido pelos Portugueses. O Rendimento Nacional Bruto per capita, em termos reais, cresceu apenas 0,1% ao ano, reflectindo na prática uma década perdida em termos de ganhos de nível de vida.

De acordo com as últimas estimativas do Banco de Portugal, “o crescimento potencial da economia portuguesa, o qual determina a capacidade futura de reembolso do endividamento presente”, é actualmente inferior a 1% e, em 2010, o valor real do investimento ficou cerca de 25% abaixo do nível atingido em 2001.

O défice externo de Portugal tem permanecido em valores perto de 9% do produto, contribuindo, por força do pagamento de juros ao exterior, para a deterioração do saldo da balança de rendimentos, cujo défice anual, de acordo com o Banco de Portugal, se aproxima rapidamente dos 10 mil milhões de euros, privando a nossa economia de recursos fundamentais para o seu desenvolvimento.

Simultaneamente, a taxa de poupança nacional tem vindo a decair, passando de cerca de 20% do produto em 1999 para menos de 10% nos últimos dois anos.

Em 2010, o desemprego atingiu mais de 600 mil pessoas, o que contrasta com cerca de 215 mil em 2001. Nestes dez anos, a taxa de desemprego subiu de 4% para um valor de 11%.

Os dados publicados pela Comissão Europeia indicam que, em 2008, o número de residentes em Portugal que se encontravam em “risco de pobreza ou exclusão social” superava os 2 milhões e 750 mil, o que equivale a cerca de 26% da nossa população. De acordo com as informações qualitativas disponibilizadas pelas instituições que operam no terreno, esta situação ter se á agravado nos últimos dois anos.
Arrasador!
Neste contexto, surpreende que possa ter passado despercebido nos meios políticos e económicos o alerta lançado pelo Governador do Banco de Portugal, em Janeiro passado, de que, e cito, “são insustentáveis tanto a trajectória da dívida pública como as trajectórias da dívida externa e da Posição de Investimento Internacional do nosso País”.
Esta vai direitinha para os políticos de serviço e para os banqueiros.
Neste contexto difícil, impõe-se ao Presidente da República que contribua para a definição de linhas de orientação e de rumos para a economia nacional que permitam responder às dificuldades do presente e encarar com esperança os desafios do futuro.
Segunda nota presidencialista evidente.
A nível estrutural, e como há muito venho a insistir, temos de apostar de forma inequívoca nos sectores de bens e serviços transaccionáveis. Só com um aumento da afectação de recursos para a produção competitiva conseguiremos iniciar um novo ciclo de desenvolvimento. Este é um desafio que responsabiliza, em primeiro lugar, o Estado e o sistema financeiro. De resto, é fundamental que os Portugueses assimilem, de forma convicta, a necessidade de produzir mais bens que concorram com a produção estrangeira. Um défice externo elevado e permanente é, por definição, insustentável.
Pelo menos neste passo do discurso o PCP deveria ter batido palmas. Mas não bateu, claro. E no entanto...
Ainda no âmbito da afectação de recursos, é necessário estimular a poupança interna e travar a concessão indiscriminada de crédito, em especial para fins não produtivos e para sustentar gastos públicos. É imperioso reafectar o crédito disponível para as pequenas e médias empresas criadoras de valor económico e de emprego e para as exportações.
É isto que o BCE e a senhora Merkel farão com todos os PIGS: travar a fundo o insaciável endividamento especulativo e burocrático.
Em paralelo, é essencial traçar um caminho que permita o reforço da nossa competitividade e o aumento da produtividade do trabalho e do capital. A perda de competitividade da economia portuguesa é talvez o sintoma mais grave das nossas fragilidades.
Aqui, uma nota para Cavaco: sem partir a espinha à burguesia geriátrica e clientelar que cerca e definha o país, e que V. bem conhece, isto é, sem arrumar de vez o compadrio e o proteccionismo burocrático que atropelam e esmagam há séculos a iniciativa e a criatividade nacionais, as suas palavras continuaram a esfumar-se no deserto da indiferença.
Neste contexto, é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública, a reduzir a presença excessiva do Estado na economia e a melhorar o desempenho e a eficácia da administração pública.
Palpite:  duvido que as criaturas que actualmente se sentam na Assembleia da República alguma vez se atrevam a dar semelhante passo. E se for assim, têm razão aqueles que já começaram a defender uma mudança de regime. A evidente degenerescência da actual democracia portuguesa não deixa lugar a muitas saídas.
É preciso valorizar a iniciativa empresarial e o conceito de empresa como espaço de diálogo e cooperação entre gestores e trabalhadores, captar e manter investimento de qualidade e aproveitar as vantagens comparativas de que Portugal dispõe.

