quinta-feira, março 31, 2011

Guerra contra o euro

Agências de rating atacam ferozmente o sistema monetário europeu, em nome do dólar e da libra
No entanto as economias americana, canadiana e britânica estão tão ou mais falidas do que a da Eurolândia!




Fitch avisa que cortará rating de Portugal se FMI não intervier

A agência Fitch deixa mais um aviso, peremptório, a Portugal: se o Estado não for socorrido pela União Europeia e pelo FMI, o rating da dívida soberana nacional pode baixar ainda mais em breve. Público.

Juros a subir. Mantém-se a pressão sobre Portugal

Ontem, a Fitch ameaçou baixar o rating de Portugal se o país não recorresse à ajuda externa e cortou a avaliação da Caixa Geral de Depósitos. Hoje, a Moody’s admite cortar a qualidade da dívida dos países da Zona Euro. RR.

Reestruturar a dívida em vez de pedir resgate “protege os contribuintes”

Raoul Ruparel, analista britânico do Open Europe, acredita que esta é a melhor opção, porque, desta forma, a factura era repartida também pelos investidores e não só pelos contribuintes europeus. RR.

Há dois problemas separados: o endividamento privado e soberano dos EUA/Canada e da Europa, e a guerra financeira $/£ vs. €. O primeiro é um buraco negro = +10x PIB mundial; o segundo, diz respeito a saber quem cai primeiro: se o euro, se o par dólar/libra.

Como as agências de notação financeira são anglo-americanas, percebe-se como esta artilharia pesada está a ser usada contra o euro. Foi percebendo este facto, aqui abordado várias vezes, que o nosso governo resolveu apostar no efeito dominó como estratégia de protecção, invocando a responsabilidade da Alemanha. Se nós cairmos, cai a Espanha, e caindo a Espanha, cai a Itália, a Bélgica e a própria França... Ou seja, seria a morte do euro!

Na realidade, se Portugal resistisse até Agosto, creio que seriam os americanos, ingleses, e as economias atreladas ao dólar a bater com os dentes na calçada. Daí que, apesar de tudo, a estratégia de resistência de Sócrates acabe por fazer sentido!

Sócrates poderá, pois, fazer depender um pedido formal de resgate da dívida portuguesa dum acordo prévio expresso de todos os partidos com assento parlamentar, bem como do próprio presidente da república. Ou então, deixar entrar o pais em bancarrota, propor depois uma reestruturação da dívida, e negociar directamente com os credores, ainda que com a mediação do BCE e do FMI. Seria, por assim dizer, a versão portuguesa do modelo revolucionário de reestruturação da dívida soberana seguido pela Islândia!

Cavaco e Passos de Coelho têm que ter mais cuidado no modo como pretendem defender o interesse nacional. Começando, desde logo, por esclarecer a sua posição sobre o pedido de resgate.

Eu já não posso ver o Pinóquio à frente, mas neste ponto particular, a sua estratégia é capaz de estar certa!


ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 31-03-2011 14:02

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