terça-feira, março 30, 2010

Portugal 177

Passos em frente

A artilharia pesada de Pedro Passos Coelho já começou a desbastar o terreno. Ângelo Correia bombardeia Cavaco, Mira Amaral atinge o cabotino Mexia nas pernas, a Assembleia Municipal de Lisboa bloqueia António Costa, e Morais Sarmento desfaz Granadeiro por K.O. em 10 segundos.

Este fogo de barragem vai continuar. Prevejo que o próximo ataque ocorra em plena Assembleia da República e leve a virtual maioria parlamentar do PS ao tapete quando esta começar a tentar aplicar as suas fantasias orçamentais, e a usar o PEC para safar a tríade de Macau e os aristocratas do BCP e do BES (por sinal em muito maus lençóis!)

Entretanto o novo líder laranja vai consolidar a sua maioria no próximo congresso do PSD, já em Abril, e formar um governo sombra à boa maneira inglesa. Depois..., bem depois é o ataque final ao bando de piratas que tomou de assalto o PS e tem levado o país à ruína. Não creio que esperar pela eleições presidenciais —a armadilha de Cavaco e de Sócrates— seja uma boa ideia. Assim que as sondagens mostrarem claramente que a derrocada "socialista" está em marcha (e já está em marcha), o senhor Sócrates deve levar com a merecida moção de censura pela espinha acima.

Ninguém compreenderia que Passos Coelho deixasse, por mero cálculo político, o país entregue a um vigarista compulsivo e a uma criatura inerte subitamente agarrada ao poder. E a explicação é simples de entender: se Pedro Passos Coelho deixasse passar a janela de oportunidade que em breve se abrirá (mas por pouco tempo), para dar uma vassourada urgente no regime —exibindo argumentos que não poderiam deixar de ser considerados oportunistas—, o resultado mais provável seria ter dois inimigos consolidados pela frente durante os próximos quatro e seis anos, o primeiro em São Bento, e o segundo em Belém. Não creio que erro tão crasso venha a ser cometido.

O caminho faz-se caminhando, mas no caso em apreço o caminhante fez já uma longa caminhada. Agora é preciso que convença os portugueses, mostre o seu patriotismo estratégico e a sua ética democrática, e por fim tome as rédeas do poder. Antes que seja tarde!

Do que sei, não vejo como poderá a Alemanha deixar de colocar os PIIGs numa espécie de quarentena do euro durante pelo menos quatro anos, ou seja, até 2015. O colapso das dívidas soberanas actualmente em curso de forma subterrânea precipitar-se-à em força e em cascata antes do fim deste ano. Há mesmo quem preveja o próximo mês de Junho para início da derrocada. Se for assim, a tentação de impor um governo de crise por parte de uma aliança contra-natura entre Cavaco e Sócrates será bem mais plausível então do que agora parece.

  
OAM 677—30 Mar 2010 22:48 (última actualização: 23:27)

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