É crucial aprofundar o potencial competitivo de sectores como a floresta, o mar, a cultura e o lazer, as indústrias criativas, o turismo e a agricultura, onde detemos vantagens naturais diferenciadoras. A redução do défice alimentar é um objectivo que se impõe levar muito a sério, tal como a remoção dos entraves burocráticos ao acesso da iniciativa privada à exploração económica do mar.
100% de acordo! Não é isto a essência da social-democracia? Que estranha praga atacou os corações ideológicos do PS e do PSD?
As iniciativas locais de emprego e os investimentos de proximidade são aqueles que podem produzir resultados de forma mais imediata e que melhor podem ser avaliados, reformulados ou reproduzidos.
100% de acordo. Mas não interessa à clientela que alimenta a federação partidária instalada.
Urge remover os obstáculos à reabilitação urbana, cujas potencialidades de criação de emprego e de promoção turística, embora há muito reconhecidas, permanecem em larga medida desaproveitadas.
100% de acordo. Mas é preciso mudar primeiro o paradigma do financiamento autárquico que imperou nas últimas décadas.
Não podemos privilegiar grandes investimentos que não temos condições de financiar, que não contribuem para o crescimento da produtividade e que têm um efeito temporário e residual na criação de emprego. Não se trata de abandonar os nossos sonhos e ambições. Trata-se de sermos realistas.
Porque será que o CDS de Portas, e o PSD de Passos de Coelho, leram nestas palavras “TGV”? Também poderiam ter lido novo aeroporto da Ota em Alcochete (ou embuste aeroportuário nº 2), mas não leram. Porque será? Também podiam ter lido novas SCUDs em projecto, mas não leram. Porque será? Também podiam ter lido novos hospitais PPP. Mas não leram. Porque será? Também podiam ter lido barragens. Mas não leram. Porque será? Cavaco percebeu e avisa que não há dinheiro. Já todos sabemos disso. Mas então porque insiste a direita, em vésperas de regressar ao poder, num último e desesperado assalto à riqueza nacional (ANA, portos, sistema de saúde, bacias hidrográficas, etc.), para desgraça de todos nós?
A nossa sociedade não pode continuar adormecida perante os desafios que o futuro lhe coloca. É necessário que um sobressalto cívico faça despertar os Portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos.
A marcha para um presidencialismo menos mitigado já começou.
O País terá muito a ganhar se os Portugueses, associados das mais diversas formas, participarem mais activamente na vida colectiva, afirmando os seus direitos e deveres de cidadania e fazendo chegar a sua voz aos decisores políticos. Este novo civismo da exigência deve construir-se, acima de tudo, como um civismo de independência face ao Estado.
O populismo acabará por ir ter com Cavaco se os partidos insistirem no encapsulamento atávico dos seus privilégios.
Em vários sectores da vida nacional, com destaque para o mundo das empresas, emergiram nos últimos anos sinais de uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos, fruto, em parte, das formas de influência e de domínio que o crescimento desmesurado do peso do Estado propicia.
O populismo ameaça a Europa, mas não seremos capazes de o evitar, se a passividade de todos nós continuar a dar rédea solta aos piratas que tomaram de assalto a democracia.
É uma cultura que tem de acabar. Deve ser clara a separação entre a esfera pública das decisões colectivas e a esfera privada dos interesses particulares.
100% de acordo!
Os cidadãos devem ter a consciência de que é preciso mudar, pondo termo à cultura dominante nas mais diversas áreas. Eles próprios têm de mudar a sua atitude, assumindo de forma activa e determinada um compromisso de futuro que traga de novo a esperança às gerações mais novas.

