segunda-feira, setembro 08, 2014

Colapso?


O petróleo barato chegou ao fim. O período de transição já começou.

Estaremos a tempo de evitar o pior?


O colapso já começou, como começa a ser evidente para todos nós, e se verá melhor ainda em 2015. Este colapso anunciado pode, no entanto, ser mais ou menos ordenado, mais ou menos catastrófico. Tudo depende das medidas que forem entretanto tomadas. Sugerimos algumas, necessárias e urgentes, nomeadamente em Portugal:
  1. Integrar a Rússia (e a Ucrânia) na União Europeia e na NATO.
  2. retirar os recursos estratégicos (água, redes energéticas, transportes e telecomunicações) do circuito rentista, comercial e especulativo do capitalismo, submetendo todos estes setores, numa fase intermédia, a um colete de supervisão e transparência reforçado.
  3. diminuir o consumo de petróleo, e aumentar a produção energética local OFF-THE-GRID.
  4. desmaterializar a economia e o consumo: mais serviços online e mais desporto, saúde, turismo e cultura locais; menos betão; menos automóveis, mais transporte aéreo Low Cost e mais comboios e transportes coletivos de qualidade.
  5. diminuir o peso orçamental, fiscal e humano das burocracias, nomeadamente públicas, em nome do bem-estar e felicidade das comunidades, e da preservação efetiva do chamado 'estado social'.
  6. reforçar as democracias, reformando drasticamente as suas instituições — diminuir o peso da partidocracia e das corporações nas decisões democráticas; instituição de referendos nacionais, regionais e locais para a tomada de decisões que afetem a vida presente e futura dos cidadãos;
  7. instituição de um Rendimento Básico Universal e Incondicional, como meio de atalhar vários problemas complexos próprios das sociedades de transição decorrentes, nomeadamente, do crescimento da produtividade tecnológica, do custo da concentração urbana, do aumento da esperança de vida das pessoas, e da globalização económica — a multiplicação de mecanismos improvisados de emergência social fora de qualquer escrutínio democrático é ineficiente, socialmente injusto e fonte de enorme corrupção.
  8. acabar com a relação perversa entre governos, bancos centrais e especulação financeira mundial, instituindo-se neste particular um conjunto de princípios e regras fiscais universais, justas e equilibradas.
  9. favorecer uma demografia saudável e equilibrada, onde as migrações sejam reguladas de forma transparente e não oportunista.
  10. apostar na desmaterialização progressiva dos processos de informação, ensino e aprendizagem, cuidados de saúde e justiça, com o consequente alívio das correspondentes pressões orçamentais.
  11. defender as liberdades individuais e o direito de propriedade dos indivíduos e das famílias, nomeadamente contra o peso avassalador, autoritário e ilegítimo das grandes corporações e das grandes burocracias.

Para Dennis Meadows, co-autor de The Limits to Growth, já não há nada a fazer, a não ser aumentar os níveis individuais e coletivos de resiliência




Os Limites do Crescimento vistos por uma universidade australiana

Um estudo da universidade australiana de Melbourne analisa o célebre relatório The Limits to Growth (1972) e conclui que as previsões deste relatório encomendado pelo Clube de Roma e pela Volkswagen foram acertadas: 2030 será mesmo um ano charneira, isto é, o início de um colapso sem precedentes, pré-anunciado, aliás, pela forte quebra global da produção industrial per capita que certamente veremos ocorrer em 2015.

Is Global Collapse Imminent?

The Limits to Growth “standard run” (or business-as-usual, BAU) scenario produced about forty years ago aligns well with historical data that has been updated in this paper. The BAU scenario results in collapse of the global economy and environment (where standards of living fall at rates faster than they have historically risen due to disruption of normal economic functions), subsequently forcing population down. Although the modelled fall in population occurs after about 2030—with death rates rising from 2020 onward, reversing contemporary trends—the general onset of collapse first appears at about 2015 when per capita industrial output begins a sharp decline. Given this imminent timing, a further issue this paper raises is whether the current economic difficulties of the global financial crisis are potentially related to mechanisms of breakdown in the Limits to Growth BAU scenario. In particular, contemporary peak oil issues and analysis of net energy, or energy return on (energy) invested, support the Limits to Growth modelling of resource constraints underlying the collapse.

in
Is Global Collapse Imminent?
An Updated Comparison of The Limits to Growth with Historical Data
Author: Dr Graham M. Turner
Research Paper No. 4 August 2014 (PDF)

1 comentário:

Sérgio disse...

Muito obrigado pelo video, pelo interesse que o artigo me despertou e após pesquisa no youtube encontrei várias outras palestras de Dennis Meadows, destaco uma (o conteúdo é muito semelhante):
Dennis Meadows - Preparing cities for the age of declining oil