quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Alemanha exportou demais


source: tradingeconomics.com

A Alemanha sofre de uma dependência obsessiva das exportações. Provavelmente esta dependência levou-a a cometer um erro fatal: subsidiar os seus clientes, nomeadamente através da criação do euro (uma moeda com duas caras muito diferentes, como viemos todos a constatar), e do laxismo orçamental induzido por uma política de destruição das taxas de juro e créditos de risco muito para além do razoável.

À medida que este modelo artificial de crescimento foi começando a dar de si, a Alemanha e em geral o sistema financeiro europeu, mais os indigentes governos democráticos que controla de cima abaixo, embarcaram na grande aventura dos contratos de futuros especulativos (OTC), destinados a aumentar indefinidamente a capacidade de investimento e de comércio de bens e serviços, sem cuidar se a liquidez artificial gerada e a velocidade do dinheiro traduziam uma criação efetiva de valor.

Como não correspondia, o endividamento público e privado foi crescendo sem parar, e a par deste descalabro outro houve ainda maior: a especulação financeira criminosa que nos trouxe ao colapso para que caminhamos como lémures.

Escreve a AICEP:

Embora tenha vindo a perder quota de mercado nos últimos anos, a UE27 continua sendo o principal parceiro comercial da Alemanha, tendo, em 2013, absorvido 55,5% das exportações e fornecido 55,4% das importações, destacando-se a França como principal parceiro comercial do lado das exportações (9,0% do total) e os Países Baixos do lado das importações (8,9%).

Alemanha. Ficha de Mercado.
AICEP, fevereiro de 2015

Tudo isto é verdade, mas se a Alemanha andou a subsidiar as importaçoes nos países destinatários através de estímulos financeiros aos orçamentos, nomeadamente públicos, dos seus clientes, então pode talvez afirmar-se que andou a brincar com o fogo.

Basta ver o gráfico da exposição do Deutsche Bank aos derivados especulativos.



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