É altura dos Portugueses despertarem da letargia em que têm vivido e perceberem claramente que só uma grande mobilização da sociedade civil permitirá garantir um rumo de futuro para a legítima ambição de nos aproximarmos do nível de desenvolvimento dos países mais avançados da União Europeia.
É preferível que o apelo venha de Cavaco, do que uma inesperada Le Pen Lusitana qualquer...
Necessitamos de recentrar a nossa agenda de prioridades, colocando de novo as pessoas no fulcro das preocupações colectivas. Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático. Precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. Precisamos de um combate firme às desigualdades e à pobreza que corroem a nossa unidade como povo. Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.
Por mais cordatos e subtis que os actuais líderes parlamentares do PS e do PSD sejam, a verdade é que a política portuguesa se deixou corromper até à medula. Sem rupturas internas, de onde brotem porventura novos partidos, a gangrena que actualmente enche de pús a matriz partidária do regime acabará por liquidá-lo.
A pessoa humana tem de estar no centro da acção política. Os Portugueses não são uma estatística abstracta. Os Portugueses são pessoas que querem trabalhar, que aspiram a uma vida melhor para si e para os seus filhos. Numa República social e inclusiva, há que dar voz aos que não têm voz.
Somos um país cristão. Este pormenor, que a estúpida “esquerda” portuguesa ignorou até agora com arrogância ganhará, quando menos se esperar, a força de um magma imparável.
O exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.
Além do mais, a gula partidária revelou-se como uma monumental degenerescência do ideal democrático.
A coesão entre as gerações representa um importante activo de que Portugal ainda dispõe. Os jovens não podem ver o seu futuro adiado devido a opções erradas tomadas no presente. É nosso dever impedir que aos jovens seja deixada uma pesada herança, feita de dívidas, de encargos futuros, de desemprego ou de investimento improdutivo.
A pesada herança que esta democracia degenerada deixará à minha filha e ao netos que ainda não tenho é infelizmente um dado adquirido e inultrapassável. Só esta responsabilidade sinistra move a minha indisfarçável ira.
É fundamental que a sociedade portuguesa seja despertada para a necessidade de um novo modo de acção política que consiga atrair os jovens e os cidadãos mais qualificados. O afastamento dos jovens em relação à actividade política não significa desinteresse pelos destinos do País; o que acontece, isso sim, é que muitos jovens não se revêem na actual forma de fazer política nem confiam que, a manter-se o actual estado de coisas, Portugal seja um espaço capaz de realizar as suas legítimas ambições. Precisamos de gestos fortes que permitam recuperar a confiança dos jovens nos governantes e nas instituições.
Acredito, senhor presidente (que asperamente critiquei, e em que continuo a depositar fracas esperanças), que não só a pobreza cruzou já o Mediterrâneo em direcção à Europa, mas ambém a revolta vem a caminho!
Seria extremamente positivo que os jovens se assumissem como protagonistas da mudança, participando de forma construtiva, e que as instituições da nossa democracia manifestassem abertura para receber o seu contributo. A geração mais jovem deve ser vista como parte da solução dos nossos problemas.
Fá-lo-ão, sobretudo a partir da nova Diáspora a que a nomenclatura bem sentada deste regime condenou centenas de milhar de portugueses ao longo dos últimos vinte anos.
Os nossos jovens movem-se hoje à escala planetária com uma facilidade que nos surpreende. Cidadãos do mundo, familiarizados com as novas tecnologias e a sociedade em rede, dispõem de um capital de conhecimento e de uma vontade de inovação que são admiráveis. Muitos dos académicos, investigadores, profissionais de sucesso e jovens empresários que trabalham no estrangeiro aspiram a regressar ao seu país, desde que possuam condições para aqui fazerem florescer as suas capacidades. Temos de aproveitar o enorme potencial desta nova geração e é nela que deposito a esperança de um Portugal melhor.
Uma vez mais, para que às galinhas cresçam dentes é preciso introduzir a ideia de mérito em Portugal.
Foi especialmente a pensar nos jovens que decidi recandidatar-me à Presidência da República. A eles dediquei a vitória que os Portugueses me deram. Agora, no momento em que tomo posse como Presidente da República, faço um vibrante apelo aos jovens de Portugal: ajudem o vosso País!
Este compromisso é talvez o momento crucial da tomada de posse presidencial.
Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam.
Dito assim, tão claramente, não tem volta atrás.
Sonhem mais alto, acreditem na esperança de um tempo melhor. Acreditem em Portugal, porque esta é a vossa terra. É aqui que temos de construir um País à altura das nossas ambições. Estou certo de que, todos juntos, iremos vencer.
Coragem, senhor Presidente!