sexta-feira, junho 09, 2006

Nuclear 1

O Mapa nuclear do séc. 21

Nuclear Reactor vessel Fifteen years ago I thought solar power was impractical because I thought nuclear power was the answer. But I spent some time on an advisory committee on waste disposal to the Atomic Energy Commission. After that, I began to be very, very skeptical because of the hazards. That's when I began to study solar power. I'm convinced we have the technology to handle it right now. We could make the transition in a matter of decades if we begin now.” — M. King Hubbert (1974)

A energia nuclear não é renovável, nem substitui o potencial energético e tecnológico dos hidrocarbonetos. Mas teremos alternativa? As reservas de urânio conhecidas, no máximo uns 4 milhões e 500 mil toneladas, das quais se extraem por agora cerca de 35 mil ton./ano, para um consumo anual médio de 65 mil toneladas (o diferencial provem da recuperação do vasto arsenal atómico da ex-URSS e do enriquecimento de escórias por aproveitar) duraria 69 anos (2075) se o actual número de reactores (441) e o respectivo consumo se mantivessem inalteráveis. No entanto, em Dezembro de 2004 o American Nuclear Society registava mais 49 reactores em construção ou encomendados. E por outro lado, países como a China (11 reactores), a India (22 reactores) e a Rússia (38 reactores) estão muito longe de atingir os patamares nucleares dos Estados Unidos (104 reactores) e da Europa a 25 (166 reactores). As contas são simples: quando a China, a India e a Rússia se aproximarem dos patamares nucleares norte-americano e europeu, sobretudo depois de os preços do petróleo e do gás natural ultrapassarem certos limiares, o actual número de reactores nucleares poderá facilmente chegar aos 650. Estaremos então no ano 2020... O consumo de urânio poderá andar pelas 97.500 ton./ano. A esperança de vida das centrais de fissão nuclear projectar-se-à então para o ano 2057, e não para o ano 2075, como sucederia se os actuais consumos de urânio não sofressem qualquer incremento! Valerá a pena? Será inevitável? Chegará a fusão nuclear entretanto?

Depois de terminado o ciclo da fissão nuclear, basicamente destinado à produção de electricidade, as gerações futuras ficarão com um lixo muito perigoso para administrar, cuja diluição natural custará biliões de Euros, durante muitíssimos anos, já que a escória nuclear pode levar até 500 anos a “dissolver-se” na Natureza. Por outro lado, a curto e médio prazo, nenhuma das conhecidas alternativas ao petróleo, ao gás natural e ao carvão (hidroeléctricas, paineis solares, eólicas, bio-massa, bio-diesel, hidrogéneo, ondas e termo-despolimerização), são capazes de gerar os montantes de energia eléctrica necessários para evitar um duradouro apagão à escala planetária! Os conflitos bélicos em curso e futuros andam há muito e continuarão a andar todos em volta destes problemas. Onde está o resto do petróleo?! Onde está o urânio?! Onde estão as terras capazes de processar a alimentação necessária a um planeta a caminho dos 9 mil milhões de almas?! Estas são as grandes perguntas do século, cujas respostas parecem continuar mais na ponta dos “cutters”... e dos mísseis nucleares, do que no bom senso. Já ouviram falar de Negawatts?

Actualização: 16-08-2007


Citação: On The Nature Of Growth. M. King Hubbert 1974. PDF (500 Kb)
Imagem: esquema de um reactor nuclear de água pressurizada - PWR.
MAPAS — para obter 2 mapas actualizados da localização das centrais nucleares por esse mundo fora, basta encomendá-los ao American Nuclear Society.
Reactores nucleares: excelente artigo no Wikipedia.
Um artigo publicado no FEASTA - Foundation for the Economics of Sustainability, que desmistifica a ideia de que o nuclear é uma energia limpa. In WHY NUCLEAR POWER CANNOT BE A MAJOR ENERGY SOURCE by David Fleming, April 2006

OAM #125 08 JUN 2006

2 comentários:

Devir disse...

*****

Nunca ouvi falar de Nega Watts. Nunca tinha ouvido nada vindo do António Maria.
O teu trabalho é importante. É um excelente exemplo de como o prazer de fazer pode ser aliado a uma mensagem de bom senso que pode levar a uma positiva alteração de consciências. Pela verdade. Pelo simples facto constatado e por vida.

Deixa-me confessar-te que somente li este teu primeiro post. O resto. Por sinceridade e falta de tempo, está neste momento a imprimir para ler mais tarde e numa praia qualquer.

Obrigado.

Um Abraço,
Devir

*****

p.s. :o que são os Nega Watts?

António Maria disse...

Obr pelos cumprimentos :-) Nega watts, ou melhor "Negawatts", é um conceito introduzido por Amory Lovins numa sua comunicação à Green Energy Conference, realizada na cidade canadiana de Montreal em 1989. Quer dizer, basicamente, contabilizar a energia poupada através da introdução de sistemas de eficiência energética sob a designação de Negawatts. Esta estratégia seria uma alternativa para mitigar o aumento constante da factura energética num era em que o declínio dos combustíeis fósseis atingiu à escala mundial o respectivo pico de exploração (peak of Oil production, etc....)

Links:
http://en.wikipedia.org/wiki/Negawatt
http://www.ccnr.org/amory.html